quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A CIDADANIA, A SOLIDARIEDADE, A FELICIDADE E O ANO NOVO

“2013 mais coletivo, menos individual

Fim de ano é tempo de reflexão sobre a própria vida na esfera afetiva e profissional, o mundo em que vivemos, os amigos que estão do nosso lado e os que se foram (porque morreram ou pelo desgaste do tempo), e sobre a própria finitude. Algumas coisas não podemos resolver, mas tentar mudar o mundo ao nosso redor com algumas ações do cotidiano, de preferência envolvendo-nos com grupos organizados, é possível. E isso nos faz muito bem.

Observamos nesta época um clima de confraternização mais emocional do que o normal e parece-nos que as pessoas vão mais aos seus templos de orações, o que é importante. Afinal, como constata o filósofo suíço Alain de Bottom, em qual outro local homens e mulheres de todas as raças e classes sociais são recebidos e se sentem acolhidos? Por mais críticas que se façam às diversas igrejas, elas têm essa importância, agregam!

Sim, mas o que dizer sobre o mundo em que vivemos? Levamos os questionamentos sobre as nossas dúvidas para os diversos templos? No aspecto individual, sim. No coletivo, não. Indagamos e pedimos bênçãos nesses locais para a nossa vida afetiva e profissional e principalmente para termos uma boa saúde. Refletimos, também, com calafrios ou não, sobre a nossa morte. São, portanto, em geral, sentimentos individuais. Mas e no coletivo, para o que pedimos bênçãos no nosso cotidiano e suas relações externas? Supomos que muito pouco. Em geral, deixamos as coisas como estão, com exceção para um ou outro espírito mais intenso e rebelde.

Muitos questionamentos poderiam ser feitos em salões de igrejas e nas praças públicas. Como fica solidão humana em tempos de redes sociais? Por que pagamos excessivos impostos? Por que os planos de saúde são caros para os idosos?Por que os muito pobres do país sofrem com um sistema de saúde ineficaz? Por que uma corrupção instalada em várias esferas de poder rouba tanto dinheiro da educação e da saúde no Brasil? Por que vemos tantos ex-pobres enriquecerem com a política em desproporção aos salários que recebem e surgirem como donos de concessionárias e instituições de ensino? Por que tantas pessoas morrem em acidentes de trânsito e com a violência urbana? E as terríveis drogas, cada vez mais destruindo pessoas e lares, como combatê-las?

Pense, caro leitor: se nesta época e ao longo do ano nos reuníssemos em praças públicas e salões de entidades de classe e das várias igrejas e repetíssemos com frequência todas essas perguntas, tal como orações ou mantras, e também, depois de algum tempo, nessas mesmas reuniões, falássemos em bom tom sobre as respostas a essas perguntas. E criássemos alternativas, pode ter certeza que, depois de certo tempo, surgiriam algumas soluções para tantas questões que inquietam a nossa alma no aspecto coletivo. Só que essas situações deveriam se repetir muito, até que as primeiras questões levantadas não existissem mais e passássemos às outras. E podem ter certeza também: as questões individuais ficariam em segundo plano, com muito menos importância.

Mas, enquanto essas “reuniões” não existem de fato (fica apenas a ideia), vamos nos lembrar de boas ações e imagens que alegram o nosso coração nessa época do ano e são muitas: uma orquestra sinfônica tocando, um coral de pessoas idosas, um coral de crianças cantando músicas de Natal, jovens entregando sopas para os moradores de rua; cenas do trabalho dos Médicos sem Fronteiras, a Praça da Liberdade iluminada. Esse é o lado bom do ser humano. A solidariedade para a qual o homem foi talhado e sem ela, com certeza, a vida não faz sentido. Pensem também nos sinos de uma catedral badalando e nos fogos da passagem do ano. Pensou? É com esse clima de alegria e intensidade que devemos pensar no coletivo e menos no individual. Bom ano-novo!”

(LUIZ FRANCISCO CORRÊA, Jornalista, diretor da Via Comunicação, membro do Conselho Curador da Fundação de Pesquisa e Ensino da Cirurgia (Fupec), diretor da Associação Palavra Bem Dita), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de dezembro de 2012, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de FREI BETTO, Escritor, autor de A arte de semear estrelas (Rocco), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Feliz ano novo

Por que desejar feliz ano novo se há tanta infelicidade à nossa volta? Será feliz o próximo ano para afegãos e palestinos, e os soldados usamericanos sob ordens de um governo imperialista que qualifica de “justas” guerras de ocupações genocidas? Serão felizes as crianças africanas reduzidas a esqueletos de olhos perplexos pela tortura da fome? Seremos todos felizes conscientes dos fracassos de Copenhague, que salvam a lucratividade e comprometem a sustentabilidade?

O que é a felicidade? Aristóteles assinalou: é o bem maior que a todos almejamos. E meu confrade Tomás de Aquino alertou: mesmo ao praticarmos o mal. De Hitler a madre Teresa de Calcutá, todos buscam, em tudo que fazem, a própria felicidade.

A diferença reside na equação egoísmo/altruísmo. Hitler pensava em suas hediondas ambições de poder. Madre Teresa, na felicidade daquels que Frantz Fanon denominou “condenados da Terra”.

A felicidade, o bem mais ambicionado, não figura nas ofertas do mercado. Não se pode comprá-la, há que conquistá-la. A publicidade empenha-se em nos convencer de que ela resulta da soma dos prazeres. Para Roland Barthes, o prazer é “a grande aventura do desejo”.

Estimulado pela propaganda, nosso desejo exila-se nos objetos de consumo. Vestir essa grife, possuir aquele carro, morar nesse condomínio de luxo – reza a publicidade – nos fará felizes.

Desejar feliz ano novo é esperar que o outro seja feliz. E desejar que também faça os outros felizes? O pecuarista que não banca assistência médico-hospitalar para seus peões e gasta fortunas com veterinários de seu rebanho, espera que o próximo tenham também um feliz ano novo?

Na contramão do consumismo, Jung dava razão a São João da Cruz: o desejo busca sim a felicidade, “a vida em plenitude” manifestada por Jesus, mas ela não se encontra nos bens finitos ofertados pelo mercado. Como enfatizava o professor Milton Santos, acha-se nos bens infinitos.

A arte da verdadeira felicidade consiste em canalizar o desejo para dentro de si e, a partir da subjetividade impregnada de valores, imprimir sentido à existência. Assim, consegue-se ser feliz mesmo quando há sofrimento. Trata-se de uma aventura espiritual. Ser capaz de garimpar as várias camadas que encobrem o nosso ego.

Porém, ao mergulhar nas obscuras sendas da vida interior, guiados pela fé e/ou pela meditação, tropeçamos nas próprias emoções, em especial naquelas que traem a nossa razão: somos ofensivos com que amamos; rudes com quem nos trata com delicadeza; egoístas com quem é generoso; prepotentes com quem nos acolhe em solícita gratuidade.

Se lograrmos mergulhar mais fundo, além da razão egótica e dos sentimentos possessivos, então nos aproximamos da fonte da felicidade escondida atrás do ego. Ao percorrer as veredas abissais que nos conduzem a ela, os momentos de alegria se consubstanciam em estado de espírito. Como no amor.

Feliz ano novo é, portanto, um voto de emulação espiritual. Claro, muitas outras conquistas podem nos dar prazer e alegre sensação de vitória. Mas não são o suficiente para nos fazer felizes. Melhor seria um mundo sem miséria, desigualdade, degradação ambiental, políticos corruptos!

Essa infeliz realidade que nos circunda, e da qual somos responsáveis por opção ou omissão, constitui um gritante apelo para nos engajarmos na busca de “outros mundos possíveis”. Contudo, ainda não será o feliz ano novo.

O ano será novo se, em nós e à nossa volta, superarmos o velho. E velho é tudo aquilo que já não contribui para tornar a felicidade um direito de todos. À luz de um novo marco civilizatório há que superar o modelo desenvolvimentista-consumista e introduzir, no lugar do PIB, a FIB (Felicidade Interna Bruta), fundada na economia solidária e sustentável.

Se o novo se faz advento em nossa vida espiritual, então com certeza teremos, sem milagres ou mágicas, um feliz ano novo, ainda que o mundo prossiga conflitivo; a crueldade travestida de doces princípios; e o ódio disfarçado de discursos amoroso. A diferença é que estaremos conscientes de que, para ter um Feliz Ano-novo, é preciso, é preciso abraçar um processo ressurrecional: engravidar-se de si mesmo, virar-se pelo avesso e deixar o pessimismo para dias melhores.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores – para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do país no concerto das potências mundiais livres, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo de matricularmos nossas crianças de seis anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

c) a dívida pública brasileira, com projeção para 2012, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos, a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, o que aumento o colossal abismo das desigualdades sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo, nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previsto e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013; a Copa das Confederações de 2013; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...





segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A CIDADANIA, O DIA DO CEGO E O TEMPO DE DOAÇÃO

“Dia do cego

Hoje, 13 de dezembro, é comemorado o Dia Nacional do Cego. A data, criada em 1961, foi instituída com o objetivo de preservar o direito fundamental de igualdade e solidariedade entre todos, dentro de uma mesma sociedade, sem discriminação ou distinção a qualquer nível. Apenas em Belo Horizonte, existem mais de 7 mil pessoas totalmente cegas e 61mil com grande dificuldade para enxergar, de acordo com Censo 2010.

Exatamente na semana em que os deficientes visuais são lembrados com uma data reconhecida nacionalmente (será mesmo?), eles ganharam algo de concreto para comemorar. No mês de outubro, foi testado em uma linha de ônibus de Belo Horizonte um dispositivo que funciona por radiofrequência e auxilia os cegos a utilizar ônibus do transporte público de forma totalmente independente. Foram duas semanas de testes e, em 10 de dezembro, como informou o Estado de Minas (Gerais, 11/12), a BHTrans aprovou durante Plenária do Conselho Municipal de Pessoas Portadoras de Deficiência de Belo Horizonte, a probabilidade de o sistema ser adotado nos 3 mil veículos da frota de ônibus da capital mineira. A reunião foi aberta ao público, no auditório da Secretaria Municipal de Políticas Sociais.

A vontade popular, mais uma vez, fez toda a diferença na aprovação para a implantação desse sistema, que já funciona em toda a frota do transporte público de três cidades do Brasil: Araucária, no Paraná, além de Jaú e Limeira, no estado de São Paulo, sendo que essa última concluiu a implantação há duas semanas.

Esse é apenas um exemplo, dos muitos, na área da tecnologia assistiva, que tem baixo custo e que pode mudar de forma significativa a vida de quem as utiliza. No caso desse sistema, uma palavra se fez presente em todos os depoimentos dos cegos que testaram a tecnologia: independência.

No corre-corre das grandes cidades, mal nos damos conta das dificuldades que as pessoas que não enxergam passam diariamente. Se não estiverem acompanhadas, apesar da incrível capacidade que têm para se locomoverem sozinhas, necessitam sempre do auxílio de alguém que esteja bem disposto para ajudá-las em várias atividades, entre elas embarcar nos veículos do transporte público.

Chegar ao ponto dos ônibus não é o problema para o deficiente visual, que consegue ir aonde quer e com precisão inacreditável. O problema é conseguir entrar no ônibus correto. Para começar, é necessário descobrir se há alguém por perto para auxiliá-los. Isso nem sempre acontece e, até que alguma pessoa apareça, eles precisam ficar ali, parados, aguardando um movimento ou som diferente, para poderem solicitar auxílio.

Quando finalmente conseguem a ajuda de alguém, o que ocorre, com muita frequência, é que o ônibus da pessoa a quem o cego solicitou ajuda passa antes, e ela vai embora se esquecendo de avisar que está partindo. O deficiente visual fica lá, acreditando que vai ser auxiliado, quando, na verdade, está mais uma vez sozinho.

Há inúmeros outros lapsos que as pessoas cometem, acredito sem maldade, ao tentar ajudar pessoas com deficiência visual no transporte público. Um senhor cego relatou que, certa vez, pediu a ajuda de uma pessoa, que o colocou no ônibus e embarcou junto. Ele percebeu que a trajetória era diferente e então questionou se aquela era realmente a linha que ele havia solicitado. A pessoa, então, respondeu: “É outra linha que passa pertinho de onde você quer ir”. Apesar de agirem com boa intenção, atitudes assim deixam claro o quanto a população ainda é despreparada para ajudar os cegos. Não sabem que eles têm em suas mentes as rotas muito bem traçadas, memorizadas, e que se mudam aquele percurso, perdem o referencial.

Com qualquer cidadão, pessoas com deficiência visual têm necessidades de consumo, cultura e lazer. Porém, as dificuldades de deslocamento experimentadas por esse público impedem a satisfação plena dessas necessidades. Por exemplo, muitos deixam de sair à noite e nos finais de semana devido à maior chance de não encontrarem pessoas nos pontos de ônibus que possam ajudá-los.

Por essa razão, a adoção de tecnologias assistivas, como o transmissor de radiofrequência no transporte público, significa finalmente permitir o exercício pleno do direito de ir e vir desses cidadãos. É conceder a eles a independência de poder ir aonde quiserem, na hora que desejarem. É urgente a necessidade de o poder público começar a dar a atenção que esses pessoas, como cidadãs, merecem e esperam receber.”

(ADRIANO ASSIS, Engenheiro eletrônico e diretor da Geraes Tecnologias Assistivas, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de dezembro de 2012, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 21 de dezembro de 2012, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Noel, tempo de doação

A linguagem é uma força que produz e sustenta os imaginários. Tem força para definir rumos e incidir sobre o tecido da cultura, com o conjunto de hábitos cotidianos, os ritmos de vida, as prioridades e escolhas. A palavra articulada na linguagem tem força criativa, produz sentidos, alavanca os avanços, ou é responsável pelos atrasos, no horizonte das urgências e necessidades da sociedade. Compreende-se que toda fala tem um enorme peso nas circunstâncias da vida. Por isso mesmo é preciso cuidar para falar o que edifica e produz sentido verdadeiro. A vida não se sustenta quando se baseia em falácias ou em compreensões inconsistentes. É importante a dinâmica de falar e escutar para tecer a cultura, alimentar sentidos e formatar imaginários favoráveis na sustentação de uma vida digna para todos. A celebração do Natal, vivida em todo o mundo, precisa dos ajustes na linguagem para que se alcance o verdadeiro sentido desse precioso tempo.

O resgate da linguagem do presépio, por exemplo, é um vetor muito importante para que cada pessoa fixe o olhar em Cristo Jesus, o Menino Deus, centro e razão primeira e insubstituível da festa. Os presépios nas igrejas, nas praças, nos museus, nos espaços públicos e no recôndito de cada lar, pela arte e pela beleza, criam a oportunidade de renovar a catequese rica dessa fonte inesgotável de amor. Jesus Cristo, o filho amado de Deus pai e único Senhor e salvador, entra na história da humanidade, assumindo a nossa condição humana, igual a nós em tudo, exceto no pecado. A razão amorosa desse gesto é a nossa salvação. Uma promessa e conquista a ser construída já no tempo da vida, por desdobramentos de uma fé sincera e apaixonada, que gera e sustenta gestos de solidariedade, o gosto pela fraternidade e a coragem de dedicar-se na luta pela justiça.

Jesus salvador vem ao nosso encontro para nos dar vida em abundância. Um gesto exemplar que inclui o compromisso de seus discípulos, os convidados a participar de sua vida plena, na vivência de uma conduta de solidariedade e de oferta de si para o bem de todos. O desdobramento da fé em Jesus e a compreensão solidária de sua encarnação estão na raiz da figura de Papai Noel. A linguagem produzida por interesses outros afastou a compreensão do sentido original. O consumo e a comercialização se apropriaram da figura de Papai Noel para alavancar vendas, interesses que muitas vezes estão na contramão daquela solidariedade que o Natal significa. De São Nicolau, bispo de Mira, Lícia, no século 4, são conhecidos relatos e histórias. Até dificulta discernir aquelas autênticas das abundantes lendas associadas à imagem desse santo popular, que foi relacionada e transformada no ícone do Natal chamado Papai Noel.

Nos países de língua inglesa, o santo é chamado de Santa Claus, ou São Nicholas. Dessa tradição, vale resgatar e focalizar os relatos de um homem que se dedicou ao cuidado das crianças carentes, dos pobres e necessitados. São muitas histórias contadas através dos tempos, como a de uma família muito pobre sem condições de custear o casamento das filhas. O bispo Nicolau, à noite, jogou um saco de moedas de ouro e de prata para ajudar a pagar os custos dos casamentos. Ou o socorro aos pobres, em meio a um inverno rigoroso, não lhes faltando o pão necessário. A linguagem em torno da figura de São Nicolau, nas mais antigas tradições, desenha um horizonte de compreensão que privilegia a solidariedade, a alegria de partilhar, o cuidado com os mais precisados, a sensibilidade para perceber a necessidade dos outros e socorrê-los. Na verdade, uma compreensão que precisa ser recuperada.

O ícone de São Nicolau deve sair do domínio daqueles que vivem o Natal apenas como oportunidade para lucrar. Esquecem-se do sentido nobre e rico do nascimento de Jesus, Senhor e salvador. Natal é tempo de refazer o coração com a generosidade para a solidariedade. Olhar o presépio e Papai Noel deve remeter cada coração ao sentido de fraternidade e partilha. É interessante vivenciar esse tempo pelo olhar de São Nicolau, movido pelo amor do Menino Deus, para enxergar os mais pobres e ir ao encontro deles, solidariamente. Um olhar sobre o mundo marcado pela compaixão e compromisso com o bem. Essa é uma lição perene, aprendizagem constante, que deve ser cultivada no coração e inteligência das crianças, dos jovens, de todos. Um tempo de doação, buscando não um Noel para si mesmo, mas sendo Noel para os outros.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das potências mundiais livres, soberanas, civilizadas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidos...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de seis anos de idade na primeira série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de seu nascimento –, como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a CORRUPÇÃO, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos, a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tamanha sangria, que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o já colossal abismo das desigualdade sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ÂNIMO nem arrefecem o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande cruzada nacional pela CIDADANIA e QUALIDADE, visando à construção de uma nação verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, CIVILIZADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com TODAS as brasileiras e com TODOS os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013; a Copa das Confederações em 2013; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do século 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um possível e novo mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da LIBERDADE, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE universal...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A CIDADANIA E A MÁGICA DA EXCELÊNCIA NA EDUCAÇÃO

“A MÁGICA DA EXCELÊNCIA

Poucos na área da educação são capazes de reunir plateias tão entusiasmadas como o americano Mike Feinberg, 44 anos – um especialista em relações internacionais cuja opinião sobre o ensino é ouvida com atenção por autoridades dos mais diversos matizes e nacionalidades. Feinberg está à frente de uma das mais bem-sucedidas experiências recentes na sala de aula, as KIPP Schools – conjunto de mais de uma centena de escolas de período integral fincadas em áreas pobres de vinte estados americanos. Administradas com um misto de dinheiro público e privado (mas com verbas semelhantes às outras), elas mostram como é possível forjar a excelência mesmo em ambientes tão desprovidos de estímulos. Em recente passagem pelo Brasil, onde falou a especialistas no Instituto Fernand Braudel, em São Paulo, Feinberg deu a seguinte entrevista a VEJA:

A ESCOLA É A RESPONSÁVEL Muitos profissionais do ensino caem na tentação de empurrar a culpa dos fracassos escolares para as famílias, alegando que elas não dão aos filhos os incentivos mais básicos. Mas não é realista esperar grande protagonismo de pais que, frequentemente, não têm tempo nem repertório intelectual para fazer mais do que já fazem. No lugar de terceirizar responsabilidades, esses educadores deveriam encará-las: se o aluno não evolui, eles precisam responder por isso. E um ambienta menos favorável não pode servir de álibi para a incompetência.

A LIÇÃO DO ESFORÇO A maioria das crianças pode se tornar eficiente em qualquer atividade à qual dedique tempo e esforço. Se o objetivo é virar um ás do videogame, então devem se esmerar no videogame. Agora, se a meta é alcançar um patamar elevado em leitura ou matemática, não há outro caminho senão ler, ler e ler e resolver exercícios. A prática é fundamental. Não acredito que em um turno escolar curto demais seja possível lidar com a complexidade de tantas áreas do conhecimento. Acaba ficando tudo muito raso. Essa é uma clara desvantagem do Brasil em relação aos países mais desenvolvidos, onde as crianças passam até o dobro do tempo em sala de aula.

QUEM MERECE AVANÇA O igualitarismo na escola pode soar simpático, mas tem o efeito perverso de não estimular ninguém a desprender-se da média. O esforço e o mérito do aluno não devem ser escamoteados, mas, sim, enfatizados, para que ele e os outros saibam que esse é o caminho acertado. Os professores que fazem sua classe progredir também merecem ser destacados, recebendo não só mais dinheiro, mas ainda, e principalmente, mais responsabilidade e desafios.

UMA VISÃO EMPRESARIAL Quando os pais vão escolher a escola dos filhos, no lugar de priorizar uma infraestrutura vistosa, deveriam, isso sim, saber quem é o diretor e como ele age em prol do ensino. O diretor precisa ser, em certo sentido, como o gestor de uma empresa. Ele deve incentivar os quadros mais talentosos e ter pulso para se livrar dos menos eficazes. Demissão ainda é um tabu no meio educacional, mas os bons diretores, mesmo quando esbarram na burocracia do ensino público, encontram brechas para retirar de cena os que não funcionam.

O CORPORATIVISMO CONTRA A QUALIDADE Os sindicatos erram quando saem em defesa dos maus profissionais e não do bom ensino. Acho curioso que existam mecanismos para impedir que os médicos e os advogados ruins atuem, mas não haja blindagem alguma contra os professores que difundem uma educação de baixo nível. Esse pendor corporativista é um incômodo obstáculo à qualidade.

DIVERSIDADE DE CABEÇAS Venho do Teach for America, programa que coloca talentos em todas as áreas para dar aulas. Essa diversidade faz um enorme bem à escola. Eu mesmo não me especializei em educação, mas a sensação é de que é possível impactar tanta gente foi tão arrebatadora que nunca mais deixei esse meio. Sempre me perguntam: “Qual é a fórmula mágina das KIPP Schools?”. A resposta é tão simples que parece pueril. De um lado, reúno professores que dominam seu conteúdo e o ensinam de forma apaixonada; de outro, mantenho alunos imersos na escola em tempo integral. Em países como África do Sul, México e Índia já existem escolas que se baseiam nesses mesmos pilares, com sucesso. Por que não o Brasil?”.

(NATHÁLIA BUTTI, em artigo publicado na revista VEJA – edição 2300 – ano 45 – nº 51, de 19 de dezembro de 2012, páginas 138 e 139).

Mais uma importante, pedagógica e oportuna contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de dezembro de 2012, caderno OPINIÃO, página7, de autoria de DALVA SOARES GOMES DE SOUZA, que é formada em letras e pedagogia, mestre em língua portuguesa, e que merece igualmente integral transcrição:

“Um olhar para a educação

Passar pela escola e empunhar um diploma hoje é para qualquer um, hava vista a complacência das normas educacionais e das bolsas que contemplam milhares de brasileiros. A escola perde, a cada dia, o direcionamento do seu papel. Robbins (1966), grande pesquisador da área, afirmou: “Aprendizagem é qualquer mudança relativamente permanente no comportamento que ocorre como resultado da experiência”. Sabe-se que aprender origina-se de um estímulo interior que incorpora o conhecimento adquirido aos hábitos do educando. Ato contínuo, seu comportamento modificado e enriquecido refletirá a ocorrência desse processo.

E onde estão acontecendo essas mudanças? Paradoxalmente, nos professores que não buscam mais técnicas pedagógicas adaptadas à realidade dos alunos, tampouco visam à sua formação e, pasmem, temem pelo que lhes possa ocorrer se forem exigentes na condução de seu conteúdo programático. Se, de um lado, o sistema e suas normas excessivamente liberais delegam ao corpo discente muito mais direitos que deveres, como faltar às aulas, não ser reprovado, não receber repreensão, não aprender nada etc., por outro, as famílias não acreditam no professor e defendem seus filhos de todo tipo de contratempo.

Essa mudança que vem ocorrendo nas últimas décadas com os docentes anula os resultados que deveriam ser obtidos na escola, na área do conhecimento – teoria e prática –, comprometendo sobremaneira o conteúdo ministrado em todos os níveis de ensino: fundamental, médio e superior.

Diante disso, profissionais sem capacitação profissional são colocados no mercado de trabalho. Um exemplo foi a recente reprovação majoritária (54,5%) dos formandos de medicina que se submeteram ao exame de fim de curso, realizado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), para testar a competência dos egressos antes do exercício da sua função. O Conselho Federal de Medicina reconheceu que a qualidade da formação está abaixo das necessidades, afirmando que “os profissionais devem estar bem formados, bem qualificados e bem capacitados.”

Essa realidade está presente em todos os cursos oferecidos pelas faculdades, pois é notória a fragilidade dos ensinos fundamental e médio, já que todo o sistema educacional se restringe à superficialidade de seu conteúdo. Assim, o professor está hoje enfraquecido e desmoralizado. Prova disso é o fechamento de quase todos os cursos de licenciatura por falta de candidatos. O vestibulando não quer ser professor, pois esse professor ganha mal, sofre por incompreensão do sistema e da sociedade e não consegue executar uma docência digna, pautada na busca do conhecimento para a ascensão social de seus alunos. A opção para o vestibular cai na docência apenas quando o candidato não vê em outra alguma possibilidade de aprovação, por estar desqualificado, por ter passado pela educação básica sem aprender nada, principalmente se tiver estudado em escola pública.

O resultado é a tragédia cultural exibida em todo ponto do país. Não há o hábito da leitura e muito menos da escrita. Todos os cálculos são realizados pela maquininha. As capitais de países e estados são desconhecidas. Todo conhecimento fica na superficialidade. E os profissionais de todas as áreas pertencentes a essa geração, inconfiáveis.

Assim, se não houver um investimento sério na educação do Brasil, ressaltando a valorização dos professores e a definição correta do papel da escola hoje, dentro de algum tempo, quando os mais competentes forem se aposentando, se deflagrará uma catástrofe com predomínio da violência embasada na ignorância.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, pedagógicas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a imperiosa necessidade de profundas transformações em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das potências mundiais livres, soberanas, civilizadas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de seis anos de idade na primeira série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de seu nascimento –, como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a CORRUPÇÃO, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e inaceitável desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos, a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz AUDITORIA...

Destarte, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta sangria, que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, o que aumenta mais o fosso das desigualdades sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ÂNIMO nem arrefecem o nosso ENTUSIAMO e OTIMISMO nesta grande cruzada nacional pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma nação verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com TODAS as brasileiras e com TODOS os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013; a Copa das Confederações de 2013; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do século 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um possível e novo mundo da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE -, e da FRATERNIDADE universal...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A CIDADANIA, UM NOVO ESTADO E A DEMOCRACIA DA PARTICIPAÇÃO

“República

DE AMIGOS

“Aos amigos tudo, aos inimigos a lei”. Não por acaso este é um dos ditados mais famosos do folclore político brasileiro. Sua autoria é discutida, fala-se em Getúlio Vargas, menciona-se Pinheiro Machado, todo-poderoso caudilho da República Velha, e mesmo o ex-governador mineiro Benedito Valadares. Todos políticos que se notabilizaram pela astúcia. A frase é sinônima da esperteza política no uso seletivo da lei – do lado punitivo desta e do aparato judicial para atingir os inimigos. Assim, uma versão mais completa do ditado é: “Aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei”.

Foi como inimigo que sofre os rigores da aplicação política e seletiva da lei que o Partido dos Trabalhadores (PT) viu algumas de suas figuras mais influentes sofrerem pesadas condenações judiciais por conta de acusações de corrupção, formação de quadrilha, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, entre outras.

Tem-se discutido, na seara jurídica, a justeza das condenações, estribadas em clara mudança jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal (STF), com a maioria de seus ministros abandonando a rigidez formalista que predominava naquela corte nos procedimentos de prova e convencimento. Dizem os especialistas que a inovação jurisprudencial do Supremo deu-se no uso da teoria do domínio do fato para condenar os acusados, um entendimento que permite ao Judiciário condenar um réu que não tenha deixado provas concretas da participação direta em um crime, mas que, pelo alto cargo que ocupa e pela influência que possua em uma instituição, tenha contribuído decisivamente para sua realização.

Criada, segundo o jurista alemão Claus Roxin, um de seus idealizadores, a partir da inquietação com os julgamentos dos crimes nazistas, a teoria do domínio do fato visava fazer com os indivíduos em posição de comando, que comprovadamente davam ordens e planejavam estrategicamente a execução de delitos, fossem julgados como autores efetivos deles, juntamente com os executores diretos, e não como meros participantes, como o fazia a jurisprudência. Foi com base em tal teoria que os ex-presidentes Jorge Rafael Videla e Alberto Fujimori, da Argentina e do Peru, respectivamente, foram condenados – não “sujaram as mãos” executando pessoalmente os crimes tenebrosos de seus governos, mas comprovou-se que deram as ordens.

Não basta, entretanto, para se aplicar tal entendimento, que o acusado esteja ou tenha estado em uma posição de comando e influência, de um lado, e que tenham ocorrido delitos em sua administração ou área de influência, por outro. É preciso provar o nexo entre os dois fatos, ou seja, que o acusado emitiu a ordem para o crime. Não bastam os indícios ou a suposição de que essa ordem existiu apenas pela posição hierárquica superior do acusado – “isso seria um mau uso da teoria”, afirmou Roxin, “a posição hierárquica, em si, não fundamenta, sob nenhuma circunstância, o domínio do fato. O mero ‘ter que saber’ não basta. O paradigma do domínio do fato, portanto, redimensiona e abranda o formalismo processual do direito, mas de forma alguma o exclui, pois ele representa uma garantia de cidadania contra o voluntarismo sem peias na aplicação da lei.

Os críticos às condenações do STF na Ação Penal 470 afirmam justamente que os réus foram condenados pela mera posição hierárquica, que não restaram provados o nexo entre os delitos e as ordens efetivas e mesmo alguns delitos em si. Os defensores das condenações afirmam que os delitos e as ordens foram confirmados e ainda que o próprio uso – correto – da teoria do domínio do fato não é novidade na Corte Suprema.

Ainda que as condenações sejam justificadas em termos estritamente técnico-jurídicos (até onde o direito possa ser estritamente técnico), vale dizer que, do ponto de vista social e político, essa justificativa é dúbia. Não por uma suposta inocência do PT mas pelo fato de que somente ele foi, até agora, condenado por práticas que são recorrentes e disseminadas no sistema político brasileiro – isso não o torna menos culpado, em termos sociais e políticos, mas faz com que a condenação pesando somente sobre suas costas tenha a indisfarçável marca da aplicação seletiva da lei, ditada por conveniências políticas.

A defesa jurídica do PT alegava que o único delito perpetrado pelo partido e seus integrantes foi o do financiamento de campanhas políticas. Ocorrera “somente”, segundo seus advogados e o discurso do partido, o famigerado caixa dois eleitoral. Alegação compreensível, em termos de estratégia jurídica, já que se trata de conduta punida de forma mais branda e limitada. Mas o caixa dois eleitoral nunca é algo brando e limitado, mas a ponta do iceberg de toda uma dinâmica de circulação ilegal e imoral de dinheiro no sistema político – é a face visível e uma das portas principais de entrada desse esquema absolutamente nefasto em termos de qualidade democrática.

A democracia de massas e a expansão quantitativa e qualitativa do conhecimento técnico, do sistema financeiro mundial e dos meios de comunicação têm feito da política uma atividade cada vez mais cara. Por uma questão de sobrevivência os partidos e políticos necessitam de dinheiro, especialmente para campanhas políticas (nas quais a propaganda e o marketing funcionam, tanto mais quanto menor o grau de cultura geral e de cultura política de uma sociedade), mas também para assessorias, consultorias, estudos, pesquisas, etc. Quem oferece a maior parte desses recursos é o grande capital, especialmente o financeiro – não de graça, é claro. Esse é um sério problema estrutural, e não só da política brasileira. Basta ver os escândalos que, na Europa, atingiram partidos tanto de esquerda como de direita, e políticos da importância de Felipe González, Willy Claes, Bettino Craxi, Alain Juppé, Edith Cresson, Jacques Chirac, Helmut Kohl, entre outros, tendo como pano de fundo as relações entre a política e o dinheiro, geralmente envolvendo o financiamento de campanhas eleitorais.

Se o Judiciário brasileiro passar a usar, nos casos presentes e futuros de corrupção, a mesma régua, os mesmos que usou para condenar os acusados na Ação Penal 470, o país terá de construir mais prisões para albergar os milhares de políticos, administradores e empresários sentenciados. Como afirmou Boaventura Santos, a impunidade e a falta de limites para o crime organizado e o crime político ameaçam a estrutura política de uma nação, mas “o mesmo pode ocorrer se a punição dessa criminalidade, pela sua sistematicidade e dureza, cortar as ligações do sistema político com tal tipo de criminalidade no caso de tais ligações serem vitais para a reprodução do sistema político”. Ilícitos políticos como as doações eleitorais “por fora” e a circulação ilegal de dinheiro no sistema político têm sido vitais para a reprodução deste, aqui e alhures. A grande e urgente questão estrutural é cortar ou ao menos diminuir tais ligações.

CONTROLE PÚBLICO No Brasil, com o incremento dos sistemas e instituições de controle público como a Receita Federal, a Polícia Federal, o Ministério Público, os Tribunais de Contas, a Controladoria da União, as CPIs etc., vários escândalos de corrupção têm sido denunciados e apurados, mas poucos resultaram em condenações judiciais. As operações Satiagraha e Castelo de Areia, da Polícia Federal, foram boicotadas e impedidas política e judicialmente, CPIs que envolviam corrupção de forças políticas diversas, como a do Banestado, foram arquivadas, e o processo que investiga o envolvimento de políticos do PSDB mineiro em esquema de corrupção semelhante ao que condenou políticos do PT, inclusive com o mesmo “operador”, Marcos Valério, caminha a passos lentos no Supremo, embora a denúncia seja anterior.

Para esses casos tem prevalecido o excesso de formalismo legal e a parca e fragmentada cobertura da mídia. Mídia que mal informa a população sobre o projeto de lei que visa fazer com as empresas denunciadas por corrupção sejam julgadas com base na responsabilidade objetiva e não mais subjetiva – graças a esta última, as empresas denunciadas sempre alegam que seus empregados agem por conta própria, sem conhecimento da direção. Caso vingue a responsabilidade objetiva poderão ser condenadas, assim como seus dirigentes, se provado que a empresa se beneficiou do ilícito. Mas a opinião pública, em geral, pensa que a corrupção é um problema somente do Estado ou dos “políticos ladrões”. Sim, há muitos deles, mas a questão é mais complexa.

Complexidade que a cultura geral e política da sociedade não está preparada para perceber e que a mídia, salvo exceções, não apresenta. É mais fácil apresentar e perceber o problema da corrupção pela ótica subjetiva e simplificadora da má índole dos políticos. É o discurso da mídia brasileira, que extrapolou sua tradicional e crucial função de formadora da opinião pública para se alçar à condição de “justiceira”, no vácuo da ineficiência da Justiça e da segurança pública no Brasil.

A mídia, porém, não tem os meios e a legitimidade institucional para isso. Primeiro porque falta a referência legal suficiente para, ao mesmo tempo, garantir e limitar o direito de expressão e informação, como acontece com todo direito constante de um ordenamento legal democrático, que não comporta direitos absolutos, mas sempre relativos e limitados uns pelos outros. Afirmar que o direito de expressão é absoluto, e que o Estado não deve regulá-lo – incluindo nessa regulação o estímulo à desconcentração dos grupos midiáticos em prol da pluralidade da opinião pública – é de um liberalismo tão extremo que chega a ser antidemocrático. Segundo, porque não tem a neutralidade política necessária para essa tarefa, apresentando, muitas vezes, os escândalos políticos que lhe convém e na medida que lhe interessam. E finalmente porque, ao simplificar e subjetivar as causas da corrupção, escamoteia o principal problema subjacente a ela: o fato de que ela expressa uma perversão maior que a privatização do Estado brasileiro pelo grande capital. Privatização que se manifesta em nossa injustiça tributária, que taxa o consumo e a renda dos pobres e da classe média e alivia a grande propriedade e o grande capital; na hegemonia financeira que abocanha quase metade do orçamento público; na degeneração da representação política pela força do dinheiro.

Combater a corrupção é necessário, porém mais importante é combater a privatização do Estado. Para isso, a agenda é extensa e difícil: redimensionar o formalismo jurídico para que a Justiça seja mais eficiente mas sem deixar os cidadãos à mercê do voluntarismo judicial; reformar o papel da imprensa, retirando-lhe o papel de “justiceira” guiada por interesses próprios e recolocando-a em sua função de formadora de uma opinião pública necessariamente plural; e, finalmente, desprivatizar o Estado brasileiro. Enquanto tais providências não sejam encaminhadas continuará a vigorar no Brasil a conveniência do “aos amigos tudo, aos inimigos a lei”.”

(RUBENS GOYATÁ CAMPANTE, que é doutor em ciência política pela UFMG e pesquisador da Escola Judicial do TRT-MG, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 15 de dezembro de 2012, caderno PENSAR, página 6).

São mais páginas, pois, contendo importantes e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das potências mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de seis anos de idade na primeira série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de seu nascimento –, até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a CORRUPÇÃO, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos, a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta sangria, que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o já colossal abismo das desigualdades sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo do sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ÂNIMO nem arrefecem o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande cruzada nacional pela CIDADANIA e QUALIDADE, visando à construção de uma nação verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, CIVILIZADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades, com TODAS as brasileiras e com TODOS os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013; a Copa das Confederações de 2013; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do século 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um possível e novo mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da LIBERDADE, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE universal...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

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domingo, 16 de dezembro de 2012

A CIDADANIA, A EFICIÊNCIA, A COMPETÊNCIA E A HUMANIDADE

“Eficiência e utilidade

O resultado de apurado exame sobre os últimos 45 anos mostra que o Brasil deixou de ser um país agrário e atrasado e se tornou uma nação emergente. Esses avanços situam o país na condição de moderno, ou “quase moderno”. Obviamente, o resultado desse exame é fruto de consideração prioritária da evolução da técnica. De fato, quando se trata de avaliar o desenvolvimento, geralmente considera-se principalmente o progresso tecnológico, reconhecidamente importante. É oportuno recordar o que diz o para Bento XVI sobre a técnica, na sua encíclica sobre o desenvolvimento na caridade e na verdade, no capítulo seis. O papa sublinha que a técnica é um dado profundamente humano, ligado à autonomia e à liberdade do homem. O papa se recorda de um princípio importante: na técnica exprime-se e confirma-se o domínio do espírito sobre a matéria. A valorização e importância da técnica se situam na compreensão lúcida do quanto ela é necessária para melhorar as condições de vida, poupar fadigas e reduzir riscos. O papa Bento XVI, na encíclica, lembra que na técnica, considerada como obra do gênio pessoal, o homem reconhece-se a si mesmo e realiza a própria humanidade.

A técnica é, portanto, o aspecto objetivo do agir humano, cuja origem e razão de ser estão no elemento subjetivo, o homem que atua. É manifestação do próprio homem e de suas aspirações ao desenvolvimento. Aqui se situa um ponto fundamental na consideração da eficiência e da utilidade a partir dos avanços técnicos na contabilização do desenvolvimento e do progresso. O que se quer acentuar é a importância fundamental e o lugar imprescindível de cada pessoa nas engrenagens do desenvolvimento. Por isso, há de ser um desenvolvimento humano integral. Não basta um progresso técnico em si, para usufruto talvez de alguns. O avanço tem que ser benéfico para todos.

Observando o progresso tecnológico no mundo e no Brasil, causa impacto olhar para as últimas duas décadas. Nem é preciso rever a história dos últimos 45 anos, detalhados em pesquisa que acaba de ser divulgada, para constatar a intensidade de mudanças, os cenários de possibilidades e os desafios novos que estão postos. O bem que nasce a partir da técnica certamente porta a geração de comprometimentos que precisam estar na pauta do dia para que não tornem perdas os muitos ganhos, com incidências drásticas na qualidade humana e espiritual da vida.

Ao retomar o exame que traz auspiciosa notícia de que o Brasil é moderno, ou “quase moderno”, é preciso fazer presente o entendimento de que é necessário o desenvolvimento humano integral, com a participação mais ativa de todos, para continuar essa trajetória rumo ao progresso. O verdadeiro desenvolvimento não consiste simplesmente no fazer. Se o fosse, nosso horizonte seria inteiramente tecnocrático. Não conseguiríamos encontrar sentido e razões para além da materialidade. O papa Bento XVI, na referida encíclica, lembra que o agir será sempre humano, expressão de uma liberdade responsável. Não se pode prescindir do compromisso moral no uso da técnica. A construção de um mundo de justiça e paz encontra nas tecnologias uma força facilitadora. Mas é importante ter sempre a convicção de que as pessoas são o agente e o destinatário da paz e da justiça.

Essa compreensão evita que se despreze, no processo de desenvolvimento, a ação humana comprometida com o bem comum. É, assim, indispensável a qualificação de cada um, no campo profissional e ético. Nesse sentido, é preciso considerar como determinante o envolvimento e o engajamento de todos nos processos que permitem uma nação avançar, sempre. Trata-se de fazer crescer uma consciência sobre a necessária humanização do trabalho e do gosto em trabalhar, sem preguiça. Assim é possível alcançar um desenvolvimento integral sustentável. Humanismo e muito trabalho farão do Brasil um país moderno.”

(DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de dezembro de 2012, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 30 de junho de 2012, caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, Editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:

“Ricos também choram. Ainda bem

A crise que assola a Europa trouxe de volta algumas questões importantes para o debate político. E não se trata de uma questão que interesse apenas ao Norte. Aqui, abaixo do Equador, se não é a economia que traz os problemas mais candentes, a questão da democracia se torna mais uma tributária de interesses particulares: há medo declarado da soberania popular e a cada crise se assacam argumentos autoritários e antipopulares.

Em outras palavras: há uma crise econômica poderosa e ameaçadora da ordem mundial que, depois de muitas décadas, chega aos países ricos (todos os sinais, da instabilidade dos mercados à injustiça social, quando afetavam países pobres eram considerados consequências da fraqueza moral e institucional das nações dependentes); há um espectro autoritário que ronda como fantasma, que teima em desafiar os valores democráticos quando eles apontam para a desconfiança em relação às receitas ortodoxas e elitistas.

Ao Norte, a economia despenca; ao Sul, a política é alvo de desconfiança.

Num cenário como esse voltam à discussão temas importantes que pareciam sepultados, como a justiça social, a intervenção estatal, a regulação dos mercados, a reinvenção da política, a superação do neoliberalismo, a retomada de estratégias de esquerda e até os valores da social-democracia. Algo precisa ser feito e todas as receitas anteriores parecem ineficazes.

Durante muito tempo, a ideia de regulação dos mercados era tomada como intervenção indevida e danosa ao caráter virtuoso do mercado. A atual crise mostrou que o sistema financeiro é por natureza amoral e destrutivo, não preservando sequer sua condições de possibilidade, confiando sempre no socorro público.

A recusa da população islandesa em amparar os bancos foi um ato simbólico poderoso: não se pode pedir a quem foi roubado que financie a retomada da saúde financeira dos ladrões. O fato de a atitude ter partido de um país considerado de Primeiro Mundo (e não de uma revolta ideológica terceiro-mundista) mostra que as regras estão mudando. A mesma situação, com outras manifestações, vem sendo percebida em países europeus que não aceitam receituários recessivos em nome do interesse do mercado financeiro.

O desafio que se coloca em termos econômicos e políticos para a Europa é combinar uma solução que preserve a estrutura da economia sem ferir de morte sua capacidade produtiva e de consumo. As pessoas não aceitam mais que a irresponsabilidade dos mercados se traduza em desemprego, abale a previdência pública e elimine garantias sociais conquistadas em décadas de mobilização.

Quando se propõe, hoje, a intervenção estatal, não se trata de regressão a estágios de planejamento centralizado nem de impedimento da iniciativa privada, mas da busca de um novo patamar de relacionamento entre sociedade e Estado que leve em consideração as demandas igualitárias, os objetivos moralmente justos e a eficiência do sistema. São desafios quase sempre capitaneados pela esquerda, que de crítica passa a formuladora de novas formas de política. As bandeiras antigas estão rotas: o mercado em si não garante estabilidade e o Estado hipertrofiado não é fiador da justiça social.

O curioso nesse processo todo é que os limites, ambos estritos, passam a simbolizar muito mais as zonas de sombra que de exclusão. Assim, tanto a perspectiva clássica do liberalismo como o projeto esquerdista passam a ser matizados por outros valores.

O QUE FAZER No campo econômico não se pode abrir mão do desenvolvimento, da livre iniciativa e da distribuição de renda. No âmbito político, não se pode barganhar a democracia e a soberania popular em nome de qualquer projeto de estabilidade e defesa das instituições. Socialmente, a necessidade de conviver com a diferença se torna um imperativo ético inalienável, independentemente das questões pontuais de afirmação da identidade de grupos minoritários.

O conjunto de crises por que atravessa o mundo, em vez de tornar os valores descartáveis, serviu exatamente para recuperá-los em outra dimensão mais responsável. O sofrimento dos ricos não é maior que o dos pobres. Suas lágrimas não são mais amargas nem suas revoltas mais densas. O que a crise dos países desenvolvidos aponta é exatamente para a dimensão humana que precisa ser resgatada.

Nessa chave crítica de nossos defeitos políticos e econômicos cabe de tudo, dos resultados pouco expressivos da Rio+20 à deposição de Lugo no Paraguai; do desemprego na Espanha à crise na Grécia; da eleição no Egito à ditadura na Síria; da ascensão de Obama ao ocaso político de Obama. Temos problemas econômicos decorrentes da irresponsabilidade e transpiramos questões políticas pela incapacidade em ampliar o alcance e efetividade das decisões populares. Somos egoístas em economia e autoritários em política, mesmo quando sofremos em razão desses dois defeitos de alma.

O capitalismo democrático mostrou que também é sujeito a crises profundas. Ele não é mais solução, mas parte do problema. O choro dos ricos apenas mostra que estamos todos no mesmo barco e que a arrogância é a pior das fugas. A saída vai nos obrigar a rever posições de defesa do individualismo (que foram traduzidas como mercado) e do intervencionismo.

A direita vai precisar de mais humanidade; a esquerda de mais competência.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do país no concerto das potências mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de seis anos de idade na primeira série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de seu nascimento –, até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a CORRUPÇÃO, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos, a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta sangria, que corrói o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o colossal fosse das desigualdades sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ÂNIMO nem arrefecem o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande cruzada nacional pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma nação verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com TODAS as brasileiras e com TODOS os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013; a Copa das Confederações de 2013; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do século 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um possível e novo mundo da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE universal...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A CIDADANIA, A CIÊNCIA, A EDUCAÇÃO E AS EXIGÊNCIAS DA COMPETITIVIDADE

“Ciência e educação para o futuro

O Instituto de Física e Química de São Carlos (USP) acaba de dar um passo à frente ao implantar um curso noturno inovador e inédito de Licenciatura em Ciências Exatas, que almeja valorizar o professor da escola básica, dando-lhe uma formação multidisciplinar e integrada do conhecimento científico. As aulas tiveram início quando os jornais ainda repercutiam a decisão do presidente Itamar Franco autorizando as universidades federais a criar cursos noturnos destinados ao atendimento desse programa, essencial para a formação de professores para o ensino de 1º e 2º graus, notadamente para as disciplinas de ciências exatas. O novo curso de São Carlos complementa o trabalho que há mais de dez anos vem sendo realizado pela Coordenadoria de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) daquele Instituto que, entre outras atividades, desenvolve kits modulares de laboratório para alunos e treina professores de ciência da rede escolar primária e secundária.

A Universidade de São Paulo está agindo preventivamente. O baixo nível de formação dos licenciados para as escolas de primeiro e segundo graus compromete irremediavelmente o desenvolvimento científico e tecnológico e põe em sério risco o futuro do país. O Instituto de Física e Química de São Carlos, reconhecido internacionalmente por suas pesquisas de fronteira e respeitado pelo desenvolvimento e domínio de tecnologias de ponta, receia que a falta de motivação atual de nossas crianças pelas ciências, em virtude da precária qualidade do ensino, acabe afetando, a médio prazo, a necessária constituição de uma sólida base científica. Sendo as universidades públicas, em nosso país, detentoras da maior competência e da melhor capacidade instalada, é inaceitável que mais de 90% dos professores da escola básica continuem sendo oriundos do ensino particular.

Além do grave e crônico problema salarial do professorado amplamente combatido e que exige pronta solução pelos Estados e municípios, do desprestígio social da profissão e das más condições de trabalho do professor, a questão das licenciaturas oferece outros ângulos para o debate. Na verdade, o declínio da qualidade do ensino básico em geral e em especial do ensino de ciências não é um drama vivido apenas pelo Brasil.

Mantidas as devidas proporções, o sistema educacional norte-americano também passa por uma grande crise de competência e identidade e vem sendo sistematicamente questionado em sucessivas reuniões científicas internas, desde o início dos anos 80. Recentemente, a revista “Scientific American”, abordando este assunto, revelou que as crianças americanas têm um conhecimento muito pobre de ciência. Divulgou o resultado de uma pesquisa realizada durante os anos 90/91, em 15 países, apontando os Estados Unidos em um malogrado 13º lugar, atrás da Coréia, Taiwan, Hungria, Eslovênia, Israel e Espanha, entre outros. E mais, verificou-se que nos últimos dez anos cresceu de 25% para 35% o desinteresse por ciência entre os estudantes na faixa de quatro a 12 anos de idade. Observou-se ainda que a população norte-americana, de um modo geral, apresenta poucas noções de ciências e não pode acompanhar o avanço das tecnologias que chegam cada vez mais ao seu mercado: disc laser, cassete digital, fibras óticas, telefonia celular, códigos de barras, realidade virtual, inteligência artificial, automação etc. Em vista destes resultados tão desastrosos, vários organismos do governo americano tomaram para si a tarefa de proceder reformas educacionais profundas e radicais nas estruturas curriculares de suas escolas secundárias. Esta já é uma segunda reação. O primeiro alerta foi disparado ainda em 1983 através da publicação do relatório “A Nação em Risco”, elaborado pela Comissão Nacional para a Excelência em Educação. O documento aparentemente não produziu grandes resultados uma vez que sete anos depois apenas quatro Estados americanos tinham aderido aos programas federais de melhoria do ensino de ciência.

Apesar de termos problemas fundamentalmente análogos, as dificuldades no Brasil são entretanto infinitamente superiores àquelas existentes nos Estados Unidos. As diferenças estão nas ações que podem levar a resultados satisfatórios, a médio e longo prazos. Enquanto lá o estabelecimento de novas diretrizes governamentais resultou em uma grande mobilização da comunidade científica com a participação ativa de alguns Prêmios Nobel em diferentes programas que visam a melhoria do sistema educacional de ciência nas escolas de primeiro e segundo graus, aqui apenas alguns grupos, ainda pouco articulados, agem concretamente e com competência nessa direção. Esperemos pois pelos efeitos práticos na lei sancionada pelo senhor presidente da República, registrando o pioneirismo da Universidade de São Paulo neste esforço de valorização da escola básica para salvar o futuro de nosso país.”

(OSCAR HIPÓLITO, 48, é diretor do Instituto de Física e Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), em artigo publicado no jornal FOLHA DE SÃO PAULO, edição de 29 de março de 1993, caderno opinião, página 1- 3).

Mais uma importante, adequada e oportuna contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado na revista VEJA – 2181 – ano 43 – nº 36, de 8 de setembro de 2010, páginas 120 e 121, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, que é economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Uma meta para o próximo presidente: todo aluno sai da escola alfabetizado

Esta eleição para presidente trouxe de volta algo que não se via desde o tempo da República do Café com Leite. Pela primeira vez depois da redemocratização, não há uma questão candente que divida os candidatos. Essa modorra dá a impressão de que as questões estruturais do Brasil já estão resolvidas, ou pelo menos encaminhadas, e transforma o debate sobre os rumos da nação em uma conversa que se assemelha a uma escolha de gerente de banco. Cada um quer mostrar que administra melhor ou que é o mais adequado para manter o que está dando certo.

A percepção de que agora basta gerenciar é ilusória. A maioria dos brasileiros ainda não se deu conta, mas estamos em guerra, e uma guerra total em pelo menos uma frente, a da deseducação. Mesmo que mantenhamos a inflação sob controle e o superávit primário; mesmo que resolvamos todos os gargalos de infraestrutura e que tornemos a tributação mais racional; mesmo que acabemos com a corrupção, os problemas na saúde pública e a violência urbana; ainda assim não nos tornamos um país de Primeiro Mundo se continuarmos formando tão poucos jovens e com qualificação tão baixa.

Grosso modo, só há duas maneiras de fazer uma economia crescer. A primeira é aumentar os fatores de produção (trabalho e capital). A segunda é aumentar a produtividade. A longo prazo, só a segunda é sustentável. Sempre é possível colocar mais gente no mercado, trabalhando mais horas, e mobilizar mais capital, mas essas alternativas têm um limite, que é a finitude dos fatores. Para superá-lo, é preciso ser mais produtivo, alcançar um resultado maior com os mesmos insumos. O caminho para o aumento sustentado da produtividade é um só, a educação.

Nesse quesito, estamos falhando barbaramente. Os dados são ruins em todos os níveis. Na pós-graduação, área responsável pela geração da pesquisa que leva à produção de bens de alto valor agregado, temos apenas 58 000 pessoas fazendo doutorado em todo o país – e 31 000 destas concentradas em apenas dois estados (SP e RJ). Segundo os últimos dados da Unesco, no Brasil há 213 000 pessoas envolvidas em pesquisa. A China tem 1,5 milhão, no Japão são 935 000 e na Rússia, 916 000. Para piorar, ainda que o volume de pesquisa venha crescendo, ela tem na maioria das vezes um interesse meramente acadêmico, com pouca ou nenhuma relevância para o mundo real. No nível de graduação, a taxa de matrícula no Brasil anda em torno dos 20%, enquanto mesmo países subdesenvolvidos como Peru, Chile e Venezuela têm o dobro disso. Os países desenvolvidos estão na casa dos 60%, 70%, superados apenas por Coreia do Sul e Finlândia, ambos próximos dos 100%.

O setor universitário brasileiro é tão mirrado, em parte, porque formamos muito pouca gente no ensino médio. É um nível de ensino arcaico, academicista, que entope o aluno com um currículo muito extenso e ensina pouco. E o faz dentro de um único modelo, sem dar ao estudante a opção de um curso de viés técnico ou profissionalizante. Hoje o ensino é sofrível. No teste Pisa, que analisa o aprendizado de alunos de 15 anos de idade em 57 países, o Brasil ficou em 54º em matemática, 52º em ciências e 49% em linguagem.

O ensino médio é limitado porque, além da sua rigidez e arcaísmo conceituais, poucos estudantes chegam até ele, oriundos do ensino fundamental. A baixa qualidade do nosso ensino faz com que os alunos repitam o ano múltiplas vezes, até que desistam e abandonem a escola. Já nos últimos quatro anos do fundamental, em que os alunos deveriam ter entre 11 e 14 anos de idade, um em cada quatro tem 15 anos ou mais. Esse é um contingente de incríveis 3,6 milhões de pessoas.

Esse problema não começa nos anos derradeiros da escolarização, mas vem desde o seu início. Temos aí o dado que é o mais cabal indiciamento das nossas possibilidades de sonhar com a construção de uma Roma tropical: as pesquisas que medem o grau de alfabetização da população mostram que só um em cada quatro brasileiros é plenamente alfabetizado. Setenta e cinco por cento da nossa população não conseguiria entender uma matéria desta revista. Não pense que isso é apenas rescaldo de tempos passados, que se trata de gente idosa que não foi à escola. Não. Até hoje a maioria das escolas brasileiras não consegue ter êxito na tarefa de alfabetizar seus alunos nos dois primeiros anos de estudo. Os dados do Saeb do ano passado mostram que quase sete em cada dez alunos não alcançam o nível de conhecimento de português considerado ideal pelo Compromisso Todos pela Educação. É um susto, não? Pois, agora, sente-se. O mesmo estudo revela que 25% dos alunos da 4ª série são basicamente analfabetos (depois de quatro anos de escola!).

O insucesso na alfabetização de crianças, em pleno ano de 2010, não é apenas um dificultador do desenvolvimento. É uma verdadeira chaga coletiva, uma vergonha nacional. A “tecnologia” da alfabetização em massa para crianças já foi dominada por alguns países em desenvolvimento. Há 100 anos esse passo foi dado na Argentina e no Uruguai – e, em muitos países desenvolvidos, há 200 anos. Se a medicina brasileira estivesse no mesmo nível de desenvolvimento da educação, ainda operaríamos sem anestesia e usaríamos sanguessugas. Se fosse na nossa indústria automotiva, estaríamos na etapa do motor a vapor. É uma situação incompreensível, e totalmente inaceitável. O que mais desafia a compreensão é que já existem, no Brasil, dezenas de escolas e professores, mesmo em regiões paupérrimas, que alfabetizam 100% de seus alunos na 1ª série. Há ONGs que atacam o problema com altas taxas de sucesso.Portanto, existem soluções aqui mesmo. Elas são perfeitamente replicáveis, a baixo custo.

Uma das tragédias do subdesenvolvimento, ainda mais em um país democrático, é que as demandas populares são sempre maiores do que a capacidade do país de atender a elas. Isso gera uma tentação para que as lideranças políticas abdiquem de uma de suas funções cardinais, que é escolher prioridades. O excesso de problemas da nossa educação é um convite ao populismo: qualquer líder que não ataque simultaneamente todos os problemas educacionais corre o risco de ser tachado de desalmado ou elitista. E aí seguimos uma rotina em que se faz de tudo um pouco, menos o essencial. Porque o essencial, que é fazer com que os alunos aprendam e assim saiam da escola preparados para o mundo, requer alterações radicais, que provocam protestos das corporações do ensino. Podemos tocar o barco assim por certo tempo, mas algum dia, mais cedo do que tarde, o crescimento do Brasil será interrompido pela falta de gente qualificada. Quando notarmos, será tarde. Teremos perdido mais uma geração. Ou podemos reconhecer que a educação é uma área prioritária para qualquer país, e que nela o Brasil vai muito mal.

O presidente americano John Kennedy (1917-1963) prometeu colocar um homem na Lua e trazê-lo de volta a salvo. O estadista inglês Winston Churchill (1874-1965) urrou como um leão que seu país nunca se renderia aos agressores nazistas. Nelson Mandela traçou como objetivo de vida ter uma África do Sul sem a odiosa mancha do racismo. As visões grandiosas desses líderes tornaram-se também as de seus povos. Que não seja apenas um sonho termos um dia um líder brasileiro que assuma o seguinte compromisso: “Ao fim do meu mandato, nenhuma criança sairá do 2º ano da escola sem saber ler e escrever”. Tenho confiança de que essa é uma visão capaz de mobilizar a sociedade brasileira. A alfabetização não é condição suficiente para o nosso desenvolvimento, mas é necessária. Indispensável. E, com ela, boa parte dos problemas – não só da educação, mas da infraestrutura, da saúde e de quase todas as áreas – já começaria a se resolver. Depois da primeira vitória militar inglesa contra tropas nazistas na batalha de El Alamein, no norte da África, em 1942, Churchill resumiu brilhantemente o estágio da luta contra Hitler: “Não é o fim. Não é nem o começo do fim. Mas talvez seja o fim do começo”.

No Brasil do século XXI, a alfabetização pode ser o primeiro e decisivo passo na construção de uma país que encontra o futuro e se reconcilia com a história.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, lúcidas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das potências mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de seis anos de idade na primeira série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de seus nascimento –, até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o COMBATE, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a CORRUPÇÃO, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos, a exigir igualmente uma imediata, abrangentes, qualificada e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tamanha sangria, que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de AMPLIAÇÃO e MODERNIZAÇÃO de setores como a GESTÃO PÚBLICA; a INFRAESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos); a EDUCAÇÃO; a SAÚDE; o SANEAMENTO AMBIENTAL (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); o MEIO AMBIENTE; a MOBILIDADE URBANA (trânsito, transporte, acessibilidade); a ASSISTÊNCIA SOCIAL; a PREVIDÊNCIA SOCIAL; MORADIA; EMPREGO, TRABALHO e RENDA; SEGURANÇA ALIMENTAR e NUTRICIONAL; SEGURANÇA PÚBLICA; FORÇAS ARMADAS; POLÍCIA FEDERAL; DEFESA CIVIL; MINAS e ENERGIA; AGREGAÇÃO DE VALOR ÀS COMMODITIES; PESQUISA e DESENVOLVIMENTO; CIÊNCIA, TECNOLOGIA e INOVAÇÃO; LOGÍSTICA; TURISMO; ESPORTE, CULTURA e LAZER; SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL; COMUNICAÇÕES; QUALIDADE (planejamento, eficiência, eficácia, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade), entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ÂNIMO nem arrefecem o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande cruzada nacional pela CIDADANIA e QUALIDADE, visando à construção de uma nação verdadeiramente JUSTA, LIVRE, EDUCADA, QUALIFICADA, CIVILIZADA, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com TODAS as brasileiras e com TODOS os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013; a Copa das Confederações de 2013; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do século 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um possível e novo mundo da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE universal...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A CIDADANIA, A ÉTICA NO TRABALHO E A EDUCAÇÃO PARA A PLENITUDE

“A ética no universo do trabalho

Curiosamente, na etimologia da palavra, competir significa chegar junto. Era o que o equilíbrio dos gregos buscava nos Jogos Olímpicos, onde o importante era alcançar a meta proposta, vencer o desafio e não os demais participantes. Isso mostra que para chegar a um lugar de sucesso verdadeiro não é preciso passar por cima nem querer ocupar o espaço de ninguém. Basta encontrar o próprio espaço, com mérito e justiça. E cada tem o seu. O problema é que pessoas e organizações imediatistas, de visão curta, mal-intencionadas e pouco criativas nunca veem as coisas assim. Não percebem que o mundo é grande e que as oportunidades são amplas para todos. Entendem que tudo é válido e descambam então para a falta de ética nas ideias e nos comportamentos.

Defeitos e limitações todos nós temos. Daí que podem ocorrer descuidos nas nossas relações profissionais. Não cumprimentar as pessoas, falar alto demais, ser inoportuno ou indiscreto, usar piadas ou brincadeiras de mau gosto, fazer críticas negativas, grosserias e outras coisas do gênero são exemplos desses deslizes. Bem, para isso é que existem as regras da educação que podem amenizar qualquer contratempo comportamental.

Mas há atitudes que ultrapassam esses limites. É o problema da má intenção, de fazer o mal calculadamente, de se aproveitar das situações, de ser desonesto nas transações comerciais, de tratar as pessoas com truculência, de usar os cargos indevidamente, de não ser justo nas avaliações, de trair a confiança, de fazer do preconceito uma arma, de espalhar mentiras, de não respeitar os limites alheios, de restringir ou tomar o espaço de outros, de fazer discriminações e outros comportamentos que mostram um claro objetivo de diminuir, magoar ou se aproveitar das pessoas.

Coisas assim ferem profundamente a ética e adquirem um caráter muito sério nas relações do trabalho. A especialista em etiqueta Amy Vanderbilt faz um alerta sobre isso ao afirmar: “A elegância inclui também a consideração e o respeito por subordinados, chefes e colegas, além da disposição em ser agradável e útil. A ética no escritório nos protege de colidir com os outros, de magoar os sentimentos dos colegas ou de prejudicar a reputação da empresa”.

A pergunta que emerge de tudo isso é se é possível para uma empresa ou um profissional sobreviver nesse cenário competitivo sendo ético, agindo correto, jogando as regras, enquanto seus competidores atuam sem nenhum parâmetro.

Para as organizações, hoje já existe uma certificação ética: a SA8000. São normas adotadas voluntariamente e que valorizam aquelas que não poluem, não fazem propaganda enganosa, não utilizam mão de obras infantil, respeitam os empregados, não criam discriminações, não fazem diferenças entre homens e mulheres, não subornam, não fazem fraude, não criam dificuldades para a saúde e a qualidade de vida dos trabalhadores, entre outras coisas. Com isso busca-se melhorar a conduta das organizações e equilibrar as relações de mercado. Para quem procura vantagens competitivas esse é certamente um caminho mais seguro.

Porém, existe algo mais eficiente no mercado: os consumidores. São eles que vão determinar a conduta ética das organizações. Isso significa uma clara transição de poder de quem vende para quem compra. Mais que qualquer outro argumento, a sanção social é muito pior e mais efetiva que a sanção legal. E, hoje, como o enorme desenvolvimento das telecomunicações e com o advento das redes sociais, vai sendo criada uma nova situação, mais aberta e investigativa, onde é difícil ocultar o mau comportamento.

Tudo o que faz falta se transforma em demanda. Daí que a ética virou um quesito de alto valor. Cada vez mais as pessoas vão ter um maior cuidado na aquisição de produtos e serviços. Também as empresas vão selecionar mais os novos profissionais que vão fazer parte do seu time. As vagas deverão ser ocupadas por aqueles que chegam para somar e melhorar, não para atrapalhar as coisas.

O mais importante é garimpar e depois treinar as pessoas para formar a melhor equipe possível, gente que tenha compromisso com seu profissionalismo e afinidade com os valores e metas da organização. No fundo, tudo é questão de criar uma cultura positiva e um local de trabalho agradável e motivador. Depois as próprias pessoas ganharão consciência da qualidade desse ambiente e vão lutar para mantê-lo e ampliá-lo. É assim que vamos aumentando a chamada “turma do bem”.”

(RONALDO NEGROMONTE, Professor, palestrante e consultor em desenvolvimento de pessoas e organizações, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de dezembro de 2012, caderno MEGACLASSIFICADOSADMITE-SE, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado na revista VEJA – edição 2299 – ano 45 – nº 50, de 12 de dezembro de 2012, páginas 105 e 106, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, que é economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educação para quê?

A Galleria dell’Accademia, de Florença, exibe muitas obras-primas da criação artística universal. A mais famosa delas é o Davi de Michelangelo (1475-1564). Perto dele estão outras esculturas, do mesmo artista, que me chamaram mais a atenção. São cinco peças aparentemente inacabadas, em que figuras humanas estão emergindo do bloco de mármore ao qual pertencem. Elas não são obras incompletas. Michelangelo deixou-as assim de propósito. São a ilustração mais vívida da concepção que ele tinha sobre o seu ofício. Michelangelo entendia que o escultor não era o criador da escultura: sua função seria apenas libertá-la do bloco de mármore que a aprisionava. Ele dizia poder visualizar perfeitamente a obra acabada ao olhar para o bloco de mármore, e sua função seria apenas “revelar aos olhos dos outros aquilo que os meus já veem”.

Nesta coluna falo bastante sobre educação, seus problemas e o que precisamos fazer para melhorar, mas acabo não sendo explícito sobre a finalidade da educação que defendo. É verdade que a educação é fundamental para o desenvolvimento econômico, e que o país precisa de escolas melhores para crescer. Mas toda formulação macro depende de uma explicação micro, que apresente a lógica no nível do indivíduo. Ninguém vai à escola porque quer que seu país se desenvolva, nem mesmo para ter uma carreira melhor no futuro – uma criança de 7 anos não faz projeções de longo prazo nem, quando mais crescida, permanece em uma escola chata e frustrante. Pessoalmente, estou com Michelangelo. Acho que a boa escola, o bom professor, liberta o aluno e faz com que ele possa desenvolver suas potencialidades e sonhos até os limites impostos pelo ambiente. Deixe-me elaborar.

Todos nascemos com um nível de inteligência geral (quea pesquisa chama de “g”) cujo potencial é definido por nossos genes e posteriormente moldado por fatores do ambiente a que somos expostos (há uma enorme discussão acadêmica sobre quais os pesos da genética e de fatores ambientais na inteligência final do adulto. Não sou competente para resumir essa literatura aqui, mas há um consenso de que não se pode entender a inteligência humana sem levar em consideração tanto fatores genéticos quanto ambientais e a interação entre eles). Alguns de nós (ou todos nós, se você acredita em Paulo Coelho) nascemos com talentos não relacionados com a inteligência tradicional (lógico-dedutiva), como o talento musical, esportivo, interpessoal, comunicativo e outros.

A combinação dos fatores genéticos com um ambiente ideal, estimulante, traça o limite para o progresso de cada pessoa ao longo de sua vida. Depois da concepção do embrião que dará origem à criança, esse limite máximo vai sendo reduzido pela dificuldades da vida. Hoje sabemos que, se a futura mãe fuma, bebe ou passa por episódios agudos de stress durante a gravidez, seu filho terá danos para toda a vida. Depois do nascimento, há uma série de variáveis que conspiram para que o horizonte de possibilidades seja rebaixado. Algumas de ordem familiar – pais castradores, distantes ou irresponsáveis, que traumatizam seus filhos –, outras de natureza totalmente aleatória (não adianta ter a genética para surfe se o sujeito nasce no interior da Sibéria, por exemplo). Há diversas instituições que podem contribuir para que uma pessoa atinja seu pleno potencial. A escola é, disparado, a mais importante delas.

A função primeira da escola é dar a seus alunos os instrumentos de que necessitam para navegar no mundo: o domínio básico da escrita e das operações matemáticas. Sem elas, é impossível funcionar de maneira autônoma. Depois, a escola precisa transmitir aos alunos uma vasta base factual, expondo-os ao conhecimento acumulado pela humanidade. Não apenas porque esse conhecimento é indispensável para o desenvolvimento do raciocínio (falo mais sobre isso em artigo futuro, sobre neurociência), nem porque, se bem ensinado, é intelectualmente estimulante, uma vez que as crianças são naturalmente curiosas, mas também porque essa exposição é necessária para que demos às crianças a chance de ter contato com suas reais vocações. Talvez uma criança nasça com o potencial de se tornar um médico extraordinário, mas precisará de algum contato com a biologia para facilitar o encontro com a sua vocação. Claro, não podemos ensinar na escola todos os milhares de especializações do conhecimento humano, mas precisamos abordar as grandes áreas nas quais esses conhecimentos estão inseridos (genericamente: linguagem, matemática, ciências sociais, humanas e exatas, artes e educação física). Finalmente, a boa escola precisa fazer com que os alunos possam usar esses diversos conhecimentos como ferramenta para desenvolver sua própria capacidade de pensar. Não é importante estudar história para saber nomes e datas, mas sim ser exposto a nomes e datas para que se perceba como o estudo da história pode explicar o presente. Quanto mais ferramentas analíticas a pessoa tiver à sua disposição, melhores serão suas decisões, e mais próximo de seu máximo potencial ela vai chegar. Por isso é que mesmo o aluno que sabe que vai ser advogado deve estudar química: se bem ensinada, é mais uma ferramenta para ajudá-lo a pensar. Uma boa educação gera multiplicidade: de interpretações e de opções.

Um mau sistema educacional gera bloqueios, limites. A má escola é como o mau escultor: ela vai deixando tantas arestas, com tantos pedaços de mármore cobrindo a forma original, que ao fim do processo já nem é possível divisar a linda escultura que há dentro daquele bloco de pedra.

O problema da educação brasileira não é apenas relevante porque priva o país de riquezas e desenvolvimento. Riqueza não é um fim, é um meio. A finalidade da vida é a felicidade, a plenitude. E é isso que nos é roubado ao termos um sistema educacional tão incompetente: a cada dia, milhões de brasileiros ficam mais e mais longe do limite de suas realizações, da concretização de seus projetos. Quantos brilhantes escritores não estamos perdendo entre todos os analfabetos funcionais que saem de nossas classes de português? Quantos futuros médicos, advogados e engenheiros tiveram de sacrificar seus sonhos e viver uma vida apequenada porque não conseguiram entrar em uma universidade? Milhões e milhões, certamente.

Não é fácil aceitar que o papel da educação é a libertação do potencial de cada indivíduo. Presume aceitar que somos diferentes, com capacidades distintas e possibilidades idem. Requer que se admita que a escola não pode criar o novo homem, moldar o aluno. O professor pode apenas dar asas ao aluno para que alce voos mais altos, não determinar o local de chegada. No Brasil, crê-se que um sistema educacional justo é aquele que entrega, ao fim do processo, as mesmas esculturas, como se todos os mármores tivessem as mesmas origens e aspirações. Para chegar a esse nivelamento, o único caminho possível é a equalização por baixo, a chegada ao mínimo denominador comum. Se aceitamos as diferenças como inerentes à condição humana, percebemos como a busca pela igualdade é a mais atroz das formas de injustiça. Que em 2013 sejamos mais eficazes ao impedir essa mutilação silenciosa das nossas crianças. São os meus votos para o novo ano.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, pedagógicas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das potências mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de seis anos de idade na primeira série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de seu nascimento –, até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o COMBATE, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a CORRUPÇÃO, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos, a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz AUDITORIA...

Destarte, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta sangria, que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, como as aqui adequadamente apontadas no âmbito da ética e da educação, o que aumenta o já colossal abismo das desigualdades sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

Sabemos, e bem, que são gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ÂNIMO nem arrefecem nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande cruzada nacional pela CIDADANIA e QUALIDADE, visando à construção de uma nação verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com TODAS as brasileiras e com TODOS os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013; a Copa das Confederações de 2013; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do século 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um possível e novo mundo da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE universal...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...