quarta-feira, 30 de julho de 2014

A CIDADANIA, A EXCELÊNCIA DO ESTRESSE E A MISSÃO DE SERVIR O PÚBLICO

“Sua excelência, o estresse
        
         Sou fã do estresse! E, de cara, como psiquiatra, ouvi muitos apelos do tipo: “Quero que o senhor acabe com meu estresse”. Nunca, nunquinha! Afinal, seu inventor foi um Deus maior, e o estresse sendo uma das maiores invenções da natureza! Então, sejamos justos e reflitamos antes de denegrirmos a imagem desse mecanismo injustiçado pela nossa ignorância.
         O estresse é um mecanismo natural, inerente aos seres que habitam nosso planeta, cujo objetivo único é permitir uma reação aguda, profunda e precisa para responder a um perigo imediato real (prestem atenção no termo “real”) do ambiente externo, que ameace a vida. Em poucas palavras, é “lutar ou correr”! Tal mecanismo, quando ativado, aumenta muito a capacidade de combater o inimigo que nos ataca: ficamos imensamente mais fortes, ágeis, lúcidos.
         É bem verdade que, para criar esse “super-humano estressado”, capaz de se atracar com um ladrão, correr de um pit Bull, saltar um muro alto, desviar-se de um caminhão na estrada com a agilidade de um Ayrton Senna, por exemplo, nosso organismo tem que acelerar: o coração dispara, a pressão arterial sobe, a respiração acelera, ficamos pálidos, suamos.
         A química do estresse é simples e eficiente: adrenalina, que, liberada no corpo, mediada pela cortisona, permite tal aceleramento de órgãos, que nos torna super-humanos, heróis ou covardes, dependendo se somos os que lutam ou os que fogem correndo. Aliás, nada mais democrático que o estresse, e, a priori, só nos décimos de segundo em que ativamos nosso sistema de defesa, como num assalto, saberemos o que nos aguarda: ou nos atracamos e lutamos contra dois ou três atacantes, ou saímos em desabalada carreira, capazes de fazer 100 m rasos em nove segundos, tal qual um medalhista olímpico! Assim como os assaltantes que podem tanto lutar como correr ou, infelizmente, até atirar. Mas todos nós, tomados pelo estresse, somos, no fundo, gladiadores do violento mundo moderno, deflagrado por conflitos de toda a ordem. Não se estranha a epidemia de estressados e medrosos, vítimas do pânico e do salve-se quem puder!
         Pois é, graças ao estresse, sobrevivemos a cada dia, e os mamíferos dominaram a Terra. Afinal, mamíferos são muito mais eficientes e, ao somarem o instinto típico dos répteis ao afeto de quem amamenta, se tornaram estressados campeões. Isso porque tinham que defender não só a si, mas também aos filhotes e aos familiares, já que o afeto trouxe emoções que nos ligam a quem amamos. Quebramos o “cada um cuida de si e Deus de todos” por sacrifícios coletivos, noção de família, bando, coletivo. As estratégias de defesa sofisticaram, e a empatia fez com nos importássemos com nossos semelhantes.
         Mas aí vem a velha história: certo mamífero, sentindo-se superior, capaz de falar, usar a lógica, emitir pensamentos, começou a criar perigos imaginários. Ouvia ruídos à noite, escura e tenebrosa, e já se imaginava que era um predador. Ia caçar e imaginava que outro bando poderia roubar sua tribo, levar sua fêmea e seus filhos. Desconfiava de seus pares e ficava grilado em ser “corneado” ou desafiado na sua posição de comando. E por aí vai a nossa imensurável capacidade de criar inimigos e problemas imaginários. Como nos ensina a filosofia quântica, “ pensar equivale a agir”!
         Sendo ainda mais didático, nosso cérebro-computador biológico e insuperável processa tudo aquilo que nossa mente emite, em termos de energia psíquica, em forma de pensamentos, sentimentos, desejos (pensar, sentir, agir). Como se a mente fosse um software, e o cérebro, um hardware. Daí, ao criar preocupações em forma de sofrimentos antecipados, projetamos pit bulls, ladrões, perigos e situações imaginárias de estresse, que infelizmente nosso cérebro processa como reais, liberando adrenalina, nos acelerando, gerando desconforto, coração disparado, insônia, falta de ar, aumento e queda da pressão arterial, dor de cabeça, no corpo, intestino solto e mil sintomas com exames médicos normais.
         Sim, o “mau estresse” é fruto de nossa incompetência e “pensação disparada”! Criamos um mundo insuportável mentalmente falando, no qual o perigo é imaginário e não tem solução. Cerca de 70% das doenças modernas vêm desse estresse crônico que nenhum organismo suporta. Já o “bom estresse” é aquele que nos ajuda diante dos perigos reais e que, se bem administrado e usado, gera campeões, vencedores. Por fim, nunca esqueçamos que o contrário do estresse é o relaxamento! E que pessoas felizes, que têm prazer, alegria, satisfação em viver, são mestres e sábias em usar o estresse e emoções a seu favor.”

(Eduardo Aquino. Escritor e neurocientista, em artigo publicado no jornal SUPER NOTÍCIA, edição de 27 de julho de 2014, caderno CIDADES, coluna Bem-vindo à vida – crônicas sobre o comportamento e o relacionamento humano, página 5) .

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de julho de 2014, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CARLOS RODOLFO SCHNEIDER, empresário, coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE), e que merece igualmente integral transcrição:

“Servir o público
        
         A mensagem central que vem sendo passada aos gestores  públicos pelas manifestações de junho de 2013 para cá é que o governo deve devolver mais à sociedade pelo que dela cobra. O poder público, fazendo-se de surdo, tenta cobrar ainda mais do contribuinte para tentar entregar apenas uma parte do que já deveria estar retribuindo. Essa demonstração consta no orçamento federal, que prevê para 2014 uma expansão da receita com impostos e contribuições de 8,3%, contra um crescimento previsto da economia de aproximadamente 1%. Pior do que isso é o fato de que, no primeiro trimestre do ano, a arrecadação com impostos aumentou “apenas” 7% em termos nominais, enquanto as despesas do Tesouro avançaram 10,8% acima do crescimento do PIB, segundo dados da Secretaria do Tesouro Nacional.
         Na medida em que o governo projeta o aumento de receita tributária acima da expansão do país, deliberadamente está nos aprisionando em uma armadilha de baixo crescimento. Com o incremento dos gastos correntes ainda mais alto, cria-se a necessidade de novos aumentos da carga tributária, num círculo vicioso que, além de frear o crescimento, compromete progressivamente a competitividade do país.
         Os brasileiros que foram às ruas disseram que há recursos públicos suficientes para termos uma contrapartida adequada, desde que sejam bem aplicados e se reduza a corrupção. Ou seja, mais e melhores serviços públicos não depende de mais impostos, e sim de mais gestão. Não é necessário, por exemplo, como defende parte do governo, restabelecer a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para termos bons serviços de saúde. Até porque, a carga tributária no Brasil subiu de 20% do PIB, em 1988, para mais de 36% em 2013, contra 24,6% no Chile, 22,4% na Colômbia, 19,5% no México, e 19,4% no Peru.
         O Movimento Brasil Eficiente (MBE) tem feito simulações que demonstram o caminho para a criação de um círculo virtuoso de crescimento: a expansão dos gastos públicos correntes a uma taxa inferior à da economia – tendendo à metade –, permitirá a redução gradual da carga tributária para 30% do PIB; o aumento da taxa de investimento para 25%, com o consequente incremento da produtividade; e o crescimento econômica na casa dos 5%.
         A necessidade de uma ajuste fiscal é partilhada por economistas tanto da posição como da oposição. O próximo presidente da República terá que enfrentá-lo com coragem, de preferência no início do mandato, e os principais candidatos prometem fazê-lo. Os últimos ex-presidentes tentaram, mas pararam sempre nas resistências daqueles que ganham com o caos e daqueles que temem perder arrecadação. O MBE tem uma proposta consistente tanto para a simplificação dos impostos, a partir de um ICMS nacional partilhado entre União, estados e municípios, como para não prejudicar a arrecadação dos entes federativos no momento de uma reforma tributária, sem a necessidade de criar um grande fundo de compensação, que, certamente, também sairia do bolso do contribuinte.
         A condição primeira para viabilizar a menor necessidade de arrecadação por parte do governo, contudo, é justamente a contenção do crescimento do seu gasto, a ser conquistada com mais eficiência, meritocracia no serviço público, mais planejamento e controle nas obras, menos desvios e corrupção e menos aparelhamento da máquina. Em resumo, resgatando a função primeira do poder público, que é servir o público e não dele servir-se.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate,  implacável e sem trégua, aos três dos nossos  maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos (por oportuno, o fato de termos eleições no país a cada dois anos, com campanhas eleitorais cada vez mais bilionárias; e, por que não, a cada cinco anos?; a quem interessa tanta perda?...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a exigir uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...


segunda-feira, 28 de julho de 2014

A CIDADANIA, O SENTIDO DAS FESTAS E A HORA DE PENSAR BEM

“As festas e o sentido que têm de nos ajudar a levar avante a vida
        
         O tema “festa” é um fenômeno que tem desafiado grandes nomes do pensamento. É que a festa revela o que ainda há de mítico em nós no meio da prevalência da fria racionalidade.
         Quando se realizou a Copa de futebol no Brasil, irromperam grandes festas em todas as classes sociais, verdadeiras celebrações. Mesmo depois da humilhante derrota do Brasil frente à Alemanha, as festas não esmoreceram. A Costa Rica, mesmo não sendo a campeã do mundo, mostrou excelente futebol. Não foi diferente na Colômbia. A festa faz esquecer os fracassos, suspende o terrível cotidiano e o tempo dos relógios. É como se, por um momento, participássemos da eternidade.
         A festa em si, está livre de interesses e finalidades. Todos estão juntos não para aprender ou ensinar algo uns aos outros, mas para se alegrar. A festa reconcilia todas as coisas e nos devolve a saudade do paraíso das delícias que nunca se perdeu totalmente.
         A festa parece um presente que já não depende de nós e que não podemos manipular. Pode-se preparar a festa. Mas a festividade, vale dizer, o espírito da festa, surge de graça.
         Pertence à festa mais social (bodas, aniversário) a roupa festiva, a ornamentação, a música e até a dança. Onde brota a alegria da festa? Talvez  Nietzsche encontrou sua melhor formulação: “para alegrar-se de alguma coisa, precisa-se dizer a todas as coisas: “sejam benvindas”. Portanto, para podermos festejar de verdade, precisamos afirmar positivamente a totalidade das coisas.
         A festa é o tempo forte no qual o sentido secreto da vida é vivido mesmo inconscientemente. Da festa saímos mais fortes para enfrentar as exigências da vida.
         Em grande parte, a grandeza de uma religião reside em sua capacidade de celebrar e de festejar seus santos e mestres, os tempos sagrados, as datas fundacionais. Na festa, cessam as interrogações do coração e o praticante celebra a alegria de sua fé em companhia de irmãos que com ele partilham das mesmas convicções e se sentem próximos de Deus.
         Vivendo dessa forma a festa religiosa, percebemos como é equivocado o discurso que sensacionalisticamente anuncia a morte de Deus. Trata-se de um trágico sintoma de uma sociedade saturada de bens materiais, que assiste lentamente não à morte de Deus, mas à morte do homem, que perdeu a capacidade de chorar e de se alegrar pelo bom da vida, pelo nascer do sol e pela carícia entre os namorados.
         Novamente voltamos a Nietzsche, que muito entendeu da verdade essencial do Deus vivo, sepultado sob tantos elementos envelhecidos de nossa cultura religiosa e da rigidez da ortodoxia das igrejas: a perda da jovialidade, isto é, da graça divina. É a consequência fundamental da morte de Deus (“Fröhliche Wissenchaft III, aforismo 343 e 125).
         Pelo fato de havermos perdido a jovialidade, grande parte de nossa cultura não sabe festejar. Conhece, sim, a frivolidade, os excessos, os palavrões grosseiros e as festas montadas como comércio.
         A festa tem que ser preparada e somente depois celebrada. Sem essa disposição interior, corre o risco de perder seu sentido alimentador da vida onerosa que levamos. Hoje em dia, vivemos em festas. Mas porque não sabemos nos preparar nem prepará-las, saímos delas vazios ou saturados, quando seu sentido era de encher-nos de um sentido maior para levar avante a vida, sempre desafiante e, para a maioria, trabalhosa.”

(LEONARDO BOFF. Teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 25 de julho de 2014, caderno O.PINIÃO, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de julho de 2014, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Hora de pensar bem
        
         Não é recomendável alimentar ilusões diante do jogo pesado que comanda o processo eleitoral. Entre outras perplexidades, sabe-se dos grupos, inclusive religiosos (ou supostamente religiosos), que negociam interesses. A partir de interesses nebulosos, alavancam candidaturas com o objetivo de constituir banca própria. Essa postura, assim como as habituais negociatas que ocorrem após as eleições, com a distribuição de cargos segundo interesses partidários, incontestavelmente, está na contramão da envergadura moral que os cidadãos merecem. Obviamente, são posturas que prejudicam a governabilidade e comprometem a própria democracia. É hora de pensar bem sobre a importância do nobre exercício do direito de votar. Também é preciso refletir a respeito da presença dos cristãos na política.
         Essa participação é autêntica e balizada pela moralidade quando, efetivamente, busca a escolha de representantes à altura dos postos de responsabilidade do Legislativo e Executivo. Não é submissa às trocas de favores ou negociações. Quando uma experiência de fé é madura, tem força para enfrentar a realidade e lutar por sua transformação. Nunca se coloca a serviço de um propósito egoísta, reduzido ao território dos interesses de poucos. Lembra-nos o papa Francisco que “devemos envolver-nos na política, porque a política é uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum”. À luz dos valores do Evangelho de Jesus e em diálogo com todos os segmentos da sociedade pluralista, o cristão precisa participar das eleições deste ano. Não por interesse seu, nem mesmo por objetivos específicos de determinado grupo ou instituição, mas orientado pela nobre tarefa de ajudar a construir uma sociedade melhor.
         É hora de pensar bem a respeito do que precisa mudar. E não é pouca coisa. Os cenários políticos e a atuação de lideranças não podem ser avaliados de modo ingênuo. Também é preciso refletir sobre benefícios que não possuem caráter emancipatório para avançar o quanto se pode na economia, na cultura, na educação e nos serviços que são direito do povo. Por isso mesmo,  é hora de “passar um pente fino” nos nomes daqueles que disputarão as eleições, mesmo diante do atual jogo eleitoral, que precisa mudar a partir de uma profunda reforma política. Os eleitores devem avaliar seriamente todos os candidatos. É importante votar em quem pauta sua vida e suas ações nos valores cristãos, embora não seja a única condição de adequada participação cidadã.
         Os que submetem seus nomes ao sufrágio dos votos devem determinantemente ter o gosto pelo diálogo. Não se pode governar adequadamente quando não se tem competência e abertura para ouvir., condição indispensável para promover as mudanças necessárias a partir da participação dos diversos setores da sociedade. É hora de pensar bem na lista de candidatos. Apresentar-se como “salvador da pátria”, adotar a tática dos ataques para afirmar-se pela destruição dos outros ou, simplesmente, exaltar as próprias qualidades  não podem constituir estratégia para fortalecer nomes. A crise de liderança na sociedade brasileira, em diferentes âmbitos, políticos e institucionais, não dispensa o despertar de uma grande rede de instituições, inclusive as religiosas, para cultivar o exercício cidadão de votar e escolher bem.
         Seguir no caminho oposto inviabiliza a superação dos gargalos que prejudicam o crescimento e contribui para o fortalecimento da política imoral, que permite apropriação das instâncias governamentais, a perpetuação no poder. Consequentemente, compromete-se o contexto cultural e educativo. Convive-se com os riscos de retrocessos políticos, principalmente quando são exaltados modelos que não se ajustam à realidade brasileira, com sua história e conquistas. É hora de pensar sobre quem tem condições de ser eleito, de representar o povo. A partir do voto, é possível demonstrar a insatisfação com os políticos que exercerem seus mandatos distanciados das necessidades da população, que fazem da política um “balcão de negócios”. É hora de pensar bem!”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas,  soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     Educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (...e que não poupa nem a Cruz Vermelha...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente inestimáveis (a propósito, segundo o Relatório Justiça em Números 2013, do Conselho Nacional de Justiça, há no Brasil 92,2 milhões de processos em andamento; ... haja produtividade...);

    c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação;cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...  


           

quinta-feira, 24 de julho de 2014

A CIDADANIA, A FORÇA DO MISTICISMO E A AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO

“O místico de hoje compartilha com todos as graças que recebe
        
         O misticismo é uma fase da evolução humana, e por ela todos, mais cedo ou mais tarde, temos de passar. É um dos processos de aproximação à alma, núcleo profundo e elevado do ser.
         À certa altura da evolução, somos atraídos pela alma. A união com esse núcleo é, então, aos poucos desejada, e a atenção da personalidade se volta para ele. É aí que começa o misticismo. Sentimentos, pensamentos e ações interagem e se juntam em busca de algo maior.
         No processo do misticismo, a alma vai se revelando cada vez mais à personalidade. Procura influir de forma que seja percebida, para que o eu externo possa seguir suas indicações e colaborar com o trabalho que ela está fazendo. Desse modo, os anseios profundos do místico revestem-se das coisas que ela mais ama.
         O verdadeiro místico não procura consolo nem paz para si mesmo. À medida que ascende, compartilha o seu estado de alegria e bem-estar. Verte sobre a vida planetária o que lhe vem do mundo interior, embora nem sempre tenha consciência de estar fazendo isso. Se sua busca é de união superior, tudo o que lhe sucede reverte em ações benéficas.
         O verdadeiro místico não retém as graças que recebe. Mesmo que viva uma experiência profunda e importante para si, entrega-a ao Alto com desapego e a deixa fluir sem alimentar desejo de continuá-la. Sua principal função é a de irradiar para todos o que está desenvolvendo em si.
         O verdadeiro místico deve permanecer tranquilo, neutro e impassível. Assim, por seu intermédio a alma pode canalizar energias. É importante frisar que ele trabalha de maneira efetiva também na vida externa, e pode-se ver que sua atuação é bem mais convincente  e forte do que a das pessoas comuns.
         Há casos em que o místico nem mesmo sabe que é místico. Atravessa longos períodos sem ser sinal algum da vida interior. Mas persevera, sem nada ver, nada saber e nada sentir dos planos sutis. Mantém-se paciente, voltado para a alma. É observador e sabe valorizar o que de positivo vai acontecendo em sua vida, sem se esquecer de que a maior parte da sua atenção deve estar nos fatos interiores, ainda que deles não tenha indícios conscientes.
         Tal místico não despreza solicitações externas e está pronto a servir, sem perder sua sintonia com o mundo interior. Sua necessidade é a de ir para dentro de si, e precisa aprender a fazer isso sem deixar de realizar o que lhe cabe no plano material. Esses são os místicos práticos, cujas presenças representam uma grande força para o mundo.
         O místico prático tem de sintetizar sua experiência nos diversos planos de consciência, fundi-los. Este é um dos seus trabalhos de hoje: manifestar algo que reúna sentimento, mente e alma. O resultado já não é tão pessoal, mas muito mais abrangente. É uma expressão universal, receptiva e intuitiva. Os místicos práticos não se submetem ao tempo material do mesmo modo que as pessoas comuns. Eles veem-se num eterno agora e, assim, mais próximos da realidade.
         Os que vivem essa espécie de misticismo têm nesta época sua evolução acelerada. Apesar de tudo o que se observa na sociedade, há muitas forças positivas introduzindo-se na Terra. Compete aos místicos práticos abrirem-se a essas novas energias e irradiá-las sem se darem a perceber. Aspectos ainda virgens estão para ser descobertos no interior dos seres.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 20 de julho de 2014, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 16 de julho de 2014, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de MILTON ALVES SANTOS, pedagogo graduado pela USP, gerente do Centro de Desenvolvimento Integral da Organização Não Governamental Ação Comunitária do Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“Avaliar a educação
        
         O que deve ser avaliado na educação brasileira? A pergunta é capciosa. O aprendizado que crianças e adolescentes brasileiros têm nas escolas deveria ser resultado do tipo de educação a que eles tiveram acesso. Seria simples se aprendizado e educação não fossem conceitos abstratos, que variam de pessoa para pessoa, dependem da classe social, da escolaridade, da percepção e, principalmente, da bagagem que cada um carrega consigo. Se cada pessoa atribui valores diferentes  para tudo devido à vivência individual, como generalizar o tema? Portanto, na prática, não existe uma resposta e segura para a pergunta, a questão merece reflexão.
         Avaliar significa estabelecer parâmetros de qualidade e a qualidade da educação está ligada ao projeto de sociedade que cada país quer para si. Nesse sentido, torna-se imprescindível a definição dos objetivos e ambições para a educação brasileira. De algum modo, isso já está consolidado em nossa constituição, mas precisa ser constantemente reafirmado e esclarecido, pois ainda há resistências em cumprir o que determina a lei.
         Na Constituição, o Art. 205 determina que a educação deve buscar o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A lei diz ainda que a educação é um direito de todos, um dever do Estado e da família e sua realização deve contar com a participação ativa da sociedade. Há uma grande complexidade nesse artigo porque ele não define o que deve ser avaliado, mas apenas estabelece os objetivos e atores do processo educacional. Afinal, como saber se uma pessoa foi plenamente desenvolvida?
         Para a Unesco, o pleno desenvolvimento da pessoa não é uma meta estática que, uma vez atingida, se estabiliza. Pelo contrário. Trata-se de um processo dinâmico que nos persegue ao longo da vida. Sendo assim, o pleno desenvolvimento é alcançado continuamente quando a pessoa satisfaz suas necessidades básicas de aprendizagem.
         Essas necessidades compreendem tanto aspectos formais ensinados nas escolas, como a leitura, a escrita, a expressão oral, o cálculo, conhecimentos específicos e a solução de problemas, quanto aspectos sociais, que dependem da vida em sociedade para serem transmitidos, como conhecimentos gerais, habilidades, valores e atitudes.
         Ainda segundo a Unesco, todas essas necessidades estão submetidas a quatro domínios fundamentais: 1) Aprender a conhecer – a aquisição do conhecimento propriamente dito; 2) Aprender a fazer – o domínio de competências que permitem aplicar o conhecimento em problemas concretos; 3) Aprender a conviver – as habilidades de convívio pacifico, democrático e colaborativo; e 4) Aprender a ser – dependente das três anteriores e materializa os efeitos do pleno desenvolvimento em cada um, tornando uma pessoa mais feliz e apta a enfrentar os vários desafios da vida na sociedade contemporânea.
         Diante do exposto, é possível afirmar que as avaliações oficiais medem uma parte do pleno desenvolvimento de nossas crianças e adolescentes. Basicamente, apenas a parte advinda de suas experiências escolares.
         Um exemplo é o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), uma espécie de Copa do Mundo da Educação realizada a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as nações mais ricas do planeta e alguns membros convidados, entre eles, o Brasil. Essas avaliações medem o conhecimento em leitura, matemática e ciências. O resultado ranqueia os países de acordo com seu desempenho em cada um dos itens e, quanto menor o resultado, entende-se que maior deve ser o investimento naquele quesito. Após três anos, uma nova avaliação é feita nos mesmos moldes e o ciclo recomeça.
         Por mais que seja aceita a ideia de que é fundamental avaliar essas três áreas do conhecimento, é preciso reconhecer que elas não representam a totalidade do pleno desenvolvimento de uma pessoa. Mantendo a metáfora do esporte, no lugar de uma Copa do Mundo precisamos de uma Olimpíada da Educação, com várias modalidades educativas e não apenas uma pequena expressão de nossas capacidades e necessidades.
         Assim, resgatando a pergunta inicial, para determinar o que deve ser avaliado na educação brasileira, é necessário produzir novas abordagens que combinem as habilidades escolares com as sociais e pessoais, acrescentando no processo avaliativo temas como colaboração, sociabilidade, curiosidade, ética, cidadania, consumo responsável, gosto pelas artes, respeito aos direitos humanos, entre outros.
         Trata-se mais de uma soma do que de uma divisão. Não se propõe o abandono de avaliações como o Pisa, mas a criação de um método de avaliação que integre os campos fundamentais do pleno desenvolvimento , permitindo um novo olhar sobre a educação brasileira e a criação de um plano de longo prazo para nossa sociedade.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis (por exemplo, as Nações Unidas estimam que as empresas brasileiras gastam 2.600 horas por ano com burocracias tributárias, isso dá 108 dias, ou seja, um terço do ano...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas  com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...    

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO, A PRODUTIVIDADE E UM NOVO JOGO CULTURAL

“Educação e produtividade
        
         Para que possamos levar metade da população ainda vulnerável a um padrão aceitável de qualidade de vida, o Brasil precisará de um crescimento médio anual de 4,2% do PIB até 2030, segundo especialistas. Uma meta factível se triplicarmos o crescimento da produtividade de uma forma sistêmica e generalizada. Mas, para aumentarmos a produtividade, precisamos produzir novos conhecimentos, desenvolver e empregar muita tecnologia. E, para isso, é necessário ter educação e pesquisa de qualidade. Os países que se desenvolveram mais rapidamente nas últimas décadas foram os que mais qualificaram sua força de trabalho.
         O Brasil é perfeitamente capaz disso. Desenvolvemos dois setores bem distintos: o agrícola e o aeroespacial, que hoje são altamente competitivos, principalmente devido à ênfase dada a pesquisa e desenvolvimento no passado, que continuam com muito investimento ainda hoje. Neste mundo globalizado e altamente conectado, precisamos atrair mais os talentos estrangeiros. Pasmem! O Brasil tinha, no início de 1900, 5% da força de trabalho de estrangeiros. Hoje, um século depois, temos somente 0,5%. Devemos não só atrair os estrangeiros, mas principalmente oferecer condições para que os brasileiros que estão no exterior tenham um vínculo maior com as instituições brasileiras, elevando, assim, o nível de qualificação de nossos profissionais e, consequentemente, de nossa produtividade.
         Para o país tornar-se competitivo, é necessário que suas empresas e organizações sejam competitivas, e, para isso, é necessário que seus colaboradores sejam profissionais competitivos, que, por sua vez, só o serão se forem qualificados e produtivos. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostrou que a produtividade do trabalhador na indústria brasileira caiu de 30% para 20% se comparado ao trabalhador da indústria norte-americana nos anos de 1973 a 2004. Hoje, um trabalhador norte-americano produz o equivalente à produção de cinco brasileiros, por um mesmo período. E somente com educação poderemos reverter esses números. Educação e pesquisa de qualidade geram novas tecnologias, processos, negócios e produtos.
         O Plano Nacional de Educação, aprovado recentemente no Congresso Nacional, deu ênfase ao aumento progressivo no investimento do setor público. O objetivo é chegar a 10% do PIB em 2024. Outra meta importante e ambiciosa é a de formar 60 mil mestres e 25 mil doutores por ano.
         A pesquisa de inovação tecnológica (Pintec), realizada pelo IBGE e divulgada no final de 2012, mostrou que, entre as 128,68 mil empresas pesquisadas, somente 35,6% haviam sido inovadoras. Essas empresas empregavam nas atividades internas de pesquisa e desenvolvimento somente 11 mil profissionais pós-graduados. Mostrou também que a falta de pessoal qualificado era um gargalo para o avanço da inovação em 72,5% das empresas.
         O Ietec, referência em educação no setor de engenharia há 27 anos, irá contribuir com essa meta na formação dos mestres, com o mestrado em engenharia e gestão de sistemas e processos. A união da engenharia com a gestão vem colaborar significativamente para o desenvolvimento do país. O Brasil tem cerca de 668 mil engenheiros registrados nos conselhos de engenharia e agronomia, e, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), desses, somente 28% exerciam efetivamente a função típica de engenheiro. Onde estão os outros? Grande parte exercendo cargos de gestão, e outros estão na área de pesquisa e desenvolvimento.
         Precisamos proporcionar a união da teoria acadêmica avançada dos pesquisadores com a prática profissional dos engenheiros, administradores e outros profissionais de ciências sociais e da terra, formando, assim, profissionais com base conceitual sólida associada à necessidade empresarial. A formação ideal do profissional é a combinação de uma base ampla de conhecimento matemático teórico com know-how prático. Educação e produtividade, com mais mestres, para um Brasil mais próspero e justo.”

(RONALDO GUSMÃO. Presidente do Instituto de Educação Tecnológica (Ietec), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de julho de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 18 de julho, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente transcrição:

“Novo jogo cultural
        
   Jogadas as partidas da Copa do Mundo, concluído o evento, com os saldos positivos, a sociedade brasileira, incontestavelmente, está emoldurada pela exigência de investir em um novo jogo cultural. É pobre o discurso que considera apenas a avaliação exitosa do Mundial, como vitorioso contraponto às vozes dos que “torciam contra”, apostando no caos em aeroportos, trânsito e outros serviços. Não foi assim, felizmente. Contudo, poderia ter sido bem melhor se governantes agissem com mais lucidez, as burocracias não atrasassem processos e os interesses espúrios não fossem tão determinantes. Avanços mais expressivos seriam alcançados se prevalecesse um sentido cidadão por parte daqueles que têm tarefas determinantes na condução da sociedade plural.
         Não menos ingênuo, depois de sinalizações e posturas populares, nos estádios e nas ruas, é apontar aspectos negativos do evento para construir o discurso político da corrida eleitoral em processo. É inteligente saber que o sentimento popular resiste a essas estratégias utilizadas na confecção de linguagens políticas que buscam captar a benevolência de eleitores. O Mundial, junto das manifestações populares que ocorreram em meados de 2013, desenhou no horizonte da sociedade brasileira que é indispensável investir num novo jogo cultural, sob pena de atrasos e de vergonhosas goleadas em muitos campos, não só do futebol.
         Essa intuição não é de um político iluminado, de uma estrela do futebol e nem mesmo de reverenciados intelectuais de diferentes campos das ciências. O povo fez essa indicação não por um programa formal escrito, divulgado em redes sociais ou outros meios de comunicação. A postura popular, desde a presença nos estádios, suas manifestações de apoio ou descontentamento, a interação com diferentes culturas representadas por turistas e delegações esportivas, com as marcas da proximidade, do respeito e da alegria, sacramentou a grande necessidade de um novo jogo cultural na sociedade brasileira. Discursos repetitivos, consequentemente estéreis, e dificuldade de ouvir e dialogar, especialmente com os pobres e excluídos, tenderão a processual desmoronamento. Sem a necessária alma de caráter antropológico, capaz de compreender o conjunto da existência humana com suas demandas sociais, culturais, religiosas e políticas, perpetuarão os políticos com campanhas eleitorais de tempos passados, com discursos de recíprocos ataques. Predominará a superficial busca de construção de uma imagem de candidato perfeito e salvador da pátria, uma entediante comunicação que ninguém mais consegue ver e, sem alternativa, desliga a TV, o rádio. Prevalece a desilusão.
         A reivindicação desse novo jogo cultural torna-se mais intensa, particularmente, quando se avalia o percurso do grupo campeão da Copa – sua cultura, suas escolhas de planejamento, sua aptidão de cultivar uma autoestima que sustenta a capacidade de lutar, conjuntamente, por metas e ideais. Olhar para essa realidade mostra que a sociedade brasileira precisa analisar e desmontar os esquemas de elitização, que pouco ajudam nos avanços possíveis na atualidade. Incontestavelmente, é hora de aproveitar melhor a oportunidade para a instauração de processos em níveis diferentes da sociedade e nos seus funcionamentos, investindo numa grande obra educativa e cultural. Não se pode perder a chance de aprofundar análises para amadurecer intuições e alcançar indicadores novos, diante da necessidade de novas respostas. Torna-se inoportuno, simplesmente, contentar-se com as conquistas obtidas, pois ficaram abaixo do que era possível, por entraves ideológicos, incompetências de gestão e aprisionamento da cidadania em defesa dos interesses grupais.
         A condição continental do Brasil não pode dispensar a peculiaridade das diferentes regiões nos estados da Federação, com seus valores, tradições e patrimônios próprios. Será sempre inoperante tratar uma realidade grande e complexa sem considerar aquilo que a constitui: suas tradições e valores regionais. Esse raciocínio vale também para os campos da política, economia e religião. Não existe pessoa, ou instância, que, de modo solitário, possa reger um processo de dimensões continentais. Buscar uma nova realidade a partir do diálogo – com a competência de programas governamentais menos genéricos e teóricos, cultivo da autoestima e o investimento de base, iluminado por um horizonte marcado por valores humanísticos – poderá conduzir a sociedade brasileira no caminho indicado pelo povo. É hora de investir num novo jogo cultural.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, competente e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


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quarta-feira, 16 de julho de 2014

A CIDADANIA, A ENERGIA SOLAR E A LUZ DA DEMOCRACIA

“Energia solar no Brasil
        
         A demanda por energias renováveis cresce de forma exponencial em todo o mundo em função das pressões ambientais motivadas, principalmente, pelas preocupações quanto ao aquecimento global. No Brasil, a captação de energia solar fotovoltaica e termossolar é uma alternativa de grande valia para o país, uma vez que as características geográficas – banhado pelo sol praticamente o ano todo – privilegiam essa alternativa.
         Para contextualizar esse argumento, é importante dizer que, no Brasil, cerca de 85% da energia elétrica consumida vem de fontes renováveis. As hidrelétricas representam 77% desse total, de acordo com o Ministério de Minas e Energia. O número revela que o país ainda precisa avançar na diversificação da matriz energética, hoje dependente das hidrelétricas e termelétricas, tornando-se vulnerável aos apagões, já conhecidos por aqui.
         Diante dessa necessidade, o mercado de energia solar na América Latina torna-se promissor em função do reconhecimento dos países sobre o importante papel da energia solar como fonte de energia para o futuro. Aliás, muitos desses países planejam ou já estabeleceram incentivos para estimular esse mercado, inclusive o Brasil.
         Em 2012, por exemplo, o país regulamentou um desconto de 80% nas tarifas de transmissão e distribuição para projetos de energia solar em grande escala. No mesmo ano, foi instituído o sistema de compensação de energia elétrica para incentivar o mercado de geração distribuída, estratégico para o setor solar. Outra boa notícia para esse mercado é a perspectiva de o primeiro leilão federal específico de energia solar no Brasil ser realizado ainda este ano.
         Em paralelo ao leilão, alguns estados brasileiros se movimentam para tornar a utilização da energia elétrica solar uma realidade. O Ceará conta com a primeira usina de 1MW baseado na fonte solar fotovoltaica, em Tauá, no interior do estado, e ainda aguarda a efetivação de um fundo que irá incentivar a venda de energia gerada pela usina.
         Já Pernambuco, em 2013, saiu na frente com o primeiro leilão de energia solar no país e contratou, por meio do governo local, 122,8MW de capacidade instalada oriunda da fonte solar fotovoltaica, com um preço médio da energia negociada de R$ 228,63 por MWh.
         Em 2014, o governo do Estado de São Paulo isentou do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) bens e equipamentos usados na geração de energia solar por meio de fontes renováveis, incluindo energia solar. Por meio dessas e de outras iniciativas, o governo paulista pretende atingir 69% de participação de fontes renováveis em sua matriz energética até 2020.
         Os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Tocantins e Piauí, que têm grande potencial para a rápida disseminação da energia solar – em função da elevada tarifa de energia elétrica e a grande incidência de sol durante todo o ano – também englobam a lista de localidades onde a questão já é trabalhada de forma mais intensa.
         O Brasil, com um enorme mercado interno potencial, desponta como o país da América Latina com a melhor perspectiva para esse segmento no longo prazo. No curto prazo, o destaque fica para o Chile, que avança cada vez mais em seu potencial. Já o México tornou-se um mercado promissor em energia solar, somando mais de 300MW de projetos dessa fonte em construção.
         Semelhante ao Chile, o México tem entraves específicos sobre a rede elétrica e a energia solar é competitiva em mercados spot. O país também conta com contratos externos de fornecimento de energia, o que acirra a competição, assim como os investimentos em energia eólica.
         Para promover e estimular as tecnologias e ampliar as aplicações desse tipo de geração de energia no Brasil, a cidade de São Paulo sedia a exposição e conferência Intersolar South America. O evento receberá, de 26 a 28 de agosto, no Expo Center Norte, empresas e profissionais do setor de energia solar para debater as tendências, estabelecer contatos e trocar informações desse mercado, métodos de produtos eficientes, financiamento e planejamento de projetos, e apresentar soluções tecnológicas, entre outros assuntos.
         Chegou o momento de a energia solar despontar também no Brasil. Está provado que há interesse em difundir a energia solar por aqui. Há demanda, receptividade da população e, o mais importante, vontade política para estimular esse mercado, o que elevará o país a um patamar de destaque nesse setor no mundo.”

(MÔNICA CARPENTER. Diretora da Aranda Eventos, empresa organizadora da Intersolar South America, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de julho de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 4 de julho, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Do povo, para o povo
        
         O poder que configura e articula o Estado democrático de direito é do povo e para o povo, conforme reza o artigo 1º, parágrafo único, da Constituição do Brasil. Lembrar-se disso ajuda a compreender que o poder do povo não se esgota, obviamente, no exercício cidadão do direito de votar. Aos representantes eleitos não é permitido usurpar o sentido e as propriedades do poder a ser exercido, que é confiado pelo povo. Além da honra de exercer o poder, os eleitos, quase sempre, são remunerados pelo povo por meio de impostos, que são sempre muito pesados. Portanto, qualquer tipo de usurpação merece protesto e imediata correção. Nesse sentido, a movimentação ideológica partidária não pode ser trampolim para que pessoas e grupos usufruam dos benefícios do poder e, ao considerar somente essa ambição, sejam responsáveis por uma administração inadequada, burocrática, pouco lúcida na escolha de prioridades.
         As eleições deste ano estão ganhando moldura nova, com expectativa de novas dinâmicas e posturas populares, favorecidas com a celebração da Copa do Mundo, sem dúvida um megaevento. O povo, no exercício de seu poder, silenciou a classe política. Inviabilizou uma possibilidade, que era bem real, do uso do Mundial e de seus estádios cheios como palco de comícios. Um sinal de esperança e também demonstração da soberania popular. Torna-se evidente que os desejos de certos grupos não vão contracenar com os anseios do povo, que articular, magistralmente, as euforias e tensões próprias da paixão pelo futebol com demonstrações de amor à pátria e belo sentido de solidariedade universal.
         Essas cenas reacendem a essência do poder que emana do povo. Pelo viés do esporte, em um contexto político e social novo, onde a população exerce sua liberdade de escolha, seu direito de expressão e participação, renova-se a certeza de que a política não pode continuar a ser tratada e vivenciada com as mediocridades que a têm caracterizado. A superação desse quadro supõe os passos corajosos e cidadãos de uma adequada reforma política, para corrigir dinâmicas culturais viciadas e comprometidas. Trata-se de um passo decisivo para transformar o contexto atual de muitos atrasos, que fazem a sociedade brasileira perder oportunidades para o crescimento, não avançar na infraestrutura e na superação dessa vergonhosa e crescente brecha entre ricos e pobres. Faltam educação de qualidade, assistência sanitária adequada, moradia digna, transporte público e tantas outras necessidades. Essas e outras carências constituem uma clara acusação a governos e outros segmentos da sociedade pelo próprio crescimento da criminalidade.
         Uma realidade visível, por exemplo, em dados do Ministério da Saúde (Mapa da Violência 2014), que mostram nossos recordes em homicídios. A cada dia, em média, morrem 154 pessoas assassinadas no Brasil. Diante desse quadro, é possível afirmar que estamos numa verdadeira guerra civil camuflada por várias situações. Há, indiscutivelmente, perda geral do mais relevante sentido humanístico, o que coloca em risco os dias que virão. Engana-se quem pensa estar distante dessa guerra camuflada. Ela não poupa ninguém e se aproxima de todos. A esperança é que o povo, mais consciente de seu poder a partir das lições que deu durante a Copa do Mundo, trate de modo mais qualificado a sua realidade social e política. Desse modo, é possível construir um futuro diferente.
         Diante de posturas novas de quem é soberano na posse do poder, segmentos específicos serão obrigados a adotar novas condutas. Particularmente, os políticos que submetem seus nomes ao sufrágio do voto precisarão criar coragem, como ato de inteligência, para, permanentemente, estar em diálogo sobretudo com os pobres, a base popular. O papa Francisco indica aos pastores que é preciso “ter cheiro de ovelhas”, estando sempre no meio delas. Uma rica lição, que deve ser aprendida também pela classe política. Governar sem ouvir diariamente a voz que vem das ruas e das periferias compromete a confiança recebida do verdadeiro dono do poder, o povo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e segundo cálculo da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia – Abesco –, o Brasil perde em torno de R$ 11 bilhões ao ano, por não administrar seus gastos com energia e não adotar todo o seu potencial de medidas de eficiência energética...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...