sexta-feira, 31 de julho de 2009

A CIDADANIA E A NECESSIDADE DE UMA ELEIÇÃO HISTÓRICA

“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.”
(Preâmbulo da CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88)

Para o nosso propósito maior de buscar, numa verdadeira CRUZADA NACIONAL, a mais completa inserção do BRASIL no TERCEIRO MILÊNIO, sob o manto do CONHECIMENTO, da INFORMAÇÃO, da VERDADE, das NOVAS TECNOLOGIAS, da FRATERNIDADE UNIVERSAL, queremos trazer à REFLEXÃO reportagem publicada na Revista VEJA, edição 2123 – ano 42 – n° 30, de 29 de julho de 2009, páginas 66 a 73, com a assinatura de OTÁVIO CABRAL.

“A DIGESTÃO DO PODER

A voracidade do PMDB, símbolo da resistência democrática convertido ao fisiologismo, transformou-se num paradoxo político. Sem ele, não se governa. Com ele, abre-se a porteira para a corrupção e o clientelismo.

A Carta ao Leitor desta edição de VEJA pergunta se o PMDB, o partido brasileiro com o maior número de filiados e dono da maior bancada no Congresso Nacional, entre outros indicadores de grandeza, encarna os grandes males da política ou apenas seus membros se aproveitam com mais eficiência das regras que facilitam a perpetuação da corrupção e do fisiologismo. A resposta não é tão simples. Se o PMDB desaparecesse por decreto da noite para o dia, a corrupção e o fisiologismo, irmãos siameses, continuariam a permear a atividade política no Brasil. Vale a pena ler a definição da Wikipédia: “Fisiologismo é um tipo de relação de poder político em que as ações políticas e decisões são tomadas em troca de favores, favorecimentos e outros benefícios a interesses individuais. É um fenômeno que ocorre freqüentemente em parlamentos, mas também no Poder Executivo, estreitamente associado à corrupção política. Os partidos políticos podem ser considerados fisiologistas quando apóiam qualquer governo independentemente da coerência entre as ideologias ou planos programáticos”.
Se alguém souber de algum partido político brasileiro que, mesmo não apoiando nenhum governo, não faça “troca de favores” em circunstância alguma, que escreva seu próprio verbete na Wikipédia. Ele pode ficar na letra “P”, de pureza, ou “U”, de utopia. Mas, se alguém conhecer algum partido que faça isso tudo com mais desenvoltura, constância, eficiência e na maior cara de pau, que escreva também seu verbete.

O PMDB encarna o paroxismo do fisiologismo. Há um limite na política real que é aceitável: o partido utilizar sua força para eleger grandes bancadas, pressionar o governo e conseguir cargos públicos. Isso poderia até explicar a onipresença do PMDB no poder. Mas o partido vai além do aceitável. Afirma o cientista político Rubens Figueiredo: “O PMDB usa essa força para promover a corrupção, o compadrio e o nepotismo. Isso resvala na marginalidade. O MDB foi a encarnação do bem no combate à ditadura. Ganhou um P e virou a encarnação do mal na democracia”. Apesar disso (pois seria cinicamente impensável escrever “por causa disso”), o partido é alvo de cobiça. Está no governo Lula assim como esteve em todos os governos nos últimos 24 anos. Se nenhuma turbulência ocorrer, já se prepara para participar do futuro governo a ser eleito em 2010. Por quê? Porque, pelas cinco características s ser expostas aqui, é quase impossível chegar ao Planalto sem o concurso do PMDB”.

E segue a reportagem com a exposição das cinco características (1. MALEABILIDADE; 2. ACEFALIA; 3. ADAPTABILIDADE; 4. ATRASO; e, 5. RESILIÊNCIA), a apresentação dos “ESPELHOS DA TRIBO”, com biografia dos principais líderes do PMDB que revela o estilo de fazer política do partido e, por fim, “O PMDB DE TODOS OS GOVERNOS”, mostrando que “Em 43 anos de história, o partido, que foi símbolo da resistência à ditadura, transformou-se em ícone do adesismo e do fisiologismo.”

Com isso, o que pretendemos com a MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE é que haja um SÉRIO aprofundamento na análise e discussão de QUESTÕES VITAIS com esta apresentada pela Revista VEJA, e com ENTUSIASMO nos reportamos, pois, NADA, absolutamente NADA, pode ABALAR nossa FÉ, ALEGRIA e ESPERANÇA na caminhada rumo à construção de um BRASIL que seja ORGULHOSAMENTE JUSTO, LIVRE, DESENVOLVIDO, FRATERNO, onde ESTADISTAS estarão no PODER através de ELEIÇÕES que possam ser CUNHADAS de HISTÓRICAS, como a que queremos em 2010, e nos PARLAMENTOS homens e mulheres que HONREM a POLÍTICA, porque ÉTICOS, SINCEROS na busca da VERDADE, ÍNTEGROS, QUALIFICADOS, HONESTOS, e definitivamente VOCACIONADOS para o INTERESSE PÚBLICO.

É o nosso SONHO. É o nosso DESEJO. É a nossa LUTA.

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A CIDADANIA, A POLÍTICA E OS SONHOS

“Sonhos, e não o desespero, movem as organizações para altos níveis de desempenho. Nosso sonho é que nossas instituições trabalhem por nossas necessidades e não contra elas”.
(Mário Lúcio)

Ainda que o presente artigo tenha sido dirigido aos PREFEITOS e VEREADORES que seriam empossados no dia 1° de janeiro de 1997, consideramos OPORTUNÍSSIMO em face dos DESCALABROS que perpassam ADMINISTRAÇÕES MUNICIPAIS. Com a assinatura do eminente Professor de Filosofia LUÍS CARLOS GAMBOGI, autor do livro “Artigos Escolares & Outros Escritos”, o artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, Caderno OPINIÃO, página 7, de 31 de dezembro de 1996, merece também TRANSCRIÇÃO INTEGRAL:

“Política e sonho

Não me harmonizo com o espírito do provérbio latino “ad majora natus” (nascemos para causas maiores), sempre invocado pelo intelectual que intenta justificar o seu afastamento da tarefa política. Penso como Aristóteles ao tratar dessa questão. A política – no sentido grego da palavra – representa a ação mais alta do homem. Para Aristóteles, quer no campo da conduta jurídica quer no campo da conduta moral, é pela vida política que o homem se constrói. A política, por conseguinte, não é comezinha ciência do Estado, é a mãe de todas as ciências. Tudo se liga a ela, numa íntima conexão, como as partes se submetem ao todo.

Segundo Aristóteles, é no Estado que o homem torna ato suas possibilidades naturais, psíquicas e espirituais. Daí porque afirma que “os e o bem do homem não podem ser reconhecidos, nem ser praticamente assegurados pela Retórica, pela Economia ou pela Ética, mas tão somente pela Política”. É ela, pois, a ciência que contêm em si todas as outras, que considera o bem geral, o supremo bem de todos, o sentido e o objetivo de todos os atos da vida. É o próprio Aristóteles quem escreve: “embora um indivíduo isolado se proponha o mesmo fim que todo o povo, e seja possível apreciar o que toca a um só homem, será mais nobre e elevado ocupar-nos com o bem de todo um povo ou de um Estado.

A Ética, assim, não se confunde com a Política, mas não pode ser fundada senão sobre ela”. Isto é, ética e política se completam. Como Aristóteles tantas vezes diz, “não é suficiente conhecer o bem para fazê-lo, porque a paixão pode se misturar entre o saber do bem e a sua realização”. Ou seja, ética não é discurso, é ato! É óbvio que Aristóteles poliniza a política com uma idéia de liberdade em sentido coletivo, porquanto jamais compreenderia a imagem neoliberal de liberdade, que contrasta com parte ou com o todo do Estado, que confunde, que não raro ofende o bem comum. Para o grego, um Estado está firmado numa ética que edifique o homem dentro do homem, que consolide a liberdade nos meandros da liberdade.

Max Weber, um pensador mais próximo de nós, escreve que “a política é como perfuração lenta de tábuas duras (...) O homem não teria alcançado o possível se repetidas vezes não tivesse tentado o impossível”.

Em “O Velho Testamento segundo a Poesia” (Del Rey), escrevo: “O bom político é uma mistura das emoções do poeta com as manhas da existência. A poesia diz-lhe o que fazer, a política, como fazê-lo. A poesia e a política são para os homens o que as asas são para os pássaros: mantêm sonhando os primeiros e sustêm voando os segundos. Que os prefeitos e vereadores que serão empossados dia 1° sejam capazes de sonhar. Que saibam que não voa aquele que insiste em por os pés no chão. Que é preciso abandonar as fórmulas do possível e reinventar o impossível a partir de fórmulas impossíveis à luz do possível, mas possíveis à luz do sonho. Sonhar – eis o lema. Somos um País por fazer. Sonhar de modo tal, sonhar com tal convicção, que hospede o sonho real, tamanha a fé na ação. Sonhar e agir – eis o caminho. Não nascemos para causas menores”.

Mais uma BELA contribuição, pois, ao nosso PROPÓSITO MAIOR de promovermos a MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE, em sintonia com os objetivos constitucionais de transformar este País numa Nação JUSTA, LIVRE, PRÓSPERA e SOLIDÁRIA, estendendo a TODOS os BRASILEIROS e BRASILEIRAS as riquezas e conquistas de um mundo FASCINANTE e BELO, e não perdendo de maneira alguma os HORIZONTES do BRASIL 2014, que seja verdadeiramente a COPA DA CIDADANIA.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A CIDADANIA E A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

“Espero que seja prestada atenção à educação pública do povo.Estou convencido de que do seu bom senso dependemos para a preservação de um grau necessário de liberdade”.
(THOMAS JEFFERSON, que dedicou todo o seu tempo à causa da LIBERDADE e da EDUCAÇÃO)

Hoje, mais do que ontem, amanhã mais do que hoje, os homens sempre estarão dependendo da ATIVA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA para realizar-se em termos de LIDERANÇA, cujo legítimo exercício se fundamenta na vocação e no carisma.

Assim, a NAÇÃO estará também sempre a exigir homens preparados para conduzir os seus grandes destinos. É preciso que haja PUDOR, CORAGEM, DETERMINAÇÃO, DEVOÇÃO pelo interesse público, ou seja, CIVISMO e PATRIOTISMO.

Entretanto, hoje, com RARÍSSIMAS EXCEÇÕES, as AUTORIDADES estão FALIDAS, mergulhadas no pantanal da CORRUPÇÃO, e essa falência é um TRISTE fato consumado.

Por isso, consideramos bastante OPORTUNA a lição que vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, Caderno OPINIÃO, em edição de 10 de julho de 2009, página 9, de autoria de GERALDO MAGELA TEIXEIRA, Reitor do Centro Universitário UNA

“Ainda Educação de Jovens e Adultos

Hoje vou tentar localizar causas da evasão dos alunos da educação de jovens e adultos (EJA), além da incompatibilidade de horários detectada pelo IBGE. Como já disse, o horário noturno não impede que a grande maioria dos trabalhadores brasileiros faça cursos universitários noturnos. Alguns admitem que uma das causas seja a ausência de educação profissional na EJA. Sem uma terminaridade, os alunos abandonam o curso por não oferecer uma ocupação imediata. Quem perdeu o tempo adequado para iniciar seus estudos tem uma enorme ansiedade para entrar logo no mercado de trabalho e em geral, como ocorre em tantos países, costuma ficar apenas com o aprendizado profissional de nível médio, hoje cada vez mais rendoso. Um pintor de parede, um pedreiro, um mecânico, um bombeiro costumam ter rendimentos bem compensadores, acima de tantos pisos para graduados.

Mas entendo que haja outros motivos que levam os jovens e adultos a abandonar a EJA. Trata-se da estrutura da própria escola, infelizmente ela não é prioridade nem para o governo, nem para instituições filantrópicas que a oferecem. Lamentavelmente estados e municípios, salvo raras exceções, não provisionam a EJA com profissionais competentes para implantar uma escola de jovens e adultos que é tão diferenciada. Não há professores especializados, nem locais adequados para o seu funcionamento, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, salvo em um ou outro caso, confinou as escolas EJA nos conglomerados como se apenas lá estivessem os jovens e adultos sem escola. Não se sabe como foram escolhidos os professores, mas tem-se a impressão que são mandados para tais escolas os professores que não se adequaram às escolas de nível fundamental e médio. Também algumas instituições filantrópicas costumam aproveitar a ociosidade das suas salas à noite e lá colocam turmas de EJA principalmente para atender seu compromisso e destinar 20% da receita bruta a gratuidades e projetos sociais. Não quero generalizar. Deve haver por aí muito projeto bom, seja público ou privado, tentando acertar o passo de brasileiros e brasileiras ainda jovens que sem emprego formal se entregam às drogas e à prostituição. Seria importante que a EJA seja objeto de um projeto flexível, mas bem estruturado pelos especialistas na matéria.

É preciso ainda resgatar a dimensão política da EJA. Ela não pode desvincular-se de suas raízes históricas e dos movimentos sociais, como do velho Movimento de Educação e Base e das Escolas (MEB), de Paulo Freire.

Os professores, seja da escola pública seja da particular, devem ser escolhidos a dedo e treinados para a EJA. Nem sempre a formação acadêmica é tão importante. Os primeiros mestres do MEB foram em grande número trabalhadores que haviam passado pela alfabetização nos próprios movimentos sociais. A educação de jovens e adultos, mais que qualquer outra instância educacional, não tem futuro sem um toque de utopia. Temos um exército de reserva, de milhões de brasileiros e de brasileiras com direito a educação e não atendidos. É, portanto, um problema de justiça e não de assistência social.

A EJA tem uma dimensão de inclusão de brasileiros que vivem à margem da comunhão nacional, sem o reconhecimento de saberes adquiridos ao longo de anos na escola da vida e sem a eles integrar de forma ordenada os saberes formais. Não é uma segunda oportunidade. É sobretudo um atendimento na linha dos direitos humanos. Sem integrar esses brasileiros num projeto nacional, não vamos construir com dignidade esta nação”.

Então, na nobre tarefa de construir uma Nação verdadeiramente JUSTA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, merece todo o nosso EMPENHO e PATRIOTISMO o capítulo chamado EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, como tão bem delineado por nosso articulista.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

COMBATE À CORRUPÇÃO: UMA QUESTÃO CÍVICA

“A corrupção vem dos tempos da colonização, quando o Estado foi constituído antes e acima da sociedade brasileira”
(Rodrigo Sá Motta)

Mais uma vez, buscamos em artigo da jornalista DÉA JANUZZI, publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, Caderno GERAIS, em edição de 24 de junho de 2001, tratando de uma HERANÇA MALDITA – CORRUPÇÃO COMEÇA EM CASA, que bem mostra a absoluta necessidade da MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE no FORTALECIMENTO da DEMOCRACIA e transformação do BRASIL numa SOCIEDADE verdadeiramente JUSTA, LIVRE, PRÓSPERA e SOLIDÁRIA, e, mais ainda, com vistas ao BRASIL 2014, cujos INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS sejam EFETIVAMENTE partilhados com TODOS os BRASILEIROS e BRASILEIRAS. O conteúdo da matéria também faz por merecer sua INTEGRAL transcrição:

“Ninguém nasce corrupto. É o que garante a psicanalista Iziná Helena Traváglia: “O filho de um pai corrupto pode encontrar outros exemplos a seguir, através de um avô, de um irmão mais velho, de um grupo social, ou da escola. O Ser humano não é uma equação matemática, uma receita de bolo. A sua formação depende de influências genéricas, hereditárias, ambientais e da forma como foi desejado ao entrar no mundo”.

Mas no consultório, a psicanalista trata de pais e filhos que não aprenderam a reivindicar e a dialogar, mas a conquistar através de pequenas chantagens. “Eu te dou isso se você fizer o que eu mando”.

Alguns pais, inclusive, são tão permissivos que não sabem dizer não aos filhos ou amparam abertamente seus erros. E eles crescem sem limites, com dificuldade de aceitar ordens. Ela cita também pais que pregam a importância da obediência às leis de trânsito, mas dirigem alcoolizados. Ou falam para os filhos sobre o perigo das drogas, mas se dopam com antidepressivos ou doses de uísque. Em mães que vão tirar os filhos da delegacia, mesmo depois de cometerem imprudências.

Os pais repetem o velho ditado ‘faça o que eu digo e não o que eu faço’, sem saber que o exemplo não é teoria, mas “a prática verdadeira de valores e ideais que escapam ao controle da vontade”, explica.
Além do declínio da função paterna, pais e filhos se deparam, no mundo contemporâneo, com o surgimento de uma nova ética: “A do individualismo. Cada um escolhe suas próprias regras e estilo de vida, sem se sacrificar pelos princípios coletivos, tradições ou modelos que restringem a liberdade. Há um retorno do homem para si mesmo. Não existem mais heróis ou objetivos elevados, mas prazeres individuais, num total desencanto com os valores tradicionais, o que leva à fragmentação dos laços afetivos e sociais”.

A nova ética inclui os recursos tecnológicos como a solução para todos os problemas, pois exacerba o prazer, dribla os limites, a morte e até a ciência: “A ética de todos iguais anula as diferenças, dissolve particularidades e leva à intolerância. Marx e Jesus Cristo foram enterrados pelo mundo globalizado, onde o grande mestre é o mercado, sempre com novos e atraentes objetos de consumo. Também a proliferação de livros de auto-ajuda revela o desejo de um saber fechado”.

A psicanalista chama a atenção para a importância de um relacionamento honesto entre pais e filhos: “É através da postura dos pais que haverá uma mudança dos padrões sociais. É função paterna transmitir a singularidade de cada sujeito. Os filhos devem aprender que não existe completude nem prazer total, que haverá sempre desacordo entre o que se deseja e o que se pode alcançar”.

Resquício cultural do nepotismo

A Sociologia não vê a corrupção como herança familiar, mas cultural, com a manutenção de práticas patrimonialistas que determinam a vida pública nacional: “Existe uma incapacidade de separar a noção de público e privado. Uma típica maneira brasileira de lidar com o patrimônio público”, assegura Luís Flávio Sapori, sociólogo da Fundação João Pinheiro e professor da PUC Minas.

Na prática, “essa tradição cultural explica porque parte significativa da elite brasileira sempre se utilizou do patrimônio público como se fosse privado. A corrupção no Brasil não é apenas ausência de moralidade, mas de uma super valorização das relações pessoais, do parentesco, do nepotismo e dos privilégios”.



PERVERSIDADE

A sociedade brasileira é um exemplo concreto de corrupção institucionalizada, que atinge todas as classes sociais: “O mais perverso na corrupção brasileira é que, apesar das denúncias e das investigações há um retorno ao ponto de partida. É um fenômeno recorrente na história do Brasil, o que dificulta o entendimento de suas causas”.

Neste cenário, figuras como a de Antônio Carlos Magalhães sempre reaparecem na política brasileira. “E demonstram porque a sonegação de impostos é tão disseminada no País. Ou porque o brasileiro desobedece regras, burla as leis. E os empresários mantêm uma relação de promiscuidade com as elites políticas. Dá até para saber de onde veio o famoso jeitinho brasileiro.”

A prática mais antiga do mundo

A corrupção faz parte da história do Brasil. Poetas e escritores sempre revelaram o seu espanto com os corruptos. Como Machado de Assis, que num artigo para o “Jornal das Famílias”, de 1867, escreveu: “Murchou-se logo a primeira ilusão de que todos os homens se guiam unicamente pelos princípios dos sentimentos puros e das idéias generosas. Era a primeira vez que ele se achava diante do homem prático, do homem-coisa, do homem-dinheiro. Até então vivera nas regiões ideais das quimeras e dos sonhos”.

Também o poeta baiano Gregório de Mattos, conhecido como “Boca do Inferno”, já fazia referências à corrupção das elites brasileiras no século XVII. E, segundo o diretor do Departamento de História da UFMG, Rodrigo Sá Motta, “tudo indica que a corrupção está presente desde o início da colonização. É um comportamento enraizado nas práticas políticas do País”.

Mas o historiador avisa que “não somos o lixo do mundo. Quando se fala em funcionamento das organizações estatais, a corrupção é uma realidade universal. No caso do Brasil, entretanto, conta muito o fato de o Estado ter sido constituído antes e acima da sociedade brasileira. O poder se estabeleceu antes da Nação, pois os portugueses já chegaram com um projeto colonial. E a sociedade brasileira se sentiu subjugada à ação do Estado, pois não construiu a sua própria história”.

Se em algumas sociedades do mundo existe a tradição de controle do Estado por parte da população, no Brasil essa relação é passiva, distante. “Não é uma relação de cidadania, de cobrança, de vigilância e de participação.”

SEDUÇÃO

Para Rodrigo, o “poder geralmente exerce uma forte possibilidade exerce uma forte possibilidade de corrupção: “Quanto mais no Brasil, onde é comum a corrupção no aparelho do Estado. A tentação dos que assumem o poder se deixarem corromper é muito maior”.

Mas como um brasileiro que continua a ter esperanças, ele menciona que, hoje, “há um fortalecimento da cidadania, com uma cobrança maior da imprensa e da sociedade como um todo. Pelo menos as coisas não ficam mais abafadas, embaixo do pano. A situação democrática estimulou a investigação das práticas e das evidências de corrupção”.

A apuração das denúncias de corrupção é atualmente “uma questão cívica. Todos desejam rigor nas apurações, apesar de muitas provas desaparecerem, de a justiça brasileira ainda ser lenta, com muitas brechas na legislação. Mas a redemocratização do País, a partir de 1985, com certeza, mudou o rumo da História”.

Enfim, há um SÉCULO, ou há uma DÉCADA, como HOJE, o combate à
CORRUPÇÃO é uma QUESTÃO CÍVICA.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A CIDADANIA NA CARIDADE E NA VERDADE

“A caridade na verdade, que Jesus Cristo testemunha com a sua vida terrena e sobretudo com a sua morte e ressurreição, é a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira. O amor – caritas – é uma força extraordinária, que impele as pessoas a comprometerem-se, com coragem e generosidade, no campo da justiça e da paz. É uma força que tem sua origem em Deus, Amor eterno e Verdade absoluta”.
(A Caridade na Verdade, Benedictus PP. XVI)

Extremamente OPORTUNO e ESCLARECEDOR o artigo publicado por FREI BETTO no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 16 de julho de 2009, Caderno CULTURA, página 10, que também MERECE a sua TRANSCRIÇÃO na ÍNTEGRA, constituindo BELA lição de CIDADANIA:

“O papa e a crise mundial

A caridade na verdade é o título da mais recente encíclica de Bento XVI, lançada em 29 de junho. Nela, o papa enfatiza a dimensão social e política do amor: “Querer o bem comum (todos os grifos são do texto original) e trabalhar por ele é exigência de justiça e caridade. Comprometer-se pelo bem comum é, por um lado, cuidar, e, pelo outro, valer-se daquele conjunto de instituições que estruturam jurídica, civil, política e culturalmente a vida social, que deste modo toma a forma de polis, cidade. Ama-se tanto mais eficazmente o próximo quanto mais se trabalha em prol de um bem comum que dê resposta também às suas necessidades reais (n. 7).

O documento homenageia Paulo VI ao fazer eco à Populorum progessio (1967), uma das mais progressistas encíclicas dos últimos dois séculos. Bento XVI frisa que “as situações de subdesenvolvimento não são fruto do acaso nem de uma necessidade histórica, mas dependem da responsabilidade humana. É por isso que ‘os povos da fome se dirigem hoje, de modo dramático, aos povos da opulência’ (...) Viva era, em Paulo VI, a percepção da importância das estruturas econômicas e das instituições, mas era igualmente clara nele a noção da sua natureza de instrumentos da liberdade humana” (n. 17).

Enquanto no Brasil se fala em “crescimento”, o papa lembra que “Paulo VI tinha uma visão articulada do desenvolvimento. Com o termo ‘desenvolvimento’ queria indicar, antes de mais nada, o objetivo de fazer sair os povos da fome, da miséria, das doenças endêmicas e do analfabetismo. Isso significava, do ponto de vista econômico, a sua participação ativa e em condições de igualdade no processo econômico internacional; do ponto de vista social, a sua evolução para sociedades instruídas e solidárias; do ponto de vista político, a consolidação de regimes democráticos capazes de assegurar a liberdade e a paz” (n. 21).

Em seguida, Bento XVI critica o neoliberalismo: “O objetivo exclusivo de lucro, quando mal produzido e sem ter como fim último o bem comum, arrisca-se a destruir riqueza e criar pobreza (...) Todavia, há que reconhecer que o próprio desenvolvimento econômico foi e continua a ser molestado por anomalias e problemas dramáticos, evidenciados ainda mais pela atual situação de crise. Essa nos coloca improrrogavelmente diante de opções que dizem respeito sempre mais ao próprio destino do homem, o qual aliás pode prescindir de sua natureza. As forças técnicas em campo, as inter-relações em nível mundial, os efeitos deletérios sobre a economia real duma atividade financeira mal utilizada e majoritariamente especulativa, os imponentes fluxos migratórios, com freqüência provocados e depois geridos adequadamente, a exploração desregradas dos recursos da Terra induzem-nos hoje a refletir sobre as medidas necessárias para dar solução a problemas que são não apenas novos em relação aos enfrentados pelo papa Paulo VI, mas também e sobretudo com impacto decisivo no bem presente e futuro da humanidade. (...) A crise nos obriga a projetar de novo o nosso caminho, a impor-nos regras novas e encontrar novas formas de empenho, a apostar em experiências positivas e rejeitar as negativas. Assim, a crise torna-se ocasião de discernimento e elaboração de nova planificação. Com esta chave, feita mais de confiança que resignação, convém enfrentar as dificuldades da hora atual” (n. 21).

A encíclica denuncia que “cresce a riqueza mundial em termos absolutos, mas aumentam as desigualdades”. Nos países ricos, novas categorias sociais empobrecem e nascem novas pobrezas. Em áreas mais pobres, alguns grupos gozam duma espécie de superdesenvolvimento dissipador e consumista que contrasta, de modo inadmissível, com perduráveis situações de miséria desumanizadora. Continua ‘o escândalo de desproporções revoltantes’. Infelizmente, a corrupção e a ilegalidade estão presentes no comportamento de sujeitos econômicos e políticos dos países ricos, antigos e novos, como nos próprios países pobres. No número de quantos não respeitam os direitos humanos dos trabalhadores contam-se às vezes grandes empresas transnacionais e também grupos de produção local. As ajudas internacionais foram muitas vezes desviadas das suas finalidades, por irresponsabilidades que se escondem tanto na cadeia dos sujeitos doadores como na dos beneficiários” (n. 22).

E há quem suponha que a Teologia da Libertação morreu...
Não apenas continua viva, como hoje encontra abrigo até em documentos papais”.

E termina o Papa BENEDICTUS XVI:

“Que a Virgem Maria, proclamada por Paulo VI Mater Ecclesiae e honrada pelo povo cristão como Speculum Iustitiae e Regina Pacis, nos proteja e obtenha, com a sua intercessão celeste, a força, a esperança e a alegria necessárias para continuarmos com generosidade ao compromisso de realizar o ‘desenvolvimento integral do homem todo e de todos os homens’.”

Com isso, reafirmamos nossa FÉ e nossa ESPERANÇA na MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE, onde FONTES INESGOTÁVEIS como a Encíclica A CARIDADE NA VERDADE nos FORTALEÇAM no sagrado sonho da construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA.
O BRASIL TEM JEITO!...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

A CIDADANIA E A SERIEDADE NO BEM VIVER

“O homem é o autor dos mais complicados mecanismos das grandes aeronaves, e, também, é o autor da miséria e imundícia dos bairros pobres” (in O Mais Importante é o Amor) e com humildade acrescentamos que SOMENTE através da EDUCAÇÃO, sob a luz divina, cuidaremos de tornar o MUNDO verdadeiramente JUSTO, LIVRE, PRÓSPERO e SOLIDÁRIO, como pretendemos com a MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE, eis que GLOBALIZADO, FASCINANTE e BELO.

Mais uma vez, buscamos em INSPIRADO e INDIGNADO artigo de HINDEMBURGO PEREIRA DINIZ, Presidente do Conselho Consultivo do Condomínio dos Associados, publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, Edição de 11 de abril de 2001, Caderno Opinião, página 7, que também IMPÕE pela CLAREZA e CONCISÃO a sua TRANSCRIÇÃO na íntegra:

“Falta seriedade

Ando assombrado, com medo do amanhã, pela falta de seriedade no Brasil. Parece-me que a contaminação atinge os diversos agregados que compõem o corpo do País, sem exceção. Nesta consideração, não observo apenas a presença normal dos antígenos sempre ativos na sociedade humana. Refiro-me a quadro patológico aterrorizante onde bacilos da incorreção preponderam sobre os anticorpos da saúde moral. Chegamos a um ponto em que muitas reservas éticas sucumbiram, transmudando-se em agentes numerosos do que costumavam condenar. Encontramo-nos em processo contínuo de deteriorização dos padrões de comportamento que identificam as sociedades preocupadas com a seriedade. Tudo serve de justificativa para que se preserve o quadro dissoluto que a maioria aceita, ou acompanha sem indignação, as práticas que generalizam e aprofundam a realidade degradante.

No campo político, que é o mais importante porque revela e influencia a índole da sociedade, chegamos a extremos contagiantes a indicarem o comprometimento quase geral dos valores que identificam e, normalmente, resguardam nosso caráter. É inadmissível que se preserve governabilidade sustentada pelo negocismo, porquanto significa reconhecer-se que ele é necessário. É inaceitável que se permita incorreção em nome da economia, porque implica aceitar-se que ela pode ser desonesta. É, sobretudo, sinal de alienação comprometedora ouvirem-se passivamente as justificativas impudentes de responsáveis pelos descaminhos em que nos encontramos. O que se assistiu recentemente, a partir de iniciativas do Executivo contra a CPI da corrupção, com apoio de parte significativa da imprensa brasileira, desestimula acreditar-se em seriedade neste País nos dias de hoje.

A mídia, sem considerar ou saber como se origina o direito, gosta de sugerir que parlamentares costumam posicionar-se em função de interesses pessoais, sempre exigindo “favores do Executivo”. Trata-se de comentário permanente e incorreto que desserve a consciência nacional. Se a exigência do congressista parte de ordem orçamentária não se trata de favor, mas de direito, que o Executivo discricionariamente gerencia. Na hipótese contrária, são os dois que estão errados. Mas a imprensa não costuma condenar o comportamento pior da Administração absolutista, mesmo quando as ações antiéticas partem de conveniências do Executivo, como se deduz dos comentários sobre a frustrada CPI da corrupção. Em País onde o Executivo tem condições de efetuar represálias contra parlamentares, há de reconhecer-se que o processo democrático é enganoso. No Brasil, o presidente da República pune até Estados-membros dos quais os governadores são seus adversários políticos. A imprensa sem se justificar acha o fato normal e não critica o abuso antifederalista e antidemocrático do poder hipertrofiado de discriminar”.

Reportando-nos ao texto: “... desestimula acreditar-se em seriedade neste País nos dias de hoje”. Isto já há quase uma DÉCADA, exatamente no LIMIAR do século XXI, que queremos o século do CONHECIMENTO, da ÉTICA, da INFORMAÇÃO, da DISCIPLINA, das NOVAS TECNOLOGIAS, da BIOTECNOLOGIA, da NANOTECNOLOGIA, tudo que nos dá a FÉ e a ESPERANÇA de um MUNDO NOVO, de AMOR, PAZ, PROSPERIDADE e HUMANIDADE...

terça-feira, 14 de julho de 2009

A CIDADANIA E A INFLAÇÃO

Nos fundamentos da MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE encontramos o que consideramos os TRÊS MAIORES E MAIS DEVASTADORES INIMIGOS do BRASIL: a INFLAÇÃO, a CORRUPÇÃO e o DESPERDÍCIO, que entendemos exigem uma VERDADEIRA CRUZADA NACIONAL.

Assim, nos rejubilamos e nos sentimos FORTALECIDOS na FÉ e na ESPERANÇA quando constatamos que o COMBATE À INFLAÇÃO já foi INCORPORADO aos VALORES NACIONAIS, estando já sob a GUARDA dos BRASILEIROS e BRASILEIRAS, congregando as forças vivas da SOCIEDADE e sob a permanente inspiração nos melhores modelos do MUNDO DESENVOLVIDO e à luz da TRANSPARÊNCIA e da VERDADE.

Por isso mesmo, mais uma vez, buscamos no EDITORIAL publicado no Jornal ESTADO DE MINAS na edição de 1° de julho de 2009, Caderno OPINIÃO, página 8, que merece, para os objetivos do nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO, a sua INTEGRAL transcrição:

“Inflação, nunca mais

Assim como as trevas e a tortura que vitimaram a liberdade e mancharam a dignidade do cidadão nos tempos da ditadura, os efeitos perversos da hiperinflação sobre os brasileiros mais pobres correm o risco de ser esquecidos pelos que viveram esses horrores e de nem ser ensinados aos que são jovens demais para tê-los conhecido. No Brasil, é comum fazermos festa por coisa muito menor, ou que praticamente nada acrescentou à história do país. O que hoje deveria ser comemorado com festas e, ao lado da redemocratização, uma das mais importantes conquista da moderna sociedade brasileira. Há 15 anos, entrava em vigor o Plano Real, a mais bem-sucedida tentativa da estabilização da moeda nacional e que estancou a deterioração do poder de compra dos salários. País marcado pela vergonhosa pobreza que ainda impõe exclusão e sofrimento à maioria da sua população, a construção de uma nação mais próspera e que já se alinha entre as chamadas economias emergentes. E é graças a isso que se permite ter esperanças de vir a ser também uma sociedade mais justa.

Quem acompanhou a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que definiu a meta de inflação (4,5%) para 2011, nem faz idéia do que foi passar anos seguidos sem ter noção de quanto valeria seu dinheiro. Em 1993, último ano antes do Plano Real, a inflação chegou a inacreditáveis 2477%. Ninguém tinha mais noção de preço. Sabia-se apenas que tudo estava muito caro. O comércio vivia o pânico de estar vendendo por menos (em termos reais) do que tinha pago pela mercadoria. A remuneração do trabalhador perdia poder de compra de manhã até a noite e o mês acabava muitos dias antes do salário. Só quem tinha capital ganhava com a inflação, ora especulando com estoques, ora apostando nos mercados financeiros de curtíssimo prazo (over night). Sem ambiente para investimentos, a economia perdeu dinamismo e a população enfrentou a chaga social do desemprego.

Ao lograr a estabilização da moeda, o Plano Real – implantado sob forte oposição do Partido dos Trabalhadores (PT), para o qual, tudo que vinha do governo da época tinha insanável vício de origem – deu fim a um dos mais perversos processos de concentração de renda do mundo civilizado. Foi a partir dessa reversão de expectativas que se tornou possível o funcionamento de um círculo virtuoso de mais de mais crédito e de aumento do consumo e da produção. É o clássico movimento que conduz à incorporação de camadas mais baixas da população a níveis mais elevados de consumo e bem-estar. Mas nada disso veio sem o sacrifício exigido por ajustes que geraram de mais desemprego e de juros elevadíssimos. Hoje, os inéditos índices de popularidade de que desfruta o presidente Luiz Inácio Lula da Silva são um prêmio à sua decisão de manter os fundamentos da política econômica implantada a partir do Real. Seja pelo preço pago, seja pelos benefícios que os brasileiros já fizeram por merecer, ou pelo futuro que ainda temos a construir, cabe às autoridades resistir a todo custo às tentações eleitoreiras de afrouxar o controle do gasto público ou o rigor da política monetária. Inflação, nunca mais!”

Que na perspectiva do BRASIL 2014, possamos estar buscando a TRANSCRIÇÃO INTEGRAL de EDITORIAIS tratando de outras conquistas históricas e, entre elas, um CONSAGRADO e EXITOSO COMBATE À CORRUPÇÃO E AO DESPERDÍCIO, e, dessa maneira, celebrarmos a COPA da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da PROSPERIDADE e da SOLIDARIEDADE.

Verdadeiramente, O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

AS LIÇÕES DE EINSTEIN PARA A CIDADANIA

“Não se pode dizer pelas aparências como as coisas vão caminhar. Algumas vezes, a imaginação faz as coisas parecerem muito piores do que são – ainda que, sem imaginação não se pode fazer muita coisa. As pessoas que são imaginativas vêem mais perigos do que estes talvez existam, certamente vêem sempre muito mais do que acontece e, assim, devem também rezar para que lhes seja dada uma coragem extra para lidar com toda essa imaginação.

Mas para todos, certamente, pelo que atravessamos neste período – e eu estou me referindo à escola – certamente neste período de dez meses a lição é: jamais ceder, jamais ceder, jamais, jamais, jamais, jamais – em nada, seja grande seja pequeno, amplo ou trivial – jamais ceder exceto a convicções de honra e bom senso”.

(WINSTON CHURCHILL, em 29 de outubro de 1941, quando de visita à escola onde estudou – Escola Harrow, Londres).

É exatamente em busca dessa CORAGEM EXTRA, quando vislumbramos a grande porta para as grandes transformações do BRASIL através da MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE que encontramos mais uma INESTIMÁVEL contribuição vinda de artigo do jornalista OTACÍLIO LAGE, publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 08 de julho de 2009, no Caderno OPINIÃO, página 9, que nos impõe a transcrição na ÍNTEGRA:

“Lições de Einstein

Ele formulou a teoria da relatividade, estabeleceu a base da matemática da estrutura do universo e substituiu a Teoria da atração gravitacional, de Isaac Newton, pela Teoria de um campo de gravitação no contínuo espaço de tempo. Mas nem por isso deixou de dar atenção às coisas simples., de ser feliz, amigo de todos; amava as crianças e era capaz de passar horas tocando violino à cabeceira da cama de uma tia doente. Dava valor extremo à conduta humana, tanto que repetia sempre que “sem cultura moral não haveria nenhuma saída para os homens”. Nasceu em 14 de março de 1879 em Wurtttemberg, Sul da Alemanha, e morreu em 18 de abril de 1955, aos 76 anos, em Princeton, Nova Jersey, Estados Unidos.

Albert Einstein, alemão de origem judaica, refugiado nos EUA desde 1935, fugindo da perseguição de Adolf Hitler, é o cara. Para o mundo, a imagem que ficou dele foi aquela em que aparece com a língua de fora, feita quatro anos antes de morrer, em 1951, no aniversário de 72 anos. Além de violino, Einstein tocava piano e era muito religioso, sem, contudo, professar religião alguma. Para o genial matemático, “a paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos”. Era, acima de tudo, um místico, pois, intuitivamente, ele tirava da sintonia que tinha com o universo cósmico muitas respostas para suas constantes indagações. “Eu penso 99 vezes e nada descubro. Deixo de pensar e mergulho no silêncio; e eis que a verdade me é revelada”, dizia sempre. Para Einstein, Deus era a lei, a voz da natureza.

Desde jovem, revelava ojeriza às autoridades. Então, já cinqüentão, ao ser forçado a deixar a Alemanha, ficou ainda mais incisivo, tanto que questionava sempre a razão de os religiosos e os governos não dizerem a verdade sobre Deus, o mundo e o homem. “Quais as intenções secretas que eles tinham para manter o homem na ignorância?, questionava Einstein, que insistia que “meditar não é pensar, mas esvaziar os canais de toda substância oriunda dos nossos sentidos e colocar-se diante da Fonte”, segundo ele, a realidade, a imaginação de Deus. “Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece”, reforçava.

Quando estudava em Princeton, o filósofo brasileiro Humberto Rohden, catarinense de Tubarão, escreveu sobre o colega Albert: “Lá estava um homem cujo corpo ainda vivia na Terra, mas cuja mente habitava as mais remotas plagas do Cosmo”. Realmente, Einstein era desprendido, desgarrado das coisas mundanas. Certa vez, sua empregada encontrou um cheque de
US$ 1,5 mil, recebido por ele há meses, marcando a leitura de um livro. Era comum ele não se lembrar se já havia almoçado, nem sequer sabia o número do telefone de casa, onde vivia com a mulher e dois filhos. Sobre a Teoria da relatividade, o matemático revelou que ela lhe veio por intuição, pois sabia que a certeza intuitiva era anterior a qualquer prova.

Muitos contemporâneos de Einstein, de vários segmentos da sociedade, questionavam por que ele falava tanto com Deus, apesar de os teólogos de então acharem que era ateu. Ele não admitia um Deus pessoal, mas um Deus Supremo, onipresente e onisciente, que está no centro de todos os lugares e de todas as coisas, como já intuíra Santo Agostinho, fazendo Einstein sentir-se em meio a uma grande fraternidade universal. Em suma, para ele, Deus não era uma personalidade capaz de premiar ou punir, mas a invisível realidade do Universo, o que fazia o cientista pensar 99 vezes até que a resposta lhe chegasse intuitivamente, resultando na perfeita sintonia com a Fonte, “o silêncio dinâmico onde tudo já está pronto e acabado”. O matemático era um religado – religião significa religação do homem com o poder infinito. Frisava sempre: “O homem pode não achar Deus, mas Deus o achará, se o homem, naturalmente, não se esconder Dele”.

Sobre o conhecimento, era direto: “A leitura, depois de certa idade, distrai excessivamente o espírito humano de suas reflexões criadoras. Todo homem que lê demais e usa o cérebro de menos adquire preguiça de pensar. A imaginação é mais importante do que o conhecimento”. Einstein tinha forte atração pelo mistério. Segundo ele, o homem que desconhece esse encanto, incapaz de sentir admiração e estupefação, já está, por assim dizer, morto e tem os olhos extintos. “A emoção é fundamental e está na raiz de toda ciência e arte”, dizia.

Quanto à fama, tinha resposta curta: “Ela é para o homem como os cabelos – crescem depois da morte, quando já lhe é de pouca serventia”. Tinha com ele que não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina utilizável, e não uma personalidade. É necessário que ele adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser compreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto.

Pouco antes de morrer, Einstein preconizou: “Nossa era deveria ser a do Paraíso na Terra. A humanidade nunca teve, como agora, melhor ensejo de ser feliz. Quando o Instituto de Estudos Superiores de Princeton foi organizado e Einstein se dispôs a ser um de seus membros, veio a questão salarial. A direção pediu a ele uma proposta de remuneração. O Conselho Diretor da instituição, em resposta, acentuou que pelos seus padrões havia fixado o salário do cientista numa quantia adequada, três vezes maior ao proposto pelo matemático, autor da equação E = mc2 (A massa de um corpo é uma medida do seu conteúdo de energia).

“O meu ideal político é a democracia, na qual seja cada homem respeitado como um indivíduo; e ninguém idolatrado”, pontuava. Bom seria se os homens de hoje que detêm o poder, financeiro e político, tivessem um pouco de humildade e se espelhassem no cientista que esquecia cheque ao portador dentro de livros; que detestava mesquinharia, brutalidade, militarismo e guerra; que primava pela ética e que tinha a certeza e que estava sempre falando com Deus. A utopia, às vezes, vale a pena.”

São páginas como essas que nos FORTALECEM na FÉ e na ESPERANÇA de enfrentarmos os DESAFIOS que estão colocados e, principalmente, com vistas ao BRASIL 2014, promovermos a MOBILIZAÇÃO de todo o POVO brasileiro, fazendo VALER o império da ÉTICA, da DECÊNCIA, do ESPÍRITO PÚBLICO, da TRANSPARÊNCIA, da EFICIÊNCIA e AUSTERIDADE na aplicação de CADA CENTAVO dos BILIONÁRIOS INVESTIMENTOS que estão previstos para os próximos cinco anos.

Ao final, que tenhamos como resultado uma GRANDE NAÇÃO: JUSTA, LIVRE, PRÓSPERA e SOLIDÁRIA, inteiramente do SÉCULO XXI.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

QUEM SÃO AS PESSOAS COMUNS?

“Escrevo com o dicionário.
Sem dicionário não posso escrever – como escritor”.
GILBERTO AMADO, ap. ANTÔNIO CARLOS VILAÇA, O Anel.

Mais uma grande oportunidade de aprofundarmos uma FECUNDA LIÇÃO de CIDADANIA que vem de BRASÍLIA, através de matéria publicada na Revista VEJA – edição 2118 – ano 42 – n° 25, páginas 58 a 68, invocando a CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição:

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Nunca será demais DISCERNIR e NÃO TOLERAR que práticas do BRASIL COLONIAL, INSISTAM em adentrar AINDA na segunda DÉCADA do século XXI; “Ao afirmar que Sarney merece um tratamento diferenciado, o presidente atropelou o preceito constitucional expresso no artigo 5°, que estabelece a igualdade de todos perante a lei. “Lula foi absolutamente infeliz. Reforçou a idéia de que um é melhor do que o outro. Restabeleceu a lógica do “você sabe com quem está falando?”. Bateu de frente na Constituição e no princípio basilar da democracia”, resume o historiador Marco Antônio Villa”. É a NEFASTA CULTURA atravessando séculos como abordado na reportagem que oferece VASTO CAMPO para a PEDAGOGIA da CIDADANIA.

Segue a reportagem:

“Dono de uma biografia comovente e de uma popularidade acachapante, Lula não parece preocupado com arranhões em sua imagem pessoal. Parece fiar-se nas cicatrizações promovidas pelo tempo. Espontâneo como nos tempos de sindicalista barbudão, ele não é, ainda, afeito a liturgias do cargo que ocupa. Nada disso representa um grande problema. A questão é que, no exercício da Presidência da República, Lula personifica muito mais do que o operário que chegou ao poder. Ele é ao mesmo tempo o mestre e o servo dos brasileiros ao se investir dos poderes de uma instituição, a Presidência da República. Entre seus inúmeros e vitais papéis está o de zelar pela Constituição. Ao declarar que Sarney é um personagem que paira sobre tudo e todos, o presidente da República foi além de cometer uma gafe pessoal. Ele feriu a Carta que jurou defender. E isso nem um presidente popular, simpático e bem-sucedido como Lula pode fazer impunemente.

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O QUE DIZEM AS PESSOAS COMUNS

A esmagadora maioria dos 100 cidadãos de dez estados ouvidos pela reportagem de VEJA mostrou-se indignada com as frases condescendentes do presidente Lula em relação à corrupção e à impunidade. Eles responderam a duas indagações: por que no Brasil as denúncias não dão em nada e se concordam com Lula em que políticos como Sarney devem ter tratamento diferente do que têm as pessoas comuns. Entre os entrevistados, há estudante, cientistas, artistas, comerciantes e profissionais liberais. Há brasileiros anônimos e famosos, ricos e pobres. Não importa. São todos iguais perante a lei e – o mais importante – querem que seja assim. A comparação entre o que eles e o presidente pensam sobre o assunto revela um fenômeno preocupante: o distanciamento entre a política e o mundo real. Passou da hora de os senhores de Brasília ouvirem a voz dos cidadãos conscientes.

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Na véspera da declaração de apoio de Lula, o senador “incomum” subiu à tribuna. Em um de pouco mais de meia hora, disse que a crise não é dele, mas de todo o Senado, e que não aceita ser julgado por questões menores, o que é uma “falta de respeito para quem tem mais de cinqüenta anos de vida pública”. VEJA ouviu uma centena de pessoas “comuns” em várias partes do país, para saber como receberam a defesa do tratamento diferenciado aos políticos proposto pelo presidente. As opiniões estão produzidas ao longo das páginas desta reportagem. Em 1890, Benjamim Constant, ardoroso republicano brasileiro, saiu de uma audiência com o marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente do Brasil, indignado com o tratamento que lhe fora dispensado. “Não era esta a República com que eu sonhava”, disse Constant. Mais de um século depois, é como se sua frase continuasse a ressoar entre os milhões de cidadãos que vivem sob o império da lei, sem privilégios e pagando a conta dos “incomuns” de Brasília.”

Consideramos também RELEVANTE para o nosso propósito de MOTIVAR toda a SOCIEDADE para a MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE, a contribuição qualificada de SACHA CALMON, advogado tributarista, coordenador do curso de especialização em direito tributário das Faculdades Milton Campos, presidente honorário da Associação Brasileiro de Direito Tributário, no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de junho de 2009, Caderno OPINIÃO, página 9:

“Ao presidente da República cabe um certo recato, mormente no Brasil, onde o povo o vê não apenas como o supremo magistrado do país, a exemplo dos Estados Unidos (EUA), incumbido de tomar as decisões atinentes à nação, mas o enxerga também como o pai, protetor e guia moral. Se o presidente acha “isso” ou “aquilo”, quem sou eu para discordar, pensa o humílimo homem do povo; porque ainda temos baixos níveis de educação cívica e política, resultado de sermos um país de recente urbanização e industrialização. Aliás, fomos, numa série de 100 anos (1908 a 2008), o país no mundo que mais se industrializou, courbanizou-se e cresceu nesse período

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O presidente – voltando ao senado – desta vez errou feio. Sua declaração de que o senador Sarney não podia ser criticado ou julgado como qualquer um é inaceitável. A uma, porque reza a Constituição que todos são iguais perante a lei, independentemente de raça, cor, religião, filiação partidária, sexo, condição social etc. Sarney não está acima da lei, em que pese ser o mais antigo político em atividade no Senado. E daí? Tem até maiores responsabilidades. A duas, porque passou recados ao povo, nos seguintes termos: “Aos amigos tudo, aos inimigos a lei, venha a nós o Queiróz”, ou então “Amigos, se tiverem defeitos, eu tiro. Os inimigos se não tiverem defeitos, eu ponho”, ou “Vale mais a companheirada emporcalhada do que a ética na política”, ou: “Os fins justificam os meios”, ou: “Não adianta espernear, porque vai ficar tudo na mesma”. Com um presidente assim não há ética que agüente. A ética na política foi apenas um bordão do PT para nos enganar? Presidente, o senhor tem responsabilidades perante o povo. Um dia suas falas serão analisadas pelos historiadores. E os efeitos também. Preze, ao menos, o seu retrato na parede.”
Tudo isso, enfim, nos MOTIVA e nos FORTALECE em nossa PROFISSÃO DE FÉ: as grandes transformações virão com a implantação definitiva em nosso País da CULTURA da DISCIPLINA, da PARCIMÔNIA, do RESPEITO MÚTUO, e, sobretudo, da ÉTICA em TODAS as nossas AÇÕES, perseguindo com o mesmo ENTUSIASMO, a mesma ENERGIA, o mesmo ESPÍRITO CÍVICO, a mesma CORAGEM, a construção de uma sociedade verdadeiramente JUSTA, LIVRE e DEMOCRÁTICA, porque TODOS nós SOMOS IGUAIS. TODOS. TODOS. TODOS!...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O PATRONO DOS POLÍTICOS E DOS GOVERNANTES

(1/59) – Significa: JULHO/2009 é o mês 1 e faltam 59 meses para a COPA DO MUNDO de 2014.

“O homem não pode ser separado de DEUS, nem a política da MORAL”
(SÃO TOMÁS MORO)


Mais uma INESTIMÁVEL contribuição para com a PEDAGOGIA da MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADAN IA E QUALIDADE, que apresentamos também, sem corte, uma vez que constitui PRECIOSA fonte na qual devemos nos ABEBERAR, fortalecendo nosso ESPÍRITO CÍVICO rumo à construção de um BRASIL JUSTO, ÉTICO, ALEGRE, PRÓSPERO e SOLIDÁRIO.

Esperamos sobretudo que nossos POLÍTICOS e GOVERNANTES se MOTIVEM e se façam DIGNOS e HONREM as QUALIDADES e VIRTUDES do VENERÁVEL PATRONO:

CARTA APOSTÓLICA SOB FORMA DE MOTU PROPRIOPARA A PROCLAMAÇÃO DE S. TOMÁS MOROPATRONO DOS GOVERNANTES E DOS POLÍTICOS

JOÃO PAULO PP. II PARA PERPÉTUA MEMÓRIA.

1. Da vida e martírio de S. Tomás Moro emana uma mensagem que atravessa os séculos e fala aos homens de todos os tempos da dignidade inalienável da consciência, na qual, como recorda o Concílio Vaticano II, reside «o centro mais secreto e o santuário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do seu ser» (Gaudium et spes, 16). Quando o homem e a mulher prestam ouvidos ao apelo da verdade, a consciência guia, com segurança, os seus actos para o bem. Precisamente por causa do testemunho que S. Tomás Moro deu, até ao derramamento do sangue, do primado da verdade sobre o poder, é que ele é venerado como exemplo imperecível de coerência moral. Mesmo fora da Igreja, sobretudo entre os que são chamados a guiar os destinos dos povos, a sua figura é vista como fonte de inspiração para uma política que visa como seu fim supremo o serviço da pessoa humana.
Recentemente, alguns Chefes de Estado e de Governo, numerosos dirigentes políticos, várias Conferências Episcopais e Bispos individualmente dirigiram-me petições a favor da proclamação de S. Tomás Moro como Patrono dos Governantes e dos Políticos. A instância goza da assinatura de personalidades de variada proveniência política, cultural e religiosa, facto esse que testemunha o vivo e generalizado interesse pelo pensamento e comportamento deste insigne Homem de governo.

2. Tomás Moro viveu uma carreira política extraordinária no seu País. Tendo nascido em Londres no ano 1478 de uma respeitável família, foi colocado, desde jovem, ao serviço do Arcebispo de Cantuária, João Morton, Chanceler do Reino. Continuou depois, em Oxford e Londres, os seus estudos de Direito, mas interessando-se também pelos vastos horizontes da cultura, da teologia e da literatura clássica. Dominava perfeitamente o grego e criou relações de intercâmbio e amizade com notáveis protagonistas da cultura do Renascimento, como Erasmo de Roterdão.
A sua sensibilidade religiosa levou-o a procurar a virtude através duma assídua prática ascética: cultivou relações de amizade com os franciscanos conventuais de Greenwich e demorou-se algum tempo na cartuxa de Londres, que são dois dos focos principais de fervor religioso do Reino. Sentindo a vocação para o matrimónio, a vida familiar e o empenho laical, casou-se em 1505 com Joana Colt, da qual teve quatro filhos. Tendo esta falecido em 1511, Tomás desposou em segundas núpcias Alice Middleton, já viúva com uma filha. Ao longo de toda a sua vida, foi um marido e pai afectuoso e fiel, cooperando intimamente na educação religiosa, moral e intelectual dos filhos. A sua casa acolhia genros, noras e netos, e permanecia aberta a muitos jovens amigos que andavam à procura da verdade ou da própria vocação. Além disso, na vida de família dava-se largo espaço à oração comum e à lectio divina, e também a sadias formas de recreação doméstica. Diariamente, Tomás participava na Missa na igreja paroquial, mas as austeras penitências que abraçava eram conhecidas apenas dos seus familiares mais íntimos.

3. Em 1504, no reinado de Henrique VIII, foi eleito pela primeira vez para o Parlamento. O rei renovou-lhe o mandato em 1510 e constituiu-o ainda como representante da Coroa na Capital, abrindo-lhe uma carreira brilhante na Administração Pública. No decénio sucessivo, Henrique VIII várias vezes o enviou em missões diplomáticas e comerciais à Flandres e territórios da França actual. Constituído membro do Conselho da Coroa, juiz presidente dum tribunal importante, vice-tesoureiro e cavaleiro, tornou-se em 1523 porta-voz, ou seja presidente, da Câmara dos Comuns.
Estimado por todos pela sua integridade moral indefectível, argúcia de pensamento, carácter aberto e divertido, erudição extraordinária, foi nomeado pelo rei em 1529, num momento de crise política e económica do País, Chanceler do Reino. Tomás Moro, o primeiro leigo a ocupar este cargo, enfrentou um período extremamente difícil, procurando servir o rei e o País. Fiel aos seus princípios, empenhou-se por promover a justiça e conter a danosa influência de quem buscava os próprios interesses à custa dos mais débeis. Em 1532, não querendo dar o próprio apoio ao plano de Henrique VIII que desejava assumir o controle da Igreja na Inglaterra, pediu a própria demissão. Retirou-se da vida pública, resignando-se a sofrer, com a sua família, a pobreza e o abandono de muitos que, na prova, se revelaram falsos amigos.
Constatando a firmeza irremovível com que ele recusava qualquer compromisso contra a própria consciência, o rei mandou prendê-lo, em 1534, na Torre de Londres, onde foi sujeito a várias formas de pressão psicológica. Mas Tomás Moro não se deixou vencer, recusando prestar o juramento que lhe fora pedido, porque comportaria a aceitação dum sistema político e eclesiástico que preparava o terreno para um despotismo incontrolável. Ao longo do processo que lhe moveram, pronunciou uma ardente apologia das suas convicções sobre a indissolubilidade do matrimônio, o respeito pelo patrimônio jurídico inspirado aos valores cristãos, a liberdade da Igreja face ao Estado. Condenado pelo Tribunal, foi decapitado.
Com o passar dos séculos, atenuou-se a discriminação contra a Igreja. Em 1850, foi reconstituída a hierarquia católica na Inglaterra. Deste modo, tornou-se possível abrir as causas de canonização de numerosos mártires. Juntamente com outros 53 mártires, entre os quais o Bispo João Fisher, Tomas Moro foi beatificado pelo Papa Leão XIII em 1886 e canonizado, com o citado Bispo, por Pio XI no ano 1935, quando se completava o quarto centenário do seu martírio.

4. Muitas são as razões em favor da proclamação de S. Tomás Moro como Patrono dos Governantes e dos Políticos. Entre elas, conta-se a necessidade que o mundo político e administrativo sente de modelos credíveis, que lhes mostrem o caminho da verdade num momento histórico em que se multiplicam árduos desafios e graves responsabilidades. Com efeito, existem, hoje, fenômenos econômicos intensamente inovadores que estão a modificar as estruturas sociais; além disso, as conquistas científicas no âmbito das biotecnologias tornam mais aguda a exigência de defender a vida humana em todas as suas expressões, enquanto as promessas duma nova sociedade, propostas com sucesso a uma opinião pública distraída, requerem com urgência decisões políticas claras a favor da família, dos jovens, dos anciãos e dos marginalizados.
Em tal contexto, muito pode ajudar o exemplo de S. Tomás Moro que se distinguiu pela sua constante fidelidade à Autoridade e às instituições legítimas, porque pretendia servir nelas, não o poder, mas o ideal supremo da justiça. A sua vida ensina-nos que o governo é, primariamente, um exercício de virtude. Forte e seguro nesta estrutura moral, o Estadista inglês pôs a sua actividade pública ao serviço da pessoa, sobretudo dos débeis ou pobres; regulou as controvérsias sociais com fino sentido de equidade; tutelou a família e defendeu-a com valoroso empenho; promoveu a educação integral da juventude. O seu profundo desdém pelas honras e riquezas, a humildade serena e jovial, o sensato conhecimento da natureza humana e da futilidade do sucesso, a segurança de juízo radicada na fé conferiram-lhe aquela confiança e fortaleza interior que o sustentou nas adversidades e frente à morte. A sua santidade refulgiu no martírio, mas foi preparada por uma vida inteira de trabalho, ao serviço de Deus e do próximo.
Aludindo a tais exemplos de perfeita harmonia entre fé e obras, escrevi, na Exortação apostólica pós-sinodal Christifideles laici, que «a unidade de vida dos fiéis leigos é de enorme importância, pois eles têm que se santificar na vida profissional e social normal. Assim, para que possam corresponder à sua vocação, os fiéis leigos devem olhar para as actividades da vida quotidiana como uma ocasião de união com Deus e de cumprimento da sua vontade, e também como serviço aos outros homens» (n.º 17).
Esta harmonia do natural com o sobrenatural é talvez o elemento que melhor define a personalidade do grande Estadista inglês: viveu a sua intensa vida pública com humildade simples, caracterizada pelo proverbial «bom humor» que sempre manteve, mesmo na iminência da morte.
Esta foi a meta a que o levou a sua paixão pela verdade. O homem não pode separar-se de Deus, nem a política da moral: eis a luz que iluminou a sua consciência. Como disse uma vez, «o homem é criatura de Deus, e por isso os direitos humanos têm a sua origem n'Ele, baseiam-se no desígnio da criação e entram no plano da Redenção. Poder-se-ia dizer, com uma expressão audaz, que os direitos do homem são também direitos de Deus» (Discurso, 07/04/1998).
É precisamente na defesa dos direitos da consciência que brilha com luz mais intensa o exemplo de Tomás Moro. Pode-se dizer que viveu de modo singular o valor de uma consciência moral que é «testemunho do próprio Deus, cuja voz e juízo penetram no íntimo do homem até às raízes da sua alma» (Carta enc. Veritatis splendor, 58), embora, no âmbito da acção contra os hereges, tenha sofrido dos limites da cultura de então.
O Concílio Ecuménico Vaticano II, na Constituição Gaudium et spes, observa que tem crescido, no mundo contemporâneo, «a consciência da eminente dignidade da pessoa humana, por ser superior a todas as coisas e os seus direitos e deveres serem universais e invioláveis» (n.º 26). A vida de S. Tomás Moro ilustra, com clareza, uma verdade fundamental da ética política. De facto, a defesa da liberdade da Igreja face a indevidas ingerências do Estado é simultaneamente uma defesa, em nome do primado da consciência, da liberdade da pessoa frente ao poder político. Está aqui o princípio basilar de qualquer ordem civil respeitadora da natureza do homem.

5. Espero, portanto, que a elevação da exímia figura de S. Tomás Moro a Patrono dos Governantes e dos Políticos possa contribuir para o bem da sociedade. Trata-se, aliás, de uma iniciativa em plena sintonia com o espírito do Grande Jubileu, que nos introduz no terceiro milênio cristão.
Assim, depois de maturada reflexão e acolhendo de bom grado os pedidos que me foram feitos, constituo e declaro S. Tomás Moro Patrono celeste dos Governantes e dos Políticos, concedendo que lhe sejam tributadas todas as honras e privilégios litúrgicos que competem, segundo o direito, aos Patronos de categorias de pessoas.

Bendito e glorificado seja Jesus Cristo, Redentor do homem, ontem, hoje e sempre.

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 31 de Outubro de 2000, vigésimo terceiro ano de Pontificado.

IOANNES PAULUS PP. II