quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A FORÇA DA BOA GOVERNANÇA NAS ESCOLAS E AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA INTEGRIDADE E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS NA SUSTENTABILIDADE

“Bom exemplo do Ceará

        O Ceará tem tido ótimo desempenho na educação. Nos últimos anos, é comum que as melhores escolas no Ideb, índice que avalia o desenvolvimento da educação básica brasileira, produzido pelo Inep do MEC, sejam cearenses.

         Uma das políticas que explicam o bom desempenho cearense foi criada em 2007 e estabelece que parcela do ICMS que o estado distribui aos municípios seja vinculada ao desempenho da escola pública de ensino fundamental do município.

         Os estados têm de repassar 25% da receita de ICMS aos municípios. Em 2007, emenda à Constituição do Ceará estabeleceu que ¼ desses recursos – isto é, ¼ de ¼ do ICMS, ou 6,5% - fosse vinculado ao desempenho.

         Muitos cuidados foram tomados na construção do indicador de qualidade. Considera-se o desempenho na alfabetização, no fluxo escolar, isto é, adequação dos alunos à série em função da idade, e no aprendizado de português e matemática na 5ª série. Adicionalmente, para estimular que os municípios que tenham avançado muito continuem a melhorar, parcela do índice depende do ganho em relação ao ano anterior. Recente trabalho publicado pelo Banco Mundial – “Incentivos para os prefeitos melhorarem o aprendizado, evidências de uma reforma no estado do Ceará”, de Ildo Lautharte, Victor de Oliveira e André Loureiro (Policy Research Working Paper 9.509, jan/2021) – submeteu essa política pública ao teste empírico e mostrou que ela teve bons desempenhos.

         A grande dificuldade de avaliação de uma política pública é isolar o seu efeito. Ao longo do tempo, várias dinâmicas ocorrerão. Como conseguir avaliar que uma possível melhora em um indicador se deve àquela política pública específica?

         É necessário encontrar municípios iguais aos que foram afetados pela política pública, mas que não foram impactados por ela e, portanto, funcionarão como um grupo de controle. Avalia-se, em seguida, se, após a implantação da política, houve ganho maior do desempenho dos municípios afetados do que no grupo de controle.

         O trabalho usou como grupo de tratamento os municípios cearenses que ficam próximos às divisas com outros estados; e o grupo de controle foram os municípios dos estados vizinhos – Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco –, que ficam próximos à divisa com o Ceará.

         Após alguns anos, os alunos do grupo de tratamento da 5ª série estavam três meses avançados em relação aos do grupo de controle. Antes da alteração da legislação, o desempenho dos dois grupos era o mesmo.

         O mais importante é que a política não redundou em aumento do gasto público.

         Em 2012, cinco anos após o início do programa, houve uma alteração. Suspeitava-se que a política tinha efeito colateral de piorar a desigualdade do desempenho no Ceará: as escolas priorizavam os alunos melhores, dado que o indicador considerava o desempenho médio. Assim, a política pública passou a punir a desigualdade.

         O estudo mostrou que a intuição estava correta. Entre 2005 e 2012, apesar da melhora do desempenho médio, houve piora na desigualdade. E após 2012 passa a haver redução na desigualdade.

         Aparentemente, toda a cadeia de decisão que se inicia no prefeito e vai até o professor em sala de aula responde aos incentivos.

         Uma preocupação permanente com indicadores de desempenho é eles não refletirem bem o objetivo do gestor. Por exemplo, os alunos serem treinados especificamente para a prova sem que o aprendizado melhore significativamente.

         Essa preocupação é menor no caso dessa avaliação da política pública, pois o indicador empregado pelo estado para medir o desempenho do município – e determinar o repasse de recursos – é a prova preparada pelo próprio Ceará, enquanto a medida de desempenho empregada no estudo é a prova do MEC.”.

(Samuel Pessôa. Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV) e da Julius Baer Family Office (JBFO). É doutor em economia pela USP, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 21 de fevereiro de 2021, caderno mercado, página A18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 22 de fevereiro de 2021, caderno A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“O risco da travessia

        Depois de garantir recursos de R$ 5 bilhões no bojo de R$ 37,6 bilhões, montante do acordo indenizatório com a Vale, o governo de Estado deverá promover a discussão pública sobre o traçado do Rodoanel Metropolitano de Belo Horizonte. É obra aguardada há décadas para desafogar o antigo Anel Rodoviário, que coincide com o traçado oficial da BR-040, entre a Mutuca e a entrada de Brasília, e racionalizar a mobilidade da capital.

         Popularmente conhecido como Anel, ele também liga as regiões industrializadas de Contagem e Betim ao norte e ao leste do país e recebe, assim, uma intensa movimentação de veículos pesados. Bem por isso o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, antes que se registrasse uma queda acentuada no trânsito, efeito da retração provocada pela pandemia, cogitou barrar a passagem de caminhões no Anel em horários diurnos, como forma de preservar a mobilidade na capital e dar um fim aos contínuos acidentes rodoviários.

         Fácil de se cogitar, mas geraria um efeito devastador nas ligações norte-sul e leste-oeste, não só para Minas Gerais, como para outros Estados. Não existem alternativas imediatas, e isso surge como limitador das ambições de progresso no próprio desenvolvimento da Região mais povoada de Minas.

         Todas as outras grandes capitais do país tiveram nas últimas décadas investimentos vultosos em mobilidade. Belo Horizonte ficou parada, desatualizada e altamente prejudicada, vítimas da guerra surda e fria travada entre governos petistas e tucanos em níveis federal e estadual. Os grandes investimentos foram pra todo lado, até para Venezuela e Cuba, para evitar beneficiar Minas Gerais.

         Neste momento cabe, pois, resgatar a região do atraso. A proposta de traçado do Rodoanel Metropolitano apresentada oficialmente pelo Estado surpreendeu quem aguardava exatamente um anel, e não uma travessia. Digo anel mesmo, aquele que passa em volta e deixa no centro os principais municípios metropolitanos, interligando as principais vias de acesso e saída da região metropolitana de BH.

         Entretanto, o projeto proposto corta ao meio regiões densamente povoadas, especialmente em Ibirité, Betim e Contagem. Conceitualmente, o modelo de travessia encurtaria, segundo o Estado, o traçado do Anel em 40 km, mas isto é equivocado. Além do mais, a sinuosidade do percurso aumentará a periculosidade do trânsito numa via de escoamento rápido.

         A Secretaria de Obras de Betim, dispondo de equipamentos e técnicos habilitados para uma análise cuidadosa da proposta, realizou um estudo sobre o traçado. Concluiu que o formato (de travessia) é desvantajoso em relação ao traçado de anel, que é perfeitamente possível, de fácil desapropriação e na pior das hipóteses aumentaria em apenas 5% a extensão de toda a obra viária, passando dos 100 km, estimados para a travessia, para um máximo de 105 km. Isso garantindo a interligação de todas as BRs (enquanto na proposta do Estado exclui-se a BR-262, saída para o Triângulo).

         A travessia implica mais dificuldades, demoras e ônus com milhares de processos de desapropriação de residências, imóveis comerciais e inúmeras intervenções complementares, para atender interferências nos bairros impactados e cortados ao meio de forma irremediável. E, ainda, com situações de poluição visual, sonora e paisagística.

         O custo por metro quadrado de um viaduto fica em torno de R$ 15 mil, e, numa largura de 40 m, apenas 8 km absorvem R$ 4,8 bilhões; quer dizer, o valor inteiro previsto no acordo da Vale.

         Quando se fala em viadutos, entende-se também a elevação de trechos que se faz necessária para vencer obstáculos urbanos que de outra forma gerariam uma agressão imperdoável à população residente.

         Já o trajeto da obra em áreas não povoadas e, portanto, necessitado apenas de terraplenagem, resulta num custo estimado de R$ 20 milhões por quilômetro, ou R$ 2 bilhões. Valor que se encaixa nas previsões normais da parte viária e das ligações.

          A região metropolitana de BH precisa que essa obra aconteça rapidamente, para evitar um colapso em sua malha viária, já sufocada. Portanto, as escolhas e decisões sobre o projeto devem levar em séria e cuidadosa consideração aspectos estratégicos e os custos de execução para que se chegue à mais rápida execução da obra inteira.

         É um risco confiar que o modelo de privatização, como um toque de mágica, possa solucionar um projeto (de travessia) evidentemente inconsistente e de improvável execução, especialmente quanto existe outro, viável, econômico e que permitirá, dentro do Anel ainda, a expansão das próximas décadas.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a estratosférica marca de 328,10% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 115,59%; e já o IPCA, em janeiro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,56%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a

proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES E DESAFIOS DA SAÚDE MENTAL NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DO DIÁLOGO, COMPAIXÃO E FRATERNIDADE NA SUSTENTABILIDADE

“Saúde mental em tempos pandêmicos

        Recém-ingressos em 2021, para além da renovação do ciclo de esperança e do desejo de prosperidade, somos atingidos por uma série de dúvidas, angústias e aflições que marcam toda passagem de ano.

         Transcorridos dez meses de um cenário pandêmico – ainda sob incertezas quanto às próximas etapas de enfrentamento à Covid-19 e sem definições objetivas quanto a um plano de imunização capaz de atender toda a população –, os sofrimentos de ordem psíquica e emocional continuam preocupando nossa sociedade, dada a intensidade com a qual fomos impactados pela crise sanitária em curso.

         No último ano, a importância do cuidado em saúde mental tomou proporções inéditas, a reboque das consequências de um dos cenários mais assustadores e desafiadores da história recente. Falar sobre saúde mental sempre foi e será imperativo na medida em que nela se refletem todas as vivências e condições humanas. Tudo o que acontece com as pessoas em seu cotidiano infere resultados (positivos ou danosos) à saúde física e mental dos indivíduos e, por consequência, das coletividades.

         A pandemia, sem dúvida, apresenta complexidades que ainda hoje são difíceis de contornar. Mas não podemos perder de vista que situações (infelizmente) cotidianas – como as injustiças sociais (falta de equidade no acesso a políticas de saúde, educação, trabalho, renda, lazer e previdência), as violências (contra crianças, adolescentes, mulheres e idosos) e os preconceitos (raciais e de gênero, entre outros) – afetam sobremaneira a saúde mental tanto quanto ocasiões raras.

         É por isso que a saúde mental precisa constantemente ser debatida com seriedade, tendo como perspectiva o melhor cuidado possível à população a partir dos avanços logrados com a reforma psiquiátrica.

         Para que o tema esteja permanentemente em discussão, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) passou a incorporar em seus diálogos, a partir de 2019, a ideia de se problematizar a saúde mental em todos os meses do ano, de janeiro a janeiro, ciente de que uma data específica não seria capaz de contemplar todas as complexidades e dimensões inerentes ao assunto. Dessa forma, o CFP intensificou em suas lives transmitidas ao longo de 2020 a compreensão de que este é um tema transversal a todas as funções da autarquia – enquanto instituição responsável por orientar, fiscalizar e disciplinar o exercício profissional de mais de 386 mil psicólogas e psicólogos em todo o Brasil.

         Para a psicologia, o enfrentamento às desigualdades, à opressão e a todas as formas de crueldade ou violência que prejudicam imensamente a saúde mental é um compromisso ético que guia a atuação de nossa categoria. Buscamos de modo incessante a promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade de todas as pessoas, desejando que a nossa profissão pactue sempre para a consolidação de uma sociedade menos desigual, mais fraterna e saudável.

         Convidamos toda a sociedade a debater, pensar e cuidar da saúde mental. De janeiro a janeiro.”.

(Ana Sandra Fernandes Arcoverde Nóbrega. Psicóloga, é presidente do Conselho Federal de Psicologia, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 20 de janeiro de 2021, caderno opinião, página A3).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 19 de fevereiro de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente transcrição:

“Diálogo, o compromisso

        Fraternidade e diálogo, compromisso de amor, tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 (CFE-2021), desafio e meta exigentes no horizonte de todos os cristãos, oportuna interpelação para o percurso do tempo da Quaresma. A Igreja Católica no Brasil, há quase 60 anos, desde 1964, promove a Campa da Fraternidade, projetando luzes sobre a vida em sociedade. A partir dos anos 2000, algumas edições da Campanha da Fraternidade passaram a ser organizadas de modo ecumênico, reunindo as Igrejas Cristãs representadas no Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic). A realização das Campanhas da Fraternidade Ecumênicas nasceu de uma decisão soberana da instância maior da CNBB, a sua Assembleia Geral dos Bispos. Um gesto evangélico e fraterno, considerando o desejo de Jesus Mestre, que ora ao Pai pedindo que todos sejam um. O Ecumenismo é uma tarefa missionária, exigente e inegociável, que a Igreja Católica recebeu do Concílio Vaticano II. O compromisso é investir na restauração da unidade entre todos os cristãos, pois o Senhor Jesus fundou apenas uma Igreja.

         Não se pode descurar, em nome de uma fidelidade inconsistente, ou por posturas que revelam rigidez, a realidade da fé cristã. Somos todos discípulos do mesmo Mestre e Senhor, embora, não raramente, os caminhos diferentes que são tomados levem pessoas a agirem como se o próprio Cristo estivesse dividido. Justamente por existirem diferentes caminhos e perspectivas a respeito da fé, é preciso investir no diálogo e na aproximação fraterna. Isto não significa negociar a verdade da própria fé, mas, ao contrário, é abrir-se à superação de divisões que contradizem a vontade de Cristo. As divisões entre os cristãos representam um escândalo para o mundo, como afirma o Concílio Vaticano II. Prejudica o anúncio do Evangelho a toda criatura, comprometendo a conquista da unidade. Consequentemente, as divisões atrapalham o cultivo dos valores do Reino de Deus na sociedade. A realidade brasileira, que reúne tantos cristãos, mas vergonhosamente é ferida pela desigualdade social – contramão dos valores do Evangelho – comprova os males da divisão entre os que professam a fé em Jesus. Evidencia que é preciso percorrer longo caminho de conversão para edificar a justiça, a paz e a solidariedade.

         A luz forte e interpelante do tempo quaresmal deve ser projetada sobre um mundo fechado e em sombras, para contribuir com a geração de um “mundo aberto”, conforme pede o papa Francisco na sua Carta Encíclica Fratelli Tutti. A construção dessa nova realidade aberta inclui o tratamento do contexto sociopolítico e cultural altamente comprometido, mobilizando diferentes leituras e interpretações, a partir de variados lugares, sem jamais negociar os princípios inegociáveis da doutrina da fé. Esses princípios exigem autenticidade do testemunho evangélico, sem subjetivismos narcisistas, ódios, notícias falsas e ataques na contramão da caridade cristã. Assim, a delicadeza de Deus pela oportunidade da Quaresma é mais do que simplesmente ritos celebrados. Trata-se de oportunidade para renovar o coração a partir do amor de Deus. Para isso, é importante buscar adequada compreensão da realidade, sem misturar conceitos, sem se julgar “dono da verdade”.

         Devem ser buscados entendimentos à luz da fé, mas sem promover entrincheiramentos que afrontam a unidade. A unidade é o desejo do

Mestre dos discípulos. A luz luzente do tempo quaresmal, para quem escancara as portas de sua interioridade, é o caminho para corrigir os descompassos de escritos, pronunciamentos e posturas que rompem com a unidade. Verdadeiramente vive a Quaresma quem aceita o convite para intensa reflexão e revisão da própria vida. Um exercício a ser vivido na presença de Jesus. Sublinha amorosamente o Papa Francisco que o Senhor Jesus nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, fazendo-se peregrino conosco, especialmente nestes tempos difíceis de pandemia. Cristo é a única fonte de paz, e somente Ele pode fazer e refazer a unidade entre os que estão divididos. Outra direção, a que alimenta divisões, com gestos e palavras, escolhas e atitudes, sinaliza ação diabólica.

         Para além das desafiadoras diferenças, é preciso investir no diálogo como compromisso de amor, e sonhar com uma sociedade ao sabor do Evangelho de Jesus, fazendo das diferenças uma riqueza. Lembra o papa Francisco, em mensagem aos irmãos e irmãs brasileiros sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021: os fiéis são convidados a escutar o outro e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes surdo, com a disposição ao diálogo pelo estabelecimento do paradigma de uma atitude receptiva. Essa atitude, diz o Papa Francisco, é de quem supera o narcisismo e acolhe o outro, sobre os alicerces da cultura do diálogo. Nesta cultura, Jesus se faz presente, conforme ensina o lema da Campanha – “Ele é a nossa paz: do que dividido fez uma unidade”. Eis o horizonte da fidelidade, da ortodoxia e da ortopraxia dos cristãos, na promoção do diálogo como compromisso de amor. Seja aberto o coração ao companheiro de estrada, sem medos e desconfianças, para se encontrar a paz no rosto do único Deus. Todos reconheçam esse motivo de esperança indicado pelo papa Francisco: a realização, pela quinta vez, da Campanha da Fraternidade pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), contribuição dos cristãos para que todos possam exercitar a fraternidade e o diálogo, compromisso de amor.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a estratosférica marca de 328,10% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 115,59%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,52%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a

proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

        

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E O PODER DO ALIMENTO INTELECTUAL E ESPIRITUAL NA QUALIFICAÇÃO DA HUMANIDADE NA SUSTENTABILIDADE

“Surfar na onda da inovação

        Nunca se falou tanto em criatividade e disrupção como no ano passado. Se, por um lado, o avanço de uma pandemia provocou uma série de prejuízos para empresas em todo o mundo, além da crise de saúde, por outro, deu ênfase à importância da verdadeira transformação digital e potencializou a visibilidade das startups. O momento, portanto, é animador para o ecossistema e ideal para uma reflexão e ideal para uma reflexão sobre o assunto. Afinal, 2020 ficou marcado por uma importante mudança na mentalidade dos empresários da economia tradicional, que passaram a ter um olhar mais atento aos novos modelos de negócios e, consequentemente, aos investimentos direcionados a soluções que envolvam base tecnológica. Os reflexos aparecerão ainda mais agora, em 2021.

         É verdade que esse movimento vinha ganhando força gradativamente. Há cerca de quatro anos, havia poucos investidores nos estágios “pré seed” e “seed” no Brasil, por exemplo, e pouquíssimas grandes empresas tinham abertura para se relacionar com startups. Já em 2018 e 2019, os aportes em startups saltaram de US$1,9 bilhão para US$ 4,6 bilhões na América Latina. Naturalmente, o entusiasmo diminuiu no início de 2020, em função dos impactos da crise provocada pelo coronavírus e da quarentena, mas logo o apetite dos investidores pelas soluções inovadoras voltou a crescer, principalmente devido às oportunidades apresentadas pelos empreendedores.

         De janeiro a setembro, o volume investido em startups foi superior ao mesmo período do ano anterior – US$ 2,3 bilhões, em 2020, contra US$ 2,2 bilhões, em 2019. Em 2018, esse valor chegou apenas a US$ 440 milhões, de acordo com os dados do Distrito Dataminer, unidade de inteligência no mercado de open innovation. Esse desempenho demonstra a boa performance das startups em momentos de crise – são mais resilientes, se reinventam de forma ágil e, no atual cenário de incertezas, ofereceram, com rapidez, inúmeras soluções criativas para reduzir os impactos negativos.

         Além disso, evidencia, principalmente, que as grandes empresas foram forçadas a se inserir, efetivamente, na chamada “nova economia” e a buscar escalar seus negócios. Isso significa entender que não basta ter um e-commerce ou estar presente nas redes sociais para ser digital, muito menos disruptivos. A urgência por adaptações, provocada pela pandemia, destacou que a inovação é uma necessidade permanente e precisa estar inserida na cultura organizacional, envolvendo a produção e os processos. Antes, praticamente, as companhias mais visionárias tinham essa percepção e estavam investindo para digitalizar suas operações.

         Hoje, portanto, ficou claro que as startups, acostumadas a conexões, integrações e adequações ao mercado, não param de oferecer ferramentas para o enfrentamento dos desafios e a conquista dos resultados estratégicos, nos mais variados setores. Para os investidores, também são uma opção interessante em relação às atuais taxas de juros, que estão no menor nível da história. Sendo assim, é a hora de as empresas brasileiras efetivamente consolidarem a transformação digital, de acordo com as suas características e o DNA do seu negócio, e surfarem nessa onda da inovação. Buscar conhecimento e informações para entender melhor esse ecossistema e todas as possibilidades que ele oferece. Procurar apoio para encontrar as melhores opções, desenvolver projetos e até mesmo parcerias para investir.

         Potencial para ser explorado não falta. O Brasil, em 2019, foi o terceiro país do mundo com maior número de unicórnios, ficando atrás apenas de China e Estados Unidos. Além disso, até 2011, por exemplo, apenas uma entre as cinco maiores empresas norte-americanas era de base tecnológica. Em 2017, todo o Top 5 já foi composto por elas: Apple, Alphabet, Microsoft, Amazon e Facebook. Paralelamente, em agosto de 2020, o argentino Mercado Livre tornou-se a corporação mais valiosa da América Latina. E, agora, após tantas transformações, alguém arriscaria os nomes das companhias tecnológicas que serão as cinco maiores da região até 2026? Para responder, é hora de apurar o olhar empreendedor para as startups e acompanhar de perto as tendências e oportunidades.”.

(Rodolfo Santos. CEO do BMG UpTech, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 20 de janeiro de 2021, caderno OPINIÃO, página 18. * BMG UpTech é o braço de inovação do Grupo BMG).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de fevereiro de 2021, caderno A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“Alimento espiritual

        Mais algumas gerações, e a época atual será lembrada pela imaturidade egoísta que ainda domina a sociedade. Nossos descendentes pensarão no legado recebido: “Como estavam atrasados nossos antepassados! Poderia ter vivido muito melhor”.

            Não há como se esperar em curto prazo uma saída desse penoso clima sociopolítico, afundado num nível ainda muito baixo de espiritualidade, que atrasa a colheita de um bem-estar ao alcance de uma nação, como a brasileira, aquinhoada de imensos recursos naturais, solo e espaços de rara fecundidade.

         Em nossos tempos predomina, abominavelmente, a lógica antissocial do proveito sem escrúpulo. Elites que deveriam dar o exemplo e se erguer como faróis na escuridão despejam sobre as massas atitudes abomináveis, contrárias ao que deveria ser praticado e demonstrado. Pior é quando figuras que, aliviadas pelos altos ganhos, salários e privilégios, portanto ao reparo de aparentes necessidades irrefreáveis e tentações, transgridem e infringem a ética e a probidade. Apenas um exaustivo trabalho de conscientização dos indivíduos, de bons exemplos e ações poderá persuadir e, assim, conquistar pessoa por pessoa para a benevolência. Por meio dos indivíduos melhorados, e apenas assim, numa democracia se transformará o conjunto da nação.

         Os usurpadores deixam a população no sofrimento, obviamente escondendo dos holofotes seus planos. Quanto maior o sofrimento das pessoas (parece que alguns partidos acreditam e agem dessa forma, abjeta e não confessada), mais fácil será provocar uma satisfação por meio de mínimos alívios.

         Dominar e se manter à frente de um rebanho miserável. Com pouco, pensam eles, se alcança uma mudança impactante. É mais feliz um pobre africano castigado pela seca ao receber alguns quilos de arroz ou de farinha que um alto funcionário ao receber uma gratificação de R$ 5.000, que compra mais de cem quilos de alimentos.

         As instituições públicas podem mudar a vida dos seres humanos governados, mas elas podem ser alteradas apenas por seres humanos evoluídos. Tudo isso requer esforços individuais, que têm contra si o tempo, as limitações humanas, o egoísmo. Até lá é trabalhar, sem desanimar, para desfazer a visão cruelmente materialista e implantar uma visão mais espiritualista da realidade e da continuidade humana.

         Imagino que a maioria dos políticos atuais, dos grandes operadores de finanças, neste momento interromperão a leitura deste texto. A espiritualidade não é uma ciência exata; permanece num horizonte indefinido para quase a totalidade das pessoas. Contudo, um ser convenientemente espiritualizado pode provocar milhões de espiritualizações, numa cadeia infindável de reações que vão além de sua vida, e contribuir com a evolução humana.

          Temos ainda um numero exagerado de figuras digladiando-se por vantagem pessoa efêmera, por vez velada de um interesse setorial, mas sub-repticiamente desprovidas de escrúpulos com as consequências deletérias e os prejuízos que as vantagens de uns poucos geram para muitos outros. Não há medida ou decisão que possa realmente ser considerada acertada quando não se considera o conjunto ou a integralidade social.

         Dando apenas pão, pode-se ajudar somente o indivíduo; só é possível ajudar uma integralidade de pessoas redimindo-as da forma e da brutalidade, ajudando-as a obter uma concepção (holística) do mundo, que pelas vias da espiritualidade se abre e penetra nas consciências individuais e as transforma permanentemente. De nada adianta fornecer apenas o pão a cada uma das pessoas, o resultado será que depois algum tempo muitos estarão de novo sem pão.

         A ação dos governos, e até aquela empresarial, chegará num prazo relativamente próximo, a compreender e providenciar, além da distribuição de recursos materiais, alimento intelectual e espiritual.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a estratosférica marca de 328,10% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 115,59%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,52%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a

proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.