quinta-feira, 30 de setembro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A TRANSCENDÊNCIA DA LIDERANÇA EFETIVA NA QUALIFICAÇÃO DO EXECUTIVO NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E AS LUZES DA CIÊNCIA, LIBERDADE, JUSTIÇA E SOLIDARIEDADE NA CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA NA SUSTENTABILIDADE

“Você é ou está executivo?

        Temos sonhos, planos, metas. Nossos objetivos são fundamentais para pautar o presente. Fazem-no ter foco para terminar a qualificação, força para persistir no desafio, para cuidar da saúde e dos relacionamentos.

         Mas nada é garantia de nada.

         Nada garante que, mesmo com meu empenho, eu alcance o que me propus, da forma que me propus, pelo tempo que planejei, simplesmente porque o desenrolar da vida não depende só de mim. Os acontecimentos não são determinados só pelas minhas ações.

         Uma decisão do cônjuge, o comportamento de um filho, uma crise econômica, um desastre natural, um acidente podem mudar o rumo da nossa história.

         Mesmo com contrato assinado, nada é garantia de nada. Aliás, contrato existe para ressarcir a parte que sofreu com a quebra de um acordo.

         E o que isso tem a ver com a vida de um executivo? Tenho cargo de diretor hoje. Mas continuarei tendo, ou melhor, até quando terei? Até quanto você continuará no cargo em que está, na empresa em que está, que terá o poder que tem? E se você perdesse a posição de C-level agora? Você está preparado para esse cenário?

         Dizem que o plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória. Se plantei café, vou colher café.

         Esta é a tendência. Mas o clima, uma praga, uma decisão política podem acabar com o lucro da safra ou até mesmo com toda a colheita.

         É no campo que me inspiro para lidar com as variáveis que não domino. No caso do agronegócio, o mercado do futuro oferece mecanismos para garantir o preço de uma commodity que ainda será colhida, aconteça o que acontecer.

         É o chamado “hedge” – ou proteção contra prejuízo.

         Sabemos, claro, que não existe risco zero de perdas. Mas há toda uma engenharia no mercado financeiro, com combinação de estratégias, para reduzir esse risco no menor nível possível. Tomei o exemplo só para ilustrar. O foco aqui é mostrar como essa noção de hedge pode pautar a carreira do executivo.

         Investir em um negócio, ter um networking que te abra as portas como consultor, ter qualificação para ser um conselheiro são estratégias para reduzir os prejuízos com um redirecionamento não esperado na carreira.

         Mas há algo ainda mais “simples” que pode ajudar a reduzir o impacto de perder sua uma posição, é o redirecionamento de discurso.

         Eu ESTOU executivo, não SOU um.

         Adotar isso, mesmo que apenas internamente, me leva a um caminho que não me deixa estacionar. Interessante é que essa fala interna poderia gerar ansiedade, mas o uso adequado dos verbos “ser” e “estar” me fortalece, me faz olhar para dentro e me conhecer.

         É claro que uma posição de poder é interessante, e faz todo sentido trabalhar para ocupar uma e manter-se nela, especialmente para quem tem a ambição de melhor o mundo.

         Mas perceber que estou executivo – e não sou um – afasta a tentação de acreditar que sou insubstituível, que um cargo me pertence e me define. Isso faz de mim um profissional mais consciente. No fim do dia, isso me torna uma pessoa melhor.”.

(Lúcio Júnior. CEO da Open Mind Brazil, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 22 de julho de 2021, caderno OPINIÃO, página 23).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 23 de julho de 2021, caderno opinião, coluna TENDÊNCIAS / DEBATES, página A3, de autoria de Renato Janine Ribeiro, Fernanda Sobral e Paulo Artaxo

Novo presidente da SBPC, é professor titular de ética e filosofia política da USP e ex-ministro da Educação

Nova vice-presidente da SBPC, é socióloga e professora aposentada da UnB

Novo vice-presidente da SBPC, é físico e professor titular do Instituto de Física da USP

“A SBPC defende o conhecimento

  e a democracia

Algumas décadas atrás, a diferença entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos estava em priorizarem os manufaturados ou o fornecimento de matérias-primas. Hoje, sem negar a importância da indústria, somou-se um componente essencial: o conhecimento.

         Um produto vale mais se tiver conhecimento embutido, assim como é o conhecimento que nos oferece inúmeras soluções para nossa vida cotidiana. Por isso, a pesquisa científica é essencial ao que muitos chamam de “sociedade do conhecimento”. A economia, nesta sociedade, é focada na ciência e na inteligência.

         Infelizmente, porém, o Brasil vive um momento difícil: o governo federal não dá o devido valor ao conhecimento científico e à educação, à cultura, à saúde ou ao meio ambiente, que juntos compõem a principal base para o desenvolvimento econômico e social.

         Em defesa desses pilares de uma “sociedade livre, justa e solidária” (como prescreve nossa Constituição Federal), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência tem travado uma luta se descanso para resgatar um futuro digno de nosso país. A nova diretoria há de continuar esse combate, conduzido nos últimos anos pelo presidente Ildeu Moreira, que conclui seu mandato.

         A Covid-19 mostra à perfeição o quanto a pesquisa científica é essencial na sociedade atual. Cem anos atrás, a gripe dita espanhola matou entre 3% e 5% dos seres humanos, isso embora as redes de comunicação fossem limitadas e o interior do Brasil – para dar um exemplo – tenha sido aparentemente pouco afetado. Na época, já se conheciam os efeitos dos micróbios, e algumas medidas de prevenção adotadas, como distanciamento, porte de máscaras e higienização das mãos, já prefiguravam as atuais.

         Mas, comparando com a Covid-19, vê-se que, embora seja lamentável já terem morrido mais de 4 milhões de pessoas, esse percentual é de 0,05% da população mundial – um centésimo da proporção dos mortos pela gripe de 1918. A ciência salvou centenas de milhões de vidas. Merece ênfase, aliás, a integração entre as ciências – já que, se as ciências da saúde e biológicas estão na linha de frente dos diagnósticos e tratamentos, áreas como matemática, computação e estatística as apoiam com projeções, modelos e dados, enquanto ciências humanas e sociais oferecem contribuições no que se refere aos impactos sociais e econômicos e como minimizá-los.

         A ciência poupa vidas. Ela também mostra como é falso opor saúde e economia, uma das maiores bibliotecas de biodiversidade que há no planeta. Muita riqueza veio de lá, a começar pelo látex – sem os pneus de borracha, dificilmente teríamos automóveis –, se aprofundando em produtos cada vez mais sofisticados.

         Pesquisas de qualidade podem e devem mostrar a riqueza enorme que de lá dispomos e que não pode ser destruída sem alto prejuízo, não só para a saúde humana e planetária como também para a solução de problemas que as ciências podem administrar com elementos ainda por descobrir. Também muitas políticas sociais efetivas poderiam ser implementadas, pela ação governamental, a partir de subsídios provenientes do conhecimento científico.

         Esse círculo virtuoso, que integra ciência, educação, cultura, saúde, meio ambiente, tecnologia e inclusão social, será o ponto principal de atuação da nova diretoria da SBPC. Isso também implica uma luta ingente pela democracia, o regime político que melhor promove a justiça social e o único que permitirá se realizarem os inúmeros talentos que hoje o Brasil desperdiça devido à nossa terrível desigualdade social – que nega aos pobres os meios de alcançarem suas potencialidades.

         O Brasil precisa olhar para a frente, se tornar competitivo e aproveitar seus recursos humanos, construindo uma sociedade mais justa e sustentável.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 336,11% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 124,89%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 9,68%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

       

 

 

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DO ZELO, PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO DA FLORESTA AMAZÔNICA NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E AS LUZES DA ESPIRITUALIDADE, VALORES E PRINCÍPIOS ÉTICOS, HUMANISMO INTEGRAL, JUSTIÇA E SOLIDARIEDADE NA QUALIFICAÇÃO DO VIVER MELHOR NA SUSTENTABILIDADE

“Floresta amazônica e importância para regime de chuvas

        A região amazônica do Brasil possuía, originalmente, 356 milhões de hectares de cobertura vegetal, dos quais 280 milhões de hectares eram de floresta tropical densa. Destes, 273,5 milhões de hectares eram de florestas de terra firme, e 6,6 milhões de hectares, florestas de várzea (periodicamente inundadas no período de chuvas). Isso correspondia a 78% da cobertura florestal do Brasil e a 30% da área mundial de floresta tropical densa. Nos últimos 50 anos, o processo de ocupação humana da Amazônia provocou o desmatamento e a consequente redução da floresta. Segundo os professores Thomas Lovejoy e Carlos Nobre, da Jorge Mason University e do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia para Mudanças Climáticas, respectivamente, o bioma amazônico perdeu 17% nos últimos 50 anos devido ao desmatamento, sendo que o limite seria de 20% para que não  houvesse consequências irreversíveis para o clima e o ciclo hidrológico.

         A importância da floresta amazônica é conhecida por vários motivos, a exemplo de constituir um reservatório da biodiversidade. Entretanto, sua importância e participação no ciclo hidrológico, em especial para o regime de chuvas das regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, são pouco conhecidas pela população.

         A floresta amazônica recebe uma grande carga de humidade advinda do oceano Atlântico, que provoca chuvas na região, as quais promovem o crescimento da floresta e a umidade do solo. Ao mesmo tempo, o calor provoca a perda de água nos ecossistemas da Amazônia devido à evaporação a partir do solo úmido e pela transpiração das árvores. É o fenômeno conhecido “evapotranspiração”, responsável pela formação de nuvens que complementam as nuvens vindas do oceano Atlântico.

         As nuvens que se formam a partir da umidade gerada pela evapotranspiração da floresta geralmente são empurradas a 5.000 m de altitude por ventos que sopram do oceano Atlântico para o Pacífico (de leste para oeste) até esbarrarem na cordilheira dos Andes.

         Essas nuvens acumulam-se sobre o leste da região amazônica, até que o chamado “sistema anticiclone”, a 3.000 m de altitude, no sentido anti-horário, começa a transportar as nuvens na direção sul, margeando os Andes e chegando às regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil.

         O desmatamento acaba com a floresta, e o solo seca, fazendo com que a evapotranspiração não ocorra. Sem nuvens, não existem chuvas. Sem chuvas, os níveis dos reservatórios das hidrelétricas e de captação de água entram em colapso, afetando todo o sistema hídrico nacional. É o que está ocorrendo nos dias atuais.

         Cientistas alertam que a situação tende a se agravar se providências concretas não forem adotadas pelos governos e pela sociedade organizada para a efetivação de ações relativas à preservação e à conservação da floresta amazônica.”.

(Mauro Silva Reis. Ex-professor da UFV, ex-presidente do IBDF (atual Ibama) e ex-diretor da FAO, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 21 de setembro de 2021, caderno OPINIÃO, página 21).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 24 de setembro de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVERIA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Viver melhor

        Viver melhor há de ser mais que um simples slogan ou apelo por determinada campanha. Menos ainda deve instigar a construção de um cotidiano nos limites de uma medíocre “zona de conforto”, alimentada pela ilusão de condições cômodas para um viver que não é senão feito de mesquinhez e distanciamento da solidariedade. Esse é um risco real e comum a empurrar indivíduos e segmentos da sociedade para as estreitezas  que alimentam indiferenças e incapacitam para a indispensável escuta dos clamores dos pobres e do planeta – das dores dos outros.

         Viver melhor seja um programa de vida correndo nos trilhos da existência entre as “bitolas” da conscientização, que ilumina o entendimento adequado da realidade em torno e no seu alcance mais amplo, e a experiência alimentadora do vigor e da ternura que alavancam o dia a dia. O viver melhor requer a arte de não se desencarrilhar dessas duas e insubstituíveis bitolas de qualificação da existência humana, para conduzi-la no horizonte de seu verdadeiro sentido. Evidente é o desafio que revela inexistente flexibilidade existencial para não desligar-se de uma ou outra dessas “bitolas”, que têm força de alavanca e equilíbrio.

         O viver melhor remete a questões cruciais e pesadas da realidade. Considerável e preocupante é o número daqueles que não estão dando conta de sustentar o próprio viver. Reside aí importante alerta: providências precisam ser empregadas nos ambientes familiares, nos círculos de trabalho, nas relações interpessoais e naquelas estabelecidas no interno das instituições religiosas, artísticas e tantas outras.

         Há um combate ferrenho a ser travado, porque as estatísticas dos que desistem de viver é alarmante. Crescente é o trabalho para salvar vidas, com embasamento científico, procedimentos terapêuticos e relacionais qualificados, apontando para o sentido amplo da responsabilidade sobre a própria vida e a do outro, com dedicação, atenção e ajuda.

         Há uma ciência própria a aprender na capacitação do entendimento da alma humana, avançando na aotocompreensão para fecundar a competência do próprio viver. O luto ampliado no horizonte da sociedade, amalgamando, tristemente,, números altos de vítimas da Covid-19 e dos que tiram ou tentam dar fim à própria vida, com outros indicadores relevantes dos cenários vergonhosos da desigualdade social, aponta para a necessária condição de aprendizes de um autêntico viver melhor.

         As “bitolas” da conscientização e da experiência contêm diferentes lições e indicam a necessidade de muitos exercícios. Sua desarticulação produz descarrilamentos e descompassos que incidem prejudicialmente sobre a vida de todos. Por isso, é fundamental a qualificação da cidadania, considerada o conjunto equilibrado e articulado da participação esperada de cada indivíduo, o que requer clareza a respeito de processos sociopolíticos e econômicos e a profundidade do viver como dom.

         A sociedade brasileira está exigindo resposta nova que haverá de ser resultado do envolvimento de todos na compreensão do que está ocorrendo. Criar, assim, a lucidez que permite identificar onde está o descompasso para que não se defenda o indefensável. O cidadão precisa compreender e se preocupar – considerando novas respostas e novas escolhas – saber que o Brasil vive uma conjunção de crises alimentadas por muitas tensões, alavancadas por indivíduos, segmentos e até instituições desprovidos da necessária qualidade de balizamento em parâmetros éticos e morais. É preciso, sem paixões partidárias e entrincheiramentos em torno de nomes, reconhecer que o Brasil está mergulhado numa conjunção de crises sem precedentes.

         São contradições irracionais, a exemplo da constatação de recordes de safras obtidos pelo agronegócio e destinadas à exportação, quando mais da metade da população se encontra em situação de miséria e fome. Não se pode considerar como consequência qualquer a gravíssima crise hídrica, a pior dos últimos 90 anos. A crise ambiental pesa sobre a sociedade brasileira, aprofundada por claras manipulações de decisões e escolhas pela hegemonia pecaminosa da força do dinheiro.

         Há grave crise no âmbito dos direitos humanos – entidades de defesa dos direitos humanos, organizações indígenas e de trabalhadores, no campo e na cidade, suas lideranças e seus técnicos estão submetidos a pressões e ações criminosas.

         Preocupante é a evidente corrosão democrática, com ameaças aos pilares da democracia. A vigente crise político-social, que afeta o equilíbrio e o desenvolvimento integral e pacífico da sociedade brasileira, precisa entendida pelo cidadão, de modo a identificar seus agentes danosos, condição para se elaborar novos critérios e juízos. E de escolhas por uma proposta que resulte em mudanças de lideranças, comandos e funcionamentos pautados pela prioridade do bem comum.

         A escola da conscientização precisa contar com o conjunto da sociedade – iniciando um grande número de matriculados no “beabá” que poderá salvar todos dos enquadramentos nocivos, juízos equivocados e obscurantistas.

         A compreensão do funcionamento complexo da sociedade é exigente e indispensável, como alavanca de participação cidadã e democrática na construção do bem comum, por meio de agentes que sejam promotores da justiça e defensores dos direitos.

         O desempenho desse papel, individual e conjuntamente, nos vários âmbitos, requer gente de envergadura humanística e comprovado equilíbrio emocional. Não se pode pretender o “viver melhor” dispensando ou negligenciando a “bitola” da experiência que, em sua essência, se temperam e articulam entendimentos capazes de dar razão à vida, alimentar as convicções da solidariedade, garantir a competência dialogal, não permitindo imposições partidárias e cartoriais comprometendo o bem maior.

         A experiência é alicerce indispensável para não se dar hegemonias a ideologias ou a escolhas comprometedoras. A conscientização é escola que não se pode dispensar, para se compreender a complexidade da sociedade civil e gerar participação lúcida. A experiência articula o afeto emocional assentado na espiritualidade, nos valores e princípios de inquestionável universalidade. A sociedade brasileira está desafiada a percorrer seu caminho nos trilhos do bem comum, emoldurados e impulsionados pelas “bitolas” de lúcida e profética conscientização, de experiência afetivo-emocional movida por um humanismo integral para se buscar, permanente e urgentemente, o “viver melhor”.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em julho a estratosférica marca de 331,49% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 123,48%; e já o IPCA, em agosto, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 9,68%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

       

       

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

 A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA ESCUTA AMOROSA, LUDICIDADE, AUTOESTIMA E CORAGEM MORAL PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E O PODER DA VISÃO, EMPATIA E SOLIDARIEDADE NA QUALIFICAÇÃO DA HUMANIDADE NA SUSTENTABILIDADE

“A coragem do palhaço que escuta crianças pelo equilíbrio

        Minas Gerais reserva aprendizados atrás de cada montanha. São inúmeras pesquisas em áreas inovadoras: tecnologia, engenharia, agricultura, saúde, segurança, nutrição, mobilidade e educação. Pesquisas inovadoras para experiências autênticas. “Infelizmente, ainda são poucas as escolas que consideram que preparar alguém para a vida ou para o mercado de trabalho é muito mais do que ensinar matemática, português ou geografia. Todo e qualquer conteúdo que aprendemos vem junto com a forma de escutar e de dizer. Escutar as crianças é um ato de coragem”.

         A citação é do livro “O palhaço e o Psicanalista”, da editora Planeta que reúne dois autores de áreas tão distintas quanto comuns para discutir a importância da escuta nas relações humanas, da infância à vida adulta. De um lado, o psicanalista Christian Dunker, e de outro, o palhaço, escritor e educador Cláudio Thebas. Escutar crianças envolve de atitudes corporais a modular a voz. Tudo na escuta amplia a investigação do desejo e das necessidades do crescimento. Estamos de frente de uma forma de elaboração da criança, dos momentos e dos termos que ela usa para formular suas próprias hipóteses.

         As formas de estabelecer suas conexões, de se comunicar, de se frustrar e de se compreender como sujeito, é preciso supor que sua discordância com os adultos é também signo de seu movimento por autonomia e independência. Encontrei em João Monlevade um educador físico, com uma formação primorosa. Com uma experiência ampla em artes circenses, este profissional que se apresenta com um chapéu de palhaço é chamado carinhosamente de “Tio Lucas”. Seu método é a base para um propósito de vida: desenvolver o ser humano integral estimulando a confiança, a autopercepção, a alegria e a consciência do corpo. É um trabalho digno de livro, e já falei a ele. Quando estimulamos o domínio físico através da escuta da demanda do outro pelo amor, respeitam-se as pessoas como seres humanos, valorizam-se a diversidade, as diferenças e limitações de cada um.

         Em um ambiente lúdico diretamente ligado a melhorar a vida dessas crianças e jovens, o método une diversão enquanto os desenvolve de forma integral. Um programa de intervenção desde bebês até adolescentes passa por musicalização, balanço, interações sensórias e bases motoras, que ajudam as crianças a se desenvolverem pelo amor à atividade física. Um processo de iniciação em habilidades sociais através de músicas, danças coreografadas, show de fantoches, passeis especiais e várias outras atividades de uma forma inteligente que nunca vi igual.

         Exercícios e formas de propor esses caminhos que ampliam a escuta, divertem com jogos estruturados, aventuras fascinantes e elementos iniciais de ginástica que fortalecem o desenvolvimento de habilidades sociais enquanto os transforma em ouvintes, antes de suas próprias falas. Tudo neste espaço envolve e move. Move o coração, move a mente, move o sentido da vida. Tudo é mover-se buscando uma vida mais saudável e sustentável. Quem trabalha no projeto aprende que a ciência de tudo é o movimento. Siga na direção do outro, de si mesmo, das coisas e do mundo. Em um momento em que conectar-se parece tão simples, para fazer isso vai ser necessário mais que dar um “enter”, mais do que ficar “on”. Vai ser preciso levantar-se, dependurar-se. Mover-se. Boas escolhas.”.

(Otávio Grossi. otaviogrossi@saudeintegral.com.br, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 20 de setembro de 2021, caderno INTERESSA, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição, caderno A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“Ver é vida

        Como imaginar a sensação de um ser humano que começa a enxergar o mundo e a infinita diversidade que existe dentro dele, de repente, por “milagre”, depois de uma vida inteira na cegueira total? Que impacto se passa dentro desse ser humano ao desvendar a realidade em seus contornos?

         O significado das ocorrências se firma pelas sensações táteis, olfativas, gustativas e sonoras, mas apenas a visão pode dar sentido real a uma montanha, à vastidão do mar, às nuvens, ao arco-íris, ao voo das aves, às manobras de um beija-flor, à floresta equatorial, ao rio amazônico, à manada de cavalos em disparada, ao elefante e seu filhote. Só os olhos captam a metamorfose entre a juventude e a velhice. De improviso a mãe, o irmão, o amigo, todos, apenas “sonhados”, ganham face e cores reais. E no espelho! Misericórdia... surgem o rosto e o corpo, emprestados à nossa alma.

         E o que são as cores? As mudanças da manhã até noite, o sol e as estrelas?

         Se para uma criança as experiências ocorrem progressivamente, com naturalidade, para quem adquire a visão “por milagre” se abate uma avalanche de descobertas, de novas conexões, revela-se toda a diversidade. Fascinante e, ao mesmo tempo, perturbador olhar para qualquer canto e descobrir pela “primeira vez”.

         O cego de nascença não consegue desenvolver a linguagem facial; os mais variados sentimentos quase não conseguem alterar as expressões do rosto e provocar gestos das mãos. A insegurança, o temor, o espanto, a curiosidade, a contrariedade, o agrado, como a tristeza, pouco ou nada alteram as linhas da face. A direção do rosto se volta para uma constante e imutável escuridão.

         Tenho notado a dificuldade de comunicar dos que têm deficiência visual e, ainda, a necessidade de acolhimento no mundo que lhes é próprio. A necessidade de compartilhar experiências entre eles, aqueles que comungam a mesma situação e conseguem se entender.

         Quem nunca viu sorrir alguém não tem modelos a seguir para expressar a alegria no rosto. Tende a se isolar, a criar seu habitat reservado e intransponível.

         Tive há poucos dias a satisfação de visitar uma jovem de 16 anos no seu segundo dia de uma nova vida, que, por graça de Deus, ajudei a realizar o milagre de ver.

         A história dessa “visão adquirida” começou no dia 21 de fevereiro de 2018, quando Lula, antes de ser condenado e preso, em seguida libertado e absolvido, veio em caravana a Betim. Sua equipe marcou evento no teatro da Colônia Santa Isabel, em Citrolândia, distrito do município, antiga colônia de hansenianos. Recebi o convite, e o que fazer? “Ir ou não ir?” Como primeiro cidadão do município, a visita de um ex-presidente e do governador em exercício a um local público de tanta significação impunha a presença. Mais ainda com o resultado das eleições de 2016, que me deram maioria absoluta no distrito, tradicional reduto petista. Apesar da presença do ex-presidente (que nunca apoiei em eleição) ladeado da nata do PT, que me espinafrou caninamente a vida toda, a recusa seria considerada uma descortesia, um gesto de medo e temor.

         Fechei os olhos e ouvidos, contrariei as apostas de quem não gostaria de me ver lá. Cheguei na hora certa, sem escolta e sem colete à prova de bala. Apenas com um assessor, o fotógrafo para registrar a agenda oficial. Como o atraso da caravana se prolongava de hora em hora, fiquei na multidão entre olhares controversos, conferindo o frisson entre os presentes.

         Nesse meio surge uma mulher negra, com seus 40 anos, que me aborda e começa a explicar que os prefeitos anteriores nunca deram atenção a ela em promover o tratamento da filha, de 13 anos. Cega de nascença. Disse que haveria uma possibilidade, primeiramente com uma série de cirurgias complexas, de a filha adquirir a visão, colocando, em seguida, lentes de contato especiais. Mostrou a receita já antiga de alguns anos.

         Na mesma semana fui à casa dela e conheci Julia. Ouvi as várias tragédias que se abateram sobre a família e até a morte por atropelamento da outra irmã, de 18 anos.

         De 2018 para cá, a Prefeitura de Betim montou um setor de oftalmologia com 30 especialidades cirúrgicas, realizou, antes de a pandemia iniciar-se, em 2020, um mutirão de 5.000 cirurgias de catarata, zerou atrasos de anos e conseguiu atender até a complexidade do caso de Julia. Na última segunda-feira, ela ganhou as sonhadas lentes (que o SUS não forneceu) e completou a última etapa, que culminou com a visão do mundo.

         Já no dia seguinte, terça-feira, queria me conhecer com seus olhos e agradecer pelo “milagre” que começou num momento inesquecível. Cheguei, assim, mais uma vez, à casa humilde, onde continua morando, para encontrar a alegria exuberante da família inteira. Indescritível. Julia, emocionada, agradeceu, tentando acenar um sorriso, que seus músculos faciais ainda não aprenderam para demonstrar a imensa felicidade que me descreve com palavras.

         Quantos casos assim pelo Brasil afora? Quantas vidas no aguardo de ganhar asas com uma saúde pública que funcione de verdade?”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em julho a estratosférica marca de 331,49% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 123,48%; e já o IPCA, em agosto, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 9,68%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.