segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, SOLIDARIEDADE, ALTRUÍSMO E DIGNIDADE HUMANA NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DAS NOVAS REDES DE HUMANISMO E FRATERNIDADE UNIVERSAL NA QUALIFICAÇÃO CIVILIZATÓRIA NA SUSTENTABILIDADE

“Um gesto de solidariedade

        O cenário brasileiro tem-nos apresentado histórias chocantes, com todo tipo de violência, dirigida principalmente contra os pobres. Mas, eles continuam entregues à própria sorte. Sequer são reconhecidos como o rebanho preferido do grande Pastor de almas. Em geral, omitindo-nos de uma participação social responsável e solidária, porque esperamos que aqueles que estão sofrendo com a exclusão social tenham forças para lutar contra as condições adversas em que se encontram. Cobramos deles a obrigação de serem fortes, quando nós mesmos não o somos, diante de problemas pessoais menores.

         Pouco pensamos no esforço que os pobres têm de fazer para sobreviver, material e emocionalmente, nesse Brasil de injustiça social, em que são sempre discriminados. Participamos desse teatro preparado para atender a interesses de uma minoria privilegiada, sem nos importarmos com o fato de que todos protagonizam papéis que são verdadeiros, mesmo quando trágicos. Para o desempenho desses papéis, a sociedade ainda cobra mais: a vestimenta adequada. Assim, as roupas e acessórios, além de proteção ao corpo, representam uma participação no jogo de aparências do mundo. Sabemos que esta participação, felizmente, nem sempre implica uma renúncia à procura da essência da vida.

         Esquecemo-nos, no entanto, de que em condições sociais por demais adversas, as pessoas podem perder a esperança de que a sua existência venha a atingir os direitos previstos na constituição brasileira, ou determinados pela sua própria noção de dignidade humana. Foi o que ocorreu na comunidade de José Roberto, Abre Campo-MG, cuja população teve suas casas e “roças” inundadas pelas águas da barragem de Cataguazes. Um dos moradores, Sílvio, diante da situação de abandono em que foram deixados, depois da construção dessa barragem, acabou se desesperando. Antes do gesto final, porém, deixou em casa o chapéu, sem o qual nunca saía. O chapéu de Sílvio simbolizou o último adereço pessoal que o vinculava à farsa social de que ele desistira de participar. Isto não passou despercebido aos seus companheiros, pois no dia 14/03/01, Dia Internacional dos Atingidos pelas Barragens, numa mobilização da comunidade em torno dessa data, o sr. Manoel Clemente declarou que apesar de “tirar o chapéu para os que lutam contra as barragens naquele dia, permaneceria com ele na cabeça, em lembrança ao amigo morto” (Jornal Pelejando, Abril 2001, Comissão Pastoral da Terra-MG). Gestos como estes fazem pensar na omissão da nossa sociedade em relação a tantos brasileiros privados da sua dignidade. O que demonstra ser, apenas, em teoria o Cristianismo vivido por pós.”.

(LAIR MATTAR. Mestre em Educação, professora da Rede Municipal de Ensino/BH, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de abril de 2001, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 25 de fevereiro de 2022, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Redes de dizeres

         O mundo contemporâneo vem sendo tecido e impulsionado por redes. Um fenômeno impactante, facilitado, particularmente, pelos avanços tecnológicos. A compreensão desse fenômeno exige estudos, adaptações e mudança de mentalidade, para que não se produzam atropelos e se saiba encontrar soluções e respostas adequadas. Uma novidade que revoluciona e imprime velocidade com força de avalanche no conjunto dos processos da vida contemporânea em qualquer parte do planeta. São muitas as possibilidades e incontáveis as exigências. Desafios que acabam por pesar nos ombros da humanidade, sinalizando fortemente a exigência de adequada administração. Uma gestão que não se esgota no viés técnico e não abre mão, sobretudo, do que se guarda no âmago do existencial de cada indivíduo e do conjunto da comunidade humana. São redes de todo naipe, compondo um mosaico com singulares complexidades, com desenhos censitários apontando relevantes desafios à mente e ao humanismo. Importante indicar a referência ao humanismo que está em pauta neste momento, aquele que requer novas configurações, enquanto integral, compreendido com força de modelação de rumos e tempos novos para a civilização contemporânea, palco de gritos e clamores que incomodam e precisam ser acolhidos como interpelação.

         Menção oportuna também sobre a importância da rede de solidariedade transformando a solidariedade em rede, modo singular para se conseguir esperançar mudanças mais rápidas em se considerando cenários de miséria e exclusão, envergonhando sociedades e ferindo a intocável sacralidade da vida humana, em todas as suas etapas. A solidariedade em rede é um remédio indispensável para reavivar o sentido comprometido de fraternidade universal, a começar pelo efeito de desconcertar os indiferentes, empurrar e balizar entendimentos políticos com incidências transformadoras no esfarrapado tecido político, responsável por rumos inadequados na economia, com vítimas causadas pela crueldade do mercado e massacradas pela ganância alimentada pelo lucro e medo de não se ter, embora se possua em excesso.

         A rede de solidariedade tem importantes interseções de influências com outros circuitos. Promover o engajamento nas redes de solidariedade é investir também em uma grande mudança cultural, despertando o conjunto da população para uma sensibilidade que conta muito, e decisivamente, no desenvolvimento integral. Tem relevância também na relação direta com a rede de solidariedade, a “rede de dizeres”. Todo indivíduo tem direito a se expressar, no uso de sua liberdade e de sua autonomia cidadã. Mas, a contemporaneidade, neste inquestionável processo de viragem civilizatória, está fortemente afetada por uma “Babel de dizeres” que, consequentemente, produz comprometimentos e contaminações – talvez mais que avanços significativos em entendimentos construtivos e corretivos, em se focalizando, especificamente, o nível comum do cotidiano das relações edificadas pela força determinante do que se fala a todo momento.

         Certamente, além da normal influência do muito falar, particularmente do se expressar sobre tudo, mesmo quando não se entende suficientemente daquilo que se fala, ou não é, como se diz popularmente, “da sua conta”, as redes sociais facilitadoras têm impactos determinantes e avassaladores na configuração desta “Babel de discussões” com suas contaminações e comprometimentos no âmbito dos diálogos indispensáveis e do próprio direito da livre opinião. O fato é que está posto um desafio ao entendimento lúcido. Em curso está o exigente desafio de contribuir, digerir e suportar a rede de narrativas. A dificuldade e incompetência da falta desse traquejo estão pesando muito e requerem urgente atenção e tratamento sob pena de prejuízos irreversíveis e também a imposição de atrasos, frutos de escolhas inadequadas e tendenciosas. A “rede de dizeres”, em contínua aceleração, no leito das redes sociais, está expondo mentalidades estreitadas, acirrando sentimentos expressos pela impactante falta de sentido de limites, dificuldades cognoscitivas de confrontos em vista de juízos lúcidos e sóbrios, em se pensando a importância decisiva daquilo que se diz. Por isso, a veiculação volumosa e acelerada de inutilidades equivocadas torna-se preocupante. Constata-se um emaranhado que afeta cada indivíduo, até em razão do que diz ou não, e incide sobre o conjunto de uma sociedade, confundindo escolhas, atrasando processos. São muitos os aspectos do conjunto complexo da “rede de dizeres”, do mais sofisticado e significativo ao comum nas esferas populares.

         Com o apoio de especialistas dos vários campos, com tarefa primordial nos ambientes e pelos meios educativos todos, torna-se urgente um investimento na competência, em todas as camadas, de se suportar as narrativas e de se desenvolver sua adequada produção. Há de se puxar fio por fio desta meada. Uma tarefa complexa e também artesanal com propriedades de resgastes. Isso porque é visível a ocorrência de um adoecimento emocional e também uma perda do sentido de limites e dos balizamentos que assegurem o mínimo de racionalidade e equilíbrio. As facilidades das redes sociais a serviço da “rede de dizeres”, não pode ser espaço para narrativas que geram confusão e ativam o caos. É preciso lembrar que, muitas vezes, ao se precipitar no caos não se conseguirá sair dele, e ainda que se consiga sair, haverá um alto custo. Assim, é urgente investir, corrigir, compreender e contribuir, para que o estrago dos discursos ressentidos, polarizados e dissolutos não ganhem força, capitaneando pares que, até inconscientemente, se envolvem com narrativas, na maioria truncadas e amparadas em estatísticas inexatas.

         Curioso é conferir como as visualizações em publicações equivocadas, revelando o grau de patologias disseminadas e alimentadas, conseguem volumosas audiências em comparação ao número pífio alcançado por narrativas edificantes. Que as “redes de dizeres” possam se tornar construtivamente narrativas que qualifiquem a viragem civilizatória do momento atual, ao invés de vetores para mais adoecimentos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da fraternidade universal);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a estratosférica marca de 349,62% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 127,57%; e já o IPCA, em janeiro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 10,38%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade   “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

 

E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”.

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da visão olímpica, do direito, da justiça, da verdade, da espiritualidade conciliadora, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal!

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos!

- O Epitáfio...

 

 Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA BOA GOVERNANÇA E EXTREMO ZELO COM A CASA COMUM PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DA QUALIFICAÇÃO DO ENSINO BÁSICO E NOVAS TECNOLOGIAS NO HUMANISMO TRANSFORMADOR NA SUSTENTABILIDADE

“Desastres: estamos atacando o real problema?

        Acompanhamos nos noticiários as tragédias que levaram sofrimento para a Bahia e Minas Gerais em razão dos impactos derivados das fortes chuvas, que causaram inundações, estradas fechadas e pontes destruídas. Como não se comover com as famílias desabrigadas que perderam tudo em plena pandemia e os negócios que tiveram prejuízos e precisarão fechar as portas?  Ao mesmo tempo, vemos um calor recorde no Rio Grande do Sul, com as temperaturas passando dos 40ºC.

         É necessário ainda considerar toda a amplitude dos impactos socioeconômicos deste cenário. A queda de produtividade e a perda de plantações levam a uma menor quantidade de alimentos disponíveis e, com a redução da oferta, teremos a alta de preços alimentando a inflação. E, com a economia paralisada em razão do município estar embaixo d’água, ocorre a queda de arrecadação de impostos, prejuízos e aumento de desemprego. Dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM) falam de R$ 1,6 bilhão de prejuízo apenas na Bahia. Já o calor extremo no Sul e o contato com água não tratada aumenta o caso de problemas de saúde nas populações atingidas. Tudo culpa da natureza, certo? Errado.

         Não podemos confundir as consequências com as suas causas. Existem diversos estudos demonstrando os efeitos dos gases de efeito estufa nas mudanças climáticas. Temos testemunhado uma maior recorrência de chuvas e ventos fortes, seca e calor intenso no Brasil e no mundo. A isso se soma a falta de planejamento urbanístico, a inadequação da infraestrutura, as injustiças sistêmicas e a marginalização destacados em artigo recente de Baju, Boyd e Otto, publicado pela revista Nature. A humanidade precisa entender e assumir o seu papel e sua responsabilidade de formas individual e coletiva. Temos responsabilidade na forma que consumimos, trabalhamos, colaboramos e vivemos.

         E este é um tema tão relevante que, no recém-publicado “Relatório de Riscos Globais 2022” do Fórum Econômico Mundial, dos dez riscos de maior severidade para os próximos dez anos em escala global, os oito primeiros estão relacionados à questão ESG (em português, Ambiental, Social e Governança), sendo nas ações climáticas, extremos climáticos e perda de biodiversidade os mais críticos. O problema está visível e exige ação. A boa notícia é que existem soluções que, contudo, precisam urgentemente serem adotadas: redução das emissões dos gases de efeito estufa, transição energética, economia circular e minimalismo, entre outros. E para isso a vontade política, a pressão e o engajamento da sociedade, das empresas e demais organizações devem se fazer presente.

         No caso do mundo corporativo, o tema ESG voltou a ganhar relevância. Precisamos de líderes e profissionais conscientes e proativos para fazer com que as mudanças tão necessárias de fato aconteçam. Negar ou minimizar o problema só contribui para que tragédias e desastres como estamos vendo em Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul se perpetuem e ampliem. A adoção pelas empresas de práticas de sustentabilidade é condição para a perenidade dos negócios e da humanidade. Vamos para a ação?”.

(Jefferson Kiyohara. Diretor de Compliance & Sustentabilidade na ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 27 de janeiro de 2022, caderno OPINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de junho de 2003, mesmo caderno, página 9, de autoria de SILO MEIRELES, engenheiro industrial, com curso de extensão na Universidade de Paris, e que merece igualmente integral transcrição:

“O fim da escola pública

        O último relatório do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) dá contornos dramáticos a uma sucessão de fracassos em que foi transformado o ensino básico no País: 41% dos brasileiros não terminam o ensino fundamental e 60% deles não concluem o ensino médio.

         O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) já haviam mostrado que os alunos brasileiros são os piores em leitura, lideram a repetência na América Latina e estão entre os nossos 74% de analfabetos funcionais. O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) registram, há bastante tempo, uma queda sensível na qualidade do nosso ensino.

         O mais grave, entretanto, é que os indicadores mostram que a queda é muito mais acentuada na rede oficial. Os esforços do Ministério da Educação, padronizando projetos pedagógicos com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e estimulando o avanço escolar com as promoções continuadas, os ciclos de aprendizagem e as classes de aceleração, não se mostraram capazes de reverter a tendência. O sistema de cotas é uma tentativa grosseira de passar a conviver com esta intolerável distorção.

         A qualidade do ensino básico é um fator de reordenamento dos países no mundo globalizado. Isto porque ela se refere diretamente na competitividade dos bens e dos serviços que cada um deles é capaz de produzir. Por este motivo, nesta última década, os países que mais se destacam no cenário mundial, são exatamente os que orientaram os seus modelos pedagógicos por critérios objetivos de eficácia.

         O domínio da leitura e da escrita é percebido, nestes países, como um requisito básico para o sucesso em toda a vida escolar. As diversas estratégias e metodologias disponíveis para ensinar a ler e a escrever passaram a ser discutidas publicamente, utilizando e realimentando projetos de pesquisa comparada, tendo como objetivo central minimizar as possibilidades de fracasso.

         O resultado é que os governos de países como França, Estados Unidos, Inglaterra, Chile, Itália, Portugal e muitos outros passaram a recomendar ostensivamente, a professores, escolas e pais de alunos em geral, que adotem a concepção fônica do ensino de leitura e da escrita. Agem assim porque constataram que a habilidade de reconhecer e de manipular os sons do idioma e os fonemas em particular – consciência fonológica e consciência fonêmica – é a variável isolada que melhor permite prever o sucesso na alfabetização. Um número crescente de avançados centros acadêmicos de todo o mundo vem aprofundando essas pesquisas e reforçando essa convicção.

         Os analfabetos aprendem inicialmente a identificar e a manipular os sons elementares do idioma (fonemas). Aprendem então as relações entre estes sons e as letras do alfabeto (grafemas). Entendem as palavras escritas como sequências de letras que correspondem a combinações de sons que formam as palavras faladas. Desenvolvem a mecânica e a compreensão da leitura com a própria leitura supervisionada. Trabalham as habilidades da escrita, em paralelo, com as mesmas premissas.

         Cuba, França, Portugal, Chile, Canadá, Austrália, Itália, Inglaterra, Escócia, Irlanda, EUA, Finlândia, Alemanha, Israel, Suécia, Dinamarca, Noruega, Holanda e Bélgica alfabetizam desta forma, e a esmagadora maioria das suas crianças, com um ano de instrução, é capaz de ler e de escrever com segurança, fluência e compreensão, coordenando os indicadores fônicos, gráficos, sintáticos e contextuais, para guiar e corrigir seus erros.

         O Ministério da Educação insiste em ignorar todos estes fatos. Recusa qualquer critério objetivo de eficácia e continua a recomendar que as suas escolas coloquem os analfabetos para ler e produzir textos e esperem que eles formulem hipóteses e descubram sozinhos as relações entre os sons e as letras. Os pouquíssimos alunos que aprendem a ler assim parecem ser motivo mais do que suficiente para justificar os milhares de analfabetos que frequentam as séries avançadas das escolas de todo o País, os milhares de diplomados reprovados pelo Saeb e pelo Enem e os milhares de desistentes que vão engrossar as estatísticas do Inep ou vão frequentar um dos inúmeros programas que se eternizaram tentando ensinar jovens e adultos a ler.

         A rede oficial de ensino nos países onde existe, promove a igualdade de oportunidades e a melhoria contínua dos padrões de qualidade. Se no Brasil ela promove o fracasso, a evasão e a exclusão, podemos denunciar o fim da escola pública.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da fraternidade universal);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a estratosférica marca de 349,62% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 127,57%; e já o IPCA, em janeiro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 10,38%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

 

E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”.

 

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da visão olímpica, do direito, da justiça, da verdade, da espiritualidade conciliadora, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal!

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos!

- O Epitáfio...

 

 Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

        

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES E EXIGÊNCIAS DA ÉTICA E BOA GOVERNANÇA NA RESTAURAÇÃO DA REPÚBLICA NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DA VOZ DO CORAÇÃO, JUSTIÇA, SOLIDARIEDADE E FRATERNIDADE UNIVERSAL NA MUDANÇA CIVILIZATÓRIA NA SUSTENTABILIDADE

“A natureza da coisa pública

        A nação vive sua adolescência. O país em que cresci, frequentemente acusado de ser alheio, alienado da sua própria condução, subitamente se viu cheio de opiniões. Calhou que essas opiniões viessem de forma dissonante e polarizada, majoritariamente pautadas por insatisfação, frustração e raiva. Seguindo com a metáfora com que abri, é como se aquela nação de infância pobre, miserável, mas de alguma forma feliz, se visse agora angustiada, de mal consigo. Mal resolvida com duas dores do crescimento.

         Suponho que seja natural, que faça parte da evolução de uma sociedade que emergiu de um regime autoritário e com censura e que agora tem que aprender a fazer uso dessa liberdade. Mas quanto tempo dura a adolescência de uma nação? Décadas? Qual o nosso papel, o papel de cada um de nós, cidadãos, nesse amadurecimento?

         Isso posto, vale ressaltar, então, que é nessas circunstâncias que a maior pandemia em cem anos nos encontrou. Vivemos, sem qualquer dúvida, um momento histórico, turbulento, em que a desídia não é uma opção. A nação tem que buscar mais responsabilidade, mais maturidade. Passou da hora de abandonar juízos infantis e rasos, de que tudo o que se faz no Brasil é necessariamente ruim ou de má qualidade. Essa pecha autodepreciativa, nivelando por baixo tudo o que é público, não conduz ao crescimento.

         A mídia livre é um dos esteios da democracia. Portanto, é imprescindível à nação que os veículos de comunicação ressoem a verdade em seus espaços. É o básico, é o mínimo. E isso vale para acusações de qualquer natureza, sejam contra o “cidadão comum” da esquina, funcionários públicos, “políticos importantes” ou contra uma instituição pública centenária. A liberdade de opinião não pode ser justificativa para distorcer a verdade ou tratar de maneira irresponsável a reputação de pessoas ou instituições.

         Sou médico do SUS, desde 2003 trabalho no serviço público e, muito pela natureza de minha especialidade, infectologista, trabalhei principalmente com populações marginalizadas, desfavorecidas. Nesse período, vivi momento de maior ou menor encantamento com a máquina pública naquilo que, na minha visão de médico da linha de frente, ela se propunha a fazer, que era atender essas populações, os meus pacientes. Hoje compreendo que é raso, é pobre julgar servidores públicos ou a máquina pública como algo inerentemente “bom” ou “mau”. Sim, a máquina pública é morosa e por vezes frustrante e injusta. Por outro lado, foi o SUS, como está posto, que permitiu que a pobre resposta brasileira à Covid não se transformasse em uma tragédia ainda maior.

         O caminho para o crescimento passa por apontar onde essa máquina deve melhorar, não de forma vaga, mas sugerindo onde e como, e isso de forma precisa. Não é uma tarefa fácil, dá trabalho, pois isso tem que ser feito com substrato técnico, com embasamento.

         Na Fundação Ezequiel Dias (Funed), que completou em agosto 114 anos, assumi o cargo de presidente em novembro do ano passado. E, de fato, não tenho hoje dúvidas de que a fundação apresenta enormes desafios a serem superados. E esses problemas são diversos e complexos, com uma miríade de interfaces que perpassam inúmeras áreas dentro da Funed e fora dela, assim como em outras secretarias, órgãos de controle, Legislativo etc. Mas é importante ressaltar que, se encontrei desafios, também achei, em igual medida, um corpo de servidores públicos comprometidos com a sua entrega para a sociedade. Mais que isso, percebo um orgulho legítimo de seu trabalho por parte dessas equipes, quer seja no laboratório, na pesquisa, na indústria ou nas áreas-meio. Orgulho de um trabalho árduo, por vezes exaustivo, mas por meio do qual enxergam a entrega para um “cliente” muito específico, o cidadão. Afinal, a Funed trabalha para o SUS.

         Este é o mundo real, com defeitos e qualidades, pontos fortes e fracos, e não a narrativa bipolar que com frequência vejo retratada a respeito da Funed: ora mazela administrativa, ora superpotência latente para todos os problemas da saúde em Minas. Sim, é preciso melhorar, mas, para que isso seja possível, é preciso estar disposto a conhecer a instituição por dentro.

         Ora, é de todo interesse do servidor público (e eu sou um deles) que, se há algo inadequado, incorreto, ineficiente, que seja visado e corrigido. E não tenho, tampouco, dúvida de que a mídia, a transparência e o acesso à informação são imperativos para que isso se dê de forma perene e consistente, atravessando gestões. Justamente por isso a mídia tem uma grande responsabilidade em nos guiar, enquanto sociedade, por tempos tão turbulentos. Afinal, é o que todos buscamos, o crescimento.”.

(Dario Ramalho. Presidente da Fundação Ezequiel Dias, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 27 de outubro de 2021, caderno OPINIÃO, página 21).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 18 de fevereiro de 2022, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Falar a voz do bem

        É preciso, ecoar de onde nascem os sentimentos, palavras que possam devolver a esperança, restaurar os relacionamentos, produzir entendimentos, especialmente quando há grande urgência em refazer escolhas nos âmbitos pessoal, familiar, político, religioso e econômico também. Refazer escolhas norteadas pela voz do coração emoldurada pela claridade da razão, o que nos impede de perder o rumo, o sentido do viver – para não cair no ardil existencial de desistir do dom da vida. Ou, ainda, viver o dom da vida desconsiderando toda grandeza que o viver carrega em si. Deixar falar a voz do coração, assim nos lembra a poesia da canção, indica ser oportuno e urgente priorizar a “a voz do bem” ante os cenários e a avalanche de “falas” facilitados, sobretudo, pela velocidade das redes sociais.

         O bem traz intrinsecamente no seu âmago a verdade que liberta e corrige, denuncia e anuncia, com propriedades que passam longe dos destemperos patológicos multiplicados por interesses de todo o tipo, fazendo do falar uma ancoragem perigosa e perversa que jamais conseguirá atingir a mais importante propriedade da palavra, a geração de entendimentos, próprio da demanda de tecer relacionamentos que promovam a paz.

         A avalanche de crises, em curso no conjunto da grande mudança civilizatória envolvendo a humanidade neste momento, aponta grandes e complexas transformações impedindo a voz do bem. É assustadora a dimensão de hostilidade dos discursos, não só político, mas também o religioso, promotor de lutas fratricidas e demolidoras de reputações, com grosserias e manipulações lesivas, produzindo na vivência religiosa tudo o que se pode imaginar, menos a promoção da voz do bem. De modo semelhante se cultiva uma odiosidade na política e na religião, desvirtuando-a dos pilares de suma importância na construção da história e, particularmente, neste momento de transição civilizatória, com reconstruções a se operar, recuperação de perdas em tempo e em vidas, consideradas as suas etapas todas.

         Não deixar falar a voz do coração, componente intrínseco do viver humano, está empurrando a sociedade ao precipício do ódio. Deixar falar a voz do coração é um chamado que perdeu o rumo e precisa ser recuperado com o exercício primeiro de deixar falar a voz do bem. Deixar falar a voz do bem é compromisso e garantia da possibilidade de se produzir uma profecia indispensável na construção de uma sociedade justa e solidária. Diminuta, tem se configurado a possibilidade de avanços civilizatórios, por causa do ódio que se propaga e dissemina a desestabilização das instituições, para tomar seu lugar com ilusória proposta. Caminho sem factibilidade enquanto resposta às demandas e urgências para qualificadas correções de rumos, claridade nas escolhas e balizamentos humanísticos que impulsionem, urgentemente, a humanidade à condição de, ao menos, administrar melhor o conjunto de crises que a destroem. E, assim, desenhar por este humilde passo a passo um novo tempo, usufruindo de condições propícias advindas das conquistas tecnológicas e avanços científicos. Compreende-se, pois, as multiplicadas inadequações no mundo da política e no interno da vivência religiosa, agravadas por misturas, ora inconsequentes e inconscientes, ora perversas e calculadas.

         O momento atual, caracterizado por crises sobre os ombros arqueados da humanidade, precisa ser vivido e entendido com uma lucidez que permita aprendizagem e possa exercitar a resiliência fazendo nascer modos novos nos modelos de sociedade, pautada pelo falar a voz do bem, longe de ataques figadais e demolidores, nos trilhos da fraternidade universal e da solidariedade. Uma outra lógica de funcionamento, com força de superação de divisões odiosas, dando lugar à nobreza da igualdade fraterna, superando desigualdades sociais e raciais, pondo fim aos cenários vergonhosos e inaceitáveis de discriminações, violências e homicídios.

         Deixar falar a voz do bem, sem dissimulação ou conivências, dizendo a verdade, é caminho fecundo na produção de entendimentos lúcidos que possam fazer ver o despropósito produzido por ódios políticos e religiosos. A voz do bem é remédio terapêutico para recuperar a voz do coração, desmontando manipulações ilegítimas para articular em riqueza as diferenças, iluminando escolhas inadiáveis para produzir entendimentos indispensáveis de processos e mecanismos que libertem a sociedade dos artífices do mal, em razão de conveniências, de submissão ou de lucros a todo preço.

         O Papa Francisco, na sua Carta Encíclica Fratelli Tutti, ilustra com a figura de São Francisco de Assis a articulação amorosa e qualificada entre o falar a voz do coração e o falar a voz do bem. Na vida de Francisco de Assis, narra o Papa, está o episódio da sua visita ao Sultão no Egito, Malik-al-Kamil, empreendendo um grande esforço, superando dificuldades de distância, cultura, língua e condições financeiras, movido por um coração sem fronteiras, capaz de superar obstáculos, numa viagem que mostra a grandeza do amor, uma voz do coração que fala a voz do bem. Foi ao Sultão, movido pelos ensinamentos que compartilhava com seus discípulos: sem fazer litígios, contendas, mas submisso a toda criatura humana por amor a Deus. É dele a canção que cantada amalgama a voz do coração e a voz do bem. Uma súplica: Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz; onde houver ódio que eu leve o amor, onde houver discórdia que eu leve a união, onde houver dúvidas que eu leve a fé; onde houver erro que eu leve a verdade; onde houver ofensa que eu leve o perdão; onde houver desespero que eu leve a esperança, onde houver tristeza, que eu leve alegria, onde houver trevas, que eu leve a luz. Deixar falar a voz do bem.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da fraternidade universal);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a estratosférica marca de 349,62% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 127,57%; e já o IPCA, em janeiro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 10,38%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

 

E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”.

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da visão olímpica, do direito, da justiça, da verdade, da espiritualidade conciliadora, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal!

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos!

- O Epitáfio...

 

 Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.