quinta-feira, 28 de maio de 2015

A CIDADANIA, A REVITALIZAÇÃO SOCIAL E O VIGOR DA SUSTENTABILIDADE

“Morte social
        O convívio social é condição de interação humana. Socialmente, nos é imposta uma série de obrigações, e vamos nos submetendo a elas para receber aplausos, carícias e confirmações da nossa existência. Vamos nos comprometendo com uma sucessão interminável de obrigações e de aquisições que permitam a entrada e a aprovação na seara social.
         Há a hipervalorização do ter e pouca atenção ao ser.
         Morte social é deixar de ser lembrado, não ser reconhecido, não ser incluído, ser desprezado, ser esquecido, ser tratado considerando somente a posição que ocupa em uma rede hierárquica de prestígio e de poder social.
         Passa-se a consumir a vida em favor das exigências e das expectativas sociais de termos o ideal de sermos perfeitos. Uma vida consumida pelo ideal de perfeição torna-se árida, desperdiçada. Essa aridez se dá pelo aprisionamento às expectativas, julgamentos e condenações externas. Quando se recebe esse tipo de validação, fica-se em alta e a estima sobe, mas, se frustrados, a estima baixa. Não é uma autorreferência, e sim atendimento às expectativas e pressões externas. Deixa-se de perguntar o que faz sentido, o que se pode aprender a respeito de si. O que passa a valer é o que é mais aplaudido.
         Há a morte da fecundidade, a da criatividade e a da presença. Torna-se um eu mesquinho, variando em ser esperto, se atende às exigências sociais, ou bobo, se fica em débito com tais expectativas.
         Só vive quem se reinventa no dia a dia, utilizando as experiências positivas e, também, as negativas para aprender de si. Morremos socialmente quando ficamos olhando para os outros com a intenção de conhecer o outro, para suborna-lo ou nos submetermos a ele e tirar algum partido.
         A morte social resume-se a uma série de ações que não são satisfatórias à vitalização. Tornamo-nos reféns da ganância de angariar e acumular aplausos. A força da vida passa a se fragilizar e tende a se deteriorar caso não haja um investimento amável e respeitoso.
         Precisamos fazer o culto da ilusão de perfeição para entrar na vida. Uma vida que germina é a que vai buscar sentido, atualizando-se e aprendendo de si.
         Uma vida fecunda se coloca a serviço, cujo pagamento não é a prisão ao reconhecimento social; a maior gratificação é a execução do serviço. O maior prêmio do amor é o amar, sem exigência de que haja retribuição.
         Escutar é conversar para evitar imaginar e projetar visões distorcidas, alimentar preconceitos e destruir possíveis pontos de atrito e de oposição.
         Vale aumentar a cordialidade. O início da sabedoria é compreender que há outros pontos de vista. A intolerância é a antessala da violência.
         A vida que recebemos nos convoca a construí-la e sermos parceiros do bem estar. Que a tristeza e a amargura se desdobrem na coragem de ter alegria, na misericórdia e na qualidade de vida.

(Gláucia Rezende Tavares. Psicóloga clínica, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 9 de maio de 2015, caderno O.PINIÃO, página 17).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de maio de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de REINALDO DIAS, professor da Universidade Mackenzie Campinas, e que merece igualmente integral transcrição:

“Sustentabilidade
        Nos últimos anos, a classe média urbana teve crescimento significativo, aumentando o consumo e, consequentemente, a pressão sobre os recursos ambientais. Segundo relatório de 2013 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em 2009, a classe média global correspondia a 27% da população do planeta, e as projeções indicavam que, em 2020, seriam 47% e em 2030 já seriam a maioria com 59% do total de habitantes. Essa classe média global tem uma característica comum, que é a avidez pelo consumo de novos produtos que dependem para a sua fabricação de recursos naturais. Esse cenário indica um quadro de insustentabilidade do atual modelo de produção e consumo, pois a natureza não tem como satisfazer a essas crescentes necessidades. Ocorre que as empresas veem esse quadro como uma oportunidade de oferta de produtos para atender às necessidades dos novos consumidores (e consequentemente aumentar seus lucros). Por outro lado, são pressionadas por amplas camadas da população, exigindo que as organizações adotem soluções criativas para resolver problemas que afetam o meio ambiente.
         A situação no meio empresarial é que muitos ainda consideram que a sustentabilidade é um modismo passageiro, e que basta resistir às pressões ou atende-las superficialmente que se manterão competitivos no mercado. Esse é um erro que pode ser fatal para o seu negócio, pois as empresas são afetadas, particularmente, porque ao longo dos últimos 200 anos trataram o ambiente natural como fonte de matéria-prima inesgotável, beneficiando-se de sua exploração. Atualmente, a sustentabilidade deve ser entendida como uma mudança radical da relação do homem com a natureza e do ser humano com ele próprio. Do ponto de vista corporativo, a sustentabilidade não é uma opção, mas uma obrigação no que diz respeito ao papel das empresas na sociedade e uma necessidade quando se trata de sua própria sobrevivência.
         Nos próximos anos, as preocupações globais com as mudanças climáticas se transformarão em compromissos assumidos coletivamente pelos países. Tanto que no fim deste ano ocorrerá em Paris a reunião que definirá o novo protocolo que substituirá o de Kyoto. Essas decisões se converterão em regulações nacionais, fazendo com que as empresas, obrigatoriamente, assumam um papel  relevante no combate ao aquecimento global, reduzindo suas emissões de gases que provocam o efeito estufa. Trata-se aqui da sobrevivência de todos, logo será medidas inegociáveis.
         Para as empresas, assumir padrões de sustentabilidade não serve somente para que possam sobreviver às necessárias mudanças que a sociedade exige. Há inúmeras oportunidades que se abrem para aquelas organizações que transformarem seus métodos de produção. A variável da sustentabilidade dentro dos processos empresariais faz com que se busquem soluções mais eficientes e, portanto, mais rentáveis na utilização da energia e dos recursos naturais. Além disso, a revisão dos processos produtivos para torná-los mais eficientes leva as empresas a buscarem inovação, o que permitirá que alcancem, sustentem e melhorem sua posição no mercado, adotando uma forma de competitividade responsável.
         A ideia de empresa isolada da sociedade, tendo como preocupação primordial a obtenção de lucro a qualquer custo, vai gradativamente sendo superada pela cooperação de que as organizações, além de cumprir sua função social de atendimento às demandas de grupos de consumidores, devem condicionar sua atividade a uma agenda de responsabilidade social vinculada ao atendimento do bem comum. A construção dessa agenda implica, também, reconhecimento da necessidade de formação de alianças estratégicas com parceiros fora da iniciativa privada, que podem ser tanto as administrações públicas quanto as organizações do terceiro setor. A consequência dessas ações é a formação de novos tipos de articulações com interesses comuns alinhados na perspectiva do desenvolvimento sustentável.
         Portanto, a competitividade, entendida como a capacidade de uma empresa manter sistematicamente vantagens comparativas que lhe permitam alcançar, sustentar e melhorar uma determinada posição no mercado, somente pode ser obtida ao se adotarem práticas sustentáveis que incluam, além do aspecto econômico, valores ambientais e sociais. Em resumo, em termos de sustentabilidade, ou mudam as empresas ou perecerão vítimas de uma paralisia que as impede de enxergar a realidade.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças – Anefac –, a alta de abril dos juros  do cartão de crédito chegou a 295,48%  ao ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade das crônicas paralisações de obras e serviços públicos, gerando perdas bilionárias...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...     
     

     

segunda-feira, 25 de maio de 2015

A CIDADANIA, A PLENA HARMONIA E A FORÇA DO JORNALISMO DE QUALIDADE

"A cura como expressão de uma realidade interna
        A vida, a cura e a purificação, que em outros tempos eram simbolizadas pelo elemento água, devem ser hoje reencontradas nas correntes de energia sutis, espirituais.
         A água pode abrigar em si a essência dessas energias, mas é bom saber que na realidade não é ela que vivifica, cura ou purifica. É a abertura e as aspiração do indivíduo que, ao fazê-lo contar as energias que permeiam o elemento água, permitem que elas se fundam nas do seu próprio ser, elevando-o.
         As energias que são atraídas por um instrumento de cura, seja  esse instrumento a água ou qualquer outro, abrangem uma faixa bem ampla de vibrações, da qual cada um irá absorver o que lhe corresponde. Essa filtragem é feita pela consciência interna da pessoa, que permite penetrar em sua aura somente o impulso que lhe for adequado.
         A água é símbolo universal da vida no qual estão implícitas, entre outras, as qualidades de pureza, transparência e abundância.
         É quando um indivíduo se desliga dos limites formais, quando vai mergulhando na sua própria essência, que ele passa conhecer a Vida em cura, como uma realização suprema. Só então o conceito de cura, que normalmente se encontra na mente, vai sendo substituído pelo conhecimento de que a cura é a possibilidade de expressão de uma realidade interna, de um padrão de perfeição que temos dentro de nós. Sendo esse padrão saudável retirado dos níveis de escuridão e densidade, tendo a pessoa abdicado de lidar com as energias desses baixos níveis, ela passa a viver o cumprimento de uma Lei Maior, divina, e deixa de buscar realizações materiais. A pessoa pode ser então erguida do poço das dores, dos sofrimentos e das doenças para o trabalho com as energias da cura. A cura passa a ser vista como um ajuste daquilo que não exprime o padrão divino, como um processo que aproxima a criatura do arquétipo que lhe corresponde.
         Momento a momento, do Cosmos chegam à Terra energias curativas. O homem deve contribuir para realizar a sua cura, onde quer que ele viva. Se puder tornar-se o que interiormente é em seu íntimo, irradiará essas energias, pois todo ser, consciência ou partícula vivente que realiza em si o que é destinado, torna-se curador.
         O curador exprime em si a perfeição da vida. Sendo a energia de cura o que leva a vida à perfeição, como poderia ela ser veiculada por alguém que não a tem realizada em si mesmo?
         No que se refere à cura nos níveis físicos, há uma chave para o reconhecimento da importância da ordem e da perfeita manutenção dos ambientes externos que espelhem a harmonia. Seguramente as pessoas que hoje buscam a cura interior já devem ter percebido esse fato.
         Compreendendo o sentido da Criação, o homem poderá ter as chaves para harmonizar a si mesmo e tudo o que o circunda. Há muito foi dito que o macrocosmos reflete-se no microcosmos. Assim, o corpo dos Cosmos reflete-se no corpo planetário e no corpo humano. Mas, para exprimir a harmonia de esferas cósmicas, o homem deve ter sua consciência na busca dos planos em que a vida cósmica se encontra.
         Isso tudo é uma questão de abertura para o contato com o mundo interior, a alma, que pode levar ao despertar da consciência. E quando o processo de despertar interno tem início em um indivíduo, é necessário que ele siga as indicações que passa a receber desse mundo interior; caso contrário, ele não absorverá devidamente os ensinamentos que cada etapa do caminho lhe traz.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 17 de maio de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de maio de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, jornalista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Âncora da democracia
        Não há um único assunto relevante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo de qualidade. Os temas das nossas conversas são, frequentemente, determinados pelo noticiário e pela opinião dos jornais. A imprensa é, de fato, o oxigênio da sociedade. As redes sociais reverberam, multiplicam, agitam. Mas o pontapé é sempre das empresas de conteúdo independentes. Sem elas, a democracia não funciona. O jornalismo não é “anti nada”. Mas também não é neutro. É um espaço de contraponto. Seu compromisso não está vinculado aos ventos passageiros da política e dos partidarismos. Sua agenda é, ou deveria ser, determinada por valores perenes: liberdade, dignidade humana, respeito às minorias, promoção da livre-iniciativa, abertura ao contraditório. Por isso, os jornais são fustigados pelos que desenham projetos autoritários de poder. O jornalismo sustenta a democracia não com engajamentos espúrios, mas com a força informativa da reportagem e com o farol de uma opinião firme, mas equilibrada e magnânima. A reportagem é, sem dúvida, o coração da mídia.
         As redes sociais e o jornalismo cidadão têm contribuído de forma singular para o processo comunicativo e propiciado novas formas de participação, de construção da esfera pública, de mobilização do cidadão. Suscitam debates, geram polêmicas, algumas com forte radicalização, exercem pressão. Mas as notícias que realmente importam, isto é, que são capazes de alterar os rumos de um país, são fruto não de boatos ou meias-verdades disseminadas de forma irresponsável ou ingênua, e sim de um trabalho investigativo feito dentro de rígidos padrões de qualidade, algo que está na essência dos bons jornais. A confiança da população na qualidade ética dos seus jornais tem sido um inestimável apoio para o desenvolvimento de um verdadeiro jornalismo de buldogues. O combate à corrupção e o enquadramento de históricos caciques da política nacional, alguns sofrendo o ostracismo do poder e outros no ocaso do seu exercício, só são possíveis graças à força do binômio que sustenta a democracia: imprensa livre e opinião pública informada. Poucas coisas podem ter o mesmo impacto que o jornal tem sobre os funcionários públicos corruptos, sobre os políticos que se ligam ao crime, que abusam do seu poder, que traem os valores e os princípios democráticos. Os jornais, de fato, determinam a agenda pública e fortalecem a democracia. Políticos e governantes com desvios de conduta odeiam os jornais. Mas eles são, de longe, os grandes parceiros da sociedade, a âncora da democracia.
         Navega-se freneticamente no espaço virtual. Uma enxurrada de estímulos dispersa a inteligência. Fica-se refém da superficialidade e do vazio. Perde-se contexto e sensibilidade crítica. A fragmentação dos conteúdos pode transmitir certa sensação de liberdade. Não dependemos, aparentemente, de ninguém. Somos os editores do nosso diário personalizado. Será? Não creio, sinceramente. Penso que há uma crescente demanda de jornalismo puro, de conteúdos editados com rigor, critério e qualidade técnica e ética. Há uma nostalgia de reportagem. É preciso recuperar, num contexto muito mais transparente e interativo, as competências e o fascínio do jornalismo de sempre.
         Jornalismo sem brilho e sem alma é uma doença que pode contaminar redações. O leitor não sente o pulsar da vida. As reportagens não têm cheiro do asfalto. As empresas precisam repensar os seus modelos e investir poderosamente no coração. É preciso dar novo vigor à reportagem e ao conteúdo bem editado, sério, preciso, ético. É preciso contar boas histórias. É preciso ir além do factual, contextualizar, aprofundar. A fortaleza do jornal não é dar notícia, é se adiantar e investir em análise, interpretação e se valer de sua credibilidade. Não é verdade que o público não goste de ler. Não lê o que não lhe interessa, o que não tem substância. Um bom texto, para um público que adquire a imprensa de qualidade, sempre vai ter interessados.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças – Anefac –, a alta de abril dos juros  do cartão de crédito chegou a 295,48%  ao ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade das crônicas paralisações de obras e serviços públicos, gerando perdas bilionárias...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...      
     

           

          

sexta-feira, 22 de maio de 2015

A CIDADANIA, A LUZ DAS VIRTUDES E A FORÇA DA INDÚSTRIA


“As luzes do despertar e das virtudes sublimes
        Imagine-se alguém que caminha por uma trilha sabendo que não o levará ao destino que o aguarda, mas não conseguindo deixar de seguir por ela. Procura um meio de entrar no rumo certo, mas acaba permanecendo nessa trilha. De repente, um forte vento o arrasta para onde devia estar. Mesmo que, ao ser assim levado, ele se machuque e se arranhe, após viver essa mudança, expressará sincera gratidão ao vento que o colocou no lugar correto.
         Esse quadro representa o estado atual da humanidade resgatável. Uma parte da humanidade sabe que está vivendo algo que se contrapõe à Lei Maior, de Deus; tem plena consciência da degeneração dos padrões da atual sociedade, mas prossegue imersa nesse esquema decadente.
         Para que o novo se instale, é preciso romper as estruturas cristalizadas que aprisionam o fluxo de energia. Em meio à ausência de hábitos, de esquemas mentais e materiais, a luz da verdade emerge. Revela os passos a serem dados a cada ser que puder unificar-se. Aquilo que, mesmo sendo-lhe desconhecido, lhe traz renovação.
         É comum almejar a paz em momentos de dor e conflito, mas para que ela se instale na consciência humana é preciso que seja continuamente buscada. A paz é um estado interior no qual o indivíduo se coloca em perfeita sintonia com a realidade espiritual. Não é passível de ser perturbada pelas inconstâncias da mente ou das emoções. Quando ela se faz presente, o ser é capaz de exprimir equanimidade tanto nas situações calmas quanto nas tempestuosas.
         Sinalizar aos homens a existência de estados sublimes tem o propósito de colocá-los em alinhamento com o potencial oculto em seu próprio interior. Como fruto da perfeição, a paz pode parecer afastada das atuais possibilidades de vida na Terra, mas essa aparente distância reduz-se quando a consciência se lança com decisão ao encontro desse estado.
         O amanhã esteve desde sempre escrito no livro da eternidade, mas a forma como ele se apresenta é criada no momento em que se manifesta. A evolução do homem visa permitir que ele adquira virtudes que ergam sua consciência a níveis sutis, além da matéria. Enquanto a vida se desenrola, pacientemente, de forma interna, o espírito vai tecendo os padrões dessas virtudes na consciência do ser.
         Muito necessária é a paciência para com a evolução do ser. Um fruto antecipadamente retirado da árvore tem seu processo de maturação dificultado. Cada consciência tem seu exato momento de se desvincular totalmente da vida terrestre. Só então estará apta a doar-se plenamente.
         Quando um indivíduo deixa de trabalhar para si, milagres começam a ocorrer. Hoje, várias pessoas já vivem para o puro cumprimento das leis de Deus, e assim avançam. Visto das estrelas distantes, tal processo equivale à luz potente de um sol erguendo-se do centro da Terra e resplandecendo exteriormente.
         Suprema é a beleza de uma obra construída por mãos que trabalham em harmonia; mãos que, unidas, deixa a individualidade e dão forma à vontade suprema. Em muitos indivíduos a atração da vida espiritual, profunda, está superando as ligações criadas com o mundo. Por isso, as portas dos universos celestiais estão mais próximas da humanidade.
         Uma instrução espiritual diz que tudo o que podemos fazer para que o amanhã seja como uma alvorada radiante na Terra é alimentar em nós as luzes do despertar, as luzes das virtudes sublimes.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 3 de maio de 2015, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de maio de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de OLAVO MACHADO, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Sistema Fiemg), e que merece igualmente integral transcrição:

“Dia da Indústria
        Comemoramos hoje, em Minas, o Dia da Indústria 2015 – e queremos fazê-lo com fé, confiança e otimismo, mas, também, com a necessária ressalva de que ser otimista significa compreender a realidade e agir com firmeza e energia para transformá-la, por maiores que sejam os obstáculos. O Brasil vive hoje uma grave crise econômica, e a indústria tem sido a maior vítima. As consequências são dramáticas: inflação alta, as maiores taxas de juros do mundo, desemprego em crescimento, crise hídrica, crise de energia e o Produto Interno Bruto (PIB) ladeira abaixo. Na política, os poderes Legislativo e Executivo – e, por vezes, também o Judiciário – se engalfinham em uma guerra incompreensível, que em nada favorece os interesses do Brasil e dos brasileiros.
         No Legislativo, aprova-se a PEC da Bengala, não porque a expectativa de vida dos brasileiros tenha aumentado, mas, sim, para evitar que o Executivo possa indicar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Extingue-se o fator previdenciário, também no Legislativo, não porque seja justo ou para beneficiar os trabalhadores, mas, sim, para complicar o ajuste fiscal e, de novo, incomodar o Executivo. Em nenhum momento, se vê qualquer preocupação com os efeitos da decisão sobre as contas da Previdência, da ordem de bilhões de reais! De seu lado, o Executivo loteia cargos públicos em todos os escalões – não para implementar um legítimo governo de coalizão, mas, sim, para cooptar e controlar deputados e senadores.
         Os reflexos no campo social são inevitáveis, pois, sem crescimento, não há geração de recursos para financiar programas que atendam os segmentos mais carentes da população. Chegamos ao fundo do poço, e, para sair dele, precisamos, mais que em qualquer outro tempo, das nossas lideranças políticas, pois, como nos mostra a história, são as boas decisões políticas que geram boas decisões na economia. Os exemplos são muitos: o presidente Getúlio Vargas criou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) – hoje BNDES (o S é de Social) – e a Petrobras; o presidente Juscelino Kubitschek construiu Brasília e a indústria automobilística; o presidente Itamar Franco fez o Plano Real; Fernando Henrique Cardoso criou a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e iniciou reformas importantes, entre elas, a da Previdência; o presidente Lula patrocinou avanços sociais inquestionáveis, e, hoje, a presidente Dilma Rousseff se esforça em trabalhar para dar continuidade a essa obra.
         Do ponto de visto objetivo, o ajuste fiscal proposto pelo governo Dilma é necessário, mas com a alerta que não pode se restringir, como tem ocorrido até agora, a aumentar impostos e patrocinar medidas que apenem os cidadãos. Simultânea e paralelamente ao ajuste, é preciso preservar investimentos, retomar o programa de concessões de obras de infraestrutura e tirar das gavetas as reformas estruturais, que vêm sendo postergadas há anos e décadas, contribuindo para elevar absurdamente os custos de se produzir no Brasil e corroendo a competitividade da economia brasileira em razão direta da carga tributária exorbitante, da obsolescência da nossa legislação trabalhista e da explosiva legislação previdenciária.
         Nesse cenário, algumas perguntas estão no ar: quando e quanto os governos, em seus diversos níveis, vão economizar nos gastos de custeio? Quando o número de ministérios voltará a patamar mais compatível com a realidade e necessidades? Quando será encarada com seriedade e compromisso com o país a necessidade de retomar as reformas estruturais É urgente respondê-las! Na verdade, nosso otimismo fundamenta-se na convicção de que nossas lideranças políticas farão o que precisa ser feito. Afinal, a sociedade brasileira não abre mão dos avanços duramente conquistados nos últimos 20 anos e que asseguraram ao país o controle da inflação, políticas sociais transformadoras, crescimento da classe média brasileira e redução do desemprego. A voz das ruas é cada vez mais estridente, mais presente e mais impaciente.
         Nosso otimismo contempla a convicção de que também Minas Gerais precisa avançar – e esse é o desafio que se coloca ao governador Fernando Pimentel (PT). O que se espera é que ele lidere todo o processo que nos levará a conquistas ansiadas há décadas – e até séculos – pelo povo mineiro: a construção de uma economia e de uma indústria fortes, diversificadas, modernas e capazes de agregar valor ao produto mineiro. Muito nos orgulhamos da riqueza e variedade dos nossos recursos naturais – nosso ouro, nosso minério de ferro, nosso aço, nosso cimento – mas queremos agregar valor a eles, de forma a ampliar e diversificar nossa pauta exportadora e nos habilitar a conquistar espaços cada vez maiores nos grandes mercados mundiais. Enfim, somos otimistas porque, em nome da indústria mineira, entendemos a realidade difícil com que nos defrontamos e temos consciência de que, unidos e coesos, seremos capazes de trabalhar para moldá-la na direção da construção de um estado e de um país mais fortes, justos e ricos, com a necessária distribuição dos frutos do desenvolvimento àqueles que, de fato, têm a força para mudar o Brasil, os cidadãos brasileiros.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças – Anefac –, a alta de abril dos juros  do cartão de crédito chegou a 295,48%  ao ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade das crônicas paralisações de obras e serviços públicos, gerando perdas bilionárias...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, e considerando somente a federal, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...     
     


quarta-feira, 20 de maio de 2015

A CIDADANIA, AS GRANDES TRANSFORMAÇÕES E OS DESAFIOS DA CULTURA E DO LAZER

“A era das grandes transformações: a da economia e a da consciência
        Vivemos na era das grandes transformações. Entre tantas, destaco apenas duas.
         A primeira, na economia: começou a partir do ano de 1834, quando se consolidou a Revolução Industrial na Inglaterra. Consiste na passagem de uma economia de mercado para uma sociedade de mercado. Quer dizer, a economia é o que conta, o resto deve servir a ela.
         O mercado que predomina se rege pela composição, e não pela cooperação. O que se busca é o benefício econômico individual ou corporativo, e não o bem comum de toda a sociedade. Geralmente, esse benefício é alcançado à custa da devastação da natureza e da gestação perversa de desigualdades sociais.
         Diz-se que o mercado deve ser livre e o Estado é visto como seu grande empecilho. A grande transformação postula um Estado mínimo, limitado praticamente às questões ligadas à infraestrutura da sociedade, ao fisco e à segurança. Tudo o mais pertence e é regulado pelo mercado.
         Essa forma de organizar a sociedade, unicamente ao redor dos interesses econômicos do mercado, cindiu a humanidade de cima a baixo: um fosso enorme se criou entre os poucos ricos e os muitos pobres. Vigora perversa injustiça social.
         Simultaneamente, se criou também uma iníqua injustiça ecológica. No afã de acumular, foram explorados de forma predatória bens e recursos da natureza, sem qualquer limitação e respeito. Essa voracidade encontrou limite na própria Terr. Ela não possui mais todos os bens e serviços suficientes e renováveis. Tal fato dificulta, senão impede, a reprodução do sistema produtivo/capitalista. É sua crise.
         A segunda grande transformação está se dando no campo da consciência. À medida que crescem os danos à natureza que afetam a qualidade de vida, cresce simultaneamente a consciência de que, na ordem de 90%, tais danos se devem à atividade irresponsável e irracional dos seres humanos, mais especificamente daquelas elites de poder que se constituem em grandes corporações multilaterais que assumiram o rumo do mundo.
         Temos, com urgência, que fazer alguma coisa que interrompa esse percurso para o precipício. O primeiro estudo global foi feito em 1972 e pesquisou o estado da Terra. Revelou-se que ela está doente. A causa principal é o tipo de desenvolvimento que as sociedades assumiram. Ele acaba ultrapassando os limites suportáveis da natureza e da Terra. Temos que produzir, sim, para alimentar a humanidade, mas de outro jeito, respeitando os ritmos da natureza e seus limites, permitindo que ela descanse e se refaça. A isso se chamou de “desenvolvimento humano sustentável”, não só crescimento material.
         A reflexão ecológica se tornou complexa. Não se pode reduzi-la apenas à preservação do meio ambiente. A totalidade do sistema mundo está em jogo. Assim surgiu uma ecologia ambiental que tem como meta a qualidade de vida; uma ecologia social que visa a um modo sustentável de vida; uma ecologia mental que se propõe a criticar preconceitos e visões de mundo hostis à vida e formular um novo “design” civilizatório, à base de princípios e valores para uma nova forma de habitar a casa comum; e, por fim, uma ecologia integral que se dá conta de que a Terra é parte de um universo em evolução e que devemos viver em harmonia com o todo.
         Torna-se claro que a ecologia, mais do que uma técnica de gerenciamento de bens e serviços escassos, representa uma nova forma de relação para com a natureza e a Terra.
         Se triunfar a consciência do cuidado e da nossa responsabilidade coletiva pela Terra por nossa civilização, seguramente ainda teremos futuro.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 15 de maio de 2015, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 19 de maio de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de SUZANA FORTUNA BARROS, advogada, associada do Escritório de Advocacia Lapa e Goes e Goes em Salvador, e que merece igualmente integral transcrição:

“Direito à cultura e ao lazer
        A Constituição Federal, entre os direitos fundamentais e suas garantias sociais, traz, além de muitos outros, o direito à cultura e ao lazer. No Brasil, o primeiro é previsto na Carta Magna como fundamental do cidadão, cabendo ao poder público possibilitar efetivamente a todos a fruição dos direitos culturais, mediante a adoção de políticas públicas que promovam o acesso aos bens culturais, a proteção ao patrimônio cultural, o reconhecimento e proteção dos direitos de propriedade intelectual bem como o de livre expressão e criação. O direito à cultura é uma eficácia da garantia social ao lazer, uma vez que impõe como competência da União, estados, Distrito Federal e municípios a proteção aos bens de valor histórico e artístico e a promoção ao meio de acesso a cultura, a educação, a ciência, a tecnologia, a pesquisa e a inovação, não perdendo de vista o esporte, como um meio de lazer.
         Muito embora o lazer e a cultura, na prática, tenham se mostrado direitos relegados ao segundo plano, eles tangenciam diversas áreas das garantias sociais e individuais, a exemplo do direito a educação, trabalho, segurança, proteção à infância, direitos autorais e artísticos. O direito da cultura e entretenimento pode ser traduzido, então, como um direito fundamental, como uma garantia social, onde á aplicado às atividades culturais e desportivas, com o objetivo de proporcionar segurança jurídica e garantir o respeito às leis no desenvolvimento das artes e dos esportes, bem como promover seu acesso à sociedade.
         Não há dúvida de que a Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e a Lei do Audiovisual (Lei 8.685/93) possibilitaram a amplitude das políticas públicas relacionadas a cultura, lazer e esporte, a exemplo do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). As leis surgiram com o escopo de incentivar o investimento em cultura em troca, a princípio, de incentivos fiscais, pois com o benefício no recolhimento do imposto a iniciativa privada se sentiria estimulada a patrocinar eventos culturais. Com a Lei Rouanet, surgiram três formas possíveis de incentivo no país: o Fundo Nacional de Cultura (FNC), os fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart) e de Incentivo a Projetos Culturais, por meio de renúncia fiscal (Mecenato). Ocorre que, com o tempo, a lei foi ficando defasada, além de ter sido totalmente mitigada com a implementação de medidas provisórias (MPs) e destinação de recursos divergentes daqueles do mercado artístico, cultural e desportivo.
         O surgimento da internet, o equilíbrio na inflação e a mudança do contexto artístico, cultural, político e econômico do Brasil para o mundo fizeram com que o Ministério da Cultura (Minc) incentivasse uma mudança, surgindo então o Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura (Procultura) – Projeto de Lei 6.722/10 –, que alterou a Lei Rouanet. O apoio do Minc aos projetos culturais por meio da lei federal e também por editais para projetos específicos, lançados periodicamente, valoriza a diversidade e o acesso à cultura.
         Hoje, a cultura se tornou-se uma economia estratégica no mundo, que depende não só do investimento público como do privado. O acesso à cultura e ao lazer está diretamente ligado a um novo ciclo de desenvolvimento do país: a universalização do acesso, diversidade cultural, desenvolvimento da economia e cultura. A realização de eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas leva as empresas a injetar investimentos maiores nos atletas, assim como nos eventos culturais nas localidades onde são realizados. Em meio a esse turbilhão de direitos e garantias fundamentais, mesmo com o esforço do governo nas diversas tentativas de implementação de políticas públicas, é válido destacar que, embora levado a segundo plano, o direito a cultura e entretenimento, em verdade, está saindo dessa zona de subdireito, para se lançar como uma potencial garantia jurídica.
         Festivais de artes, espetáculos, shows e festas estão sujeitos a uma série de controles e restrições, o que ocasiona grande impacto urbanístico e ambiental e, por envolverem interesses de uma grande gama de categorias especiais, como crianças, adolescentes, consumidores, estudantes, entre outras, exigem um amplo conhecimento nas diversas áreas jurídicas, além de abranger um grande número de leis esparsas das mais diversas naturezas: algumas locais, outras estaduais e nacionais, que têm que ser conhecidas por todos aqueles que se propõem e se dedicam à realização de eventos no país. O direito à cultura e ao entretenimento não só tem espaço no mundo jurídico como reina em diversas áreas que burocratizam e disciplinam arte, cultura, lazer, esporte, educação e quantos ramos forem necessários para se garantir a efetividade do exercício da garantia constitucional, seja a um cidadão comum, seja a um empresário.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças – Anefac –, a alta de abril dos juros  do cartão de crédito chegou a 295,48%  ao ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade das crônicas paralisações de obras e serviços públicos, gerando perdas bilionárias...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...     
      

         

segunda-feira, 18 de maio de 2015

A CIDADANIA, A CULTURA DA SUSTENTABILIDADE E A FORÇA DAS MUDANÇAS

“Crise faz o mecenato social perder força no Brasil, o que é um erro
        Segundo o Relatório 2014 Bisc Comunitas (Benchmarking de Investimento Social Corporativo), houve queda no valor investido pela Iniciativa privada em responsabilidade social – de 2012 para 2013, o capital investido caiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 1,6 bilhão, sendo que 33% das empresas que reduziram seus investimentos apontam o cenário econômico desfavorável como responsável por essa mudança.
         Triste realidade. Em meio à instabilidade econômica, uma das primeiras frentes que sofrem com cortes de “budget” são aquelas voltadas ao trabalho social. Isso acontece porque muitos empresários não enxergam a tangibilidade das ações sociais e como isso pode ser favorável para seu negócio, principalmente em momentos de crise.
         Iniciativas com foco na redução das desigualdades sociais e na promoção da cidadania são sérias demais e merecem ser tratadas como produtos sociais. Devem ter público definido, durabilidade, divulgação, benefício comprovado a quem se destina e dar retorno de imagem para o investidor. Os resultados desse tipo de investimento podem ser mensurados qualitativamente, e, quando uma empresa mostra para a sociedade que, mesmo em situação de crise, não abre mão de esforços e capital para melhorar a vida das pessoas, o reconhecimento ainda é maior.
         Mas, em tempos de crise, segurança é a palavra de ordem para qualquer centavo a ser empregado. Por se tratar de ações que geram benefícios considerados erroneamente, muitos gestores ainda não conseguem enxergar além dos números. Por outro lado, as empresas contratadas para viabilizar as ações tampouco apresentam os resultados de forma clara e convincente. Da mesma forma que um produto é colocado no mercado e conquista espaço à medida que o público percebe seu valor, um projeto social deve gerar resultados concretos para o dia a dia das pessoas e também aos olhos de quem acreditou e investiu.
         A prestação de contas deve ser exigida. Já que existe insegurança em relação aos aportes feitos em responsabilidade social, por que não cobrar das executoras que as contas sejam analisadas por uma companhia independente de auditoria? Mudanças como essa culminariam na profissionalização das relações com o terceiro setor e, provavelmente, na volta do apetite por investir.
         Ainda seguindo a lógica empresarial, faz sentido aplicar capital financeiro, humano e criativo em iniciativas que diminuam as desigualdades socioeconômicas, facilitem o acesso à saúde, à educação e à qualificação profissional, combatam a violência em suas mais profundas raízes e em outras necessidades de nossos dias, se esses esforços trouxerem benefícios de imagem à empresa. É legítimo por parte das companhias almejar que suas marcas sejam relacionadas a causas sociais. Está comprovado que somente o setor público não consegue arcar com os custos. O “private contributer” é essencial para o desenvolvimento das sociedades.
         Períodos de crise como o que o Brasil atravessa propiciam mudanças. O país precisa de mecenas que incentivem a produção social, contribuindo para que haja transformações em seu cenário. Não há nação que se desenvolva abandonando os seus cidadãos. É muito fácil responsabilizar apenas o setor público pelas agruras da atualidade. Se forem assumidas a parte que cabe ao Estado, às instituições privadas e a necessidade de se realizar um trabalho sério e confiável por parte das companhias e ONGs que atuam no terceiro setor, será possível construir uma sociedade mais justa e próspera para os brasileiros.”

(LEONOR SÁ MACHADO. Empresária e professora, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 16 de maio de 2015, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 15 de maio de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Mudanças nas crises
        As crises que se apresentam no horizonte da sociedade brasileira configuram-se em enormes desafios, um peso que incomoda. No entanto, é oportuno considerar a crise momento para se substituir dinâmicas e qualificar processos. É uma fase desafiadora e arriscada e os resultados podem ser benéficos ou prejudiciais, determinados pelos acertos ou equívocos nas decisões. As crises econômica, hídrica, moral, existencial e outras tantas que se apresentam recaem sobre o conjunto da sociedade e permeiam toda sua estrutura. Uma situação cheia de perigos, mas também com sementes fecundas de renovação.
         Essa fase crítica gera desorientação, desconfiança e até desespero. Fragiliza as instituições e exige mais das instâncias governamentais no exercício da insubstituível tarefa de garantir o bem comum e o equilíbrio político. Mas, também, aciona o instinto de sobrevivência e a vontade de encontrar saídas. E mesmo quando se sabe que a solução de uma crise suscita outros problemas, que pode projetar novos quadros desafiadores, é imperativa a busca de soluções, conduta profundamente vinculada ao tecido da cultura de uma sociedade em crise. E a qualidade desse tecido é que permitirá uma reação compatível com os desafios postos. Nesse horizonte, a crise só pode ser enfrentada à medida que se entra num processo profundo de transformação. Ela se instaura exatamente quando funcionamentos se tornam obsoletos e há falta de respostas novas; porque cresce a lista de necessidades e se configura uma fragilização de processos variados em razão dos procedimentos comprometidos, como é o caso endêmico da corrupção.
         Faz-se urgente priorizar, entre a resposta à crise, a aposta em uma profunda e radical mudança cultural. Sabemos que não é simples. Processos dessa natureza são demorados. Mesmo assim, é preciso investir em fórmulas eficazes na superação dos desafios. A resposta pode estar em novas soluções e em uma cultura mais solidificada pronta para enfrentar as  novas crises, mas, também, aquelas que são permanentes. Como exemplo, é válido considerar a crise hídrica na sua exigência de providências técnicas e logísticas, como também a atitude simples e determinante de cada consumidor. Entre as indicações práticas no enfrentamento dessa situação aparecem necessidades como não se tomar banho demorado ou economizar água quando se escova os dentes. Tudo isso parece banal e muito doméstico para constar na pauta pública. Mas aqui é que se toca mais profundamente o tecido cultural de uma sociedade que ainda precisa aprender a discernir o limite entre economizar e esbanjar. Essa referência que até parece comum revela o quanto gestos, atitudes e escolhas que constituem a base do tecido cultural e o cotidiano da sociedade têm consistência ou operam em estado de emergência, de alarme, no seu papel de civilidade e autêntico sentido de cidadania. Em questão, portanto, está o comprometimento a compreensão de que é preciso investir, sobretudo, numa perspectiva de radicais mudanças culturais. Caso contrário, o conjunto da sociedade se constitui em condição de parasita, esperando que apenas instâncias governamentais e empresariais solucionem as crises. Às lideranças, cabe agir com a consciência do serviço, do dever de buscar o bem comum.
O enfrentamento da crise é frágil e não consegue incidir na realidade se não imprime a velocidade esperada aos processos. É alto o preço a se pagar pelos prejuízos causados pela morosidade e escolhas pouco inteligentes ou que desconsideram as razões humanísticas e humanitárias. E não menos graves são os danos provocados pela mesquinhez de indivíduos, grupos ou classes que viram as costas aos clamores da realidade e se recusam a gestos de desprendimento ou sacrifícios pelo bem comum. Esperam a superação da crise como resposta a interesses de confortos particulares e não como atendimento de demandas cidadãs.
         Bem adverte o papa Francisco na sua exortação apostólica, A alegria do evangelho, sublinhando o prejuízo que traz essa cultura em que cada um pretende ser portador de uma verdade subjetiva própria, que dificulta a indispensável inserção de cada cidadão em um projeto comum que vá além dos benefícios e desejos pessoais. A grande crise, portanto, é cultural e seu enfrentamento só pode se dar com grandes mudanças culturais.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças – Anefac –, a alta de abril dos juros  do cartão de crédito chegou a 295,48%  ao ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade das crônicas paralisações de obras e serviços públicos, gerando perdas bilionárias...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...