sexta-feira, 31 de maio de 2013

A CIDADANIA, O CORPUS CHRISTI E A CONQUISTA DA PAZ

“Balé de corpos
        
         Na Festa do Corpo de Cristo, deixarei meu corpo flutuar em alturas abissais. Acariciarei uma por uma de minha rugas, cantarei hinos ao alvorecer da velhice, desvelarei histórias do futuro, apreenderei, na ponta dos dedos, meu perfil interior. Não recorrerei ao bisturi das falsas impressões. Nem ao aspecto da magreza anoréxica. O tempo prosseguirá massageando meus músculos até torná-los flácidos como as delicadezas do espírito.
         Suspenderei todas as flexões, exceto as que aprendo na academia dos místicos. Beberei do próprio poço e abrirei o coração para o anjo da faxina atirar pela janela da compaixão iras, invejas e amarguras. Pisarei sem sapatos o calor da terra viva. Bailarino ambiental, dançarei abraçado a Gaia ao som ardente de canções primevas. Dela receberei o pão, a ela darei a paz. E aguardarei suas manhãs como quem empina pipas ao som de cítaras.
         Acesas as estrelas, contemplarei na penumbra do mistério esse corpo glorioso que nos funde, eu e Gaia, num único sacramento divino. Seu trigo brotará como alimento para todas as bocas, sua uvas farão correr rios inebriantes de saciedade, seu Espírito haverá de se impregnar em todas as ranhuras do humano. Na mesa cósmica, ofertarei primícias de meus sonhos. De mãos vazias, acolherei o corpo do Senhor no cálice de minhas carências. Dobrarei os joelhos ao mistério da vida e contemplarei o rosto divino na face daqueles que nunca souberam que cosmo e cosmético são gregas palavras gêmeas, e deitam raízes na mesma beleza.
         Despirei os meus olhos de todos os preconceitos e rogarei pela fé acima de todos os preceitos. Como Ezequiel, contemplarei o campo dos mortos até ver a poeira consolidar-se em ossos, os ossos se juntarem em esqueletos, os esqueletos se recobrirem de carne e a carne inflar-se de vida no Espírito de Deus.
         Proclamarei o silêncio como ato de profunda subversão. Desconectado do mundo, banirei da alma todos os ruídos que me inquietam e, vazio de mim mesmo, serei plenificado por Aquele que me envolve por dentro e por fora, por cima e por baixo. Suspenderei da mente a profusão de imagens e represarei no olvido o turbilhão de ideias. Privarei de sentido as palavras. Absorvido pelo silêncio, apurarei os ouvidos para escutar a brisa de Elias e, os olhos, para admirar o que extasiou Simeão.
         Não mais farei de meu corpo mero adereço estranho ao espírito. Serei uma só unidade, onde e partícula, verso e reverso, anima e animus. O pão, e não mais a cruz, será o símbolo de minha fé, pois ele é grávido de vida, sacramento de ressurreição.
         Recolherei pelas esquinas todos os corpos indesejados para lavá-los no sangue de Cristo, antes que se soltem de seus casulos para alçar o voo das borboletas. Curarei da cegueira os que se miram no olhar alheio e besuntarei de cremes bíblicos o rosto de todos os que se julgam feios, até que neles transpareça o esplendor da semelhança divina.
         Arrancarei do chão de ferro os pés congelados da dessolidariedade e farei vir vento forte aos que temem o peso das próprias asas. Ao alçarem o topo do mundo, verão que todos somos um só corpo e um só espírito. Farei do meu corpo hóstia viva, do sangue, vinho de alegria. Ébrio de efusões e graças, enlaçarei num amplexo cósmico todos os corpos e, no salão dourado da Via Láctea, valsaremos até a música sideral tenha esgotado a sinfonia escatológica.
         Na concretude da fé cristã, anunciarei aos quatro ventos a certeza de ressurreição da carne e de todo o universo redimido pelo corpo místico de Cristo. Então, quando a morte transvivenciar-nos, o que é terno tornar-se-á, nos limites da vida, eterno.”
(FREI BETTO. Escritor, autor de Aldeia do silêncio (Rocco), entre outros livros, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 6 de julho de 2007, caderno OPINIÃO, página11, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Viva em paz
        
          Viver em paz é um dom. O manancial deste dom é o coração de cada pessoa. Cada pessoa tem a nobre e insubstituível missão de ser coração da paz. Quando não se é coração da paz, se contribui decisivamente no comprometimento da paz. Nesse processo exigente de conquista da paz, atingindo com sua luz todos os recantos e dinâmicas da vida social, cultural e política, é indispensável aprender, saber e exercitar-se em viver em paz. Assim como aquela filigrana de uma nascente que cresce e se avoluma em rio caudaloso, tendo seu começo num veio d’água, é indispensável saber e conseguir viver em paz. É um dom e uma arte. Dom e arte que superam uma simples tranqüilidade localizável no território daquela ataraxia dos que inertes e insignificantes não incomodam, não propõem nada e inspiram muito pouco.
         Quem vive em paz é coluna indispensável na construção e na conquista da paz. É fácil calcular o alcance desta realidade. Basta olhar o seio de uma família, instituição ou grupo. Seus membros, com seu jeito simples de ser, têm força na sua manutenção e na fecundidade do seu crescimento à medida que sabem a arte de viver em paz. Quem não reconhece o dom de uma pessoa cuja presença é um dom da paz? É inspirador ter presente aquele ancião que se torna referência na família e na comunidade por sua capacidade e sabedoria de viver em paz. Sua influência não vem da posse de cofres abarrotados de dinheiro, nem do poder que conquistou, menos ainda do medo que podem impor aos corações exigindo dos outros uma reverência com pouco amor. Sua riqueza é viver em paz. Sua palavra penetra os corações, sua presença demove a soberba, sua escuta é viagem pela memória indispensável da história de vida que ilumina a vida; sua ternura é palpável sem precisar falar, ungindo os corações desgastados e confirmando a convicção de que existe o segredo de um manancial que está no coração de todo aquele que se esforça em ser coração da paz. É curioso como estes atraem. As crianças encontram espaço ao seu redor, os jovens lhes dão atenção e se deixam tocar por suas palavras, os adultos a eles acorrem para receber sustento em sabedoria. Todos se admiram e sabem que precisam dos que são doutores em viver em paz.
         Na verdade, o dom de viver em paz não é propriedade de alguns, nem mesmo de uma determinada faixa etária. O dom de viver em paz é missão de todos. Sua conquista está intrinsecamente ligada ao cotidiano diagnóstico do próprio coração para averiguar que hospedagens ali são oferecidas. Vive em paz quem aprende e tão-somente hospeda  no seu coração o que garante a conquista da paz. Nunca vive em paz quem é detrator, se sustenta em juízos temerários, os murmuradores e maldizentes, os suspeitosos do que não vêem, procurando acusar o que nem mesmo suspeitam, como diz Santo Agostinho num dos seus sermões. É fácil encontrar quem vive em paz. Quem vive em paz não é jamais poço de amarguras e lamentações. Esse tem recursos para enfrentar as dores, lutas e sofrimentos com uma sabedoria que não está narrada em livro algum. Quem vive em paz nunca ajunta roda de amigos e cúmplices para planejar e desejar o fracasso dos outros, corroendo-se de ambições e de entendimentos que os perpetuam donos de um poder que nunca será o centro e a razão verdadeira de se viver em paz. É curioso como atrapalha e cria obstáculos à vida quem vive em paz. Sua presença e sua palavra não força de edificação. Pelo contrário, quem não é coração da paz sempre atrapalha, e alimenta o que destrói. Por isso, certamente, é insubstituível o lugar dos sábios que elegem como sabor primeiro de suas vidas o viver em paz, irradiando uma força invencível pelas ondas invisíveis dos corações, criando e alimentando redes de solidariedade, inspirando anseios de partilha e compromisso, devolvendo a quem precisa aquela indispensável serenidade para conduzir a vida, e compartilhando lições que ensinam aos corações o insubstituível encantamento pelos outros, nunca se fixando em si mesmos ou nas suas próprias coisas como as mais importantes.
         Quem vive em paz, pois, considera o outro como mais importante, sabe ceder lugar, não briga por ele, vive a paz de quem conquistou o mais importante, que não está nas aparências, nem nos postos de importância, menos ainda nos títulos e nas posses. Quem vive em paz sabe que o mais importante está no coração e o comprova com a partilha serena e abundante que faz de si todos os dias, a todos, com a unção da palavra, com a força da ternura, com o encantamento da presença e com a generosidade da escuta e do reconhecimento do outro como mais importante. A conquista da paz, tarefa dada a cada pessoa, na força de sua responsabilidade individual, inclui como capítulo primeiro a capacidade de vive em paz para ser instrumento de paz para os outros, para que, como diz Santo Agostinho, “não aconteça que, comendo ervas boas e bebendo águas límpidas, espezinhemos  as pastagens de Deus e as ovelhas fracas comam a erva pisada e bebam água turva.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, lúcidas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, política, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;
     
      c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tamanha sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o abismo das desigualdades sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento,  da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...   

         

quarta-feira, 29 de maio de 2013

A CIDADANIA, AS DROGAS, O RECOMEÇO, A EDUCAÇÃO E A TECNOLOGIA

“Drogas, hora do recomeço
        
          O Governo do Estado de São Paulo acaba de lançar um plano para auxiliar a recuperação de dependentes químicos: o programa Recomeço. Segundo o professor Ronaldo Laranjeira, diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), “o conceito envolve reconstrução dos valores pessoais, familiares e sociais e da vida profissional ou acadêmica”. O pulo do gato na fase da recuperação é o Cartão Recomeço. Trata-se de criar uma via fácil para que a família possa custear, com financiamento do governo, um período de recuperação predominantemente numa comunidade terapêutica.
         O crédito para tratamento será de R$ 1.350 mensais, a ser depositado diretamente para o serviço contratado. O valor não será entregue ao dependente ou a um familiar. As comunidades terapêuticas, reconhecidas pela idoneidade de seu trabalho, são indispensáveis nos programas de recuperação. Lá, depois de terem descido os degraus da miséria material e moral, os internos reencontram a chispa da esperança. Vida saudável, laborterapia, disciplina, resgate de valores e terapia individual e de grupo compõem a receita do modelo de recuperação. O respaldo do governo ao trabalho das comunidades terapêuticas pode ter excelentes resultados. O modelo social de recuperação complementa o modelo médico de tratamento. Após a fase de estabilização, os dependentes consolidam seu processo de mudança no sadio ambiente das comunidades terapêuticas.
         A luta contra o avanço das drogas, matriz da violência epidêmica que castiga a sociedade, passa, necessariamente, por investimentos na recuperação de dependentes. Manifesto, portanto, meu apoio ao programa de São Paulo. Além disso, o consumo e tráfico de drogas, responsável maior pela morte de milhares de jovens, exige uma radiografia verdadeira da mais terrível doença da atualidade.
         A psiquiatra mexicana Nora Volkow é uma referência na pesquisa da dependência química no mundo. Foi quem primeiro usou a tomografia para comprovar as consequências do uso de drogas no cérebro. A revista Veja, ao entrevistá-la, acertadamente, trouxe à baila um crime que chocou a sociedade. O cartunista Glauco Villas Boas e seu filho foram mortos por um jovem com sintomas de esquizofrenia e que usava constantemente maconha e dimetiltriptamina (DMT) na forma de um chá conhecido como santo-daime. “Que efeito essas drogas têm sobre um cérebro esquizofrênico?” A resposta foi clara e direta: “Portadores de esquizofrenia têm propensão à paranóia e tanto a maconha quanto a DMT (presente no chá do santo-daime) agravam esse sintoma, além de aumentarem a profundidade e a frequência das alucinações. Drogas que produzem psicoses por si próprias, como metanfetamina, maconha e LSD, podem piorar a doença mental de uma forma abrupta e veloz”, sublinhou a pesquisadora.
         Quer dizer: uma eventual descriminalização das drogas facilitaria o consumo das substâncias. Aplainado o caminho de acesso às drogas, os portadores de esquizofrenia teriam, em princípio, maior probabilidade de surtar e, consequentemente, de praticar crimes e ações antissociais.
         Todos sabem que, assim como não existe meia gravidez, também não há meia dependência. É raro encontrar um consumidor ocasional. Existe, sim, usuário iniciante, mas que muito cedo se transforma em dependente crônico. Afinal, a compulsão é a principal característica do adicto. Uma cigarro da “inofensiva” maconha preconizada pelos arautos da liberação pode ser o passaporte para uma overdose de cocaína. Não estou falando de teorias, mas da realidade cotidiana e dramática de muitos dependentes.
         As drogas estão matando a juventude. A dependência química não admite discursos ingênuos ou campanhas ideológicas, mas ações firmes e investimentos na prevenção e recuperação de dependentes. Com o novo cartão, São Paulo dá passo estratégico importante no fortalecimento da rede de proteção aos dependentes e no combate às drogas.”
(CARLOS ALBERTO DI FRANCO. Diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado na revista VEJA, edição 2322 – ano 46 – nº 21, de 22 de maio de 2013, páginas 109 e 110, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, que é economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educação e tecnologia: o sarrafo subiu
        
         Há uns meses visitei escolas públicas na região de Itaperuna, no interior fluminense. Uma delas era um brinco, com uma direção que conseguiu engajar pais e professores para gerar uma melhoria significativa: seu Ideb passou de 3,3 para 7,7 em quatro anos. Na outra escola o que se via era um quadro de abandono (os banheiros dos alunos não tinham tampa nas privadas, nem papel higiênico ou toalha de papel). Seu Ideb foi de 3,5 em 2011, e estava estacionado nesse patamar havia anos.
         Fui conversar com o diretor dessa escola com problemas. Ao inquiri-lo sobre a razão das deficiências de sua escola, o homem engatou um discurso ensaiado que vem se tornando cada mais comum nas discussões educacionais do Brasil: “O problema é que os alunos são de uma geração digital e os professores ainda são analógicos”. O uso intenso da tecnologia, por parte dos alunos, teria criado o problema insuperável de comunicação entre eles e seus professores, e parecia ser impossível que um professor munido apenas de “cuspe e giz” pudesse atrair o interesse desse aluno quase cibernético. No meio educacional a “patologia” já foi inclusive identificada e tem até termo médico: SPA – síndrome do pensamento acelerado (e eu que pensava que pensar rápido era uma virtude...). A ideia é furada. É mais uma tentativa dominante nas discussões educacionais brasileiras.
         Falei então ao diretor sobre a escola que estava na sua vizinhança, também fazia parte da mesma rede estadual e tinha resultados tão melhores. Perguntei como explicar aquela diferença. Ele disse que não entendeu a pergunta, pediu que eu a repetisse. Fui mais explícito: se o problema era geracional e ligado ao uso de tecnologia, como era possível que uma escola vizinha, atendendo a um público parecido, tivesse resultados tão melhores do que os dele? Ele pediu licença para sair e tomar uma água. Na volta, pediu que falássemos sobre esse assunto.
         Seria muito espetacular se a proliferação de tecnologias, e seu uso pelas novas gerações, fosse o causador dos problemas educacionais brasileiros. Primeiro, porque desde o começo da Revolução Industrial, pelo menos, tem havido sempre descompassos tecnológicos  significativos entre gerações. Pense em todas as tecnologias descobertas e popularizadas nos últimos 200 anos e seu potencial impacto sobre a educação. Pense no que era o mundo antes do telégrafo, em que comunicações levavam semanas para chegar a lugares distantes, e a realidade depois da sua invenção, em que notícias eram transmitidas globalmente quase em tempo real. Pense no impacto do rádio. Da televisão. Do telefone. Do telefone celular. Talvez a internet seja a revolução mais importante de todas, mas ela certamente vem num contínuo tecnológico em que as distâncias e os tempos são encurtados. Durante todas essas disrupções tecnológicas, a educação não só continuou a funcionar como melhorou: nunca antes na história deste planeta tantas pessoas tiveram acesso ao conhecimento quanto hoje.
         Em segundo lugar, a ideia é problemática por partir do pressuposto de que os avanços tecnológicos estão inacessíveis a adultos, o que é falso. A tecnologia é hoje tão simples e user-friendly que até a minha avó usava Sype e e-mail. Sim, provavelmente a nova geração terá maior familiaridade com as novas tecnologias, porque nasceu e cresceu com elas, mas é uma diferença de grau, não de ordem de grandeza.
         Se a prevalência da tecnologia fosse um fator de comprometimento educacional, seria de esperar que as regiões em que as tecnologias são mais difundidas tivessem os piores desempenhos educacionais. Se olharmos para os testes internacionais mais importantes de educação, vemos o oposto: os países líderes, como Coreia do Sul e Finlândia, estão entre os mais tecnológicos  do mundo. Estudos para o Brasil (disponíveis em twitter.com/gioschpe)  mostram que a posse de computador em casa melhora o desempenho educacional do aluno, já controladas as diferenças de renda.
         Isso não quer que a tecnologia não tenha nem terá impactos importantes sobre a educação. Apenas não creio que eles sejam desse tipo quase mágico decantado pelos pedagogos. Acredito que as novas tecnologias, especialmente a internet, estão tendo sobre a educação o mesmo efeito que têm sobre  uma série de outras áreas: desintermediação. Para quem não conhece o termo, é mais fácil explicá-lo com exemplos.
         No mundo pré-internet, precisávamos de intermediários para realizar uma série de atividades. Precisávamos de agência de turismo para comprar passagem de avião, de um jornal ou revista para receber notícias, de editoras e livrarias para ler um livro, de médicos para conhecer doenças e opções de tratamento. Precisávamos também de professores e escolas para ter acesso ao conhecimento acumulado na história humana. A internet está enfraquecendo ou eliminando totalmente esses intermediários. Com ela, podemos comprar passagens na companhia aérea, ler sobre notícias de lugares remotos diretamente de suas fontes ou pela recomendação de amigos etc. O resultado é que os intermediários precisam melhorar: ou passam a agregar novos valores, ou são extintos. As agências de turismo que simplesmente vendiam passagens já devem ter fechado. Uma boa agência hoje precisa conhecer profundamente os destinos, montar roteiros personalizados ao gosto do cliente etc. Um jornal ou revista não pode mais apenas resumir fatos/notícias do dia ou da semana anterior: precisa analisá-los, ter mais profundidade, trazer furos de reportagem constantes, conhecer profundamente  seu público. Não é que essas instituições precisam fazer algo de diferente ou inimaginável. Um bom agente de viagens hoje já seria considerado um bom agente de viagens há vinte anos. Eis o que mudou: não há mais tolerância para os medíocres. O sarrafo subiu: nessas áreas, para ser relevante, o nível de entrega de serviços precisa ser muito mais alto, porque o basicão o sujeito já consegue em uma busca on-line de dois minutos.
         Com educação é a mesma coisa. Não é que a educação de vinte ou cinquenta anos atrás não “funcione” no cérebro da meninada atual. Uma ótima aula – cativante, com um professor que domina a sua matéria e a maneira de comunicá-la e busca ativamente a compreensão e a participação do alunado – funcionava há 100 anos e continua funcionando hoje. O que mudou é que a aula em que um professor simplesmente regurgitava uma série de fatos desconexos e inúteis, que precisavam ser memorizados e depois devolvidos em um dia de prova, deixou de fazer sentido, pois esses mesmos fatos podem ser pesquisados on-line, através de textos, aulas a distância ou videoaulas. Não é que essa era uma aula boa que hoje virou ruim. Ela sempre foi uma aula ruim. Mas, na época em que os alunos dependiam exclusivamente do professor para obter qualquer conhecimento, essa ruindade ficava mascarada e era aceita. Hoje o sarrafo subiu. As boas aulas não precisarão mudar, mas os professores de baixa qualidade precisarão de uma reforma profunda em seu jeito de ensinar. Como, infelizmente, a maioria das aulas brasileiras tem qualidade abaixo da crítica, ouvimos muito agora esse discurso sobre as dificuldades impostas pela internet, pelas tecnologias etc. Mas, em vez de compreender esse momento como um de desintermediação e subida do sarrafo (um processo difícil), a maioria dos educadores e políticos busca a saída fácil, que é dar um verniz tecnológico  a uma má escola enchendo-a de engenhocas. Junte-se a essa mistificação a ganância dos fabricantes desses aparelhos e o fascínio da população por tudo o que é “muderno” e temos a tempestade perfeita para enganar os néscios.
         Se a escola de seu filho ou cidade se vende por conta dos aparatos tecnológicos de que dispõe, tome muito cuidado. Assim como um babaca não se torna inteligente ao transferir sua divagações para um blog ou página de rede social, um mau professor não passará a dar uma boa aula simplesmente por contar com um tablet ou uma lousa mágica.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação –  universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; assistência social; previdência social; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; comunicações; turismo; esporte, cultura e lazer; sistema financeiro nacional; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...   

segunda-feira, 27 de maio de 2013

A CIDADANIA, AS NOSSAS CARÊNCIAS, A RESPONSABILIDADE, AS REDES SOCIAIS E A FÉ

“A nossa responsabilidade
         
         Quem primeiro chegou ao Rio de Janeiro, fez amizade com os índios e fundou uma vila onde hoje é o bairro do Flamengo foram os franceses. Os portugueses e a gente de São Vicente, com os seus índios, foram para o confronto com os franceses e os tupinambás, até que Mem de Sá apossou-se do lugar, meio século depois da “descoberta” do Brasil. Os brasileiros temos a mania detestável, sobre ser falsa, de colocar a culpa de nossos males e mazelas nos portugueses, o que não é verdade. Por primeiro, ao contrário do Recôncavo Baiano e da zona do massapé nordestina, Alagoas, Pernambuco e Paraíba, onde o cultivo da cana-de-açúcar progrediu e gerou fortunas, suscitando a cobiça de franceses e holandeses, em São Vicente e no planalto de São Paulo, os canaviais não deram certo. Lá os brasileiros nascidos dos portugueses com as índias geraram uma gente audaz, que falava a língua geral (nhangatú), mistura de português e tupi. Faziam suas penetrações (bandeiras) no solo continental em busca de ouro, diamantes, prata e silvícolas para escravizá-los e botá-los a trabalhar nas roças.
         Fazendo isso, explodiram o Tratado das Tordesilhas expandindo o país. Em uma dessas entradas descobriram ouro, noutra diamantes, o que determinou o futuro do Brasil. Nas minas e nas gerais desertas, o ouro e as pedras preciosas atraíram nordestinos, paulistas, espanhóis, galegos, holandeses, franceses, judeus e portugueses, a ponto de despovoar a metrópole colonial, gerando o núcleo de uma nação. Fomos os brasileiros os autores dessa saga, equiparável à corrida do ouro rumo à Califórnia, que também atraiu multidões, de irlandeses, ingleses, suecos, escoceses, gauleses, alemães e europeus de toda parte. A precariedade das carruagens e a migração para a costa oeste forçou a abertura de linhas férreas costa a costa. Foram esses episódios decisivamente formadores de dois países continentais. Um com 320 milhões de habitantes e o outro com 196 milhões, os mais populosos e multiétnicos das Américas.
         Dos Estados Unidos divergimos em quatro pontos essenciais. Ao transbordarem as populações das 13 colônias da nova Inglaterra, à medida que conquistavam o Oeste, iam distribuindo 100 acres de terra aos aventureiros exterminadores de índios, enquanto na costa leste, ao nordeste, importavam-se maquinários industriais da Inglaterra. Ao cabo, foram à guerra com o Sul escravocrata e rural (algodão, milho, tabaco). Nós garantimos sempre o direito de propriedade absoluto aos senhores de terras em toda parte, e relegamos à ignorância os caboclos e mulatos que gerávamos nas matrizes indígenas e negras. O século 19 passou inteiro sem que os brasileiros, já independentes de Portugal, fizessem: (a) a reforma agrária; (b) buscassem a industrialização; (c) libertassem os escravos; (d) educassem as populações.
         Esses quatro atrasos foram fatais. No século 18, o Brasil era mais rico que as 13 colônias inglesas, mas paramos no tempo. O barão de Mauá, prógono da industrialização, foi sacrificado pelos barões da terra, desbancados do poder somente em 1930 pela revolução getulista. Desde que d. João VI trouxe o governo e a corte para o Brasil, fazendo com que a colônia virasse metrópole (inversão colonial), culminando com a separação do país do Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarve, em 1822, passando pelos Reinados e pela 1ª República, até 1905, a situação foi sempre a mesma. Anos de mesmice e desigualdades. O século 19 o perdemos por inteiro. Estamos entre os últimos países a libertar os escravos e os jogamos, na rua da amargura, enquanto as secas expulsavam desde 1830 as populações rurais do nordeste para as cidades do Sudeste, processo que só estancou no final do século 20.
         Essas as razões de nosso atraso e de nossas desigualdades sociais e econômicas, jamais os portugueses. Que sejamos o 6º PIB do mundo, em verdade, é uma espécie de milagre, para um país de industrialização tão tardia. Fomos um dos últimos a fazê-lo e o que mais cresceu entre 1905 e 1985. Daí para a frente a Ásia retomou a ponta do avanço econômico (Japão, Coreia, China, Índia, Indonésia, Tailândia e outros mais). Cada século que passa redesenha a teoria do desenvolvimento e mostra dos fracassos os motivos.
         Precisamos nos convencer de que o Estado legisla, administra, julga, coordena e fiscaliza a vida em sociedade. Já são muitas tarefas, se forem benfeitas. Em nosso caso, três carências nos martirizam: falta de segurança, saúde e educação. Nem isso os governos brasileiros fazem e ainda querem se meter na economia, atrapalhando a livre iniciativa, justo o motivo que levou os Estados Unidos  à liderança. A China é um caso à parte. Confúcio a explica com Adam Smith: de um lado disciplina e concentração, de outro abertura total do mercado. A China hoje é o país que mais importa, exporta, atrai capital externo e cresce.”
(SACHA CALMON. Advogado, coordenador da especialização em direito tributário das Faculdades Milton Campos, ex-professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), presidente da Associação Brasileira de Direito Financeiro (ABDF) no Rio de Janeiro, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 24 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, que é arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Redes sociais e fé
        Cinquenta anos atrás, em dezembro de 1963, a Igreja Católica, ao realizar o Concílio Ecumênico Vaticano II, tratou o importante tema da comunicação social, com o decreto Inter Mirifica.  Focalizada como uma das maravilhosas intervenções da técnica no nosso tempo, a comunicação social, com todas as mídias, é considerada como força de movimentação, não somente dos indivíduos, mas de toda a sociedade. Nesse curso de invenções admiráveis está o mundo cibernético. Uma revolução de impressionantes proporções que nos leva ao contexto impactante das redes sociais. Essa realidade, bastante contemporânea, foi especialmente refletida durante o 47º Dia Mundial das Comunicações Sociais, no âmbito da Igreja Católica, em todo o mundo, a partir da temática “Redes Sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização”.
         A Igreja sabe que sua missão evangelizadora não pode ser realizada com êxito nos tempos atuais sem o uso das mídias. Além disso, reconhece o quanto é importante, na tarefa de anunciar o reino de Deus, contracenar nesse amplo e complexo mundo das comunicações em razão da verdade e da fé, dom que precisa ser cultivado no coração de todos. Já no contexto do Concílio Vaticano II, quando eram inimagináveis  as proporções e alcances dos avanços que estavam por vir, já se acenava para uma dimensão moral inerente aos próprios avanços tecnológicos. Essa dimensão moral não pode ser esquecida, sob pena de transformar ferramentas significativas na construção do bem e da verdade em instrumentos que destroem valores inegociáveis para a vida.
         Indispensável, portanto, é que os operadores e usuários de meios de comunicação balizem suas atuações numa reta consciência que leve ao compromisso com o bem e a verdade, fundamental na construção da sociedade democrática e no respeito às diversas culturas. Quando se trata, por exemplo, do direito à informação, tão importante para o diálogo e construção da sociedade, são cruciais a investigação e a divulgação de notícias. Esse exercício hoje, com as redes sociais, firma-se como um cuidado especial presidido por preocupações e compromissos imprescindíveis. Não se pode, é claro, abrir mão das informações como determinantes no progresso da sociedade, na dinâmica da formação e na admirável interdependência entre os membros da sociedade humana.
         Nesse contexto, são impressionantes os intercâmbios, com inusitada rapidez, que podem produzir encaminhamentos com força de mudança, instituindo espaços para reflexão e opiniões. Vale lembrar a previsão clarividente do Concílio Vaticano II como regulação desses fluxos importantes dos meios de comunicação. O documento Inter Mirifica sublinha que o honesto exercício do direito à informação “exige, todavia, que a comunicação no seu conteúdo seja verdadeira e, resguardadas a justiça e a caridade, íntegra; além disso, quanto ao modo, seja honesta e conveniente, isso é, respeite escrupulosamente as leis morais, os seus legítimos direitos e a dignidade de cada homem, tanto na procura de notícias quanto na sua divulgação”.
         A atenção e zelo com o uso das redes sociais devem, portanto, favorecer sempre o diálogo, o nascimento de novas formas de comunidades e a construção da vida por meio das novas relações. Um horizonte, de fato, potencialmente rico, mas que apresenta uma série de exigências e cuidados. Pode ser um caminho para necessárias transformações sociopolíticas, permitindo a construção de estruturas mais democráticas e humanísticas nas dinâmicas das diferentes culturas. Para tal, esses espaços precisam ser vem usados, respeitando privacidades, ocupados de modo responsável e a partir do compromisso com a verdade, determinante para o progresso de toda a família humana.
         As redes sociais constituem possibilidades permanentes para o desenvolvimento de relações, laços de amizade, busca de respostas e partilha de conhecimento. São parte determinante do tecido social. No entanto, e por isso mesmo, exigem redobrada atenção e compromisso com a verdade. A voz da razão, na avalanche de informações, nas possibilidades de participação e intercâmbios , não pode ser abafada. As argumentações, notícias e debates precisam ser bem fundamentados cultivando formas de discurso que não sacrifiquem aspirações nobres, insubstituíveis na busca do bem e da verdade.
         Nesse caminho, a fé tem lugar importante. Vivida, professada e anunciada no ambiente digital, ela é um compromisso da Igreja Católica na missão de cultivar os valores do Evangelho nos espaços midiáticos. Por isso, a CNBB está finalizando seu Diretório Nacional de Comunicação, uma contribuição significativa para que a verdade e a fé sejam sempre horizontes imprescindíveis para os caminhos dos diversos meios de comunicação.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica,  previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; esporte, cultura e lazer; comunicações; sistema financeiro nacional; turismo; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação,  das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...     

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO E O DESEJO DE PARTIDOS RENOVADOS E DEMOCRÁTICOS


“A educação na OCDE
         
         O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), exame da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) lançado em 1997, avalia estudantes de 15 anos ao redor do mundo a cada três anos. Em seu último relatório, agora de 2013, é notável ver alunos  de classes desfavorecidas de Xangai e Hong Kong saírem, comparativamente, melhor do que jovens de países ricos. Ambas as cidades estão, solidamente, no topo geral das avaliações do Pisa: Xangai, com seus 23 milhões de habitantes, é a primeira do ranking internacional em todas as três áreas do conhecimento testadas. A China ainda não permite que resultados mais gerais sobre o país sejam divulgados (o que não quer dizer que eles não façam constantes e minuciosos exames e estejam sempre atentos aos resultados publicados pelos outros países). De qualquer forma, o fato é que, segundo pesquisadores do OCDE com acesso aos exames, os resultados do resto do país, ainda que discrepantes dos observados em Xangai e Hong Kong, também surpreendem positivamente. Dos países da OCDE, os vizinhos Japão e Coreia do Sul, além de Finlândia e Canadá, são o destaque do que é praticar justiça educacional com seus jovens.
         Às vezes, basta ser intuitivo para saber porque a desigualdade social caminha junta com desigualdade educacional. Países ricos se mantém na ponto através de gerações pela qualidade de sua educação; de igual maneira, a transição para se tornar um país de ponta é realizada por aqueles que apostam na educação de uma maneira radical. Com em toda corrida, quem parte um pouco de trás tem sempre que correr um pouco mais.
         O custo alto e a desejável celeridade do processo demandam, aliás, o acompanhamento constante dos objetivos checados por avaliações montadas para tal fim. Sobre esse assunto, o mais recente estudo da OCDE sobre programas e ferramentas de avaliação do desempenho de estudantes, professores e líderes escolares, escolas e sistemas educacionais em 28 de seus 34 países membros oferece um sumário de boas práticas. Sobretudo, mostra como o processo de decisão das políticas públicas caminha, cada vez mais, para maior uso de evidências práticas de sucesso, focadas em detalhes logísticos e conceituais da ação mais do que em discussões sobre seu mérito.
         Esse estudo, que foi coordenado pelo português Paulo Santiago, aponta, por exemplo, para o fato de que as “séries de reformas na educação são desencadeadas em países da OCDE pelos resultados dos alunos em avaliações internacionais”. Países como o México começaram a definir metas de resultados para alunos no Pisa futuro, forçando a política educacional a se preocupar com o desempenho da escola. Avaliações internas são mais eficazes se usadas para direcionar melhores influenciadas pela comparação internacional.
         Mas não adianta apenas medir o desempenho dos alunos, é fundamental ajudar os professores a melhorarem, pois “são os professores o fator mais importante dentro da escola para os resultados do aluno”. Na maioria dos países, a avaliação tem efeito sobre promoções e a velocidade de progressão na carreira e também sobre remunerações, direta ou indiretamente. Na Austrália, por exemplo, professores se submetem à avaliação voluntariamente caso queiram ter acesso a posições com reconhecimento à qualidade do ensino, as quais conferem pagamento adicional. Também na Austrália, a avaliação das escolas do país é divulgada em um website do governo (www.myschool.edu.au), onde é fácil comparar os recursos, as características e os desempenhos das escolas espalhadas pelo país. O site provê ainda uma boa introdução explicativa sobre cada escola.
         Aprofundar, valorizar e melhor trabalhar os diversos processos de avaliação é a tônica nos países que sabem que a educação é que define a real riqueza do país. Países atentos uns às experiências e desempenhos dos outros enfrentam melhor o atraso de suas sociedades. Não é para menos que na semana passada em Washington a instituição mais próxima da administração Obama dedicada a pensar boa parte das políticas que depois ganharão os corredores da Casa Branca e do Capitólio  um think tank chamado Centro para o Progresso Americano (CAP, na sigla em inglês) – promoveu justamente um seminário intitulado “O que as escolas dos EUA podem aprender de outros países?”. Um dos três trabalhados apresentados foi justamente sobre Xangai. Os americanos estão intrigados com o fato de a megalópole chinesa conseguir não apenas apresentar os melhores desempenhos educacionais do planeta entre jovens de 15 anos, mas, também, que esse desempenho conte com maior uniformidade entre classes sociais e escolas do que ocorre nos EUA.”
(PAULO DELGADO. Sociólogo, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 19 de maio de 2013, caderno INTERNACIONAL, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 22 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de A mosca azul – reflexão sobre o poder (Rocco), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Partido e democracia interna
        
         “Quem diz organização, diz tendência para a oligarquia. Em cada organização, quer se trate de um partido, de uma união de ofícios etc., a tendência aristocrática manifesta-se de forma bastante pronunciada. O mecanismo da organização, ao mesmo tempo que dá a essa uma estrutura sólida, provoca graves modificações na base organizada. Inverte completamente as respectivas posições dos chefes e das bases. A organização tem como efeito dividir todo partido ou sindicato numa minoria dirigente e numa maioria dirigida.”
         “Quanto mais o aparelho de uma organização se complica, isto é, quanto mas vê aumentar o número de seus filiados, seus recursos crescerem e sua imprensa desenvolver-se, mais terreno perde o poder diretamente exercido pela base, suplantado pelo crescente poder das comissões.”
         “Teoricamente o chefe  não é mais do que um empregado, submisso às instruções que recebe da base. Sua função consiste em receber e executar ordens desta última, do qual ele é apenas um órgão executivo.” “Mas, na realidade, à medida que a organização se desenvolve, o direito de controle reconhecido às bases torna-se cada vez mais ilusório. Os filiados têm de renunciar à pretensão de dirigir ou mesmo supervisionar todos os assuntos administrativos.”
         “É assim que a esfera do controle democrático se retrai progressivamente, para, afinal, ficar reduzida a um mínimo insignificante. Em todos os partidos socialistas, o número de funções retiradas das assembleias eleitorais e transferidas para os conselhos de direção aumenta sem cessar. Ergue-se dessa forma um enorme edifício de complicada estrutura. O princípio da divisão de trabalho impondo-se cada vez mais, as jurisdições se dividem e subdividem. Forma-se uma burocracia rigorosamente delimitada e hierarquizada.”
         “À medida que o partido moderno evolui para uma forma de organização mais sólida, vemos acentuar-se a tendência de substituir os chefes ocasionais pelos chefes profissionais. Toda organização de um partido, mesmo sendo pouco complexa, exige certo número de pessoas que se consagrem inteiramente.”
         “Pode-se completar essa crítica do sistema representativo com a seguinte observação de Proudhon: os representantes do povo, dizia ele, mal alcançam o poder, já se põem a consolidar e a reforçar sua força. Incessantemente envolvem suas posições com novas trincheiras defensivas, até conseguirem libertar-se completamente do controle popular. É um ciclo natural percorrido por todo o poder: emanado do povo, acaba por se colocar acima do povo.”
         Todos os textos acima não são de minha autoria. Foram escritos em 1911 pelo sociólogo alemão Robert Michels (1876-1936), de convicções socialistas, que deu aulas em universidades da Alemanha, França e Itália. Esses textos foram publicados no livro Sociologia dos partidos (Editora Universidade de Brasília, 1982). A última cátedra de Robert Michels foi na Universidade de Turim, onde ensinou economia, ciências políticas e sociologia. Decepcionado com a falta de democracia nos partidos progressistas, faleceu acusado de conivência com o fascismo.
         O que Michels denunciou há 102 anos infelizmente é praxe ainda hoje. A direção do partido é progressivamente ocupada por um seleto grupo profissionalizado que, a cada eleição, distribui entre si as diferentes funções. Os caciques são sempre os mesmos, sem que as bases tenham condições de influir e renovar os quadros de direção. À medida que o partido ganha espaço de poder, menos se interessa em promover o trabalho de base. A mobilização é trocada pela profissionalização  (incluídos aqueles que ocupam cargos eletivos), a democracia cede lugar à autocracia, a ampliação e preservação dos espaços de poder tornam-se mais importantes que os princípios programáticos e ideológicos.
         A Igreja Católica, por exemplo, é uma típica instituição que absorveu a estrutura imperial e vertical do Império Romano e ainda hoje dela não se livrou. E tenta justificá-la sob o pretexto de que essa estrutura decorre da vontade divina. Enquanto tateamos em busca da democracia real, na qual a vontade do povo significa mais do que uma retórica demagógica, temos o consolo de uma invencível aliada dos que criticam a perpetuação de políticos no poder: a morte. Ela, sim, faz a fila andar, promove a dança das cadeiras, abre espaço aos novos talentos.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, severo e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimentos e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; comunicações; sistema financeiro nacional; esporte, cultura e lazer;turismo; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...    

quarta-feira, 22 de maio de 2013

A CIDADANIA, O DESAFIO DA SEGURANÇA PÚBLICA E A POLÍTICA NO DIA A DIA



“Ainda mais violência
        
        As violências do mundo contemporâneo desafiam as políticas econômicas, sociais e de segurança pública no Brasil e no mundo apresentando episódios assustadores. O recente e hediondo sequestro, cárcere privado e crimes sexuais contra três mulheres por 10 anos nos EUA choca o mundo pela perversidade. Os bárbaros estupros coletivos com morte até de meninas na Índia e no Congo são inaceitáveis. Quais fatores ainda desconhecidos causam também tantos e hediondos crimes mundo afora em países ricos e pobres? A correlação pobreza, analfabetismo e violência perde força. Esse é com certeza um grande desafio atual para sociólogos, psicólogos e especialistas em segurança pública. Por que tantas mentes doentias no mundo inteiro são capazes de causar tantos sofrimentos e violações e quais os fatores fomentadores desses doentios comportamentos? O Brasil, com alto índice econômico, mediano na educação e no Índice de Desenvolvimento Humano, é o 18º país mais violento do mundo, com uma taxa de 27,4 mortes para cada grupo de 100 mil pessoas. Violências generalizadas e brutais nos assustam.
         A violência contra crianças e adolescentes cresceu 58,3% entre 2011 e 2012. Foram registradas 130.029 denúncias em 2012, contra 82.117 no ano anterior. O abuso sexual é o 2º tipo de violência mais sofrida por crianças no país. Portadores de deficiência, homossexuais e moradores de rua são também alvos de atrocidades. As agressões contra mulheres crescem. A maioria dos casos envolve agressões e mortes, violência psicológica e moral. Os abusos sexuais crescem no grupo de mulheres, crianças e até em idosas. No ano de 2012 foram registrados 88.685 relatos de agressão contra mulheres. Quatro mulheres são assassinadas por dia no Brasil. Absurdamente, a violência contra idosos passou de 7.160 registros para 21.404 em 2012. Uma onda de crimes hediondos cometidos por menores levanta a antiga discussão sobre a maioridade penal no Brasil. Arrastões, agressões, estupros e mortes cruéis constituem uma realidade dramática e desfiam a justiça. Como educar e punir os menores infratores? Mudanças no Código Penal deverão monopolizar toda a sociedade. Cenas de hediondos estupros coletivos e individuais acontecem em inúmeras cidades do país. Estupros recentes no RJ assustaram a população. A taxa de homicídios entre crianças e jovens entre 1 e 19 anos cresceu 375,9% nas últimas três décadas, segundo o Mapa da Violência 2012. Outra modalidade assustadora são os crimes violentos, roubos milionários e explosão de caixas eletrônicos em pequenas cidades. A violência nas grandes cidades agora está presente no interior e na zona rural do Brasil. Como prevenir e punir tanta violência? Onde estão as raízes desses graves problemas sociais e distúrbios comportamentais?
         Para a socióloga Liana de Paula, da USP, é preciso investir mais em prevenção. Com certeza, o papel da família e da escola é fundamental na formação de conceitos básicos de civilidade. A antropóloga Jânia de Aquino, do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará, alega baixos investimentos em políticas sociais e estratégias equivocadas no setor de segurança pública, principalmente em comunidades mais pobres. Os pais têm dificuldades de evitar o consumo e o comércio de drogas. Penso ser importante mais fiscalização e maior controle do tráfico e uso de drogas, além de eficiente programa preventivo nas escolas e na mídia sobre o perigo das drogas. Álcool e outras drogas, educação inadequada e mídias violentas e apelativas estariam impulsionando tantos crimes?
         O elevado índice de impunidade existente no Brasil acaba por estimular também a criminalidade generalizada. Dados recentes do Conselho Nacional de Justiça mostram que 2.918 processos de corrupção e improbidade administrativa prescreveram em 2010 e 2011. Três em cada quatro desses processos não foram julgados. Segundo a Polícia Civil de Campinas, somente 16% dos crimes são investigados. E quantos deixam de ser julgados e punidos? Dados de 2011 da Associação Brasileira de Criminalística aponta que o índice de elucidação de homicídios no Brasil é pífio, cerca de 8%. Nos Estados Unidos é de 65% e no Reino Unido, 90%. Como vimos, as causas de tantas violências contemporâneas são amplas e  complexas e exige um enorme esforço por parte do governo e da sociedade civil na busca de uma prevenção educativa eficaz e de punições efetivas.”
(VIVINA DO C. RIOS BALBINO. Psicóloga, mestre em educação, professora da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição, caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, que é editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:

“Todo dia é dia de política
        
         A antecipação da eleição de 2014 tem alguns aspectos positivos. É sempre bom politizar o cotidiano, buscar ligações entre o que acontece no dia a dia das pessoas e as decisões mais amplas, responsabilizar os agentes públicos e comprometer a sociedade com os rumos escolhidos. Não há decisões no vazio político.
         No entanto, o Brasil tem o hábito – de resto quase universal – de confundir política com esperteza. Com isso, em vez de críticas, o que se ouve são bandeiras manjadas; no lugar do debate sério, se apela para o argumento ad hominem; contrariamente ao interesse público, as propostas deixam o campo da razão para apelar para o terreno da magia.
         Uma das formas mais agudas de atravessar o debate político, como quem atravessa um samba, tem sido o ataque à economia a partir dos índices de crescimento. Em vez de considerar a complexidade do cenário nacional e internacional, o cidadão é levado a considerar os índices de crescimento por vezes risíveis (quando se trata do Brasil), catastróficos (quando partem da China) e promissores ( quando vêm da Europa e dos EUA), mesmo quando tratam de realidades distintas. O mais curioso é que o que é considerado “pibinho” no Brasil seja sinal de recuperação na zona do euro.
         Não há nada mais fácil do que jogar com números. No entanto, fora os possíveis tentos eleitorais, a manipulação de dados não serve ao país. E, o que é mais grave, pode prestar um desserviço grave quando traduzido em projetos que vão na contramão das ações positivas que vêm sendo realizadas – não pelo governo apenas. É o caso, por exemplo, de propostas que aventam a possibilidade de aumentar o desemprego para fazer frente a uma possível retomada da inflação.
         Pode parecer absurdo, mas é verdade. Alguns economistas ortodoxos têm visto no par “baixo desemprego e inflação” uma correlação decorrente do aumento do consumo. A saída seria, para conter o consumo interno, aumentar o desemprego, já que o risco da inflação seria mais severo em termos estruturais. Por trás desse jogo aparentemente racional está um ataque às chamadas políticas sociais.
         Há sobretudo nas camadas médias tradicionais (as mesmas que se espezinham em se sentir mal em companhia da chamada nova classe média), um temor pânico pela igualdade, que se traduz em várias formas de discriminação: do gosto estético aos padrões de consumo. São esses setores que fazem da inflação o grande fantasma, com auxílio, como sempre, da chamada mídia especializada. Com uma sorrateira capa ideológica, o que se expressa é uma recusa a toda forma de promoção da distribuição de renda (programas sociais) e poder (já se volta a falar com desassombro em ditadura da maioria para traduzir os resultados eleitorais que aprovam medidas populares).
         As políticas sociais devem ser consideradas um avanço em todos os sentidos. Em primeiro lugar, pelo papel distributivo inegável, o que responde a demandas históricas da sociedade brasileira, uma das mais injustas do planeta. Além disso, há um forte potencial político que se expressa na consolidação do modelo democrático, sem o qual é impensável qualquer outra forma de avanço. Por fim, a distribuição de renda significou, além dos resultados práticos da contenção da miséria, a geração de um mercado interno que fortaleceu a economia brasileira exatamente no contexto do enfraquecimento dos mercados internacionais.
         O que se tem mostrado ainda mais promissor é o desligamento voluntário, ano a ano, das pessoas atendidas pelo Bolsa Família, o que expressa não só o caráter passageiro do projeto como seu potencial de amadurecimento em termos de cidadania. A cultura política nacional sempre foi preconceituosa, imputando aos pobres (e também aos índios, aos menores, às mulheres, aos negros) uma atávica incapacidade civilizacional, o que se traduziu em busca de controles marcados sempre pela discriminação
         O mesmo processo, por exemplo, se observa nos resultados na política de cotas, que vem desmentindo os argumentos meritocráticos fundamentalistas (que não passam pela análise do contexto histórico e sociopolítico da competência), com resultados que igualam o desempenho de cotistas e não cotistas ao final de todas as etapas de formação. O papel, tanto das ações afirmativas como das políticas compensatórias, é negar a situação que as deu origem, o que vem sendo comprovado de forma inquestionável.

MORAL E ECONOMIA Voltando à economia, mesmo com a histeria dos acusadores do “pibinho” ou da volta da inflação, o que se observa é uma posição relativamente mais estável do país em relação a economias ditas centrais. E o mais importante é que isso se deu não apesar  dos programas sociais, mas por causa deles. A ampliação da classe média brasileira, em sua tradução de expansão de consumo, robusteceu o mercado interno de modo a deixá-lo protegido de parte da tensão dos outros mercados. Além disso, o país mostrou tirocínio em se ligar a outras nações, diversificando suas oportunidades de comércio, sobretudo no eixo Sul-Sul.
         A noção de classe média é confusa sociologicamente. Ela pode significar um estrato intermediário de renda, mas pode também funcionar como uma espécie de bolsão moralista em termos ideológicos. O que se observa hoje no Brasil é um deslizamento de uma concepção à outra, da moral para a economia. Em outras palavras, é possível afirmar que, em termos econômicos , quanto mais classe média, melhor. O crescimento material, em sua estratégia de ampliar o mercado interno, precisa de mais consumidores e contribuintes. A grande novidade, hoje, não é o capital externo, mas a capacidade de consumo dos próprios brasileiros. Quem se depara com um aeroporto cheio deveria saudar mais os passageiros de primeira viagem (que apavora tantos os colunistas sociais) do que as empresas produtoras de aviões. Pelo menos se se pensa em desenvolvimento sustentável. A economia brasileira (ao lado dos outros emergentes) está mostrando que o conteúdo – as pessoas – vale mais que a forma – os produtos.
         No atual estágio do debate político, o mais responsável é apontar para a frente. E são claros os desafios. Trata-se de estabelecer condições de crescimento que confirmem a vocação para diminuição das injustiças, ainda gritantes, por meio de ações que vão da formação de novo patamar de educação aos investimentos em infraestrutura. No entanto, o que o país também aprendeu é que o desenvolvimento, que não vai mais voltar a índices de milagre, precisa se lastrear numa realidade de maior justiça social e menos subserviência ao capital estrangeiro.
         Por isso a retórica da crítica econômica tem pouca pega eleitoral. O cidadão quer ouvir propostas para a saúde, para a segurança pública, para a mobilidade urbana. Temos muitos problemas reais para perder tempo com tergiversações. O que a realidade brasileira tem mostrado ao mundo é uma conjunção entre a democracia forte e capacidade de resposta econômica. É quase como um zanga-burrinho: um lado equilibra o outro. Quanto mais liberdade, maiores as pressões que descarregam em políticas públicas; quanto menos eficientes estas se expressem, mais necessários os controles que mantenham a estabilidade do sistema. Um segmento não pode submeter o outro, sob o risco da ditadura, por um lado, ou da bancarrota, por outro.
         Em cada um dos universos (da política e da economia) há dívidas históricas que precisam ser enfrentadas com urgência. Este deveria ser o terreno da disputa entre projetos para o país. Temos questões graves a serem vencidas e há formas diferentes de fazê-lo. O que a imprensa deveria se dedicar a cumprir, em um trabalhoso dever de casa, era mostrar o que cada candidato (e o grupo e as ideias que representam) tem a propor para o país. Algo muito mais relevante que ficar nesse rame-rame insuportável de especulações de bastidores, sobre Aécio, Dilma, Lula, Eduardo, Marina, como se a eleição fosse um jogo onomástico e não uma confrontação de projetos. Se isso – mostrar as ideias e o jeito de governar de cada grupo – é antecipação do cenário eleitoral, melhor para o cidadão. Política não é para ser feita apenas de dois em dois anos, mas todos os dias. As mentiras de campanha, como a propaganda partidária, essas podem ficar mais para a frente. Na verdade, não fazem a menor falta.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais –, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; comunicações; esporte, cultura e lazer; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho,  o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...