(Setembro = mês 81; faltam 89 meses para a Primavera Brasileira)
“Obrigado, Dad
Perdemos
Dad Squarisi, editora de opinião do ‘Correio Braziliense’, no qual também
publico artigos meus há mais de três décadas. Por isso decidi compartir uma
resposta à pergunta que ela me fez há muitos anos: por que nossa educação é tão
ruim e tão desigual?
O
primeiro erro está em nossa certidão de nascimento. Pero Vaz de Caminha
escreveu que, em se plantando, tudo dá, sem completar com: desde que as pessoas
sejam ensinadas. Criou-se a ilusão de que, em terra tão rica, não seria
necessário estudar. Erramos ainda mais quando dividimos o país entre brancos,
para usufruir, e negros, para trabalhar, oferecendo escolas com pouca qualidade
para os primeiros e negando-as totalmente aos outros.
Jamais
tivemos educação como propósito de orgulho nacional. Tratamos educação como
assunto privado da família que pode pagar ou sob responsabilidade pública dos
municípios pobres e desiguais. Nossas crianças são municipais, não nacionais.
Só no
século XXI tentamos universalizar a matrícula de quase todos, ignorando que
apenas alguns frequentam, poucos assistem, apenas metade permanece até o final
da educação de base e, destes, raros aprendem o que é necessário para se
considerar alfabetizado aos desafios da contemporaneidade. Erramos, na direita
e na esquerda, ao nos contentar com alforria para alguns, por cotas ou bolsas,
em vez de garantir a abolição para todos, graças à educação de base com a mesma
qualidade.
Nacionalmente,
priorizamos o ensino superior, sem ver que a educação de base é o alicerce. Por
isso, erramos ao não tratar o magistério do primário e do secundário – na
remuneração, nas condições de trabalho e no reconhecimento – como a carreira
que forma todas as carreiras, prepara pessoas para a vida e para construir o
país. Não percebemos que o futuro do Brasil tem a cara da escola, onde hoje
estudam os filhos de seu povo.
Erramos
ao comemorar escolas que parecem boas quando comparadas com as péssimas às
quais nos acostumamos, mas distantes do que necessitamos para construir uma
sociedade eficiente e justa. Também ao comparar ligeiros avanços em algumas
cidades com a tragédia das outras que não avançaram, em vez de comparar cada
cidade nossa com as melhores do mundo.
Erramos
ao não perceber que continuamos errando ao não adotar estratégia para a
construção de Sistema Único Nacional Público de Educação de Base Federal com a
máxima qualidade para todos.
Triste
saber que a Dad não lerá esta resposta, mas continuamos esperançosos de que um
dia o Brasil construirá seu sistema escolar com a qualidade e a equidade que
ela desejava; e gratos porque, ao inspirar e ao editar, ela nos ajudou.”.
(Cristovam Buarque. Professor emérito da UnB e
membro da Comissão Internacional da Unesco para o Futuro da Educação, em artigo
publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 25 de agosto de
2023, caderno OPINIÃO, página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.arquidiocesebh.org.br,
mesma edição, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo
metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Saber esperançar
Saber
esperançar é alcançar fortaleza e lucidez para enfrentar as dinâmicas do mundo
contemporâneo – inadiável tarefa. Sugestiva é a expressão da cultura popular
que ensina: ‘a esperança é a última que morre’, infundindo ânimo e coragem para
superar as labutas cotidianas. O apóstolo Paulo orienta ‘esperar contra toda
esperança’. Isto significa buscar uma dimensão espiritual com propriedades para
ultrapassar estreitezas de uma simples esperança, alimentada por expectativas,
promessas ou jogos. A luz da esperança alicerçada na fé é o candeeiro que
ilumina rumos, escolhas e conquistas, em um mundo de muitas sombras, fechado
sobre si mesmo. Uma realidade marcada pelo acirramento de tudo o que está na
contramão do viver humano em plenitude. A luz da esperança conduz a um saber
essencial para dar rumos novos à humanidade, à vida de cada pessoa, sustentando
um dia após o outro.
Os
retrocessos civilizatórios que ferem a sociedade contemporânea indicam a
necessidade da luz da esperança. Não se trata de uma aposta cega e
inconsistente, mas compromisso com uma nova ordem social, política e cultural.
Uma nova ordem que permita a superação das guerras e dos fracassos que
disseminam, ainda mais, o medo paralisante. Esse medo conduz o ser humano à
indiferença, aos distanciamentos, particularmente dos pobres e dos vulneráveis.
Ao contrário do medo que paralisa, a necessidade urgente deste tempo diz
respeito à prática do bem, com amor, justiça e solidariedade. E nesse caminho,
conquistas podem ser alcançadas quando se cultiva o saber esperançar –
habilidade para edificar o que é necessário à realidade atual, superando a
indiferença que configura muitas situações emolduradas pela mesquinhez.
Saber
esperançar é abrir-se ao mundo. Isto pode levar à abertura do próprio mundo que
está fechado. A lógica do saber esperançar tem força para impulsionar
inovadoras atitudes, bem diferentes daquelas que se alicerçam na tentativa
crescente de dominar o semelhante. Modos de agir que também se distinguem de
projetos mesquinhos e excludentes, promotores de uma verdadeira semeadura do
desânimo. Assim, saber esperançar é itinerário para novos rumos que levam à
vitória sobre o medo paralisante, à superação de escolhas e ações
injustificáveis. E a fé cristã é importante fundamento para a experiência e a
aprendizagem do saber esperançar. A esperança cristã é fidedigna e oferece
propriedades que renovam a coragem de perseverar – jamais desistir do bem.
Na
contramão do saber esperançar está a desesperança, plataforma do fracasso. Os
desesperançados também correm mais risco de praticar absurdos na defesa de si e
em prejuízo do bem de todos. Cabe, pois, a pergunta: em que consiste esta
esperança cristã, fonte do saber esperançar? Sua configuração, acima de tudo,
indica que saber esperançar, com consistência, é habilidade cultivada no
encontro com Cristo. Sem Deus, toda esperança perde fundamento e sustento. O
viver humano precisa ancorar-se em uma esperança que lhe faça avançar,
contemplando horizontes que se configuram para além das evidências ou de
lógicas técnicas. Saber esperançar é desvencilhar-se de um mundo tenebroso e
não fadar-se a um futuro obscuro. Os cristãos são chamados à adoção de
dinâmicas e de valores alicerçados na sua fé, capazes de proteger a vida de
fracassos e vazios existenciais.
O
Evangelho de Jesus Cristo, mais do que narrativas de fatos, oferece mensagem
capaz de gerar mudanças e configurar entendimentos novos, que revestem a vida
de sentido, mesmo quando são enfrentados obstáculos e vicissitudes. O ser
humano não dá conta de um viver assentado em aparências ou alimentado por
esperanças fugazes. Não basta, pois, alcançar reconhecimento nas ordens
institucional e social, nem acumular riquezas e bens. Ora, o cristão sabe o que
esperar do futuro, embora não o conheça em detalhes: a vida não acaba no vazio.
Quem tem essa esperança conquista novo mundo de viver, dando qualificado rumo à
própria existência a partir de uma adequada competência humana e espiritual.
Ressalte-se
que a fonte da esperança cristã é o encontro pessoal e comunitário com Jesus
Cristo. Ora, conhecer o Deus verdadeiro é abrir-se à esperança que se acende,
feito luz, conferindo luminosidade à vida. Uma luminosidade que capacita o ser
humano a enfrentar com destemor até o mistério da morte, inspirando modos de
agir no mundo emoldurados por qualidade humanística e espiritual. Saber
esperançar tem incidências relevantes na mundividência e nas interpretações que
orientam a conduta de cada pessoa. No horizonte da esperança cristã podem ser
reconhecidos adequados critérios para um qualificado exercício da cidadania e
do poder político, contribuindo para avanços na promoção da justiça e na
efetivação da amizade social.
A vida
não é um simples produto das leis e da matéria. Quem aprende esperançar
ampliando o horizonte de compreensão sobre a existência humana encontra o
caminho da verdade, pauta-se por ela. Consegue, assim, lidar de modo diferente
com as circunstâncias todas do seu viver, até o seu sentido último,
ultrapassando o tempo e o espaço. A esperança cristã é luz que se projeta sobre
as obscuridades contemporâneas, e o seu cultivo reveste o ser humano de uma
grandeza capaz de sustentá-lo em seus desafios, sofrimentos, a partir da
consciência de que o viver não termina com a morte. Neste tempo de tantos
desapontamentos e contradições, saber esperançar é remédio e sabedoria.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil, com o auxílio da
música, yoga e shantala (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de
idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos
nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação
profissional (enfim, 133 anos depois, a República proclama o que esperamos
seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de
maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova
pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da
civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da
sustentabilidade... e da fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2023, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,556 trilhões (49,40%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 2,010 trilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
62
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2023)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar - jamais, jamais e jamais para subir,
dominar e destruir!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos inestimáveis recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes ...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”.
- (Re)visitando o Santo Graal, para uma vida
virtuosa: “... porque és pó, e pó te hás de tornar. (Gen 3,19)” ...
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrimas,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!