quinta-feira, 28 de outubro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DO BEM-ESTAR, EFETIVIDADE E HARMONIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DA COP-26 PARA A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL NA SUSTENTABILIDADE

“Como mudar a cultura

   de uma organização?

A pergunta chegou a mim como solicitação de uma empresa que queria criar um programa de wellness para seus colaboradores. Achei curioso e pensei: “Cabe uma reflexão”.

         Cultura é o conjunto de saberes, valores e princípios que dá o tom das dinâmicas dentro de um grupo social. O grupo, por sua vez, é composto de pessoas. E as relações entre esses indivíduos tem o poder de reforçar ou desconstruir os hábitos preestabelecidos naquele contexto.

         Relações são sempre trocas. Influenciamos o meio no qual estamos inseridos e somos por ele influenciados. Ou seja: cada pessoa que compõe um grupo deixa sua marca e leva consigo as vivências ali experimentadas. O que nos leva à conclusão imediata, e quase óbvia, de que, para se alterar uma cultura, é necessário transformar os indivíduos que a compõem.

         A forma como agimos e reagimos depende essencialmente de quem somos e de como estamos. Nossas memórias, crenças, traumas, humores e prévias experiências têm um papel determinante na interpretação que fazemos dos fatos que nos envolvem. E, como cada um de nós tem uma história diferente, é natural que, diante de um mesmo fato, tenhamos interpretações divergentes. Daí nasce a diversidade. E daí nascem, também, as intolerâncias.

         Insistimos em acreditar que as nossas perspectivas são sempre absolutas e, dessa forma, deixamos de reconhecer que o outro carrega dores e sabores diferentes dos nossos. Nós nos sentimos no direito de acreditar que nossas interpretações e emoções são mais legítimas do que as demais e, dessa forma, tentamos impregnar no outro a nossa visão de mundo – que, no fim do dia, é só nossa, visto que, se ninguém mais viveu as experiências que vivemos, ninguém mais vai enxergar a vida da forma como fazemos.

         Quando se fala em diversidade e cultura no meio empresarial, há que se entender que somos diversos não só em raça e gênero, mas principalmente nas ideias, nas pulsões, nas crenças e predileções. Por isso, para desenhar um ambiente organizacional harmônico, é necessário criar habilidades para equilibrar as relações que ele envolve.

         Se relações são trocas e se o que manifestamos depende de quem somos, não há, portanto, outra saída a não ser dar aos colaboradores ferramentas para que sejam o melhor que podem ser. A falta de gestão emocional, os hábitos poucos saudáveis, o estresse, a ansiedade e os distúrbios de sono vão impactar a forma como cada indivíduo vive e, claro, a forma como participa da dinâmica do grupo. E isso tem, seguramente, mais impacto na cultura organizacional do que um banheiro sem gênero.

         Só se cria diversidade criando espaço para liberdade. E a liberdade do outro só é respeitada quando a nossa está em dia. Essa construção depende, essencialmente, da dose de autoestima, equilíbrio emocional e resiliência que carregamos do lado de dentro.

         Por isso, respondendo à pergunta que me foi feita pela organização em questão, só há uma resposta possível: a cultura é transformada, de verdade, quando a organização se propõe a transformar indivíduos. Se quiser modificar um ambiente, comece atuando nas pessoas que o compõem.”.

(Carol Rache. carol@carolrache.com.br, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 22 de outubro de 2021, caderno INTERESSA, coluna FILOSOFADAS, página 13).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 11 de agosto de 2021, caderno opinião, coluna TENDÊNCIAS / DEBATES, página A3, de autoria de Alok Sharma, presidente da COP-26, reunião internacional sobrea a crise do clima que acontece de 31 de outubro a 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, e que merece igualmente integral transcrição:

“COP-26 é a última chance

   de mantermos o 1,5ºC vivo

Em novembro, Glasgow, na Escócia, receberá o mundo para a 26ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP-26. Este é o momento de colocarmos o planeta no curso certo para lidar com a grande ameaça das mudanças do clima e construir um futuro promissor para todos.

         Sabemos o que fazer. Em 2015, por meio do Acordo de Paris, o mundo se comprometeu a limitar o aumento global da temperatura a 2ºC, esforçando-se para mantê-lo abaixo de 1,5ºC. A ciência nos diz que isso evitaria os piores efeitos das mudanças climáticas.

         Entretanto, o mundo não chega nem próximo do suficiente. Como presidente da COP-26, tenho testemunhado de perto esses efeitos. O Brasil não é exceção: partes do ecossistema único da floresta amazônica estão sob o risco de se transformarem em um tipo de savana, e eventos de seca tendem a se intensificar, com consequências para a produção de energia e de alimentos.

         Para nos mantermos a 1,5ºC, devemos cortar pela metade as emissões de carbono até 2030. Está década é decisiva – e, por isso, a COP-26 é crucial. Como presidente da conferência, estou trabalhando com todos os países, empresas e sociedade civil em um plano de quatro pilares.

         Primeiro, precisamos colocar o mundo em um caminho de redução de emissões até que alcancemos a neutralidade de carbono em meados do século. Para isso, os países devem anunciar metas claras de redução, incluindo para 2030, que sejam consistentes com a neutralização até 2050. Essas metas precisam estar ancoradas na ciência para que não sejam apenas intenções vagas. Também precisamos ver ações dos setores mais poluentes. Glasgow precisará ser a COP que relegará o carvão para a história, que indicará uma data para o fim de veículos poluentes e que pedirá um basta ao desmatamento.

         Nosso segundo objetivo é proteger as pessoas e a natureza. A crise climática já é uma realidade. Precisamos resolver as reais necessidades de defesa contra enchentes e criar sistemas de aviso, além de outros esforços vitais para diminuir e lidar com as perdas e danos causados pelas mudanças do clima.

         O terceiro objetivo é sobre o financiamento. Sem ele, todo o resto será quase impossível. Países ricos precisam cumprir a promessa de prover US$ 100 bilhões por ano para apoiar as nações em desenvolvimento. O Reino Unido já lidera pelo exemplo, tendo comprometido 11,6 bilhões de libras entre 2016 e 2025. Precisamos que todos os países ricos deem mais. É uma questão de confiança.

         Quarto, precisamos trabalhar juntos para cumprir esses objetivos. Isso inclui criar consenso entre os governos para que as negociações em novembro sejam um sucesso. Da mesma forma, precisamos trabalhar com o setor privado e a sociedade civil.

         Nos últimos dias, me encontrei com representantes dos governos federal, estaduais e municipais, do setor privado e da sociedade civil em Brasília. Conversei sobre como o Brasil pode alavancar seus compromissos climáticos em linha com as bem-vindas promessas do presidente Jair Bolsonaro feitas em abril. Foi ótimo escutar que o país vai apresentar em novembro, na COP-26, seu plano para alcançar emissões líquidas zero em 2050 e eliminar o desmatamento ilegal até 2030.

         Fiquei muito contente em presenciar os compromissos de estados, cidades e empresas na campanha “Race to Zero”. Juntos, os estados representam cerca de 50% das emissões e 50% do PIB do Brasil. Foi ótimo também ouvir representantes do Congresso sobre seus planos de aumentar a ambição na meta contra o desmatamento ilegal.

         Como potência ambiental e agrícola, o Brasil tem um importante papel no combate às mudanças do clima e uma enorme oportunidade de se beneficiar do aumento de fluxos financeiros que deverão ser gerados.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 339,5% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 128,6%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 10,25%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

 

          

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A TRANSCENDÊNCIA DO DIREITO, JUSTIÇA, SOLIDARIEDADE E FRATERNIDADE NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E AS LUZES DO AMOR INCONDICIONAL, VALORES E PRINCÍPIOS ÉTICOS E MORAIS NA QUALIFICAÇÃO DA POLÍTICA NA SUSTENTABILIDADE

“Nei Lopes, pensador do direito à imaginação

        Os meus maiores professores de direito foram, paradoxalmente, aqueles que não colocavam leis e códigos como ponto central de suas aulas.

         Para esses mestres as questões jurídicas, embora de inegável relevância, nem de longe poderiam dar conta de explicar o mundo e seus problemas. Antes, pela contrário, é o debruçar-se sobre o mundo e suas complexidades que nos permite entender o que o direito é.

         Por isso, meus grandes mestres no direito também são grandes mestres na observação da vida e da sociedade.

         Nascido no Rio de Janeiro em 1942, Nei Lopes formou-se em ciências sociais e direito pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e se tornou um dos maiores compositores e escritores brasileiros.

         Logo notou que os muros da faculdade de direito não eram apenas físicos, mas intelectuais. Muros que se erguem para separar o direito da vida real, cheia de sofrimentos e contradições que leis não podem dar conta. Muros que aparecem na forma de um palavrório impessoal, uma linguagem “cheia de preliminar”, como Nei Lopes aponta em sua música “Justiça Gratuita”.

         Em seus mais de 37 livros, suas músicas e poesias, dedicou-se a desvendar aspectos da vida que não poderiam ser retratados nos limites dos manuais de direito. Como artista, tem uma contribuição imensa para a cultura brasileira. Suas composições musicais revelam como, em um país marcado pela pobreza e pela violência, pessoas criam em seu cotidiano sentidos éticos, estéticos e políticos para a própria existência.

         Destaco a contribuição de Nei Lopes no campo teórico, notadamente nos estudos sobre o pensamento africano e o pensamento brasileiro.

         Temos em Nei Lopes um dos mais importantes estudiosos contemporâneos das culturas africanas e afrolatinas. Ao menos duas importantes lições sobre a formação social brasileira surgem da pena de Nei Lopes. A primeira é que somos nós, brasileiros, constituídos por uma “africanidade”, cujas marcas não estão apenas em nossos corpos, mas sobretudo em nossas almas.

         A segunda lição é que faz parte da história do Brasil a negação sistemática dessa mesma africanidade, algo que se revela na ação das instituições políticas e jurídicas, tradicionalmente fiadoras do racismo e da desigualdade. As contradições entre o Brasil oficial e o Brasil dos subúrbios, periferias e favelas são genialmente retratadas por Nei Lopes na música “Águia de Haia”.

         Ao nos apresentar a filosofia africana, Nei Lopes fornece subsídios para uma reflexão crítica acerca de temas cruciais da filosofia do direito. Em “Filosofias Africanas: Uma Introdução”, escrito em parceria com Luiz Antonio Simas, escreve: “Conforme a boa herança africana, o indivíduo se situa no mundo não se afirmando contra o outro e contra aquilo que supostamente não lhe diz respeito, mas se percebendo como uma parte da Natureza, força ativa que estabeleceu e conserva a ordem natural de tudo que existe (...) toda pessoa é útil e valiosa na comunidade, do nascimento até a morte”.

         Assim, fica aberta uma perspectiva filosófica sobre as relações humanas que não se restringe às visões de mundo predominantes e que são bem aceitas nas escolas de direito.

         Nei Lopes é, definitivamente, um pensador do direito, do direito fundamental à imaginação, que consiste em projetar um mundo de respeito a todas as formas de viver; direito de imaginar um mundo de solidariedade, de substancial igualdade e de amor verdadeiro.

         Vida longa a Nei Lopes, doutor do direito e da vida.”.

(Silvio Almeida. Professor da Fundação Getúlio Vargas e do Mackenzie e presidente do Instituto Luiz Gama, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 9 de julho de 2021, caderno poder, página A12).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 22 de outubro de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Golpes na ‘política melhor’

        O papa Francisco dedica o quinto capítulo da Carta Encíclica Fratelli Tutti à “política melhor”, oferecendo o desenho humanístico de um importante itinerário para a humanidade. Lições a serem aprendidas para consertar os desmontes sofridos pela política, promovendo correções e avanços na sociedade brasileira. Muitos problemas precisam ser enfrentados, a exemplo do desinteresse pelo contexto político. Esse desinteresse também é consequência dos que desvirtuam a política. É necessária uma civilizada reconfiguração do exercício da política que, além de resgatar a nobreza própria de seus discurso, possa priorizar o bem comum e os parâmetros de uma sociedade democrática, em coerência com o que ensina a Doutrina Social da Igreja Católica.

         Assim, poderão ser superados atrasos alimentados por segmentos que se organizam nas instâncias do poder para beneficiar seus pares, mesmo descumprindo determinações da Carta Magna da Nação. A “política melhor” na sociedade brasileira tem sido, ao longo da história, sem obviamente deixar de reconhecer e reverenciar os que a promoveram de modo exemplar, fortemente golpeada, produzindo atrasos. Golpes que mostram a baixa estatura de representatividades, criando obstáculos para os que buscam exercer adequadamente a política.

         No atual momento, que pede uma reconstrução nacional, é especialmente importante investir na qualificação de critérios para escolhas relacionadas às instâncias de poder. O papa Francisco adverte, na sua Carta Encíclica, sobre o golpe na “política melhor” vindo de uma agressividade insana – insultos, impropérios, difamação, afrontas verbais que buscam destroçar a figura do outro.

         A agressividade social tem golpeado duramente a “política melhor”, com facilidades possibilitadas por dispositivos tecnológicos e, particularmente, pela pobreza de raciocínios: defensores aguerridos do que é indefensável se entrincheiram, atrasando passos na direção do bem comum. A mediocridade na tergiversação própria da política – das interações na vida cotidiana às instâncias do poder – explicita parcialidades que iludem, tornando difícil projetar, legislativa e executivamente, o que garante avanços.

         Lamenta-se muito pela manutenção onerosa de estruturas a serviço da disseminação de agressividades e de mediocridades no âmbito político, apontando a necessidade de cuidados para não ocorrerem retrocessos. Os golpes na “política melhor” precisam ser denunciados, expostos à sociedade, possibilitando aos cidadãos adequado discernimento na definição da escolha para a sua representação política. Não se pode acompanhar desinteressadamente, sem assumir o compromisso de se buscar efetivar incidentes transformações, quando se constata um vício civilizatório que compromete o bem comum.

         Os golpes na “política melhor” geram prejuízos, com a priorização dos interesses oligárquicos e o sacrifício do desenvolvimento integral. A sociedade fica refém de um tipo de representatividade que se limita a interesses partidários – muitos são alavancas para o retrocesso, pois se submetem à hegemonia do dinheiro – inviabilizando a construção de consensos.

         Toda mediocridade na representação dos cidadãos é um golpe na “política melhor”, com consequências negativas irreversíveis. Não menos graves são os golpes deferidos por diferentes tipos de ideologias que se abdicam do sentido de respeito. Mas é importante advertir: cegamente, ou interesseiramente, existem aqueles que se revelam combativos contra determinada ideologia, mas estão dominados por outra.

         Verifica-se na contemporaneidade a perda de todo decoro – uma perda ainda mais lamentável quando é constatada em um parlamentar – comprometendo o sentido inegociável de respeito a todos. Consequentemente, a civilização se inscreve em um tempo de muitas grosserias, envolvendo até autoridades políticas.

         A “política melhor” é, também, muito golpeada por interesses econômicos que viabilizam operações digitais, garantindo controle e dominação de modo antidemocrático. Não menos pesados são os golpes desferidos na “política melhor” por pessoas que se dizem religiosas, mas se enfileiram nas redes de violência verbal, com destemperos que comprovam as estreitezas de entendimentos, eivados por intolerâncias.

         Certo é o que diz o papa Francisco sobre o caminho para que a comunidade mundial efetive a fraternidade, na vivência da amizade social, em todos os níveis. Esse caminho precisa da política melhor – serviço ao bem comum.

         Vem, pois, uma indicação desafiadora: é necessária uma política salutar capaz de reformar as instituições e dotá-las de bons procedimentos, em uma visão ampla capaz de uma reformulação integral por meio de diálogos interdisciplinares, rejeitando e se contrapondo ao mau uso do poder, fazendo frente à corrupção, efetivando o respeito a leis e o compromisso com o bem comum. Um modo eficaz de conter golpes na “política melhor” – por excelência, expressão da caridade.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 336,11% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 124,89%; e já o IPCA, em setembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 10,25%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

 

  

        

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA UNIDADE NACIONAL, VISÃO OLÍMPICA E ESPIRITUALIDADE CONCILIADORA NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DAS FINANÇAS E ZELO COM A CASA COMUM NA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL NA SUSTENTABILIDADE

“Decadência ou unidade nacional?

        Desemprego elevado, pobreza gritante, concentração de renda, educação e saúde sem qualidade e desiguais conforme a renda e o endereço.

         Estamos no último ano do nosso segundo centenário como nação independente. Olhando para trás, há do que se orgulhar: a consolidação do quinto maior território do mundo, sexto maior em população, a economia entre as dez maiores, o país integrado pelo idioma, redes de assistência social, de saúde, de educação, de comunicação, de transporte, uma moeda equilibrada e um sistema político democrático.

         Mas, olhando o presente, há razões para se assustar: a economia em recessão persistente há anos, desemprego elevado, pobreza gritante, concentração de renda, educação e saúde sem qualidade e desiguais conforme a renda e o endereço, cidades degradadas, florestas queimadas, rios moribundos, pessoas famintas, jovens emigrando, violência generalizada, descrédito nas instituições. O primeiro ano do terceiro centenário se inicia sob incertezas, em um clima de desconfiança em relação ao futuro. O país atravessando um sentimento de decadência.

         O Brasil precisa enfrentar seu novo século de história buscando coesão e rumo que permitam dar vigor econômico e promover inclusão social. Isso só ocorrerá se buscarmos propósitos unificadores, pactos olhando o futuro.

         Pacto pela superação do vergonhoso quadro de pobreza que caracteriza a realidade em que vive nossa população, também pelo emprego e distribuição de renda. Pacto pela eficiência econômica e para garantir competitividade no mundo global, também pelo necessário avanço científico e tecnológico. Pacto pela infância e pela educação de base com qualidade para todos, sem distinção de gênero, cor, renda, endereço. Pacto pela juventude, trazendo-lhe esperança, confiança e desejo de viver no Brasil e aqui construir uma nação. Pacto pela paz nas ruas e pela boa convivência nas cidades. Pela proteção de nossas riquezas naturais e culturais, pela manutenção do valor de nossa moeda, pela garantia das liberdades e das instituições democráticas.

         Se formos capazes disso, o terceiro centenário será o tempo da consolidação da nação brasileira, tanto quanto os dois séculos anteriores foram tempo de consolidação do território e da infraestrutura básica. Se não formos capazes dessa unidade nacional, caminharemos para aprofundar a decadência das últimas décadas perdidas, podendo até mesmo perder as conquistas até aqui.

         Sem um grande pacto nacional que unifique aquilo que temos em comum, corremos o risco de sair da decadência para a desagregação social e territorial. O terceiro centenário seria o último do Brasil grande a que temos direito de sonhar. Ainda!”.

(Cristovam Buarque. Professor emérito da UnB e membro da Comissão Internacional da Unesco para o Futuro da Educação, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 10 de setembro de 2021, caderno OPINIÃO, página 17).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 25 de julho de 2021, caderno esg, coluna OPINIÃO, página 2, de autoria de Rodrigo Tavares, fundador e presidente do Granito Group; professor de Sustainable Finance and Economics. Nomeado Young Global Leader pelo Fórum Econômico Mundial, em 2017, e que merece igualmente integral transcrição:

“Alguém sabe o que são

  as finanças sustentáveis?

        No teatro de sombras contam-se histórias com marionetas por detrás de uma cortina branca contra a luz. A audiência lateja intrigada com a quase representação da realidade. Inventada há cerca de 2 mil anos, a arte foi ganhando novas dimensões. A última delas chama-se finanças sustentáveis.

         O público agigantou-se e avolumaram-se os espetáculos ao longo dos anos, mas continua-se sem saber o que está por detrás do pano.

         Quase todas as semanas surge uma nova pesquisa sobre o mercado regional ou global das finanças sustentáveis. Mas as estatísticas não são comparáveis ou credíveis.

         O problema é que não existe uma definição padronizada e universalmente aceita do que são finanças sustentáveis, nem das várias categorias de investimentos que utilizam políticas, práticas ou dados ambientais, sociais e de governança (ESG).

         O significado de “investimentos sustentáveis”, “responsáveis” ou “de impacto” é alvo de ampla subjetividade individual ou de tonalidades regionais.

         Na semana passada o regulador britânico, a FCA (Financial Conduct Authority), finalmente anunciou os Guiding Principles, que estabelecem boas práticas de integração ESG em fundos. Foi também lançado o Global Sustainable Investment Review, uma espécie de mapa mundi bianual da indústria. Não há consenso entre os dois em relação a definições.

         A FCA chega a postular que “investimentos de impacto”, que têm uma dimensão considerável no Brasil, são investimentos que não têm como objetivo retornos financeiros, mas apenas de impacto social ou ambiental positivos. Ao olhar para uma sombra galopante, alguns veem um cavalo, outros uma zebra.

         Se confiarmos no Global Sustainable Investment Review, o mercado de investimentos com ângulo ESG atingiu os US$ 35 trilhões (R$ 183,7 trilhões), um crescimento tímido de 15% em dois anos. Na América Latina, o relatório destaca boas práticas na Colômbia, Chile e México – o Brasil ficou fora do radar.

         O estudo indica também que houve um espantoso decréscimo do mercado ESG na Europa (-13%) “devido a mudanças significativas na forma como o investimento sustentável é definido nesta região ao abrigo da legislação da EU, tornando muito difíceis as comparações com versões anteriores deste relatório” (tradução livre).

         O mesmo estudo indica também que os investimentos de impacto caíram de US$ 444 bilhões (R$ 2,3 trilhões) para US$ 352 bilhões (R$ 1,8 trilhão) entre 2018 e 2020, enquanto a associação que responde por este tipo de investimentos, a Giin (Global Impact Investing Network), aponta que o volume total é de US$ 715 bilhões (R$ 3,7 trilhões). Ou seja, mais do dobro.

         Viveremos numa encenação de penumbras e silhuetas durante mais alguns anos. Mas pelo menos quatro iniciativas em desenvolvimento deverão oferecer as garantias e padronização que o mercado tanto busca.

         A Fundação IFRS, responsável pelas normas internacionais de contabilidade corporativa, deverá lançar em 2022 um novo sistema de contabilidade de dados ESG. Atualmente existem cerca de 30 metodologias (contrastantes) para as empresas reportarem o seu trabalho em sustentabilidade.

         Também no próximo ano, a ISSO, o BSI e o governo britânico, juntamente com representantes da indústria financeira, irão lançar o primeiro standard com pré-requisitos para fundos de investimentos serem considerados “responsáveis” ou “sustentáveis”.

          Para sabermos exatamente o que significa uma atividade econômica que contribui para objetivos ambientais ou sociais, a União Europeia continuará avançando no desenvolvimento de uma taxanomia. A versão ambiental desse catálogo entrará (parcialmente) em vigor em janeiro de 2022, enquanto a taxanomia social está em consulta pública até 27 de agosto.

         No contexto brasileiro, em breve a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) deverá também lançar um novo sistema de classificação de fundos para chegar à autorregulação do mercado de produtos ligados à sustentabilidade.

         Só nos próximos anos começaremos a ter uma fiel perspectiva do tamanho e do perfil do mercado global das finanças sustentáveis. O mesmo é verdade no Brasil. Apenas nessa altura se poderá, finalmente, construir uma prática financeira com bases sólidas.

         Quando cair a cortina e acabar a música, ouviremos o relinchar de uma égua ou o zurro de um jumento?”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 336,11% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 124,89%; e já o IPCA, em setembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 10,25%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.