quinta-feira, 31 de outubro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O PODER DAS PEQUENAS LIÇÕES DE GRANDEZA E A TRANSCENDÊNCIA DAS QUESTÕES DA AMAZÔNIA NA SUSTENTABILIDADE


“Pequenas lições de grandeza
        Em ‘Seis Propostas para o Próximo Milênio’, palestras que pronunciaria em 1985 na Universidade de Harvard – se a morte não tivesse interrompido sua obra –, Ítalo Calvino, o grande escritor de família italiana, tratou de objetos literários que gostaria de ver preservados. É uma bela coletânea sobre a complexidade das estruturas narrativas. Apesar do foco literário, podemos projetá-la para a vida social e política.
         Roguemos para que nossos governantes e políticos se comprometam com a leveza, primeira das seis propostas. Ao constatar que o esforço do governo para resgatar a economia quase não alterou o desemprego nem a vida da população, resta a prece para que se corrija a monstruosidade registrada pelo IBGE: o rendimento total dos 10% mais ricos supera a soma dos 80% mais pobres; em 2018, o rendimento médio mensal do 1% da classe mais rica foi de R$ 27.744; os 50% mais pobres receberam R$ 820, valor 33,8 vezes menor. Pede-se a leveza de um cotidiano tranquilo, seguro e farto na cozinha. Não dá para postergar.
         O segundo valor, a rapidez, deve responder ao povo nas ruas nesse ciclo explosivo das comunicações. Brasileiros estão cansados da conhecida lenga-lenga: “Vamos construir a pátria dos nossos filhos”. Urge construí-la nas cidades devastadas por más administrações. Lincoln ensinava: “Podeis ludibriar uma parte do povo durante o tempo todo, ou o povo durante algum tempo; mas não podereis ludibriar todo o povo durante todo o tempo”.
         O Brasil que ressurgiu da última eleição espera por exatidão, valor massacrado nestes tempos de fake News. Precisamos banir o refrão nazista de que uma mentira repetida três vezes torna-se verdade no quarto relato. Precisamos banir a falta de escrúpulo, a mentira, a hipocrisia.
         Bobbio, outro italiano, chama a atenção para dois fenômenos adversos e estritamente ligados: o poder oculto e o que oculta, que se esconde, escondendo. O poder invisível deve ser escancarado. Daí a necessidade da visibilidade para que se possa acreditar nos representantes. O país não aceita mais o Estado visível e o invisível, com estruturas corrompidas, gabinetes secretos, decisões longe do público, “o poder mascarado” destruindo a nação.
         Nossa cultura abriga valores nobres, como respeito, lealdade, dignidade, ética. A vontade plural merece ser respeitada. Trata-se, então, de promover a multiplicidade (quinto valor) dos olhares sobre a realidade. A pluralidade social, econômica e cultural constitui referência para o planejamento e administração de políticas públicas, o que recomenda a mobilização de classes e categorias profissionais.
         A última lição de Calvino trata da consistência. No caso, o resgate da responsabilidade, que implica seriedade, densidade. O contraponto é o improviso irresponsável.
         Nesta parte do milênio, o Brasil precisa praticar a humanidade como Confúcio definiu: “A humanidade é mais essencial para o povo do que água e fogo. Vi homens perderem sua vida por se entregarem à água ou ao fogo; nunca vi alguém perder a vida por se entregar à humanidade”.”.

(Gaudêncio Torquato. Jornalista, professor (USP) e consultor político, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 27 de outubro de 2019, caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 25 de outubro de 2019, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Verdade sobre o Sínodo para a Amazônia
        O Sínodo para a Amazônia, convocado pelo papa Francisco há dois anos, em 17 de janeiro de 2017, e que está sendo realizado no Vaticano neste mês de outubro, movimentou internamente a Igreja Católica, interpelou outras confissões religiosas, correu nas veias dos cristãos, encheu de esperança o coração dos povos tradicionais e habitantes deste precioso território. Ganhou lugar pauta mundial – ambientalistas, meios de comunicação, governantes e diferentes segmentos da sociedade dedicam toda a atenção ao sínodo, que lança novas luzes sobre a história e sobre os preocupantes contextos social, religioso e ambienta. Também, lamentavelmente, o sínodo serviu de pauta para muitos que se dedicam a propagar notícias falsas. Foi alvo de interpretações equivocadas, inclusive dentro da própria Igreja, alimentou medos e preconceitos, distanciamentos e fechamentos a respostas que precisam ser buscadas para se alcançar necessárias transformações. Contudo, o transcurso dessa experiência sinodal tem sido fecundo e vencedor. É uma evangélica réplica às interpretações inadequadas, com a partilha em torno da verdade sobre o sínodo.
         Não se pode desconsiderar, de maneira alguma, que a Igreja é sinodal. Isso significa que trilha o seu caminho com a participação e o envolvimento de todos, desafiados sempre a se abrir à ação amorosa e transformadora do Espírito Santo, mestre e guia da Igreja. Nunca é demais lembrar e ler, mais uma vez, o capítulo 15 dos Atos dos Apóstolos, sobre a primeira experiência sinodal da Igreja Católica, há mais de dois mil anos. O ponto de partida dessa primeira experiência da Igreja nascente foi marcado pela tensão que, inevitavelmente, faz parte dos processos de entendimentos quando se busca novos rumos, novas resposta à luz do Evangelho de Jesus, fiel aos princípios e às tradições inegociáveis que sustentam a Igreja. Uma assembleia sinodal que parte da escuta uns dos outros, porta-vozes de clamores dos pobres e dos injustiçados. Sensíveis às interpretações vindas da realidade em permanente mutação.
         Contracenando nesses processos, homens e mulheres são desafiados ao diálogo, de modo a clarear novas direções, a avaliar sua abertura de coração para se deixar interpelar pela voz de Deus, pelos clamores dos sofridos e pela contribuição em busca da verdade. Essa é uma experiência que exige escutas. Um processo que agrega riquezas e permite reconhecer limites, ao submeter-se a confrontos na elaboração da lucidez que faz entrever e encontrar o modo novo de se viver a verdade do Evangelho que não muda. É imutável a verdade do Evangelho, que tem força, propriedade e razão para transformar mentes e corações. Para gerar a sabedoria indispensável a respostas novas, próprias a cada época. Por isso, é oportuno retomar o magnífico processo sinodal descrito nos Atos dos Apóstolos, pois comprova que escutar uns aos outros e a Deus é o único caminho seguro na busca diária e permanente da verdade, a se conhecer com sua força libertadora.
         Assim, numa Igreja sinodal, isto é, aquela que prima sua vida e testemunho pela escuta permanente de Deus, dos irmãos e, particularmente, dos clamores dos pobres e sofredores, dinâmica a ser vivida em toda a Igreja, em todas as suas instâncias, e em todas as relações, realiza-se o Sínodo dos Bispos para a Amazônia. Uma convocação de quem tem a autoridade para escutar bispos, padres, cristãos, leigos, peritos, convidados, mas especialmente os representantes dos povos da Amazônia: o papa Francisco. O papa faz esse caminho sinodal precedido por uma longa preparação, a partir de ampla participação de diferentes setores e um concentrado esforço para o entendimento da realidade.
         A esperançosa realização do Sínodo para a Amazônia, emoldurada por espiritualidade, respeito fraterno mútuo e solidário, pela dedicação a um trabalho sério – qualificado do ponto de vista teológico, pastoral e científico –, reunirá agora indicações, linhas e aportes aos necessários e urgidos novos caminhos para a Igreja em missão na região. Será, ainda, referência, lição e compromisso com uma nova ordem na Casa Comum, no horizonte da ecologia integral. Ser sinodal é condição fundamental para que a Igreja avance, a exemplo da família, da sociedade ou de qualquer outra instituição. Depende sempre da competência humana e espiritual e requer o equilíbrio que abre as portas para a escuta. Não há outro caminho para ser destinatário da verdade revelada por Deus e do amor que ele esparge. E o papa Francisco é admirável referência, sinal visível da unidade na Igreja nessa competência humana e espiritual de escuta. Quem não escuta ataca: quem não escuta se defende com acusações; quem não escuta se entrincheira, ilusória e agressivamente, em ataques desrespeitosos, na semeadura de cizânias, da discórdia e da confusão. Realidade muito diferente da referência de sinodalidade, presente nos Atos dos Apóstolos.
         A experiência do Sínodo para a Amazônia, mesmo revelando os limites humanos, os confrontos nos embates dos entendimentos, num percurso que continua a exigir de todos a condição de aprendizes, apontará novos caminhos para a Igreja e para homens e mulheres de boa vontade, no compromisso com a vida plena, em todas as suas etapas, da concepção ao declínio natural. Lição a ser aprendida sempre e praticada em todas as circunstâncias: escutar a Deus e uns aos outros. E o desafio: abrir-se a novos caminhos fiéis à verdade que não muda e ao inegociável dos princípios. Uma esperança: novos modos e dinâmicas no horizonte imutável dos valores do Evangelho de Jesus. Um dever: acolher com humildade, fecundando a unidade. Um convite: participação e compromisso missionário para que a Igreja cumpra sua tarefa de fazer de todos, discípulos e discípulas abertos ao novo que vem de Deus. Uma indicação aos que se fecham e se encapam como defensores da verdade, atacando e dividindo: a conversão. No mais, agradecer, celebrar e praticar as luzes novas que em si trazem, por ser fruto da escuta de Deus e uns dos outros, o amor que unicamente tudo pode. A hora é esta: acolher, pelas do papa Francisco, a verdade sobre o Sínodo para a Amazônia.”.
        
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 307,82% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 307,58%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,89%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


        

 




segunda-feira, 28 de outubro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A LUZ DAS PARCERIAS NA SUPERAÇÃO DAS CRISES E A NOVA ALMA DO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL NA SUSTENTABILIDADE


“Parcerias que dão certo
        Bastante afetada pela crise política e econômica, a construção civil viu-se impelida, também, a vivenciar um momento de realinhamento de prioridades, com as empresas reduzindo significativamente seu quadro funcional e elevando, por conseguinte, a estatística do desemprego no país.
         Já aprendemos que há diversas maneiras de enfrentar uma crise: otimizar recursos, melhorar processos e jamais negligenciar o desenvolvimento potencial do capital humano que sustenta um segmento produtivo. Competitividade e qualidade se tornaram fator de sobrevivência no mercado global, e os setores, empresas e trabalhadores que não as atualizam perdem espaço e oportunidades.
         Ciente dessa realidade e do seu papel na área da responsabilidade social empresarial, o Serviço Social da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Seconci-MG) aderiu às iniciativas que acreditam na qualificação profissional como via indispensável para a retomada da produção e do processo de contratações. Nesse contexto, o braço social do Sindicato Patronal da Construção Civil (Sinduscon-MG) buscou o apoio de parceiros como o Senai/DRMG e o Sesi/DRMG, com expertise na capacitação de mão de obra, e vem promovendo cursos, treinamentos, workshops e oficinas nas modalidades de iniciação e aperfeiçoamento profissional.
         São parceiros que enxergam a construção civil como uma área com grande capacidade de elevar a taxa de emprego, de produto e renda, a curto ou médio prazo, com competência de absorver mão de obra, e que se juntam para buscar meios que propiciem uma melhor inserção desses trabalhadores no mercado de trabalho, garantindo-lhes, indiretamente, inclusão social e geração de renda, sobretudo nesses tempos bicudos, de incertezas e de retração geral na atividade econômica do país.
         Desde abril de 2016, o Seconci-MG vem realizando cursos e oficinas em sua sede, através de um termo de cooperação técnica firmado com o Sesi e Senai. O consórcio com essas instituições de ensino facilitou a promoção dos cursos, uma que elas dispõem de uma estrutura diferenciada na preparação de alunos para aquisição de conhecimento técnico alinha com as necessidades e inovações da indústria construtiva, bem como de atividades que podem oportunizar geração de trabalho e renda. Os parceiros disponibilizaram instrutores, equipamentos, material didático e meios de certificação, dando lastro à conclusão dos cursos. Coube ao Seconci-MG operacionalizar os expedientes necessários, como divulgação, seleção de participantes, segundo os critérios específicos de cada curso, e toda a logística de realização dos mesmos.
         Foram promovidos cursos de auxiliar e almoxarife, auxiliar de topografia, pedreiro de alvenaria, pedreiro de acabamento, instalador de sistema de construção a seco (drywall), eletricista predial assistente, pintor de obras, encanador, costura, pacth apliquê e de forração de caixas.
         Unir esforços e competências possibilita realizações mais abrangentes e eficientes, reduz custos operacionais e incrementa processos, comprovando a conveniência e a assertividade de parcerias que comungam do mesmo interesse desenvolvimentista. No bojo dessas ações conjuntas exercita-se a responsabilidade social empresarial, no sentido de promover cidadania e de possibilitar ao trabalhador tornar-se um agente transformador da indústria onde atua.”.

(SYLVIA HELENA COSTA. Supervisora do Departamento de Serviço Social do Seconci-MG, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de janeiro de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de LINEU ANDRADE, diretor de Tecnologia do Itaú Unibanco e responsável pelo Cubo Itaú, maior centro de empreendedorismo da América Latina, e que merece igualmente integral transcrição:

“A nova alma do negócio
        Esqueça grandes investimentos em infraestrutura tecnológica, cronogramas de longo prazo e a obrigatoriedade em acertar. Também jogue fora a antiga máxima repetida por nossos avós de que é preciso guardar segredo para ter sucesso nos negócios. Com ela, descarte metodologias processuais ou ideias sobre produtos e serviços de capacidade e alcance limitados. E se tem receio de empreender na crise, repense.
         O Brasil sempre foi reconhecido pela aptidão ao empreendedorismo muito pela característica criativa de seu povo e pelo de sedução que a possibilidade de ser seu próprio chefe exerce nas pessoas. Ter uma boa ideia, recursos para investir nela e um plano de negócio bem-elaborado eram basicamente as condições necessárias para colocar o sonho em prática. Alguma coragem e ousadia davam o empurrão final para quem, por desejo ou necessidade, se lançava no caminho do empreendedorismo.
         Tirando as características da personalidade e qualificação, todo o resto já ficou para trás. Vivemos um momento de transformação estimulado por provocações constantes e propósitos. O empreendedorismo digital está aí para nos ensinar sobre um novo jeito de tangibilizar ideias inovadoras, no qual o contexto econômico importa menos do que o potencial de escalabilidade de um produto ou a disposição de seus idealizadores em serem colaborativos.
         No passado, a tecnologia era uma barreira de entrada para quem queria empreender, já que os custos para aquisição de servidores, softwares e licenças eram muito altos. Sem a tecnologia, era muito difícil atingir escala, o que limitava o crescimento das empresas. Para resolver essa questão, investia-se cada vez mais dinheiro em grandes estruturas internas, o que tornava a empreitada mais complexa se o ambiente econômico fosse desfavorável. Agora, a acessibilidade é facilitada e, mesmo que se tenha necessidade de máquinas superpotentes para fazer um processamento em inteligência artificial, por exemplo, o preço é customizado, já que infraestrutura e serviços estão em nuvem.
         É nesse ambiente que as starups se desenvolvem. São empresas que resolvem problemas reais, do mundo real, por meio da criação de uma solução com potencial de escala, usando a tecnologia como meio para atingir o maior número de clientes ao mesmo tempo. Para além do campo idealizador e da utilização de ferramentas tecnológicas para tocar seu projeto, esses empreendedores também se desobrigam em acertar. Eles testam hipóteses e as incrementam ao longo do tempo. Se erram, voltam a experimentar.
         O planejamento continua sendo fundamental para negócios bem-sucedidos, mas os prazos encurtaram. A construção se dá ao longo do tempo justamente porque os testes aprimoram continuamente o plano inicial. Desse modo, o resultado de um projeto fica atrelado a um conjunto de sucessivas pequenas implementações que promovem um maior engajamento dos clientes. Como posso me tornar mais simples? Como posso otimizar o tempo do usuário e entregar mais e melhor? São perguntas frequentes de um profissional cada vez mais dinâmico e realizador.
         Mais do que uma simples ideia, os novos empreendedores também têm o desejo genuíno de mudar o patamar das entregas de produtos e serviços para a sociedade. Buscam agregar inovações que realmente ajudem as pessoas e estão plenamente disponíveis em colaborar uns com os outros. Querem contribuir com o ecossistema, em vez de competir entre si. E fazem dessa mudança de paradigma o trampolim decisivo que ajuda o seu negócio e o restante da cadeia a crescer. Chegam ao ponto de combinar soluções para produzir um terceiro produto ainda mais eficiente e completo, desprendidos daqueles segredos inconfessáveis que nossos avós acreditavam ser o diferencial para o sucesso.
         É por isso que grandes empresas se aproximam desse novo modelo de se fazer e pensar negócios. É um ganha-ganha contínuo em uma quase simbiose entre o tradicional e o novo. Não por acaso, os espaços de coworking ou incubadoras de startups se multiplicam, o que é agregador para todos. Ambientes motivadores trazem inspiração para que haja transformações positivas em processos tradicionais. Alimentam o ecossistema, criam densidade e promovem ainda mais interações, tão necessárias para o desenvolvimento de novas soluções.
         E se o contexto econômico é mais difícil, não há o impedimento para que haja fluxo, já que a colaboração se sobrepõe à competição e à mentalidade de escassez, independentemente de o ambiente ser ou não de abundância, estimula a criatividade. Nesse sentido, o ideal é pensar soluções digitais do início ao fim do processo, o que certamente reduz os custos e torna desnecessário depender de um exército para fazê-las funcionar. Sendo assim, o valor agregado de novas ideias pode ser medido por sua capacidade de escala, quando uma mesma estrutura de suporte e operação pode multiplicar seu alcance.
         Estamos falando de um ecossistema poderoso, de um novo modelo de empreendedorismo em que cada agente da cadeia tem o seu papel. Seja a incubadora, o investidor, a universidade ou quem disponibiliza o ambiente para que as interações aconteçam. Se parte de um ingrediente inesperado na receita ou de uma sacada genial, o que importa hoje é a colaboração, o investimento digital, ideias inovadoras e bons propósitos. Essa é a nova alma dos novos negócios.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 307,82% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 307,58%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,89%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


        

  



quinta-feira, 24 de outubro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS FASCINANTES E EXIGENTES HORIZONTES DO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL E A RIQUEZA DA ESPIRITUALIDADE NA SUSTENTABILIDADE


“Vamos falar sobre o futuro das pessoas!
        Como formar as pessoas para o futuro? Como as mudanças no mundo afetam esse processo? Saiba de uma coisa: as mudanças que acompanhamos nos últimos anos foram apenas a ponta do iceberg. Ainda não vimos nada, seremos impactados ainda mais pela tecnologia, com uma velocidade jamais vista. E como nos preparar para tudo isso? Qual será o papel das escolas nessa transformação? Nós seremos engolidos pelas máquinas?
         A revolução industrial trouxe a necessidade de formação em massa, como em uma linha de produção. O modelo de ensino ainda visto na maioria das escolas, independentemente da faixa etária, infelizmente segue esse modelo fabril. Professor na frente da sala de aula como detentor do conhecimento e dezenas de alunos enfileirados em um papel passivo receptivo. Um formato com baixíssima atividade neural. E aí se inicia o processo produtivo, entram os alunos e saem o que?
         Não estou falando de robôs. Estou falando de formar seres humanos, cada qual com seus objetivos, necessidades e habilidades diferentes. Hoje, boa parte dos pais matriculam seus filhos na educação infantil já preocupados com o vestibular. Ou seja, colocam crianças no processo fabril de longos anos para garantir que seja atingido um score. Será que uma criança que hoje tem 3 anos vai passar por um processo seletivo de vestibular daqui a mais de uma década? Não sei exatamente qual será o formato, mas acredito que teremos grandes mudanças.
         Na sequência, o aluno cursa uma faculdade por quatro ou cinco anos para se tornar um profissional. Infelizmente, na maioria das situações, esse aluno é formado tecnicamente em um modelo engessado e que em pouco tempo está desatualizado. Pior, ainda, é esse aluno não souber como aplicar a teoria aprendida, pois o mercado de trabalho exige a prática e, mais do que isso, desenvoltura comportamental. E como mudar esse cenário? Como olhar para o futuro incerto e formar pessoas que tenham maiores oportunidades de sucesso?
         A resposta parece complexa, mas não é. Temos que passar por um processo trabalhoso que muitas escolas não sabem como começar. Em vez de formar apenas no aspecto técnico e cognitivo, medido com uma nota objetiva, é preciso capacitar para uma vida mutante em questões totalmente subjetivas. A escola tem que se preocupar em preparar seus alunos com uma visão global, possibilitando experiências transformadoras. Para falar de formação do futuro é inconcebível que qualquer plano de aula deixe de considerar o desenvolvimento de novas habilidades e competências indispensáveis para o século 21. Independentemente do objetivo profissional, tuto que é proposto em uma sala precisa considerar uma formação mais ampla, que envolva colaboração, resolução de problemas, criatividade, comunicação, visão empreendedora, relacionamento interpessoal, pensamento crítico, entre muitas outras habilidades indispensáveis para a vida.
         Aliás, a vida passa a ser um recurso indispensável para qualquer aula produtiva. É necessário levar a realidade para dentro da sala de aula. Os alunos precisam vivenciar e encontrar aplicação prática em tudo o que fazem. Vivemos em um mundo cada vez mais conectado e a pluralidade de conhecimentos se faz necessária. Hoje, todos têm acesso à informação, mas precisam desenvolver melhor sua curiosidade investigativa e construir um ponto de vista mais sólido. Com isso, temos uma mudança no papel da escola e, também, do professor. A presença pedagógica se faz necessária em um modelo diferente, não como ditador, mas sim como orientador e mediador, direcionando cada aluno para o caminho mais adequado. Culturalmente, é um desafio, pois a responsabilidade do aluno aumenta. Ele passa a ser o grande protagonista do processo de aprendizagem.
         Sinceramente, não sei o que vai acontecer com essa ou com aquela profissão, mas posso dizer, com bastante convicção, que quem tiver habilidades comportamentais afloradas terá o mundo nas mãos. A educação transformadora precisa focar nas pessoas, independentemente do cenário tecnológico e do seu impacto. Só assim os alunos serão preparados para se encaixar em uma nova realidade.”.

(RONALDO CAVALHERI. Engenheiro, especialista em educação e CEO do Centro Europeu, primeira escola de economia criativa do Brasil, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de agosto de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 26 de janeiro de 2018, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Novo pensar e julgar
        A responsabilidade de conduzir a própria vida reconhecendo-a como dom de Deus é muito séria e desafiadora. Uma tarefa que contempla responsabilidades profissionais, familiares e cidadãs. Pensar e julgar, de modo adequado, está entre os maiores desafios existenciais. O apóstolo Paulo, em sua Carta aos Romanos, mostra que superar dinâmicas viciadas e obscuras nos modos de pensar e julgar é “regra de ouro”. Um desafio a ser assumido por todos. Afinal, o exercício de pensar e julgar determina procedimentos e escolhas que norteiam o conjunto da vida, a competência para superar crises e encontrar novas respostas para os desafios cotidianos.
         Frequentemente, esse exercício está emoldurado de maneira rígida por certa mentalidade vigente. Por isso mesmo, há dificuldade para admitir a necessidade de transformações no próprio modo de pensar e julgar. A tendência é a cristalização – com pouca abertura para o diferente, para outras perspectivas que ensejem novas percepções. Perde-se, consequentemente, a oportunidade para enriquecer a própria vida, conhecer mais e amadurecer a mundividência. Na sociedade brasileira, o preço que se paga por esse aprisionamento à mentalidade vigente é a carência de novos líderes, além da falta de credibilidade que se desdobra no caos político. Repetem-se esquemas e dinâmicas porque não há amplo engajamento em um permanente processo de renovação existencial.
         É verdade que a capacidade para pensar e julgar, discernir e escolher depende das próprias vivências, da influência cultural, familiar e de muitas intuições. Mas, acima de tudo, esse processo é uma experiência eminentemente espiritual. Sem reconhecer a importância da espiritualidade, aa tendência é se encastelar nas próprias convicções, sem a necessária disponibilidade para permanentemente reavaliá-las. São perpetuados vícios e modos equivocados de lidar com problemas que exigem soluções urgentes. Tudo se torna mais difícil.
         Quando a dimensão espiritual não ilumina a capacidade de pensar e julgar, as pessoas se prendem à mediocridade. Não conseguem proporcionar às suas intuições o fôlego da renovação. Em vez disso, ganham espaço a corrupção, a mesquinhez e a ganância sem limites. Desconsidera-se a sabedoria que alimenta a lucidez. É fácil constatar que a carência de novos modos de pensar e julgar é problema comum a governantes, líderes e muitas pessoas que integram o contexto social. Gente que apresenta um discurso articulado, mas que se revela equivocada do ponto de vista ético-moral. Homens e mulheres que não se valem de critérios que objetivam o bem, a justiça e a paz para interpretar, discernir e fazer escolhas.
         Investir na espiritualidade é imprescindível. Porém, o momento em que todos vão reconhecer a importância da espiritualidade na fecundação de novos modos de pensar e julgar é realidade distante. Isso porque a cristalização de convicções obsoletas perpetua, nos indivíduos, sentimentos ruins. Ora, ao se reconhecer que a espiritualidade é fundamental para a saúde física e mental, deve-se também considerar que a dimensão espiritual tem força para fazer desabrochar a sabedoria. A espiritualidade permite enxergar até mesmo o invisível. É um fundamental remédio para romper com os parâmetros da mediocridade que são hegemônicos na sociedade brasileira.
         O segredo para melhorar a realidade não é abraçar incondicionalmente convicções que já estão cristalizadas, discursos políticos, partidários e ideológicos. Deve-se conquistar a liberdade que ultrapassa o apego ao dinheiro, pois a ganância aprisiona consciências. A espiritualidade é remédio que cura a doença das mentiras e do egoísmo. A dimensão espiritual alimenta novos modos de pensar e julgar. Todos são convocados para uma autoavaliação, observando as próprias convicções e formas de ver o mundo. Vale acolher a orientação espiritual e humanística do padre José Tolentino, escritor português: “Que os nossos olhos, feitos para olhar as estrelas, não morram olhando para os nossos sapatos”.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a ainda estratosférica marca de 307,20% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 306,86%; e já o IPCA, em setembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,89%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.