quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O PODER DAS ESCOLAS NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL E A TRANSCENDÊNCIA DO AMOR E QUALIFICAÇÃO DA HUMANIDADE NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS NA SUSTENTABILIDADE

“Desenvolvimento integral: vivendo e aprendendo

        Não existe caminho para educação fora da realidade como ela é: inacabada. A presença de cada vida humana na Terra se manifesta no movimento e na consciência de nossa incompletude. O aprendizado é, portanto, um caminho longo e pode ser expresso pela fórmula de Bhaskara, por um dia no museu ou por aquele abraço de adeus. Até a areia quente nos pés descalços nos ensina, porque, na concepção de uma educação integradora, o corpo e as várias dimensões que perpassam a vida são importantes, sejam elas emocionais, culturais, intelectuais ou físicas.

         Em tempos de corpos distanciados, é necessário reinventar maneiras de viver. Mas, como nos diz Paulo Freire, a educação para a vida sempre assim se fez, se refazendo, transbordando espaços, tempos e conteúdos para além dos muros da escola.

         A unidade escolar, embora seja uma instituição-chave para a educação, não é o único lugar onde habilidades e conhecimentos podem ser conquistados. Embora não seja comum a reflexão sobre outros espaços que compõem o saber, um olhar mais atento perceberá que, mesmo nas salas de aula, diferentes mundos convivem por meio da bagagem de cada aluno e professor. Neste cenário, merece destacar o trabalho das Organizações da Sociedade Civil (OSCs), que sustentam oportunidades para crianças e adolescentes refletirem sobre o percurso de suas vivências, experimentarem novas linguagens e expressarem suas ideias.

         Assim como a educação transcende os espaços, o tempo da aprendizagem não termina quando bate o sinal da escola. Em momentos de confinamento fica ainda mais evidente que diversidade também se manifesta nos ritmos, na forma como cada um tem seu momento exato de chegar até a última linha e passar para a página seguinte. O respeito e a compreensão dessa amplitude de tempos para desvendar o mundo também fazem parte de um olhar para o desenvolvimento pleno.

         Neste momento histórico de crise, é de extrema importância o fortalecimento das instituições, das redes e movimentos de base que vivenciam essa concepção de educação, profundamente conectada às pessoas e à realidade, e que, a partir daí, evidenciam as consequências das desigualdades e da situação de direitos, mas também enxergam o poder de cada agente social na tarefa de transpor esse cenário.

         Por mais contraditório que pareça, o (des)envolvimento depende das relações, do comum que nos atravessa como seres sociais e coletivos para gerar autonomia. Autonomia de ser quem somos e ler o mundo com a mesma peculiaridade que marca a experiência de cada ser neste planeta.”.

(Fernanda Zanelli. Especialista da área de comunicação do Itaú Social; mestranda em ciência da informação (ECA-USP), com especialização em globalização e cultura e gestão de políticas culturais, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 29 de julho de 2020, caderno OPINIÃO, página 15).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 28 de dezembro de 2020, de autoria de DOIM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que merece igualmente integral transcrição:

“Ecoe a voz do amor

        Dia de Natal, deixe ecoar a voz do amor. O Natal remete a humanidade ao mistério maior, o nascimento de Jesus, estrela luzente no horizonte sombrio deste tempo, quando a humanidade sofre pelo luto, por suas perdas e angústias. Deixar ecoar a voz do amor é convite para experimentar a alegria extraordinária que tomou conta do coração dos pastores de Belém, gente simples e rude, nos limites próprios da vida da roça, capacitando-os para ver e escutar um mistério de amor que estava para além de suas compreensões. Ecos do amor maior rompem com o que é estreito e iluminam uma compreensão que jamais a acuidade da ciência pode permitir alcançar. Essa compreensão nasce da experiência de se buscar Deus, a fonte inesgotável do amor, do amor verdadeiro e duradouro, comprovadamente indestrutível.

         É o amor verdadeiro e duradouro que alicerça a verdade, convence sobre a importância de se dedicar ao bem, inspira convictamente o exercício da solidariedade, a busca por justiça, causando inquietação diante de preconceitos e discriminações. Do amor vem a força para multiplicar multidões de obreiros da paz, promotores da justiça e empreendedores de uma lógica nova nos funcionamentos da sociedade. O convite para deixar ecoar a voz do amor não é empreendimento humano. Sozinha, a humanidade não consegue alcançar uma realização dessa magnitude. A obra é de Deus, a fonte do amor, Deus é amor.

         O divino convite para que ecoe a voz do amor se revela no mistério da celebração do Natal do Senhor, o Verbo que se faz carne e põe sua morada no chão da humanidade. A humanidade é convidada a escutar a voz do amor. E só a Palavra, Cristo, Verbo encarnado, é a voz do amor. Aceitar este convite significa acolher Cristo. Requer um despir-se de pretensões orgulhosas para cultivar simplicidade, em tudo, e deixar-se guiar pela força de uma beleza capaz de transformar cada pessoa só pode ser alcançada a partir da intervenção de Deus. E a escuta da voz do amor requer silêncios para apurar percepções e aprofundar a interioridade – tudo renovando a partir do amor.

         A celebração do Natal se repete a cada ano, na singularidade da liturgia, na celebrada confessional da fé, a partir de práticas que fecundam a vivência deste momento. No atual contexto, de uma humanidade mais sofrida, afligida por uma pandemia, fechada sobre si mesma, nos seus cálculos egoístas e mesquinhos que geram milhões de excluídos, fome e miséria – uma sociedade temperada pelo insosso da indiferença – o Natal traz forte interpelação: deixe ecoar a voz do amor. Um apelo dramático, na hora última de um ano com perdas irreparáveis. Acolher a convocação do Natal é sonhar com uma humanidade nova, uma sociedade solidária. Por isso mesmo, a celebração do Nascimento de Jesus não pode ser vivida sem que se deixe ecoar a voz do amor. E a sociedade deve vencer o seu despreparo para escutar essa voz.

         Do silenciar-se para ouvir, sabe-se pouco. A superficialidade de gestos e reflexões empurra o ser humano na direção de algazarras que ferem a contemplação, criando o perigo de aglomerações que ameaçam a saúde, a escuta, o encantamento. Natal é tempo por excelência para fomentar o encantamento que possibilita o reencontro do belo que transforma, devolvendo sentido à vida, fazendo brotar, como nascente, a força de uma verdade libertadora que somente se revela no encontro com o amor maior.

         O Natal oferece uma possibilidade para que a civilização aprisionada, mesmo com tantos progressos científicos, possa avançar. Mas há, lamentavelmente, os que insistem em entender que o Natal é simples expressão poética, sem se aprofundar no seu genuíno sentido. Outros muitos, orgulhosos, permanecem encastelados no que julgam ser sabedoria, mas, na verdade, se resume a considerações inócuas e sem força transformadora. Ainda mais perigoso é o horizonte construído por confissões religiosas que incentivam práticas desalmadas, lugar de perversidades, apropriando-se de certos valores e princípios para deturpá-los, em busca de vantagem política e econômica. Por tudo isso, a humanidade continua a padecer com tristes situações, que incluem as desigualdades sociais vergonhosas e as depredações mesquinhas da natureza.

         Sem a genuína celebração do Natal, a interioridade humana poderá ser povoada por insatisfações e pela ausência de sentidos e, em casos extremos, à desistência da vida. A edificação de um novo tempo, contemplando solidariamente as dores da humanidade, sensibilizando-se ante os clamores dos pobres, sonhando com um mundo melhor, mais justo e fraterno, só será possível se a celebração do Natal for vivida de modo pleno: experiência simples de deixar ecoar no coração a voz de Deus, a voz do amor.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a estratosférica marca de 319,78% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 113,57%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,31%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

 

 

 

          

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA ARTE NAS ESCOLAS NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E AS COLUNAS DA ÉTICA, INTELECTUALIDADE E ESPIRITUALIDADE NA QUALIFICAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA NA SUSTENTABILIDADE

“Arte na escola

        Há cerca de 30 anos, sob a liderança de Evelyn Ioschpe, foi criado o Instituto Arte na Escola, para apoiar professores em seu trabalho de desenvolver nos alunos habilidades perceptivas, capacidade reflexiva e a formação de uma consciência crítica, todas competências importantes para o século em que vivemos.

         Acompanhei de perto o trabalho do instituto quando fui secretária de Cultura no estado de São Paulo e oferecemos um curso para professores da rede estadual paulista, a partir de uma proposta do Marcelo Araújo, então diretor da Pinacoteca. Os docentes tiveram uma formação sólida em arte-educação e conheceram bem o acervo do museu, forte em arte brasileira do século 19 e começo do 20.

         A partir daí, os alunos das escolas envolvidas tiveram visitas guiadas ao museu com seus professores e puderam fazer releituras das obras que mais gostaram, a partir de um estudo cuidadoso das circunstâncias da sua produção.

         Lembrei disso ao ler o interessante livro de Jal Mehta e Sarah Fine, “In Search of Deeper Learning” (Em Busca de Aprendizado Profundo, em tradução livre). Nele, os autores tentam entender os esforços de escolas de ensino médio dos Estados Unidos para construir um ensino mais contemporâneo.

         Sabemos que em tempos de 4ª Revolução Industrial, em que a automação substitui trabalho humano em grande velocidade, apenas contar com habilidades básicas não será suficiente. Assim, teremos que desenvolver nos alunos competências de nível mais sofisticado, como análises mais aprofundadas, pensamento crítico ou resolução colaborativa de problemas com criatividade. Isso demanda outra lógica educacional.

         Mehta e Fine buscaram, nesse contexto, descobrir escolas que propunham uma nova abordagem no processo de ensino. Em que engajamento, colaboração, investigações mais completas se combinassem, na aprendizagem dos alunos, com criatividade e pensamento sistêmico.

         Acharam diferentes exemplos, mas o que me chamou atenção foi o papel das eletivas, especialmente as de teatro, na análise dos autores. Segundo eles, foi nessas aulas que encontraram mais aprendizagem profunda. Os alunos montavam uma peça de teatro inteira, ensaiavam, preparavam o cenário e o vestuário colaborativamente, atuavam e aprendiam, ao mesmo tempo, a entender um contexto, uma mensagem e uma estética de outra época. Tudo isso em comunidade.

         Da mesma maneira, aprender a ler e reinterpretar obras de arte não somente amplia o repertório cultural como desenvolve habilidades urgentes em tempos de Revolução 4.0. Afinal, precisaremos de mais arte na escola e uma abordagem nela inspirada nas demais disciplinas.”.

(Claudia Costin. Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 9 de outubro de 2020, caderno opinião, página A2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 28 de dezembro de 2020, caderno A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“Tolos

        Economizar gastos prescindíveis é um deveer “sagrado” da gestão pública. O conceito, apesar de universalmente reconhecido, não é posto em prática. O “pecado” é próprio do egoísmo humano, da falta de respeito com o cidadão contribuinte, especialmente com aquele que mais precisa de atenção pública, o carente. O respeito ao princípio da austeridade levaria à diminuição da cobrança de impostos (o que parece utopia), com impacto universal sobre a população.

         Os planos lançados pelos diferentes governos dos últimos 200 anos se limitaram, mesmo quando declararam querer diminuir a carga tributária, a ampliar a fatia de recursos retirados do bolso do cidadão. Não há um caso sério para se analisar. É fato incontestável o constante avanço da carga tributária, nas últimas décadas, sobre a renda da família, concomitantemente ao crescimento da dívida pública, embora devesse ser exatamente o contrário. Não existe lei que obrigue peremptoriamente a geração de superávits reais, apenas intenções e sofismas.

         No Brasil, os superávits no passado, na maioria das vezes, eram apenas arranjo contábil e “pedaladas” indecentes. Os melhores momentos de expansão econômica sustentável se deram após alguns anos de estabilidade entre gastos e despesas. O equilíbrio das contas refletiu positivamente no orçamento das famílias, nos investimentos, nas atividades que empregam e expandem a produção de bens, alimentos e serviços, as exportações e o recolhimento de impostos que sustentam os serviços públicos.

         É simples, todavia impossível de se pôr em prática num ambiente em que grassam setores que enxergam apenas seus privilégios em prejuízo de quem trabalha. É claro que um ciclo de diminuição de gastos públicos, adotando austeridade e eliminação de desperdícios e de acintosos privilégios, provocaria maiores recursos para as famílias gastarem. Mais pessoas subiriam de renda, adquirindo autonomia para resolver seus problemas pessoais. O Estado tenderia a diminuir suas despesas, sem precisar asfixiar as atividades produtivas.

         No Brasil, parece utópico imaginar uma gestão pública responsável que possa merecer um prazo suficiente para um ajuste de arrecadação pelas vias da austeridade – embora seja essa a via mais curta e correta para diminuir desemprego, sofrimento e miséria e para alavancar o país inteiro no cenário mundial. Os gastos privados de uma economia pujante são diferentes dos gastos públicos; os primeiros engrandecem o PIB, distribuem, democratizam oportunidades e rendas.

         Como de fato essa regra singela nunca foi adequadamente ou minimamente adotada em nosso país, ocorre que os déficits públicos se ampliaram, e os juros decorrentes se transformaram no maior gasto público nacional, superior a tudo quanto se despende com previdência, saúde, educação e investimentos. Quem pensa ser necessária a adoção de uma fórmula liberalista ou socialista para consertar o Brasil se engana. A fórmula mais bem-sucedida dos últimos 30 anos é da China, baseada no pragmatismo.

         A economia, para dar certo, não reconhece direita ou esquerda, mas normas universais de sustentabilidade, de austeridade quase primitiva, que sempre estiveram no receituário dos países hegemônicos. Um regime democrático sem maturidade moral, ética e intelectual está fadado a enfrentar sérios obstáculos. Os piores inimigos são os setores privilegiados, os mais recalcitrantes, aqueles que temem perder poder e ganhos.

         A China se esbaldou do seu centralismo e da prática coercitiva – e até repressiva – para conduzir ao sucesso econômico a nação anteriormente mais miserável do planeta. Talvez essa miséria extrema tenha atiçado as medidas extremas. Foi assim que meio bilhão de seres humanos saíram da pobreza absoluta. Expandiu-se produção nacional incessantemente, incluindo as benesses do emprego e da modernidade sua população. Hoje, a China produz 90% dos computadores e smartphones do mundo e lidera a produção de aço, de veículos e de bens de consumo.

         Noutro lado do planeta, o Brasil é pautado pelas intrigas, pela “ineptissima vanitas” (tolíssima futilidade), pela abjeta disputa, pela luta pelos privilégios, pela ausência de planos e metas para alcançar o futuro. Incentivam-se as vias fáceis, os subterfúgios, o jeitinho. A burocracia (irmanada à corrupção) embrulha o progresso, defende privilégios de poucos, tornou-se refratária à justiça social.

         Uns, a título de socialismo, e outros, de fajuta modernidade, arrebentaram as contas públicas nas últimas décadas. Quem tem poder decisório não concorda em dar o exemplo, em ceder algo, em se prestar ao sacrifício momentâneo para reerguer o país. Tem hora que parece que a democracia, órfã de ética, intelectualidade espiritualidade, de pouco serviu.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a estratosférica marca de 319,78% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 113,57%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,31%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

  

 

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E AS LUZES DA CIÊNCIA E SOLIDARIEDADE NO APRENDIZADO E TRAVESSIA DAS PANDEMIAS NA SUSTENTABILIDADE

“O poder e a necessidade da transformação digital

        Um dos ensinamentos trazidos pela pandemia foi a importância de se adaptar e, principalmente, de se transformar, fazendo uso dos recursos e tecnologias disponíveis, até mesmo daquelas que, até mesmo daquelas que, até então, não eram empregadas em determinados mercados. E essa lição se aplica tanto para empresas quanto para profissionais.

         Quem já estava no caminho da transformação digital foi menos abalado pelo “tsunami” provocado pela Covid-19. Dados divulgados em novembro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam, por exemplo, que 54% das empresas que investiram em tecnologias digitais na produção registraram lucros iguais ou maiores, em comparação com o período pré-pandemia. A MRV Engenharia, por exemplo, soube contornar a crise e usar o digital a seu favor. A organização preparou seus canais digitais para que a busca por imóveis e o processo de documentação fossem feitos totalmente online. Dessa forma, a empresa registrou um aumento de 28% em suas vendas em julho.

         Esses resultados foram possíveis porque o investimento em tecnologia contribui para agilizar a comunicação interna e externa, reduz custos e torna a produção mais eficaz, já que otimiza os processos. Um exemplo recorrente em 2020 foram as reuniões online, que agilizaram acordos e mantiveram o andamento das negociações. Além disso, o digital contribui para a melhora da experiência do cliente, uma vez que no meio online a relação entre empresa e consumidor fica mais ágil.

         No entanto, algumas empresas ainda têm dificuldades de ingressar ou migrar para o digital. Isso acontece, principalmente, pela falta de colaboradores capacitados para lidar com novas tecnologias ou até mesmo por desconhecimento das possibilidades e recursos disponíveis. Por isso é importante que empresas e profissionais busquem por treinamentos, cursos de digitalização e verifiquem o que há de inovador na área em que atuam. A Natura, por exemplo, lançou a Consultoria Digital, que exigiu que as revendedoras modificassem a forma de vender e usassem a plataforma digital como meio de conectar com os clientes. O projeto possibilitou que cada vendedora tivesse sua loja online personalizada, tornando a relação com o consumidor mais próxima. Com isso, a empresa teve um crescimento de 75% em vendas online.

         Mesmo que a pandemia tenha exigido uma aceleração no campo digital dentro das corporações, tal implementação acontece por etapas. É importante analisar a situação atual da empresa e ver quais processos podem ser otimizados com o digital, depois deve ser feita a capacitação dos colaboradores. Além disso, cabe à empresa analisar os resultados que o uso do digital teve e ver quais pontos podem ser melhorados.

         A adoção de ferramentas e recursos digitais nas organizações ainda é algo recente e que está em constante desenvolvimento, afinal novas tecnologias surgem a cada dia. Por isso, é essencial acompanhar as transformações que acontecem no mercado, as novidades que surgem e investir de forma contínua em capacitação.”.

(Matheus Vieira Campos. Coordenador regional da Câmara Americana de Comércio de /belo Horizonte (Amcham_BH), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 19 de dezembro de 2020, caderno OPINIÃO, página 17).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 24 de setembro de 2020, caderno opinião, coluna TENDÊNCIAS / DEBATES, página A3, de autoria de Marcelo A. Mori e Marimelia Porcionatto

Professor do Instituto de Biologia da Unicamp e secretário regional da Ssociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)

Professora da Escola Paulista de Medicina e coordenadora de Pesquisa da Unifesp, é secretária regional da SBPC

“O aprendizado com a pandemia

e a ciência no pós-Covid-19

        A Covid-19 trouxe mazelas incalculáveis, muitas irreparáveis. Como é comum em crises humanitárias, revelou o que há de melhor e pior nas pessoas. Embora o sofrimento com a pandemia não possa ser ignorado, é preciso entender o que de bom podemos tirar da crise. Nesse aspecto, há de se destacar o papel da ciência e a organização de cientistas no enfrentamento da doença.

         Enquanto o mundo observa a devastação causada pela Covid-19, cientistas se organizam, montam forças-tarefas, mobilizam recursos, desenvolvem protocolos, geram conhecimento, compartilham dados e servem de bastiões de esperança diante do caos anunciado.

         Caos que, de acordo com princípios físicos básicos, é tendência espontânea no Universo, somente antagonizado pela injeção constante de energia na forma de trabalho. Sabendo disso, a academia se organizou.

         Um exemplo é a Rede Vírus, criada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para integrar iniciativas de combate a viroses. A mobilização no enfrentamento da Covid-19 vem demandando trabalho e organização, catalisada pela massa crítica e infraestrutura formadas por décadas de financiamento em educação e ciência.

         Cinco meses depois da doença chegar ao Brasil, enquanto em algumas regiões o vírus avança sem muita resistência, em outras o nível de resposta chega ao patamar adequado. O grau de respostas se confunde com a capacidade de organização das instituições acadêmicas locais. Assim, a pandemia expôs de forma óbvia a necessidade de reforçarmos nosso arcabouço de ciência, tecnologia e inovação (CT&I).

         Mas como mobilizar cientistas e instituições no Brasil para trabalhar de maneira integrada? Como manter a estrutura para nos preparar para o advento de outras pandemias?

         A resposta para a primeira pergunta passa por conciliar realidades locais distintas. Por sorte, a Covid-19 nos ensinou os valores da empatia. O simples reconhecimento de que isolamento social e uso de máscara pode proteger vidas alheias já serve como exemplo da força que o cooperativismo encontra na sociedade.

         Cientistas perceberam que trabalhos em parceria alcançam maior impacto. Estreitar relações com parceiros, derrubando fronteiras ou desigualdades, é o caminho natural a ser seguido. É necessária a formação de uma rede nacional integrada de enfrentamento a doenças, com profissionais de diferentes áreas do conhecimento e instituições de várias regiões do Brasil, usando a infraestrutura instalada e as qualidades locais para cooperar e prover soluções para crises de saúde pública.

         A manutenção dessa rede se daria pela estruturação de polos regionais, que coordenariam iniciativas locais e trabalhariam de forma integrada para ampliar suas capacidades. Esses polos seriam centros de natureza interdisciplinar, com foco no estudo e controle de doenças com impacto socioeconômico significativo e cujas prevalências vêm aumentando. O financiamento da rede, sua estruturação e iniciativas poderiam vir de agências governamentais e empresas sensibilizadas com a necessidade de investimento em CT&I.

         Dengue, Chikungunya e zika incentivaram, mas não foram suficientes para construirmos uma rede permanente de prevenção e controle de doenças no Brasil. Organizamo-nos e nos desestruturamos. Criamos nichos de excelência, mas não os integramos. Fizemos grandes descobertas, mas nosso sistema nacional de CT&I não estava suficientemente maduro para transformá-las em ações concretas de longo prazo de forma a colocar o Brasil numa posição de prontidão para futuros desafios.

         É necessário fortalecer o sistema de CT&I brasileiro para que todo o esforço coletivo realizado até agora não se dissipe e que, quando vierem novas pandemias, a resposta de cientistas seja ainda mais ágil e acolhida de maneira inequívoca, num reconhecimento de que ciência não é gasto, e sim investimento num futuro melhor para todos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a estratosférica marca de 317,48% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 112,91%; e já o IPCA, em novembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,31%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.