sexta-feira, 27 de junho de 2014

A CIDADANIA, A COPA DO MUNDO E O SANTO DA LIBERDADE



“A Copa do Mundo
         
         O momento em que milhões de seres racionais se concentram para acompanhar partidas de futebol é bem a hora de se perguntar como se posiciona um cientista social perante esse fenômeno humano. Trata-se de um capítulo da filosofia da arte.
         A beleza é uma propriedade transcendental de todo ente racional. O futebol apresenta a beleza com os mais variados matizes. Quem bem observa a movimentação dos jogadores em campo nota que há um verdadeiro balé executado com refinada arte. É ritmo do futebol que atrai, que fascina.
         A partida de futebol vai assumindo evoluções que se assemelham a passos de uma verdadeira epopeia. A tudo isso se acrescente  que o futebol arma uma verdadeira disputa entre entes dotados de razão e alimenta a imaginação que conduz seu assistente aos paramos do delírio.
         Não se trata de uma mensagem via ações imaginadas por um artista, mas criada, de fato, por 22 protagonistas de cenas imprevisíveis, todas elas dotadas de sequências de gestos bem combinados e associados que exprimem perfeição e beleza.
         Tudo o que acontece numa partida de futebol é irrepetível, é uma situação única. É que uma jogada da mais refinada arte estética produzida por um gênio do futebol é fruto de um juízo prático intuitivo, mas sumamente criativo, só possível a um ser dotado de intelecto.
         O futebol é uma linguagem que é entendida pelos homens de todos os lugares e de todas as etnias. Quando então se realiza a Copa do Mundo, os homens se sentem ainda mais irmãos. Tudo isso mostra que o futebol, como arte, tem por causa desse aspecto filosófico uma função humana de profundas repercussões, tanto mais que a arte é mensageira da esperança. Pena que a comercialização e a corrupção estejam maculando esse esporte.
         No total, segundo foi noticiado nos meios de comunicação social, o governo federal e os governos estaduais das 12 sedes já gastaram R$ 8 bilhões. As necessidades básicas do país são postas em segundo plano. Isso numa nação de profundas desigualdades sociais e na qual a corrupção gangrena a classe política.
         Justas, portanto, as ondas de protestos, sinal do mau humor generalizado de um povo sofrido. Por outro lado, a classe média já está diante do fantasma da inflação. É, porém, de pasmar a declaração dos organizadores da Copa de que, com o início dos jogos, o futebol será, por algumas semanas, o ópio do povo.
         Será esquecida por uns dias a trágica condição das crianças. A situação de milhares de meninos pobres e abandonados levados pelo desespero a toda sorte de comportamento anti-sociais. Eles são desprezados, muitas vezes jogados nos institutos de correção sem nenhum procedimento jurídico que lhes faculte a defesa. Entretanto, que as manifestações populares sejam pacíficas e sem violência!
         Apesar dos pesares, vamos torcer para que o Brasil seja hexacampeão!”

(José Geraldo  Vidigal de Carvalho. Cônego; da Academia Mineira de Letras, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 23 de junho de 2014, caderno O.PINIÃO, pagina 17).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno OPINIÃO, página 5), de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral transcrição:

“O santo da liberdade
         
         Quem teve, como eu, a experiência de conhecer um santo sabe que certas datas têm o condão de despertar muitas lembranças. Quinta-feita, 26 de junho, a Igreja celebra a festa de São Josemaria Escrivá. Há 40 anos, em maio e junho de 1974, visitou o Brasil e se apaixonou pelo que viu: a diversidade de raças, o convívio aberto e fraterno, a alegria, a musicalidade da nossa gente. Apalpam-se no Brasil, dizia ele comovido, todas as combinações que o amor humano é capaz de realizar. Liberdade, tolerância e carinho, traços característicos de nosso modo de ser, atraíram profundamente o fundador do Opus Dei.
         A figura amável de São Josemaria e a força de sua mensagem tiveram grande influência em minha vida pessoal e profissional. Aproveitando a efeméride, quero compartilhar com você, amigo leitor, algumas ideias recorrentes na vida e nos ensinamentos de São Josemaria: seu amor pela verdade e sua paixão pela liberdade. Trata-se de convicções que constituem uma pauta permanente para todos os que estamos comprometidos com a tarefa de apurar, editar, processar e transmitir informação.
         “Peço a vocês que difundam o amor ao bom jornalismo, que é aquele que não se contenta com rumores infundados, com boatos inventados por imaginações febris. Informem com fatos, com resultados, sem julgar as intenções, mantendo a legítima diversidade de opiniões, num plano equânime, sem descer ao ataque pessoal. É difícil que haja verdadeira convivência onde falta verdadeira informação; e a informação verdadeira é aquela que não tem medo da verdade e que não se deixa levar por desejos de subir, de falso prestígio ou de vantagens econômicas.” A citação, extraída de uma das entrevistas do fundador do Opus Dei à imprensa, é um estímulo ao jornalismo de qualidade.
         Apoiado na força de sólidos convicções, o pensamento de São Josemaria suscita, ao mesmo tempo, uma visão aberta, serena, pluralista. Sempre me impressionou o tom positivo da sua pregação. Sua defesa da fé não é, de fato, antinada, mas a favor de uma concepção cristã da vida que não pretende dominar à força da imposição, mas, ao contrário, quer se apresentar como uma alternativa cuja validade depende da resposta livre do homem.
         Sua doutrina se contrapõe a uma doença cultural do nosso tempo: o empenho em confrontar a verdade e a liberdade. Frequentemente, as convicções, mesmo quando livremente assumidas, recebem o estigma de fundamentalismo. É o covarde recurso de rotular negativamente quem pensa de modo diverso. Impõe-se, em nome da liberdade, o que se poderia chamar de dogma do relativismo. Essa relativização da verdade não se manifesta apenas no campo das ideias. De fato, tem inúmeras consequências na prática jornalística.
         A tendência a reduzir o jornalismo a um trabalho de simples transmissão de diversas versões oculta a falácia de que a captação da verdade é um sonho romântico. Com efeito, se a verdade fosse impossível de ser alcançada, a simples apresentação das versões (ouvir o outro lado) representaria o único procedimento válido. Josemaria Escrivá rejeita essa  atitude míope e empobrecedora. “Informar”, diz ele, “não é ficar a meio caminho entre a verdade e a mentira”. O bom jornalista é aquele que aprofunda, vai atrás da verdade, que, como dizia o grande jornalista Claudio Abramo, frequentemente está camuflada atrás da verdade aparente. É, sobretudo, aquele que não se esconde  por trás de uma neutralidade falsa, morna e cômoda.
         Ao mesmo tempo em que defende, os direitos da verdade, São Josemaria não deixa de enfatizar o valor insubstituível da liberdade humana – particularmente da liberdade de expressão – contra todas as formas de sectarismo e de intolerância. E, ao contemplar o dogmatismo que, tantas vezes, preside as relações humanas, manifesta um sentida queixa: “Que coisa triste é ter mentalidade cesarista e não compreender a liberdade dos demais cidadãos, nas coisas que Deus deixou ao juízo dos homens”. Para ele, o pluralismo nas questões humanas não é apenas algo que deve ser tolerado, mas, sim, amado e procurado.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a
      a)     a educação –  universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento – até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irrecuperáveis;
      
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões),  a exigir igualmente imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 25 de junho de 2014

A CIDADANIA, O PROTAGONISMO JUVENIL, A COPA, O POVO E A POLÍTICA

“Protagonismo juvenil
        
         Os índices de evasão escolar no Brasil ainda são assustadores.O último censo escolar, realizado em 2011, revelou que a taxa de reprovação no ensino médio brasileiro é de 13,1%. O desinteresse é o principal impulsionador do abandono escolar, conforme pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, sendo que 40% dos entrevistados, jovens de 15 a 17 anos, apontaram esse  motivo como principal, seguidos de 27%, que precisam trabalhar, e 10,9% com dificuldade de acesso à escola. É preciso traçar estratégias para reconceituar o ensino médio, propondo aos jovens que sejam sujeitos centrais na sua formação, ou seja, tornando-os protagonistas.
         A realidade das escolas públicas aponta dois grandes problemas: alto índice de abandono escolar e de permanência em sala de aula. Os programas governamentais de universalização do ensino conseguiram amenizar um pouco os percentuais de evasão escolar quando se consideram os números registrados nas décadas passadas. Porém, o Brasil ainda tem a terceira maior taxa de abandono entre os países com maior Índice de Desenvolvimento Humano, atrás apenas da Bósnia Herzegovina (26,8%) e das ilhas de São Cristovam e Névis, no Caribe (26,5%).
         O panorama é ainda mais assustador ao se considerar o índice de reprovação, indicando que os jovens estão passando mais tempo repetindo a mesma série. Quanto maior o tempo despendido em uma mesma faixa escolar, menor o interesse em estudá-la por mais de um ano.
         A reversão desse quadro deve ser feita com a ajuda dos estudantes. O indivíduo é o principal responsável pela mudança de sua própria realidade. O papel da escola é criar oportunidade para que o jovem esteja no centro da sua formação educacional e direcione seu aprendizado, aliando seus interesses à grade curricular obrigatória dessa etapa.
         Educar é, antes de tudo, proporcionar uma formação integral ao estudante. A juventude é um período marcado por grandes transformações e amadurecimento. Temas como sexualidade, carreira e relacionamentos interpessoais são questionamentos comuns nessa faixa etária. Desconsiderar a realidade em que o jovem vive é o principal erro dos métodos de ensino tradicionais, por visar apenas à aprovação nos vestibulares e a boa classificação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
         Não se constrói um país sem educação. Assim como não se ensina sem ética e valores. O interesse dos pelas atividades escolares cresce proporcionalmente à sua participação em projetos pedagógicos e atividades extracurriculares. O ensino deve abranger as disciplinas tradicionais, com exercícios para o cotidiano do aluno e ouvindo-o sobre suas opiniões e preferências.
         Atualmente, realizamos o Fórum de Jovens no colégio. A iniciativa reúne estudantes do 9º ano do ensino fundamental II e do ensino médio para criar laços e facilitar a transição de períodos. A organização parte da equipe pedagógica, mas conta com a participação dos alunos com a sugestão dos temas para abordagem, fazendo com que a proposta se torne ainda mais rica e alie as disciplinas aos anseios da faixa etária. A experiência já nos rendeu grandes resultados, principalmente, com o envolvimento e o comprometimento deles com os estudos.
         Quando o aluno é protagonista da sua própria formação educacional, não há queda da frequência escolar. A juventude é uma fase cheia de ideias que podem dar origem a grandes projetos educacionais. A evasão escolar será naturalmente reduzida quando a escola escuta os jovens e mostra o interesse em formá-los como cidadãos e, não apenas, em aprová-los e entregar-lhes um diploma.”

(ROSA LÚCIA SIMÕES. Coordenadora do ensino médio do Colégio ICJ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 19 de junho de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 20 de junho, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Copa, povo e política
        
         A Copa do Mundo no Brasil está desenhando importantes lições apontadas pelo povo, responsável pela progressiva construção de um quadro que, passo a passo, consegue distinguir os muitos aspectos que envolvem o torneio. De um lado, o interesse meramente econômico de dirigentes e mandatários, os altos salários inadmissíveis de jogadores e as indevidas apropriações políticas do esporte. Do outro, o gosto pelo futebol, sua arte e elemento de diversão, e o exercício de fraternidade universal, alegria e confraternização que reúne diferentes línguas, culturas e nações.
         Sem perder essa luz própria, mesmo com as sombras de algum cenário de violência e vandalismo, o povo mostra uma força que deve servir de alerta a governantes, especialmente neste ano eleitoral, e a todos os construtores da sociedade pluralista. Trata-se de uma mobilização que não apenas pode, mas deve se manifestar nas urnas. O voto consciente tem a propriedade para reconstruir a sociedade. Para alcançá-lo, é preciso reconhecer-se como cidadão, parte de uma grande comunidade que deve caminhar unida na busca da superação dos desafios que atrapalham o desenvolvimento do país. O ambiente que vem sendo construído pelo povo, ao longo desta Copa do Mundo, pode contribuir para que se alcance esse objetivo.
         A vibração pelo esporte e a inteligência de não se perder a oportunidade da confraternização entre as pessoas estão sendo vividas de uma maneira muito singular. Essa particularidade está na postura político-cidadã de gestos como a acolhida aos visitantes e a realização de manifestações pacíficas, altamente significativas. Nos próprios estádios, o povo quebra o protocolo dos organizadores e canta mais forte, de modo completo, o hino nacional, fazendo ecoar um recado de cidadania e o entendimento de que o governo de uma sociedade é feito pelo povo. Desse modo, seus delegados e representantes devem estar a serviço do bem comum.
         A Copa do Mundo gera uma oportunidade para o próprio povo mostrar que não é multidão amorfa, inerte, a ser manipulada e instrumentalizada. É, na verdade, a união de pessoas, cada uma no seu lugar e a seu modo, como ensina a doutrina social da Igreja Católica, com autonomia para formar opinião própria a respeito da coisa pública e de exprimir sua sensibilidade política em vista do bem comum. Quando os representantes do povo aprendem a ouvir a voz que vem das ruas, em vez de obedecer aos interesses partidários e de segmentos poderosos, tornam-se políticos dignos de autêntica estatura cidadã, capazes de trabalhar em busca de uma sociedade justa, solidária e civilizada.
         O povo está sinalizando aos “profissionais da política”, nos âmbitos Legislativo e Executivo, que é urgente a comprovação desse pacto com o bem comum antes de se submeter às urnas. A autoridade política não pode ser fruto meramente de conchavos, articulações partidárias interesseiras garantidas pelos leilões de cargos e de vantagens, mas de um incondicional respeito e vivência de inegociável moralidade. Compreende-se, portanto, que a autoridade política não se esgota simplesmente em alguns feitos quase sempre distantes das mais urgentes demandas sociais. Trata-se, justamente, de reconhecer  que essa autoridade é o povo, detentor da sua soberania, conforme bem ensina a doutrina social da Igreja.
         A Copa está confirmando a etapa inaugurada em junho do ano passado, quando a sociedade brasileira, em muitas manifestações, fez ouvir a sua voz. Há um senso comum no país recôndito da consciência popular, que está se aflorando pela alegria proporcionada pelo futebol. Um clima de confraternização que não inclui governos e deixa recados para os políticos, mantendo distância daqueles que usufruem absurdamente do que pertence ao bem comum. O Mundial, no conjunto de suas circunstâncias e desdobramentos, participação e debates, manifestações e indiferenças, está fazendo crescer – e que não seja perdida a oportunidade – uma sociedade brasileira politicamente diferente.
         Vive-se um momento que precisa de desdobramentos e não pode ser perdido, com o término da Copa e a partir da profusão de discursos políticos obsoletos, particularmente daqueles que se constroem com os ataques mútuos e com as promessas sempre não cumpridas. O Mundial pode mesmo ser um exercício de vitalidade do povo, por suas escolhas de alegrar-se, manifestar-se, manter distâncias, debater e formar opinião de modo que a participação política ultrapasse os atos formais de votar e mesmo de se reunir em associações, partidos e sindicatos. É hora de um passo qualificado na política, diante da insatisfação com governos e representantes, em busca de uma sociedade politicamente mais cidadã e igualitária. Quem sabe, por isso mesmo, esta será para os brasileiros a “Copa das Copas”, porque sem esgotar-se em euforias que permitem manipulações, aponta um amadurecimento político do povo.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis (por exemplo, segundo a mídia, “apenas com acidentes fatais no trânsito e assassinatos, o Brasil perde até R$ 524 bilhões por ano,  no cálculo de especialistas, em estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea; número que equivale a 10% do PIB do país em 2014”);

c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 20 de junho de 2014

A CIDADANIA, A FORÇA DA ESPIRITUALIDADE E A SINFONIA DE CORPOS


“No caminho da vida é preciso aprender a amar o laborioso
        
         Em nosso caminho ascendente é preciso aprender a amar o laborioso, amar o que exige adaptações e transformações. Não se trata apenas de aceitar o que destino traz, mas de verdadeiramente amar as provas da vida. Quando se chega a amar a dificuldade, recebe-se um toque do espírito. E isso é o que dá segurança para viver a vida tal qual é, sem jamais retroceder. O elevado toque do espírito cancela toda possibilidade de fuga e liberta a alma que decide não abandonar o labor.
         O prazer que se tem por coisas materiais obscurece o entendimento das coisas do espírito. Para que a personalidade possa colaborar com a alma, deve assumir um trabalho ativo de purificação dos sentidos materiais, da memória, da imaginação e da vontade.
         Para a purificação dos sentidos materiais precisamos:
1-Não se inclinar ao mais fácil nem fugir do trabalhoso. Não buscar o saboroso, mas reconhecer no insípido um campo de treinamento da adaptabilidade. 2-Não alimentar a inércia. Buscar o equilíbrio entre dar o necessário repouso ao corpo e não procurar sempre por descanso. 3-Não almejar consolo nem compensações, pois ajudas vêm por si, no momento certo, enviadas pelo espírito. 4-Nada acumular em quantidade, nem observar em tudo a qualidade – e nisso incluem-se as companhias.
Para a purificação da memória e da imaginação:
1-Saber em que momentos é necessário cuidar das coisas da vida externa e em que momentos se deve esquecer delas. Discernir que conhecimento deve ser absorvido pelo próprio ser, tendo em conta que assuntos alheios ocupam o lugar de coisas mais profundas.
Para a purificação da vontade:
1-Perder o interesse por tudo o que leva à desunião. Dirigir a vontade para o mundo espiritual. Se for dirigida erroneamente apenas para coisas externas, a pessoa pode tornar-se presunçosa e soberba, vulnerável a elogios e adulações o que é um descaminho. 2-Não se distrair com a mente nem permitir que criaturas a povoem, pois isso tira a atenção do essencial.
O espírito nos envia continuamente ajuda para essa purificação. Leva a nossa personalidade à incerteza pelo resultado dos trabalhos que realiza. Isso é saudável, pois a torna humilde e pronta a invocar a ajuda do mundo inteiro.
Todo verdadeiro instrutor espiritual indica a necessidade de não abandonarmos as provas da vida, de amá-las e de trabalharmos com empenho para permanecer neutros diante delas. Assim, essas ajudas chegam e transformam a nossa vida. Seguindo esse mesmo caminho ascendente, lembramos que, para conhecer a realidade interior, temos de nada pretender. Nesse caminho não podemos saltar etapas, pois cada uma tem sua nota característica e prova básica. Temos de atravessá-las uma a uma e ir adiante, com inabalável fé e perseverança.
É fundamental abrir mão de todas as expectativas. O caminho requer total despojamento interior. Devemos aprender a conviver unicamente com a Lei de Deus e segui-la em todos os passos. O valor da solidão será assim reconhecido, e o uso correto do tempo advirá do correto falar e do correto ouvir.
         O contato com a nossa realidade interior é um bálsamo supremo, eleva-nos às alturas. Cura nossas dores; traz-nos a certeza da impermanência; mostra-nos o verdadeiro valor de cada situação e, encontro após encontro, faz-nos descobrir a essência secreta de todas as coisas.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 15 de junho de 2014, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de junho de 2014, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de FREI BETTO, escritor, autor, em parceria com Leonardo Boff, de Mística e espiritualidade (Vozes), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Sinfonia de corpos
        
         Na festa do Corpo de Cristo, deixarei o meu flutuar em alturas abissais. Acariciarei uma por uma minhas rugas, desvelarei histórias em meus cabelos brancos, apreenderei, na ponta dos dedos, meu perfil interior. Não recorrerei ao bisturi das falsas impressões. Nem ao espectro da magreza anoréxica. O tempo prosseguirá massageando meus músculos até torná-los flácidos como as delicadezas do espírito.
         Suspenderei todas as flexões, exceto as que aprendo na academia dos místicos. Beberei do próprio poço e abrirei o coração para o anjo da faxina atirar, pela janela da compaixão, iras, invejas e amarguras. Pisarei sem sapatos o calor da terra viva. Bailarino ambiental, dançarei abraçado à Gaia ao som ardente de canções primevas. Dela receberei o pão; a ela darei a paz.
Acesas as estrelas, contemplarei na penumbra do mistério esse corpo glorioso que nos funde, eu e Gaia, em um único sacramento divino. Seu trigo brotará como alimento para todas as bocas, e suas uvas farão correr rios inebriantes de saciedade. Na mesa cósmica, ofertarei as primícias de meus sonhos. De mãos vazias, acolherei o corpo do Senhor no cálice de minhas carências.
Dobrarei os joelhos ao mistério da vida e contemplarei o rosto divino na face daqueles que nunca souberam que cosmo e cosmético são gregas palavras, e deitam raízes na mesma beleza. Despirei os meus olhos de todos os preconceitos e rogarei pela fé acima de todos os preceitos. Como Ezequiel, contemplarei o campo dos mortos até ver a poeira consolidar-se em ossos, os ossos se juntarem em esqueletos, os esqueletos se recobrirem de carne, e a carne inflar-se de vida no Espírito de Deus.
Proclamarei o silêncio como ato de profunda subversão. Desconectado do mundo, banirei da alma todos os ruídos que me inquietam e, vazio de mim mesmo, serei plenificado por Aquele que me envolve por dentro e por fora, por cima e por baixo. Suspenderei da mente a profusão de imagens e represarei no olvido o turbilhão de ideias. Privarei de sentido as palavras. Absorvido pelo silêncio, apurarei os ouvidos para escutar a brisa de Elias e, os olhos, para admirar o que tanto extasiou Simeão.
Não mais farei de meu corpo mero adereço estranho ao espírito. Serei uma só unidade, onda e partícula, verso e reverso, anima e animus. Recolherei pelas esquinas todos os corpos indesejados para lavá-los no sangue de Cristo, antes que se soltem de seus casulos para alçar o vôo salvífico das borboletas. Curarei da cegueira os que se miram no olhar alheio e besuntarei de cremes bíblicos o rosto de todos que se julgam feios, até que neles transpareça o esplendor da semelhança divina.
Arrancarei do chão de ferro os pés congelados da dessolidariedade e farei vir vento forte aos que temem o peso das próprias asas. Ao alçar o topo do mundo, verão que todos somos um só corpo e um só espírito. Farei do meu corpo hóstia viva; do sangue, vinho de alegria. Ébrio de efusões e graças, enlaçarei num amplexo cósmico todos os corpos e, no salão dourado da Via Láctea, valsaremos até que a música sideral tenha esgotado a sinfonia escatológica.
Na concretude da fé cristã, anunciarei aos quatro ventos a certeza de ressurreição da carne e de todo o universo redimido pelo corpo místico de Cristo. Então, quando a morte transvivenciar-me, o que é terno tornar-se-á eterno.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir permanente, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...