quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A CIDADANIA, A BUSCA DE UM NOVO SONHO, O AMOR E A CIVILIZAÇÃO

“Sonho do homem branco é criar a ilusão de felicidade fácil
        A crise econômico-financeira que está afligindo grande parte das economias mundiais criou a possibilidade  de os muito ricos ficarem tão ricos como jamais na história do capitalismo, logicamente à custa da desgraça de países inteiros, como a Grécia.
         Ladislau Dowbor, professor de economia da PUC-SP, resumiu um estudo do famoso Instituto Federal Suíço de Pesquisa Tecnológica (ETH) que mostra como funciona a rede do poder corporativo mundial, constituída por 737 atos principais que controlam os principais fluxos financeiros do mundo, especialmente ligados aos grandes bancos e a outras imensas corporações multinacionais. Para esses, a atual crise é uma incomparável oportunidade de realizar o sonho maior do capital: acumular de forma cada vez maior e de maneira concentrada.
         O capitalismo realizou até agora seu sonho, possivelmente o derradeiro. Atingiu o teto extremo. E depois do teto? Ninguém sabe. Mas podemos imaginar que a resposta virá não de outros modelos de produção e consumo, mas da própria Mãe Terra, que, finita, não suporta mais um sonho infinito. Ela está dando claros sinais antecipatórios. Precisamos estar atentos, pois os eventos extremos que já vivenciamos apontam para eventuais catástrofes ecológico-sociais ainda na nossa geração.
         O pior disso tudo é que nem os políticos, nem parte da comunidade científica e mesmo da população se dão conta dessa perigosa realidade. Ela é tergiversada ou ocultada, pois é demasiadamente antissistêmica. Obrigar-nos-ia a mudar, coisa que poucos almejam.
         Falta-nos um sonho maior que galvanize as pessoas para salvar a vida no planeta e garantir o futuro da espécie humana. Morrem as ideologias. Envelhecem as filosofias. Mas os grandes sonhos parmanecem.
         Agora entendemos a pertinência das palavras do cacique pele-vermelha Seattle dirigidas ao governador Stevens, do Estado de Washington, nos Estados Unidos, em 1856, quando este forçou a venda das terras indígenas aos colonizadores europeus. O cacique não entendia por que pretendiam comprar a sua terra. Pode-se comprar ou vender a aragem, o verdor das plantas, a limpidez da água cristalina e o esplendor das paisagens? Para ele, tudo isso é terra, e não o solo como meio de produção.
         Nesse contexto, ele reflete que os peles-vermelhas compreenderiam o porquê da civilização dos brancos “se conhecessem os sonhos do homem branco, se soubessem quais as esperanças que este transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, e quais visões de futuro oferece para o dia de amanhã”.
         Qual é o sonho dominante de nosso paradigma, que colocou o mercado e a mercadoria como eixos estruturadores de toda a vida social? É o triunfo do materialismo refinado que coopta até o espiritual. É enganação para criar a ilusão da felicidade fácil.
         Mesmo assim, por todas as partes surgem grupos portadores de nova reverência para com a Terra. Inauguram comportamentos alternativos, elaboram novos sonhos de um acordo de amizade com a natureza e crêem que o caos presente não é só caótico, mas generativo de um novo paradigma de civilização, que eu chamaria de “civilização de religação”, sintonizada com a lei mais fundamental da vida e do universo, a panrelacionalidade, a sinergia e a complementaridade.
         Então, teríamos feito a grande travessia para o realmente humano, amigo da vida e aberto ao mistério de todas as coisas. Ou mudamos, ou seguiremos por um triste caminho sem retorno.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 21 de novembro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de novembro de 2014, caderno PENSAR, página 3, de autoria de HENRI KAULFMANNER, psiquiatra, psicanalista, membro da Escola Brasileira de Psicanálise e diretor do 20º Encontro Brasileiro do Campo Freudiano, e que merece igualmente integral transcrição:

“Amor e civilização
        Em 1932, Albert Einstein escreveu a Sigmund Freud para que este lhe ajudasse a entender quais as razões para a beligerância entre as nações e, quem sabe, a partir desse entendimento, apontar soluções. Em resposta ao físico, Freud esclarecia que a violência é um fato da própria condição humana. Ele dizia que a violência somente era suplantada pela união dos indivíduos e a lei, como consequência, seria a representação do poder desses que se uniam.
         A lei sustentaria então a força da comunidade resultante dessa união, de tal forma que ela própria carregaria em si a violência, pronta a se dirigir contra qualquer indivíduo que se voltasse contra essa força. A própria lei seria, assim, violenta.
         As leis, segundo Freud, teriam sido criadas para evitar um recrudescimento da violência por parte dos indivíduos, sobrepondo-se ao poder dos que se uniam. Já as instituições seriam as responsáveis por zelar pelos interesses comuns que as leis representavam. A manutenção dos interesses comuns levaria a vínculos emocionais entre os membros da comunidade, sendo esta, segundo Freud, a verdadeira fonte de sua força. Os interesses comuns podemos chamar de ideais e estes ideais coletivos consistiriam a matriz simbólica dos laços entre os indivíduos.
         Este é, reduzido a poucas palavras, o modelo freudiano para a civilização. A violência do homem, contida pelas leis também em si mesmas violentas, mas sustentadas pelos ideais civilizatórios. A correspondência entre Freud e Einstein ficou conhecida com o título de “Por que a guerra”, e a eclosão da Segunda Guerra Mundial permite bem perceber o insucesso de Einstein em seus esforços.
         Nesses últimos, comemoram-se os 25 anos da queda do Muro de Berlim e o mundo dos sonhos que parecia se anunciar com o aparente fim da divisão representada por aquele muro não se concretizou. O mundo continua dividido, violento, mas – e isto nos interessa muito – a violência de nossos dias se mostra diferente daquela que tanto afligia Einstein.
         Hoje em dia, não há como contestar que a violência é uma presença insistente em nossa vida cotidiana. É inevitável deparar-se com ela, seja por experiência direta, seja pelo relato de alguém que nos é próximo, seja por sua onipresença nas mídias mais diversas Tal realidade, contudo, seria o bastante para nos permitir afirmar que vivemos em um mundo mais violento?
         Seria o Brasil, hoje, mais violento que aquele dos nossos colonizadores, que exterminaram boa parte da população indígena que aqui habitava? Ou ainda: seríamos hoje mais violentos que no tempo em que a escravidão era a ordem da sociedade, mantida sob o peso da chibata?
         A resposta de Freud a Einstein e o modelo civilizatório que nela se delineia permite-nos refletir sobre as particularidades da violência em nossos dias, não pela escala de intensidade, mas pela forma diferenciada em que esta se apresenta. A grande diferença deste mundo violento para o de outrora – e em nosso país isso se mostra de maneira bem evidente – é a percepção de que a violência deixou de ser um assunto de nações, um privilégio de Estado, para se tornar uma prática privada. Não são mais os ideais coletivos que estão em cena.
         Não há como perceber que a violência hoje em dia não somente é disseminada, como também não encontra nas leis e nas práticas de contenção qualquer regulação. Ela se apresenta em cenas corriqueiras, como num desentendimento no trânsito, um desencontro em um bar, nas escolas, nos espaços da vida privada e, de forma mais brutal, no latrocínio, nas gangues, nas milícias, no tráfico de drogas e, por que não, nas chamadas torcidas organizadas dos times de futebol.
         É em torno dessa nova realidade da violência que os psicanalistas da Escola Brasileira de Psicanálise se reúnem em Belo Horizonte para o seu 20º Encontro Brasileiro do Campo Freudiano. Com o tema “Trauma nos corpos, violência nas cidades”, interessa-nos discutir em que a invenção freudiana, a partir dos avanços do ensino de Lacan, nos permite pensar, enquanto psicanalistas, caminhos para essa difícil realidade que afeta dos nós.
         Os psicanalistas há muito não se restringem a seus consultórios. Eles hoje estão presentes nos serviços de saúde mental da rede pública, nos hospitais, nas instituições da defesa social, nas escolas, nos presídios, nas ruas. Tal presença se faz a partir da responsabilidade ética com nossa prática e com nossa experiência, que acreditamos que pode contribuir muito no enfrentamento de problemas que afetam a sociedade.
         Para a psicanálise, a forma contemporânea da violência está intimamente ligada ao tratamento que se dá aos corpos em nosso tempo, mais especificamente, o tratamento que se dá ao que chamamos o corpo traumatizado. O corpo para a psicanálise não é um amontoado biológico e, portanto, unicamente natural, regido por hormônios e neurotransmissores. O corpo é afetado, traumatizado pela palavra e, consequentemente, desnaturalizado.
         Diferentemente do filhote animal, que ao nascer, conduzido por seu instinto, já se dirige ao úbere materno, ao filhote humano resta o choro e seus gritos como único recurso ao mal-estar de sua precária existência. E é na expressão desse mal-estar que se apoia o apelo à sua própria sobrevivência. De tal forma dependente do outro, o filhote humano tem seu corpo marcado pelas falas e cuidados deste que lhe acolhe. E nesse caminho criado na relação com o outro, seu corpo vai, pelo resto de sua vida, buscar de forma incessante e imperativa uma satisfação, um alívio para seu mal-estar estrutural, aquilo que a partir de Lacan chamamos de gozo.

MAL-ESTAR Sobre essa satisfação, essa busca que se eterniza em sua existência, o ser humano não tem o menor controle. Foi o encontro com esse outro em cada um de nós que permitiu a Freud a invenção da psicanálise. O ser humano, que da fala extrai sua condição de humano, tem assim com seu corpo uma relação de exterioridade e, por isso, não o somos, nós o temos. Tal singularidade humana tem como efeito uma relação de estranhamento com o próprio corpo, que passa a ser afetado pelas falas que recebe desde seus primórdios, um corpo que busca sempre se satisfazer.
         Essa exterioridade com a natureza é emblematicamente denunciada pelas diversas formas que o mal-estar se apresenta contemporaneamente, como, por exemplo, em nossos problemas com a ecologia. Assim como destrói a natureza, o homem atua sobre os corpos, mais além de sua natureza, sempre na busca imperativa de satisfação. Daí a afirmação tão aceita de que o ser humano é o único animal que mata por prazer.
         Esse é o trauma fundante do humano e que nos coloca tensionados pelas demandas deste corpo, que não se sacia jamais. Há em cada um de nós um outro, que Freud chamou de inconsciente, mas que bem diferente do que pode parecer, não se trata de uma memória, mas de um corpo traumatizado, sexualizado e que busca incessantemente uma satisfação que, como vindo de um outro em nós mesmos, não de provocar estranhamento, conflitos e mal-estar.
         Se anteriormente a demanda insaciável dos corpos podia ser temperada pelas leis, em função dos ideais coletivos que as sustentavam, o que vemos proliferar hoje é aquilo que alguns escolheram nomear como individualismo de massa. Hoje, a satisfação de cada um, distinto do que Freud então anunciava, não se contém pela lei ou pelos vínculos. O mal-estar de nosso tempo não se trata mais pela civilização, pelo menos não como anteriormente.
         O avanço do mundo do consumo, com todos os seus recursos tecnológicos, e a redução de todos à igualdade aparentemente democrática do consumidor, esforça-se em reduzir cada sujeito ao que ele pode em seu direito de consumir. O mundo da técnica e os objetos que produz oferecem a cada um a sua droga lícita ou ilícita, sua cirurgia, seu telefone, seu computador, uma infinidade de produtos apoiados no direito ao consumo e na ilusão do gozo acessível, desde que comprado – e comprar é um direito que nos faz iguais.
         Cada um busca sua própria satisfação, sua vitória sobre o mal-estar do corpo traumatizado, pela ilusão do consumo do produto, gadget contemporâneo, cada vez mais talhado para servir a cada um. O mundo se vê habitado em massa por indivíduos que buscam, naquilo que o consumo lhes oferece, sua satisfação, seu gozo. Constrói-se assim um mundo onde de cada um se faz um walking dead, cuja busca de satisfação não encontra limites na dor, nas formas de violência, e atua diretamente sobre os corpos, seja o próprio seja o do outro.
         O toxicômano  é a expressão máxima dessa lógica e não há, portanto, que se assustar com a sua prevalência nos dias de hoje. Ele simplesmente traz exposto em seu corpo o modo contemporâneo que a sociedade do consumo nos oferece para viver.
         Provocados pela perplexidade diante dessa realidade, vimos surgir novas formas de segregação, como se nos livrando da diferença do outro pudéssemos por magia nos livrar da diferença que insiste em nós mesmos e que não cessa em nos cobrar a sua cota. Aparecem as agressões, as práticas violentas, as propostas de redução da maioridade penal, as internações compulsórias, as diversas formas de racismo ou os sonhos da volta de uma ditadura, como se um reforço das leis e da contenção pudessem domar a dispersão de nosso tempo. As propostas violentas, na medida em que não se apoiam mais em ideais coletivizados, produzem apenas respostas violentas. Assistimos a isso todos os dias.
         A psicanálise se oferece nesse momento como um parceiro que tem a partir de seu campo de saber uma experiência e uma prática que nos permitem sustentar a aposta em um caminho diferente.
         É possível inventar variáveis para uma relação menos devastadora com estes corpos traumatizados. É preciso criar espaço para as diferenças de cada um a partir do sintoma de cada um, sem que para isso sejam necessárias intervenções sedativas ou segregadoras.
         Somos convictos de que um novo laço, um novo vínculo emocional pode ser construído entre os indivíduos, desde que haja lugar para o singular de cada um, que cada um, suportando sua própria diferença, horrorize-se menos com a diferença do outro e possa assim suportar esta diferença, sem o imperativo de fazer do outro um igual.
         Num mundo sem grandes ideias ou ideais, a diversidade sustentada na absoluta diferença de cada um pode abrir espaço para um novo amor, bem mais civilizatório. Um amor da diferença.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados” –, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...

           

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A CIDADANIA, A REPÚBLICA PARTICIPATIVA E O AVANÇO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA

“A propósito desta data
        No mês de novembro pretende-se lembrar a Proclamação da República, implantada nos idos de 1889. Para além de um feriado ou de uma data cívica, é preciso se pensar sobre o tipo de República desejada: excludente e autoritária, em que as pessoas ensaiam uma cidadania aparente? Ou inclusiva e participativa, em que os cidadãos buscam consolidar e estender seus direitos?
         A primeira experiência republicana no Brasil despertou expectativas variadas. De 1889 a 1930, foi se impondo como vencedor o projeto de uma República centrada nas mãos de determinada elite, herdeira de uma visão colonial-estamental de sociedade,  pelos “donos do poder”, segundo expressão de Raimundo Faoro. Se, por um lado, predominaram as “trocas de favores” da “política dos Estados” e o coronelismo, por outro, elevaram-se alternativas.
         Ao longo da história, ao descompasso entre um regime republicano despótico e uma demanda popular por justiça e liberdade, vieram a lume diversas manifestações. Desde o republicanismo à moda francesa de Silva Jardim, passando pela comunidade de Canudos, pela revoltas da Vacina e da Chibata, pelo cangaço e pelo Contestado, até as greves e o tenentismo, foram desencadeadas lutas pela ampliação dos direitos. Nas ditaduras do Estado Novo (1937-1945) e dos militares (1964-1985), a cada tentativa de distorcer os princípios republicanos e de solapar a cidadania, respondiam outras tantas ações civis e culturais de conotações democráticas.
         Desmistificar a imagem da República, revelando os interesses refratários à partilha do poder e os anseios do povo brasileiro em acessar o que Amartya Sen denominou de “liberdades instrumentais” – políticas, sociais e econômicas –, é um importante passo para o fortalecimento da “res publica”. Ou seja, a “coisa pública”, a busca pelo bem comum, valorizando a diversidade, é um processo em andamento.
         Não por acaso, diversas entidades de defesa dos direitos humanos – como, por exemplo, a Rede Brasileira pela Integração dos Povos – repudiaram o veto da Câmara Federal ao Decreto 8.243, que estabelecia a Política Nacional de Participação Social. Vale questionar: a quem interessa suprimir uma iniciativa favorável à construção de uma República participativa? Quais são as pessoas apoiadoras de uma República excludente e passiva, em detrimento de uma inclusiva e ativa? Nessa direção, a tradicional visão de uma República feita por “heróis”, à revelia da coletividade, transforma-se em uma visão crítica e construtiva, que identifica em cada pessoa um agente histórico.
         Como se vê, a proclamação da República ecoa no tempo presente e impele os brasileiros a enfrentarem os percalços da busca pelo aperfeiçoamento do espírito republicano. Por meio do empoderamento de cada um de seus cidadãos, de suas comunidades e de suas organizações, a tônica da participativa extrapolará, cada vez mais, as limitações de uma estrita “representação” política.”

(Denilson de Cássio Silva. Professor e historiador (Cefet-MG), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 15 de novembro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de VIVINA DO C. RIOS BALBINO, psicóloga, mestre em educação, professora da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“Produção científica avança
        Segundo levantamento da Thomson Reuters, maior base de dados do mundo de trabalhos científicos, apresentado em 2014 na 1ª Cúpula Thomson de Experiência com Inovação SP, a produção científica no Brasil progrediu e subiu 11 posições nos últimos 20 anos no ranking das 25 nações mais produtivas. Subiu do 24º para o 13º lugar. Colleen Shay, da divisão de Propriedade Intelectual e Ciência da Thomson para as Américas, traça um panorama bem otimista da ciência e da tecnologia brasileiras. Os especialistas baseiam sua interpretação tanto em aspectos quantitativos quanto qualitativos da pesquisa brasileira. A nossa publicação de artigos científicos cresce em ritmo muito superior à média mundial e de países como México, Argentina, Japão, Alemanha, Reino Unido e EUA. Por outro lado, o Brasil fica muito atrás da China. Enquanto a produção brasileira avançou quase 700% entre 1993 e 2003, a chinesa projetou-se quase 2,2 mil por cento e saltou para o 2º posto em virtude de estudos publicados.
         Com relação a patentes e comparado com países latino-americanos, o Brasil aparece muito à frente. No confronto com os asiáticos, perde de pelos menos 7 a 1. Mas, segundo os especialistas, a China enfrenta uma questão de qualidade das patentes e o Brasil se sai bem melhor. A qualidade se refere às taxas de aprovação de patentes pedidas. No Brasil, a proporção é de 22%, mais próxima do padrão mundial. A China aprova 25%. Ainda segundo esse estudo, as pesquisas no Brasil se concentram em universidades, e não em empresas, e relata que, em setores específicos, o Brasil figura no primeiro time, como o de pesquisa aplicada a energias alternativas, ao lado dos EUA e da Alemanha.
         O Brasil também se destaca na pesquisa em medicina clínica. No período 2003/2007, segundo a Thomson Reuters, o Brasil tinha 14.324 artigos dessa área no acervo de 1% de artigos mais citados do mundo. Em 2008/2012, eram 34.957 – um salto de 144%. E esse salto positivo da ciência e da tecnologia brasileiras avança para regiões mais pobres do país para diminuir as desigualdades sociais. Isso é fundamental para o povo brasileiro.
         No Ranking Universitário Folha 2014 (RUF), as melhores universidades brasileiras continuam sendo USP, UFMG, UFRJ, UFRGS, Unicamp,  UFSC, Unb e UFPR. Mas redesenhando positivamente esse quadro de excelências acadêmicas, o ranking mostra pela primeira vez que 5 das 10 instituições que mais avançaram no registro de patentes nos últimos anos estão no Nordeste. O maior salto foi da Universidade Federal do Ceará (UFC), com aumento de 766% no número de patentes solicitadas. A UFC saiu de 3 para 26 pedidos de registro. A Universidade de Pernambuco, instituição nordestina mais bem colocada no RUF, em 12º lugar, cresceu 73%, mas atingiu 26 pedidos de patentes em 2010 e 2011, ficando empatadas, as duas, na oitava posição entre as universidades brasileiras que mais solicitaram esse registro nesses dois anos. Número pequeno pertos dos 162 feitos no mesmo período pela USP, líder em inovação, mas é quatro vezes a média nacional das universidades (6,3).
         Com maior destinação de recursos nos últimos anos, o Norte e o Nordeste passaram a experimentar acelerado processo de expansão da rede de instituições de educação superior. A criação de inúmeras universidades e câmpus nas capitais e no interior das duas regiões teve impacto não somente no ensino, mas também na economia e na geração de empregos. Entretanto, apesar dessas  mudanças positivas e avanços econômicos regionais, dados de novembro de 2014 do IBGE/Pnad mostram que as regiões Norte e Nordeste ainda na dianteira de desocupados, passando de 10% para 8,8%, o Nordeste, e o Norte com 7,2%, Sudeste com 6,9%, Centro-Oeste com 5,6% e Sul com 4,1%.
         Apesar das históricas desigualdades regionais no Brasil, esses dados acima mostram o início do redesenho altamente positivo de excelências acadêmicas e crescimento econômico em regiões geográficas até então desprestigiadas. Ciência, tecnologia e educação de qualidade para todos, trazendo melhorias sociais e maior qualidade de vida para a população, gerando empregos e crescimento econômico.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,  incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...  

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A CIDADANIA, O PODER DA SAGRADA ÁGUA, O LÍDER E AS GERAÇÕES

“Nestes dias de escassez, o poder da sagrada água
        Na época presente, de grandes transformações, já se fazem notar mudanças na vida geológica da Terra, entre elas certos movimentos das águas da superfície e do subsolo. Percebem-se alagados surgirem espontaneamente em alguns lugares, enquanto outras áreas estão prestes a ser conduzidas a grandes altitudes por leis magnéticas que a ciência terrestre ainda ignora.
         A água é um elemento essencial à vida e à purificação dos seres que habitam a Terra – homens, animais e vegetais. Acolhe principalmente uma energia vital que a antiga medicina hindu denominou “prana”. Cerca de 70% do organismo humano, por exemplo, compõe-se de água, e sua reposição é para ele imprescindível.
         Desde a Antiguidade, é conhecido, além de suas funções vitais, o potencial curativo da água. Ela exerce efeitos terapêuticos não apenas ao ser ingerida, mas também ao ser usada externamente em banhos e compressas. Combate as mais variadas doenças, dores, traumatismos, e auxilia no tratamento de distúrbios emocionais. Contudo, a falta de maior entendimento do homem sobre a necessidade de interação harmoniosa com a natureza tem posto em risco essa fonte de saúde e vida.
         Muito embora alguns tenham  despertado para isso, a grande maioria permanece inconsciente, e o que em geral se vê é a falta de respeito para com esse sagrado líquido. A destruição paulatina do meio ambiente, incluindo o desmatamento, a contaminação das nascentes, dos rios, dos lagos e dos oceanos, provoca desequilíbrios de graves proporções, que o homem se tem se tem negado a considerar.
         O mau uso que as pessoas fazem dela, desperdiçando-a e sujando-a desnecessariamente, interfere no equilíbrio do reino mineral e também no equilíbrio dele com outros reinos da natureza. Urgente seria aprendermos a usar a água corretamente.
         A água também é, por excelência, veículo para condução e armazenamento de cargas magnéticas, tanto negativas quanto positivas. Quando pura, conduz energias universais sob a forma de vitalidade; quando poluída, é meio de proliferação de micro-organismos, não apenas físicos como também energéticos. Quanto ao teor magnético da água, ele se deve a fatos que estão além do plano físico.
         Na extensão de toda a Terra há uma rede magnética responsável por muitos setores do seu equilíbrio. O poder magnético da água é tal que, não por acaso, a maioria dos vórtices dessa rede se encontra nos mares e nos oceanos. No manto líquido, transformam-se as forças densas da aura da Terra. Transformam-se e elevam-se algumas tendências desregradas ainda presentes na humanidade e ao mesmo tempo dissolvem-se, em boa parte, as emanações psíquicas humanas e do reino animal.
         O elemento água é um símbolo dessa rede magnética, que absorve e irradia energias e forças. Exprime maleabilidade e adaptabilidade, e por isso simboliza também o plano emocional terrestre e o corpo emocional do ser humano.
         O poder renovador da água pode ser reconhecido até mesmo pelo que proporciona um banho após um dia exaustivo, efeito que pode ser potencializado se o banho se realiza sob certas condições. Além de revitalizar a aura magnética do ser, a água possibilita maior circulação de energias curativas.
         Como o estado vibratório da água é um pouco mais elevado que o do elemento terra, ela absorve o que liga o ser humano às vibrações telúricas e assim o libera para ingressar em níveis de consciência mais sutis.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 16 de novembro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno MEGACLASSIFICADOSADMITE-SE, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2, de autoria de FRANCINE OLIVEIRA, professora do curso de MBA em Gestão Empresarial da FGV/Faculdade IBS, e que merece igualmente integral transcrição:

“O líder e as gerações
         Com o mundo globalizado, o Brasil pôde ter oportunidades de negócios que superaram fronteiras e distâncias, e por meio da crescente mobilidade de pessoas, formou-se e forma-se uma rede interativa entre os países, facilitada pela tecnologia nova da informação e comunicação. Durante os anos 90, em velocidade e dimensão nunca vistas anteriormente, a globalização e responsabilidade social ganharam espaço no mundo.
         O líder deve visualizar que cada pessoa com cultura diferente é a chave da inovação nas empresas. No âmbito empresarial, as práticas de diversidade multicultural devem ter medidas que promovam a diferença racial, mental e comportamental entre pessoas, como um valor a ser agregado em benefício do desenvolvimento da empresa e da inteligência corporativa, com uma lucratividade de forma que a empresa tenha uma capacidade para atrair e reter talentos, clientes, fornecedores, parceiros e investidores, para alcançar seu objetivo maior. Ou seja, crescer e expandir com lucro.
         Agora não tem mais jeito: o líder deve pensar globalmente, aprender internacionalmente e agir localmente. Nossas equipes hoje são multiculturais e compostas principalmente por todas as gerações: baby boomers, X, Y e Z. E o líder precisa ter habilidades para lidar com tantos comportamentos, valores, pensamentos e idades diferentes. Este é o desafio do gestor do presente e do futuro.
         Por exemplo, temos a geração baby boomer, que visa o trabalho como a coisa mais importante do mundo e, por sua vez, o emprego é a sua identidade. Nascidos após a 2ª Guerra Mundial, eles normalmente buscam um emprego para ficar nele até a sua aposentadoria. E mesmo depois da de aposentados, teimam em continuar na empresa. Já a geração X, que os atuais executivos, nascidos entre os anos de 1965 e 79, têm foco em construir uma carreira. Os títulos adquiridos são muito importantes para eles, que são também ágeis no aprendizado e bons empregados. Estrategistas, acumulam riquezas para financiar e estabilizar a elevada qualidade de vida e de educação dos filhos.
         E a geração Y? Esta não tem muitas preocupações com acumular, estabilidade e riqueza pois mora com os pais na maioria das vezes, domina o mundo da tecnologia e não gosta muito de monotonia e principalmente de ser contrariada. Nascida entre 1980 e 1992, muito dinâmicos e inovadores, com grande marketing pessoal, a chamada geração Z, que está chegando ao mercado de trabalho, serão os líderes mundiais nas próximas décadas. Estes priorizam o conteúdo e criatividade, não sabem trabalhar em equipe e ainda são bem individualistas.
         Por isso, a visão do líder deve ser de águia para extrair desses profissionais o melhor que cada um pode oferecer e amenizar os conflitos dentro das empresas, principalmente entre as gerações X e Y. Pois a X é mais rígida, gosta das coisas mais certinhas e não aceita, por exemplo, que a geração Y navegue na internet na empresa, ou fale ao celular enquanto estiver no trabalho. A geração Y, por sua vez, detesta reuniões longas e não tem paciência com os baby boomers, que têm dificuldade em lidar com a tecnologia. Este é o desafio do líder para lidar com as diferentes gerações.
         Enfim, o líder deve ouvir e fornecer feedback, propiciar trabalhos desafiadores, principalmente para a geração Y, que almeja um crescimento rápido e não gosta de ficar acomodada. A sabedoria de um líder eficaz está em aproveitar as diferenças das competências de todos, de forma sinérgica, com um olhar diferente e transformador nas organizações.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores–, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas...

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, nas mais perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, ela atua no ar, na terra, no mar, abaixo do mar...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis (a propósito, lemos na mídia: “No Brasil, por exemplo, as perdas desencadeadas pela baixa taxa de reciclagem de materiais pós-consumo – aproximadamente 4% - são estimadas em R$ 8 bilhões anuais...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional  –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – fazer mais, com menos –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários e que contemplam eventos como: a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações,  da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um novo e possível mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


O BRASIL TEM JEITO!...

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A CIDADANIA, O ENGAJAMENTO DE TALENTOS E OS DESAFIOS DA COMPETITIVIDADE ECONÔMICA

“Engajamento de talentos
        Em tempos de empregabilidade alta e poucos profissionais disponíveis no mercado, é o momento de as empresas e organizações começarem a diminuir turnover e garantir que aqueles talentos – muitas vezes atraídos a peso de ouro – permaneçam na empresa e tragam o retorno esperado.
         E como é que se retém talentos? Essa é a pergunta que muitos me fazem. E a resposta é simples: engajamento. Ou seja, engajando o profissional com a cultura organizacional da empresa e com a importância do seu trabalho para ele e para o grupo. Em artigo publicado na Forbes, há uma definição interessante que vale a pena ser citada: “Engajamento é o compromisso emocional que o profissional tem com a organização em que trabalha e com seus objetivos pessoais”.
         Isso significa que esta pessoa não vai trabalhar única e exclusivamente para receber seu salário, ou para ser promovida, mas estará satisfeita e envolvida com o seu trabalho se estiver alinhada com as metas da corporação. E para se engajar pessoas é preciso ter um ambiente de fomento ao crescimento, transparente e movido pela meritocracia.
         Eis aqui um bom motivo para apostar em um programa de engajamento: pesquisa realizada pela Gallup e publicada em 2012 mostra a relação direta entre o nível de engajamento dos funcionários e a performance global da organização. Quanto maior o engajamento, maior é a performance da empresa. E de acordo com a Forbes, ao menos 25% dos talentos são profissionais desengajados e que planejam deixar a empresa.
         Há um outro aspecto importante que não deve ser esquecido quando falamos de pessoas desengajadas dentro da empresa. Um profissional infeliz trabalhando no piloto automático vai, fatalmente, contaminar o ambiente em seu redor, cometer erros que podem custar caro para a organização e, até mesmo, não respeitar políticas e procedimentos importantes para a racionalização de custos, por exemplo. Para se ter ideia, o custo dessa falta de engajamento no Brasil ultrapassar os R$ 100 bilhões, segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). É uma conta cara, cuja origem não pode mais ser ignorada pelas organizações brasileiras e muitas ainda encaram o recursos humanos (RH) como “departamento pessoal”, e não como uma área estratégica, que pode sim trazer resultados à organização.
         Para que ocorra esse engajamento é necessário identificar os fatores, as variáveis, princípios que impactam esses profissionais, e trabalhar nesses pontos. Engajamento só é possível com profissionais desafiados em seu crescimento profissional, tendo reais oportunidades dentro da empresa. E hoje isso é possível por meio de diversas ferramentas e tecnologias, necessárias para se fazer um acompanhamento estratégico, de gestão de performance e que estabeleça metas e objetivos individuais e corporativos vinculados a um plano de carreira bem-estabelecido.
         Por incrível que pareça, a maior parte dos profissionais procura por desafios, e há mais engajamento se os desafios estiverem alinhados com as metas do grupo no qual ele se insere. Muitas vezes, o salário aparece como o quarto fator de engajamento do profissional. A empresa pode oferecer uma remuneração alta aos melhores profissionais – mas se a posição deles na empresa não favorece que eles cresçam e se desenvolvam, a organização já tem uma boa chance de perdê-los. Outro aspecto fundamental é o fortalecimento da cultura organizacional da empresa, da meritocracia e da transparência.
         De novo: um programa de gestão de desempenho é uma solução que pode transformar o ambiente organizacional de forma radical. A gestão de desempenho facilita o alinhamento em torno de objetivos do negócio, e o engajamento da equipe na busca da meta da organização como um todo. E esse é o princípio do engajamento: envolver todos em busca do mesmo sonho!
         Por fim, investir em um programa de engajamento não serve apenas reter seus talentos, mas também pode ajudá-los no seu crescimento profissional, tornando-se, assim, um investimento que beneficia tanto o profissional quanto a empresa. Acima de qualquer prognóstico do cenáriio econômico, sua empresa precisará continuar crescendo e inovando para se manter competitiviva. Para tal missão, é necessário e fundamental envolver nesse projeto os iniciantes (estagiários e trainees), que formam a base da companhia, pois eles serão os futuros executivos de sua organização.”

(CEZAR AUGUSTO DE CAMPOS, diretor do Instituto de Administração – Instiad MG, e LUIZ CLAUDIO BINATO, CEO do Instiad, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de agosto de 2014, caderno MEGACLASSIFICADOSADMITE-SE, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 6 de novembro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 21, de autoria de Ricardo Diniz, vice-chairman do Bank of Merril Lynch do Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“O potencial do Brasil e a competitividade econômica 
         Apesar da pequena queda do Brasil no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, divulgado em setembro, em que passou da 56ª para a 57ª posição, o país possui indicadores positivos que merecem atenção. A amplitude de nossa economia doméstica, a capacidade de atração de investimentos diretos e a boa taxa de empregabilidade dão fôlego e incentivo para a manutenção do desenvolvimento. Somados a esses fatores, podemos considerar as oportunidades de investimentos em infraestrutura e incentivos à educação.
         O Brasil desfruta do privilégio de possuir uma comunidade empresarial sofisticada e com excelência em inovação em alguns setores. Partindo desse princípio, focar em competitividade é crucial num momento em que o país se insere cada vez mais no mercado global. Estratégias como essa permitem, inclusive, que haja uma recuperação econômica robusta e perene, sustentável ao longo do tempo, e possibilita a criação de antídotos para combater eventuais percalços econômicos que podem tornar qualquer nação vulnerável. Tudo isso exige reformas e investimentos, e os resultados são perceptíveis em médio e longo prazo.
         Os alicerces do desenvolvimento passam por políticas de ajustes e fortalecimento da macroeconomia e por mecanismos de modernização da infraestrutura que possam proporcionar maior crescimento econômico. Também envolvem incentivos ao empreendedorismo com a redução da burocracia, que impõe um alto custo para as empresas, e a modernização do nosso parque industrial, o que é fundamental para a inserção mais profunda do país no cenário externo e a ampliação das oportunidades de negócios para as companhias. Incentivos à educação e à cultura de pesquisa também podem acelerar a geração de inovação, propiciando a interação entre a classe científica e as empresas, medida fundamental para ampliar a competitividade da economia.
         O aprimoramento da infraestrutura resulta em oportunidades para empresas brasileiras e estrangeiras. É preciso, porém, que os aportes combinem fatores de infraestrutura básica (com a construção e modernização de estradas, ferrovias, portos e aeroportos) e tecnológica (pela geração de energia por meio de diversas fontes, além de melhorias na telefonia e no acesso à internet). Evidentemente, nesse ponto é importante sempre levar em consideração a preservação de recursos naturais, para seguirmos um modelo de desenvolvimento sustentável capaz de conciliar as demandas sociais, econômicas e ambientais.
         O diagnóstico e o planejamento para impulsionar ainda mais o país já existem, basta colocar os projetos em prática. Estamos diante de um momento histórico repleto de prosperidade e de mudanças, um momento em que há a possibilidade de iniciarmos um novo ciclo de investimentos em infraestrutura, estímulos à produtividade e à inovação. É preciso considerar essa percepção e reafirmar o potencial do Brasil para seguirmos rumo ao desenvolvimento com uma economia mais competitiva.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, na mais perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados” –, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities;sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários  previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


O BRASIL TEM JEITO!...

terça-feira, 11 de novembro de 2014

A CIDADANIA, A SUSTENTABILIDADE, O FUTURO DA TERRA E A SOLIDARIEDADE


“O clima, o futuro da Terra e a economia do futuro
        Encontra-se em negociação nas Nações Unidas o regime global de luta contra as alterações do clima a ser adotado no futuro próximo. O grande objetivo do processo é impedir que o aumento da temperatura da Terra ultrapasse 2° C. Esse seria, de acordo com análises científicas consistentes, o limite que conseguiríamos administrar.
         Todos os anos, além de várias reuniões técnicas, ocorre a conferência magna da ONU sobre o clima. A próxima será realizada  em Lima, Peru, nas primeiras semanas de dezembro. Seu sucesso é decisivo para que, na conferência de 2015, em Paris, os países tenham pronto o texto de um novo regime internacional que sucederá ao Protocolo de Kyoto.
         Esse novo acordo deverá ser substancialmente diferente. Ele terá uma abrangência bem superior ao Protocolo de Kyoto. Além de tratar da mitigação das mudanças climáticas, deverá abordar as adaptações necessárias para lidar com essas alterações, bem como os meios para sua implementação, ou seja, como e quem pagará a pesada fatura.
         É importante destacar que os resultados da presente negociação terão impactos transversais em toda a economia e, portanto, em toda a sociedade. Ao fim do processo, deve ser definido um novo regime legal internacional que guiará as políticas dos países no futuro próximo em matérias tão diversas como energia, transportes, indústria, cidades entre outras. Na verdade, trata-se de mudar o paradigma do crescimento econômico dentro dos limites do planeta, que, afinal de contas, são finitos.
         Essa é a principal razão pela qual o processo é tão complexo. Na prática, embora se fale em acordo climático, o que vemos são os governos negociando o futuro de suas economias. Para a maioria das autoridades ainda se trata de quantidade de crescimento, quando, na verdade, deveríamos estar preocupados com sua qualidade. Em pleno século XXI, o foco do debate não deveria mais ser quanto,  mas como vamos crescer.
         Historicamente, o crescente tem sido o objetivo central das políticas econômicas, assumindo que com ele virá o aumento da renda e do bem-estar. Em resumo, para sermos felizes, teríamos de ser ricos. Sabemos hoje que a correlação entre riqueza e felicidade não é totalmente verdadeira, principalmente depois que se atinge um mínimo de renda que satisfaça as necessidades básicas.
         O mesmo se aplica ao consumo. Será que para melhorar o bem-estar e, no limite, sermos felizes teremos de consumir carros mais cada vez mais? De que adianta termos carros mais caros e potentes se ficamos horas parados no trânsito? Não seria mais racional ter um sistema de transporte eficiente e com mais qualidade? E o que dizer do desperdício? De acordo com a FAO, é lançado no lixo, anualmente, cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos, um prejuízo de US$ 750 bilhões, ou RS$ 1,6 trilhão.
         No ritmo atual, com a criação de riqueza como maior objetivo, tendo o PIB como principal termômetro e admitindo que as atuais políticas tenham sucesso, certaremos ficaremos mais ricos. A questão é se teremos ainda oportunidade, como sociedade, de usufruir os benefícios que essa riqueza poderia trazer ou se ela será consumida com medidas de adaptação a um clima cada vez mais adverso, combatendo a poluição do ar e dos rios ou mesmo tratando nossa saúde cada vez mais afetada.
         O atual modelo de crescimento conduziu-nos a um precipício. Nossa geração tem nas mãos a possibilidade de decidir se muda de direção e cria paradigmas de crescimento sustentáveis de longo prazo ou se continua caminhando em direção ao abismo.”

(PEDRO MIGUEL SIRGADO. Diretor do Instituto EDP, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 9 de novembro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna  contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 7 de novembro de 2014, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Semana da solidariedade
        A Cáritas Brasileira promove a Semana da Solidariedade, de 7 a 14 de novembro, no amplo contexto da campanha mundial inspirada pelo tema “Uma família humana: pão e justiça para todas as pessoas”. Com simplicidade, está feito o convite à reflexão sobre a realidade da fome e da pobreza no Brasil. Essa pauta tem relevante significação cidadão e indispensável força educativa. A vivência desta Semana da Solidariedade é oportunidade de ouro para qualificar a insubstituível sensibilidade social que deve temperar a cidadania. Um tempero que precisa ser renovado no coração dos adultos, cultivado no coração das crianças, na mente e nas convicções dos jovens. Não investir no compromisso com a solidariedade produz lacunas muito sérias nos cenários sociais.
         O consequente tratamento inadequado e equivocado da natureza, gerando prejuízos e catástrofes muito sérias e a escassez de bens vitais, é uma das consequências da falta de solidariedade que, infelizmente, caracteriza certos comportamentos sociais e políticos. Sabe-se que a sociedade é edificada por instituições e organizações, articulações e contribuições técnicas de todo tipo. No entanto, se o sentido de solidariedade for desconsiderado, as muitas dinâmicas tornam-se fadadas ao fracasso e surgem descompassos diversos, que pesam sobre os ombros de todos, particularmente dos mais pobres e indefesos.
         A solidariedade é bem vital e determinante dos rumos da sociedade e, por isso, torna-se indispensável que todos busquem caminhos para superar um gravíssimo problema: o desperdício de alimentos. A Semana da Solidariedade começa no Dia de Mobilização Nacional de Combate à Fome e à Pobreza, 7 de novembro, data que busca a união de todos contra o desperdício e incentiva o apoio à agricultura familiar. A mobilização também pede a efetivação de políticas públicas que garantam o direito à alimentação. Um caminho de grande importância, que inclui metas, exige entendimentos e ações para superar contradições que prejudicam a justiça.
         Aqui se desenha um cenário com enormes desafios e exigências, indicando o quanto é necessário aprimorar o tratamento da realidade e a aplicação das políticas públicas. A complexidade dessa realidade não pode justificar indiferenças, desconhecimento e pouco empenho para realizar mudanças que, ao serem adiadas, retardam a urgente e necessária superação da miséria que pesa ainda sobre muitos. Ainda que a ONU divulgue que o Brasil está fora do mapa mundial da fome, tendo-a reduzido em 50%; e a extrema pobreza, em 75%, além de ter alcançado a meta dos objetivos de desenvolvimento do milênio com mais de um ano de antecedência, há um exigente caminho a ser percorrido. Esse percurso inclui políticas públicas mais audaciosas e emancipatórias, como também não pode dispensar o sentido cidadão de solidariedade que deve mover a mente e o coração de cada pessoa.
         As estatísticas não podem permitir acomodação e tranquilidade diante da meta atingida. Enquanto houver um irmão passando fome no Brasil, ou em qualquer canto do mundo, a consciência cidadã deve doer. É muito fácil não se deixar incomodar. Até porque nem sempre se vê, ou até se sabe, a respeito dos que passam e são vítimas de injustiças. Apesar dos muitos avanços, ainda temos regiões, não tão longe de nós, convivendo com a fome. Segundo cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o número de indigentes no país cresceu de 10,08 milhões, em 2012, para l0,45 milhões no ano passado. Trata-se de um aumento de 3,7%, o primeiro desde os 10% de 2003. No mundo, 805 milhões de pessoas – uma em cada nove – sofrem de fome crônica, segundo o relatório “O Estado da Insegurança Alimentar” da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
         Para superar as situações de miséria, não bastam ações aleatórias, as iniciativas políticas estratégicas, transformadoras e emancipatórias, precisam ser fundamentadas pelo compromisso cidadão e cristão de combater o desperdício. O volume de alimentos produzidos no Brasil, por exemplo, é 25% superior à necessidade de toda a população do país. Em todo o mundo, segundo as Nações Unidas, cerca de um terço de todos os alimentos produzidos é perdido ou desperdiçado, volume equivalente a mais de 1,3 bilhão de toneladas de comida – e a cerca de US$ 1 trilhão, o suficiente para alimentar 870 milhões de pessoas. O modelo de produção, beneficiamento e outros aspectos, somados ao desperdício, responsabilidade de cada indivíduo e das instituições, perpetuam a vergonhosa realidade da fome. Sendo assim, cada um é convidado a disciplinar-se, dia a dia. É preciso utilizar os bens da criação na medida necessária, sem excessos.
         Compreender a solidariedade como princípio ordenador de instituições e da conduta cidadã eleva a capacidade para transformar o que é urgente mudar. E esse entendimento do que é, de fato, solidariedade levará os cidadãos a terem clareza do débito de cada um para com a sociedade. Que o horizonte desafiador da fome inspire a vivência desta Semana da Solidariedade, para gerar novas posturas e ações. De modo especial, que cada um desperte para o compromisso efetivo com a solidariedade, em gestos grandes e pequenos. Trata-se de nobre sentimento, o único remédio capaz de devolver e manter equilíbrios na sociedade contemporânea.”

Eis, portanto, mais páginas contendo concisas, importantes e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), com prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, na promíscua relação “dinheiro público versus interesses privados”, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, haja vista a tênue motivação para a compreensão do nobre significado pessoal e social do voluntariado e das ações de solidariedade...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


O BRASIL TEM JEITO!...