domingo, 28 de junho de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA ESTATÍSTICA NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DAS NOVAS CONFIGURAÇÕES DO LAR E TRABALHO NA SUSTENTABILIDADE


“Estatísticas importam; entendê-las, também
        Quem poderia imaginar que, em três, meses, a população mundial se familiarizaria tanto com curvas epidemiológicas e taxas de mortalidade? Assim que a pandemia do coronavírus chegou, nos vimos envolvidos por uma nova forma de olhar a realidade; por meio da evolução no número de mortes por coronavírus e o que estas representam para a sociedade.
         Mas, nesse contexto, será que realmente entendemos esses números? O que vemos na prática são muitos erros no entendimento de atores públicos, de parta da imprensa e do público em geral, em relação à importância da coleta de estatísticas fiáveis, assim como da interpretação dos números da pandemia. No início do mês, Andreas Backhaus, economista e pesquisador do Instituo Federal de Pesquisas Populacionais da Alemanha (BiB), publicou um artigo resumindo os erros mais comuns que se observam nesse campo, em escala mundial. Entre vários, dois merecem destaque especial: a contagem de óbitos e o mau uso dos diferentes indicadores de mortalidade.
         Em geral, os países utilizam classificações bem diferentes para o registro de óbitos pela Covid-19; além disso, há polêmica sobre como diferenciar uma morte por Covid-19 daquelas nas quais há outras doenças concomitantes. Por isso, as estatísticas de mortes publicadas de forma comparativa não refletem com exatidão o impacto da pandemia no planeta.
         Os conceitos que refletem a mortalidade durante a pandemia, frequentemente interpretados de forma incorreta, são basicamente: taxa de letalidade de casos (case fatality rate – CFR), a taxa de letalidade de infecções (infection fatality rate – IFR) e a taxa de mortalidade (mortality rate – MR). Em resumo, o CFR divide as mortes confirmadas por Covid-19 pelos casos confirmados de infecções pelo vírus; o IFR, por sua vez, divide as mesmas mortes confirmadas pelo número total de infecções, independemente de estas terem sito confirmadas por testes. Dado que muitas infecções são assintomáticas e permanecem não confirmadas, o IFR é muito menor em comparação com o CFR. A taxa de mortalidade, por sua vez, divide as mortes confirmadas por Covid-19 pelo total da população, resultando em valores ainda menores.
         O CFR é fortemente influenciado por políticas de teste praticadas em cada país, assim como pelas diferentes capacidades de testagem. O IFR é menos afetado por tais problemas, mas requer estimativas confiáveis do número total de infecções. Por último, a MR proporciona um olhar retrospectivo, uma vez que a nova doença tenha se disseminado. São, portanto, cálculos diferentes, voltados para finalidades distintas.
         O Brasil conta com grandes sistemas de dados e centros de pesquisa, dedicados a gerar dados confiáveis e comparáveis. Devemos exigir neste momento, como sociedade, que a coleta e a publicação do número de óbitos por Covid-19 sejam feitas de forma séria e transparente, e o número de pessoas testadas seja o mais alto possível. Só assim será possível entender os efeitos da pandemia sobre a população e prevenir erros futuros.”.

(Daniela Vono de Vilhena. Pesquisadora do Instituto Max Planck para Pesquisas Demográficas (Alemanha) e doutora em demografia, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 26 de junho de 2020, caderno OPINIÃO, página 15).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, mesma edição, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Casa e rua: outro lugar
        ‘Fique em casa’ é o mais interpelante apelo desses últimos meses ante o necessário e indispensável isolamento social. Esse apelo remete ao ambiente mais significativo e referencial da vida de cada pessoa, a casa, o lugar sagrado da família. A orientação “fique em casa” tem força no combate efetivo à pandemia da Covid-19, evitando a disseminação do vírus que é letal para muitas vítimas, submetendo famílias ao luto. Uma pandemia que gera ainda colapsos na saúde e incidências na economia. Não é fácil a obediência ao imperativo de ficar em casa, evitando aglomerações e contatos desnecessários. E esse imperativo estampa, ainda mais, o grave problema do déficit e das más condições habitacionais do Brasil, uma vergonha.
         A realidade de vilas e favelas reflete a acentuada desigualdade social que caracteriza o país. Para os que não têm habitação adequada, como ficar em casa? E como se não bastasse, há ainda uma questão que torna mais cruel essa situação: no outro extremo, entre os que têm casa, a orientação para permanecer no lar é tratada com escárnio. Há, inclusive, os que incitam a população a ir para as ruas, obviamente aumentando os riscos de contaminação. Pessoas insensíveis a uma realidade óbvia: a saúde requer moradia digna e sustentável. O equilíbrio na natureza, fundamental para prevenir pandemias, não é alcançado apenas com o bem-estar de pequena parcela da população. A exclusão de muitos gera adoecimentos que ameaçam toda a sociedade.
         Especificamente sobre a segregação sofrida pelos que não têm casa, a referência alcança também aqueles que até possuem um endereço, mas destituído de mínimas condições para a habitação. Esse cenário revela a fragilidade social que não isenta, inclusive, os que se acham protegidos da contaminação por um vírus. A saúde do planeta, de uma sociedade, depende de condições menos desiguais no campo da moradia – cada um tem direito a uma casa digna para viver. Assim, a orientação “fique em casa” deve também representar um clamor que leva a um novo significado relacionado à rua – fortalecendo o seu sentido de agregação das diferenças, da cooperação, do encontro, de intercâmbios e serviços ao próximo, que é irmão, para gerar inclusão e vencer abismos sociais que adoecem.
         Mas sempre se reconheça: a força social e política da rua nunca substituirá a importância da casa, com seu sentido mais forte e fundamental – é a primeira escola do amor, da fé, dos ensinamentos indispensáveis à civilidade, do desenvolvimento da competência em gerar e cultivar vínculos. A casa tem uma sacralidade que ultrapassa os limites estreitos de relacionamentos. É, para além de sua configuração natural, sagrada sustentação do viver e do aprender a viver. Apesar disso, movimentos civilizatórios levaram à relativização do valor pedagógico e existencial da casa que, para muitos, tornou-se apenas um alojamento noturno, um “point” para atendimento de algumas necessidades muito básicas, a exemplo do repouso, sem considerar tantas outras, igualmente essenciais. As pessoas desaprenderam, assim, por exemplo, sobre a importância da convivência possibilitada pela casa. Há dificuldade para se relacionar qualificadamente com quem se partilha o mesmo ambiente. Paradoxalmente, por estar desabituado a ficar no próprio lar, o ser humano também é incapaz de lidar com a solidão. Até se deprime. Percebe-se uma dificuldade para cultivar a interioridade. Ficar em casa torna-se, neste contexto, desafiador, e revela carências humanísticas que levam a esgotamentos psíquicos e aqueles inerentes à própria natureza.
         Casa e rua devem ser consideradas a partir do renovado significado, compreendidas como outro lugar, diferente do que até então se imaginava. Sem a casa, as instituições se enfraquecem e há despersonalização do ser humano. A Igreja de Cristo, por exemplo, nasce nos lares e, de casa em casa, fortalece a sua presença servidora no coração do mundo. Ao perdurar a exigente e indispensável convocação “fique em casa”, a sociedade aproveite para cultivar e enriquecer a compreensão a respeito da casa e da rua. Nesses espaços, sejam adotados estilos de vida renovados para superar fragilidades e enfermidades.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a estratosférica marca de 313,43% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 119,32%; e já o IPCA, em maio, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 1,88%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


  

sábado, 20 de junho de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA HISTÓRIA NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E AS EXIGÊNCIAS DO DISCERNIMENTO, DEMOCRACIA E HUMANISMO INTEGRAL NA SUSTENTABILIDADE


“É preciso reaprender com a história
        Vivemos um tempo difícil, em que o enfrentamento de uma pandemia que assusta o mundo é cercado por um ambiente de instabilidade política, conflitos ideológicos, desrespeito e ameaça aos valores democráticos. Mais do que nunca, o Brasil precisa de união, entendimento, soma de forças e serenidade.
         É hora de as pessoas de bem, de todos os setores representativos da nossa sociedade, se unirem e levantar a voz em defesa da democracia e da Constituição. Juntamente com a liberdade, são essas as bases de sustentação do que buscamos, que é uma vida mais justa para todos.
         A democracia é um processo contínuo, é uma terra a ser regada diariamente. Exige respeito às diversidades, opiniões e ideias. Nós, mineiros, que temos no DNA a luta pela liberdade, não podemos nos calar neste momento. Como escreveu Miguel de Cervantes no livro “Dom Quixote de La Mancha”: diante da tragédia, temos que pisar onde os bravos não ousam, onde os heróis se acovardam, temos que reparar o mal irreparável.
         É preciso reconhecer a tragédia que vivemos com os efeitos da pandemia da Covid-19 sobre a saúde da população e sobre a economia do país. Este é o nosso inimigo comum a ser combatido. A população espera de nós, homens públicos, seriedade e sabedoria para buscarmos caminhos que possam minimizar os efeitos danosos sobre a vida de todos.
         A articulação entre os Poderes da República é fundamental em tempos de normalidade, mas se torna ainda mais importante diante de uma crise de dimensão global como esta. Portanto, temos que enfrentar este momento de incerteza garantidos pela ordem constitucional e pelo respeito aos direitos fundamentais.
         Não podemos perder tempo com discussões inúteis e disputas que só tornam o cenário ainda mais incerto. Precisamos zela pelos alicerces do Estado democrático de direito. E nisso temos que ser intransigentes.
         No mundo atual, em que todos estão interligados pela tecnologia, os ataques às pessoas e às instituições são cada vez mais ferozes. Para enfrentar essa distopia, precisamos mais do que nunca da nossa Constituição.
         Temos que reaprender com a história e costurar um entendimento entre as forças democráticas, como já ocorreu no passado. É nosso dever apontar caminhos neste momento difícil da vida nacional. Mas sempre seguindo rigorosamente as linhas da Constituição, defendendo a liberdade de imprensa, o contraditório e o direito à ampla defesa.
         As experiências autoritárias já demonstraram os desastres que causaram aos países e aos cidadãos. Só conseguiremos superar tamanhos desafios com muito trabalho, compromisso com a vida, e numa sociedade democrática.
         Tenho a certeza de que sairemos vitoriosos desse momento sem precedente que atravessamos. Vamos em frente, em busca de um novo tempo.”.

(Dalmo Ribeiro. Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 12 de junho de 2020, caderno OPINIÃO, página 15).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 12 de junho de 2020, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Discernimentos e poesia
        A humanidade está desafiada a tomar a direção certa para não ser vítima de emboscada. A pandemia da Covid-19, em curva decrescente de contaminações, expôs, ainda mais, as muitas outras pandemias que ameaçam o ser humano. A forme, a miséria, o feminicídio, o extermínio de indígenas, moradores de rua e vulneráveis mostram grande ferida, a ser curada, na civilização contemporânea. Em especial no contexto brasileiro, há uma preocupação: o país parece estar entre dois “paredões”, obscurecendo seus rumos e esmaecendo a luz de sua esperança. Urgentes providências são necessárias – os paredões precisam ser rompidos por um processo técnico-humanístico. Processo que seja capaz de iluminar direções para libertar a cultura de obscurantismos crescentes, obstáculos ao desenvolvimento integral.
         Embora a contemporaneidade seja marcada pela assinalação de muitos avanços tecnológicos e científicos, admiráveis, convive-se com um terrível despreparo humanístico-espiritual. Consequentemente, não há adequado enfrentamento das muitas crises que pesam sobre a humanidade. Ao analisar os acontecimentos dessas duas primeiras décadas deste terceiro milênio percebe-se, claramente, esse despreparo humanístico-espiritual. Há, no Brasil, muitos fatores que contribuem para o crescimento da exclusão social, para o recrudescimento da violência e para a consolidação de hábitos que são fonte de esgotamento do meio ambiente, causa de adoecimento das pessoas. Esses males ainda acentuam os atentados contra a democracia, com desrespeitos graves a instituições democráticas, a princípios pétreos da Constituição Federal, passando por cima da integridade das pessoas.
         Espera-se rapidez para investir em ferramentas, dinâmicas e, principalmente, em experiências humanístico-espirituais que permitam à civilização contemporânea tomar rumo certo, libertando a sociedade brasileira de “paredões” escurecidos como porões. É preciso inaugurar novo estilo de vida e não permitir que a herança cultural-religiosa do povo seja ameaçada por escolhas ideológicas e políticas. Essas escolhas, além de serem equivocadas, alimentam vandalismos, que comprovam delírios de onipotências de grupos guiados pela hegemonia do dinheiro. Essa submissão a ideologias que distorcem o ser humano leva pessoas a acreditar, alucinadamente, serem “donas da verdade” e, por isso, detentoras de autoridade para atacar, desrespeitar, passar por cima dos outros. Uma situação incontestavelmente grave, que gera perdas no exercício da cidadania e na força das instituições a serviço do país.
         Almas adoecidas, ideologias que comprometem a democracia, cidadania enfraquecida e instituições fragilizadas levam a um diagnóstico preocupante: faltam forças estratégicas para vencer as pandemias e há carência de lucidez para escolhas acertadas, capazes de gerar as mudanças necessárias. Sofre-se com a ausência da capacidade para articular valores, interpretar adequadamente a realidade e, assim, acertadamente contribuir para qualificar o contexto sociopolítico, nos parâmetros da democracia e do humanismo integral. Há, também, um nível de desgaste nas relações que provoca a perda de um componente indispensável para a harmonia entre as pessoas: a ternura, um dos fundamentos necessários à convivência. Importante é superar esquemas viciados e enxergar horizontes de valores e princípios que inspirem cada pessoa a contribuir para uma virada civilizatória urgente. O convite é recorrer sempre ao discernimento e à poesia.
         Tristemente, falta a competência para o discernimento. Isto se torna evidente quando é observado o amplo universo de palavras proferidas na vida social – poucas são edificantes. Grande parte das palavras ditas apenas revelam delírios de onipotência. A poesia pode ser caminho para corrigir essa triste realidade, pois recompõe o encantamento – por Deus, pela natureza, por si e pelo outro, que é irmão. É hora de palavras edificantes, do coro dos lúcidos, para que ocorra o que diz Dante Alighieri: “Porque se as palavras curam tua alma, também hão de curar o teu corpo”. A humanidade, com feridas expostas, neste tempo difícil, de travessia, acolha também a indicação de Carlos Drummond de Andrade: “Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternura e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim”. Por uma humanidade nova, na lucidez de discernimentos e na ternura da poesia.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a estratosférica marca de 313,43% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 119,32%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,40%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.




segunda-feira, 15 de junho de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA DE PROFUNDAS TRANSFORMAÇÕES NO ENSINO SUPERIOR E A TRANSCENDÊNCIA DA COMUNICAÇÃO NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS NA SUSTENTABILIDADE


“Ensino superior privado em tempos de pandemia
        De repente o mundo foi surpreendido por uma doença que nos obrigou ao recolhimento e, ao mesmo tempo, a uma revisão de nossos hábitos, valores e certezas. Toda essa reviravolta trazida pela pandemia da Covid-19 no obriga a pensar como fomos, como estamos sendo e como seremos daqui para a frente.
         Atividades triviais passaram a ter importância muito grande e se tornaram motivo de recordações saudosistas e memórias doloridas. Óbvio que todos os setores foram afetados: empresas, comércios, indústrias, bares, restaurantes, escolas, entre outros, tendem a passar por muitas transformações.
         As escolas, em especial as faculdades privadas, nas quais me incluo, foram brutalmente atingidas em suas convicções pedagógicas e certezas acadêmicas. Do dia para a noite teorias educacionais de interação, trocas e convívio em sala de aula tiveram que passar pelo filtro das telas de computadores, tablets, celulares e outras mídias.
         Os alunos acostumados à rotina das salas de aula, às conversas nos intervalos e aos abraços e “zueiras” próprios do convívio escolar viram-se confinados nas incertezas de professores tão assustados quanto eles com o cenário que surgia: aulas remotas, contatos por e-mails, grupos de WhatsApp e sistemas acadêmicos.
         Nesse contexto de completo caos, enquanto as universidades federais, em sua maioria, permanecem fechadas, as faculdades privadas se reinventam. Em menos de uma semana, professores aderem às tecnologias; o que era considerado um luxo ou hobby passa a ser o único e essencial instrumento para o trabalho. Os conteúdos ministrados fluem com mais rapidez e, por consequência, exigem melhor performance dos educadores e mais tempo para preparação.
         Por outro lado, nesse processo de interação, adaptação e solidão temos um aluno acostumado aos moldes tradicionais que, em alguns casos, não se vê como protagonista no processo de ensino-aprendizagem, por estar acostumado a receber passivamente instruções e reproduzi-las. Destaca-se, ainda, a falta de recursos tecnológicos, que prejudica a transmissão das aulas.
         O resultado disso é, entre outros, aquele que faz parte da pesquisa Cenário Econômico Atual das Instituições de Ensino Superior (IES Privadas, do Instituo Semesp, divulgados no dia25 de maio, de que a “inadimplência no ensino superior privado do Brasil cresceu 72% em abril de 2020, se comparado ao mesmo mês do ano passado. No mesmo período, a evasão também teve aumento de 32,5%.
         Ainda de acordo com o Semesp, a inadimplência e a evasão são motivadas pela pandemia do coronavírus, que trouxe desemprego, redução de renda e incerteza sobre o cenário político-econômico do país.
         Percebeu-se na pesquisa que as instituições que mais sofreram com a evasão e inadimplência foram as que não se prepararam para a revolução tecnológica vivida pela humanidade na última década.
         Instituições privadas que anteciparam a introdução de meios tecnológicos em suas práticas pedagógicas e grades curriculares modernas tendem a sentir os efeitos da pandemia, porém com menor intensidade que aquelas que insistem em preterir as tecnologias como instrumento essencial para suas práticas educacionais.
         Neste momento, as faculdades precisam adotar estratégias para a continuidade de suas atividades e manutenção de seus alunos, evitam assim a evasão e, por consequência, a inadimplência. Em sentido diverso, o aluno deve compreender que a suspensão das atividades essenciais não encerra ou interrompe, necessariamente, seu projeto de formação superior. Como educadores de instituições privadas, temos o compromisso de buscar opções que sejam eficazes e viáveis, cientes de que após tudo isso teremos nos reinventado.”.

(Cida Vidigal. Coordenadora do curso de direito da Faculdade Batista de Minas Gerais, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 10 de junho de 2020, caderno OPINIÃO, página 15).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 12 de junho de 2020, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Comunicação na Igreja
        Valorizar a comunicação é fundamental na missão evangelizadora da Igreja Católica. Isto não significa investir em um empreendimento privado, menos ainda constituir um negócio rentável. Essa valorização deve sempre reger-se no horizonte evangelizador que norteia o caminho missionário da Igreja, o que inclui balizar conteúdos e práticas comunicacionais a partir de princípios inegociáveis. Assim, a Igreja, a partir da comunicação, anuncia o Reino de Deus e, pela força desse anúncio, transforma vidas, ajudando na construção de sociedades justas e solidárias.
         O envolvimento de diferentes atores no processo comunicacional das mídias católicas, com as suas especificidades, nuances e impostações, não pode dispensar o alinhamento doutrinal com a Igreja e, consequentemente, o compromisso com a evangelização. A Igreja Católica é detentora de um horizonte que vem da inspiração de suas tradições, valores, experiências, documentos e, especialmente, da Palavra de Deus. Isto significa dizer que não são permitidas superficialidades ou invencionices na comunicação da Igreja que possam desfigurar a beleza e a inteireza da fé cristã católica. Arriscados personalismos, alimentos por desvarios religiosos nefastos, merecem adequado tratamento. O importante serviço da comunicação católica enfrenta desafios que são próprios do atual contexto social e político. Um contexto sociopolítico contaminado pelas disputas de poder, busca pela efetivação de domínios e acúmulo de dinheiro.
         É sabido que manter serviços de comunicação custa caro, exige investimento permanente em profissionais e no contínuo avanço tecnológico. O aspecto econômico impõe alguns revezes, mas a comunicação católica não pode afastar-se do compromisso de anunciar a Boa Nova. Deve oferecer significativa e qualificada prestação de serviços que gravitam ao redor dos pilares da evangelização, da cultura e da educação. A fonte inesgotável de conteúdo para a comunicação católica é o Evangelho de Jesus Cristo, firmando o histórico compromisso da Igreja de ajudar a tecer a cultura da vida e da paz.
         A comunicação da Igreja deve, pois, cultivar a convicção de que o Evangelho é o bem mais precioso a ser oferecido à humanidade, que carece de rumos novos capazes de levá-la à cura de suas feridas, à superação de seus estrangulamentos. Trata-se de enorme desafio, que inclui a diversificação em rede dos muitos modos de se fazer comunicação e a necessidade de revestir os processos comunicativos com uma força incidente nas dinâmicas sociais. A Igreja Católica, para se fortalecer a partir da comunicação, deve, cada vez mais, voltar-se aos princípios que norteiam a sua identidade e missão.
         A comunhão, que faz parte da vida da Igreja, é força com propriedade de amalgamar as diferenças, tornando-as uma grande riqueza, com elementos que corrigem descompassos e iluminam caminhos. A comunhão leva a novos passos corretivos que consolidam a comunicação católica como um bem indispensável e diferenciado para a vida social. A relevância da comunicação católica para a transformação da sociedade é que motiva cristãos católicos a apoiarem diferentes iniciativas da Igreja no campo comunicacional. Tudo para que não se cale a voz do Evangelho de Jesus Cristo em uma sociedade de vozes dissonantes e comprometedoras.
         A presença da Igreja, de modo mais efetivo, nos meios de comunicação, vem das lúcidas indicações do Concílio Vaticano II, em 1965. Já há 54 anos é promovido o Dia Mundial da Comunicação Social, para reafirmar a importância de diferentes práticas comunicativas no contexto da Igreja – das que exigem maior mobilização tecnológica e operacional às realizadas em âmbito mais comunitário, nas pastorais de comunicação. Trata-se de uma ampla rede a serviço da evangelização e, consequentemente, da edificação de uma cultura da paz. A Igreja Católica, com seus meios de comunicação – televisivos, radiofônicos, impressos, digitais, em redes – interage com os muitos fluxos relacionais da sociedade. Enfrenta batalhas, interesses e até embates desiguais.
         A Igreja enfrenta essa luta valendo-se de plataformas e mecanismos que ecoam a fé cristã. Um caminho desafiador que não pode ser trilhado isoladamente, compreendendo a comunicação católica como negócio particular, sob pena de se perder rumos, fazer escolhas equivocadas e, até por desespero, propor o que não condiz com as lições de Jesus Cristo. A Igreja Católica tem parâmetros e mesas de diálogo para fomentar a indispensável comunhão. Uma união cotidianamente renovada que faz o serviço evangelizador no âmbito da comunicação ganhar cada vez mais qualidade. A realidade atual, seus embates e até mesmo equívocos apontam lições nesse contexto que precisam ser aprendidas, para novas configurações estratégicas. Corações se abram e, com a dedicação de todos, avance, sempre mais, o serviço indispensável da comunicação na Igreja.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a estratosférica marca de 313,43% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 119,32%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,40%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.