sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A CIDADANIA, O DESAFIO DAS FRONTEIRAS, A LIBERDADE E O RESPEITO

“Superar fronteiras e tocar o desconhecido
        A travessia, a nado, de grandes extensões, a escalada dos mais altos picos e cordilheiras, o mergulho em grandes profundidades, e o salto de imensas alturas exemplificam a vontade íntima do ser humano de transcender seus próprios limites. Com essas proezas ele tenta superar fronteiras e tocar o desconhecido.
         No caminho interior, aquele voltado para sua alma, a pessoa não mais deve empreender esforços ou canalizar suas energias externamente; trata-se de recolher-se e de preparar-se para viver um grande momento. São as fronteiras internas que devem ser cruzadas, são os elevados cumes da consciência que devem ser alcançados, e é a profundidade do ser interior que deve ser tocada. Toda e qualquer ação externa deverá ser fruto desse contato interior, desse mergulho no desconhecido, o cosmos revelando-se à consciência do homem, e este reconhecendo o seu destino infinito.
         Sagrados são os estados de tranquilidade e de impassibilidade, e bem poucos os conhecem. Para alcançá-los, o homem precisa não ter raízes que o mantenham preso, ou vínculos que o façam reagir diante dos confrontos externos. Liberto dos laços, ele se acerca do recolhimento com mais liberdade; sabe, porém, que a prova consiste em manter-se sereno também quando se move e quando é movido pela vida.
         Aquele que está unido ao Único – que chamamos Deus – vê, em tudo o que recebe, uma advertência que o faz lembrar-se de que há correto destino para cada coisa e de que tudo passa e flui sem jamais se deter. O que lhe é doado apenas completa o movimento de contínuo fluir. Assim, uma pessoa pode permanecer inabalável diante dos fatos da vida. Nada retendo, não está ao sabor das ondas do consciente coletivo; sabe qual é o seu lugar, e este não é afetado pela turbulência externa.
         Aquele que desatou os laços que o prendiam ao mundo dos homens pode percorrer os céus e a terra, pois traz a liberdade em seu interior. Não há vida liberta que não seja fruto do contato com níveis espirituais. Assim como não há vento sem ar, não há liberdade sem verdade e não há verdade sem que a essência da vida seja conhecida.
         Aquele que busca conhecimento deve descobrir primeiro o que está dentro de si mesmo para depois ocupar-se do que o rodeia. Enquanto a razão não se curvar à sabedoria, o homem estará como um cego andando em um deserto, padecendo sobre as areias quentes que ele mesmo escolheu como caminho.
         De nada vale querer chegar aos mundos internos, espirituais, pelos caminhos dos homens. Estes levam apenas aos confins da Terra, enquanto os caminhos que conduzem aos mundos sutis são trilhas em que os olhos não veem o solo onde pisam os pés. Sem fé, não é possível percorrê-los.
         É inútil clamar pelo Encontro Interno usando palavras do mundo; o reino interno é revelado àqueles que nada pedem. Encontrar esse estado de consciência não é como encontrar os valores dos homens. Os que quiserem entrar pelo seu portal terão que saber curvar o que há de miserável em si mesmos diante da grandiosidade do Espírito. Mas isso não é logrado pelos que se vangloriam dos próprios feitos.
         O Espírito, como energia, não leva em conta o que está guardado nos depósitos e cofres, mas o que vai pelos corações e pelo íntimo dos indivíduos. A energia espiritual penetra os pensamentos e os desejos, e conhece o grau de pureza que há neles.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 18 de janeiro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de janeiro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Liberdade e respeito
        A contemporaneidade exige um aprendizado a respeito de como valer-se das conquistas alcançadas ao longo da história para se construir um mundo melhor. Há uma ciência própria que deve auxiliar o exercício da liberdade para que prevaleça também o respeito inegociável aos direitos e às autonomias. Deve-se considerar sempre a ética da alteridade, que exige uma específica competência cidadã. Somente assim é possível ver a vida e avaliar cenários não apenas a partir do próprio lugar e de interesses particulares, mas considerando perspectivas capazes de contemplar o bem maior da coletividade.
         Sem esse discernimento interpretativo, continuará a prevalecer o risco de autoritarismos e imposições que provocam desastres fatais e atingem não apenas contextos específicos, mas toda a humanidade. Por isso mesmo, o ponto de partida será sempre uma vívida responsabilidade quanto àquilo que se fala, os juízos emitidos sobre o outro, a respeito de culturas e de confissões religiosas. A liberdade individual e também a de imprensa não dão a ninguém o direito de posicionamentos que ultrapassem o limite delineado pelo respeito a identidades e diferenças.
         O uso abusivo da liberdade de expressão, sem medir as consequências, não raramente gera outros absurdos. Equívocos provocados por uma sucessão de irracionalidades. A liberdade não pode ser compreendida como perda do sentido de alteridade. Sempre deve haver respeito ao outro, às culturas, às confissões religiosas. Merece atenção específica o contexto digital e midiático, que tem papel decisivo na definição de comportamentos e escolhas, influencia a formação de juízos a partir da disseminação de todo tipo de opinião. Muitos de modo covarde, valem-se do anonimato possível na internet para perpetrar uma sentença algoz até contra quem não merece.
         A perda de parâmetros é um perigo e produz desastres que dividem a opinião pública, criando os chamados lados opostos. Assim, inviabiliza a abertura de uma nova e indispensável perspectiva que favorece diálogos construtivos. A liberdade, portanto, não pode se transformar em arma, usada irresponsavelmente para desferir golpes contra os outros. Utilizá-la desse modo é provocar reações também arbitrárias que geram cenários de perdas irreversíveis. A conduta irresponsável de simplesmente dizer o que se quer e bem entende não é caminho para se construir a sociedade do diálogo. Ora, é preciso ponderar antes de emitir opiniões. Trata-se de exercer o princípio ético, particularmente porque se sabe que a palavra tem força construtiva e demolidora.
         O mundo não é um pequeno espaço, um canto, e, por isso, ninguém deve se posicionar sem a devida consideração da pluralidade existente entre povos, culturas e grupos. A palavra dita e a palavra dada precisam ser balizadas pelo princípio ético. A globalização das informações, o direito de juízos e o uso de liberdades não permitem desconsiderar o respeito moral e cidadão ao outro. Portanto, é uma irresponsabilidade falar sem pensar e sem as indispensáveis ponderações. É um grave equívoco desprezar a avaliação daquilo que se diz pelos meios digitais, pela mídia, nas rodas de conversas, nas reuniões, nos parlamentos, onde for. Esse erro é cometido, muitas vezes, por governantes, empresários, líderes diversos e, também, pelo cidadão mais simples.
         Torna-se urgente mobilizar sensibilidades para se aprender, ou reaprender, que é indispensável refletir antes de dizer. Caso contrário, a palavra não será veículo do diálogo, mas arma que provoca arbitrariedades e gera a violência. O exercício da ponderação exige que a palavra a ser dita seja planejada no silêncio que está em falta em nossa sociedade, muito inquieta e barulhenta. A geração qualificada da palavra tem tudo a ver com a fonte da ética que forja moralidades necessárias a decisões, posturas e escolhas. A ética em defasagem produz a permissividade doentia que alimenta a corrupção, seduz mentes e corações pelo afã do dinheiro e cega muitos no exercício do poder.
         É hora de investir, em todo lugar e de formas variadas, como prioridade, na compreensão de que liberdade e respeito são indissociáveis. Isso significa reconhecer a grande pluralidade que caracteriza o mundo, uma urgência cultural e ética. Sem boa articulação entre liberdade e respeito, a sociedade contemporânea, mesmo com seus avanços, vai sofrer com os ataques e vandalismos, continuará a pagar altos preços.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (a propósito, e mais uma vez, a taxa de juros do cheque especial encerrou 2014 no escorchante patamar de 200,6%, segundo o Banco Central...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e novamente, a agudíssima crise da dupla falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!
        

    

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A CIDADANIA, A EVOLUÇÃO ESPIRITUAL E A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL DA CHINA

“Escolhas preciosas para a evolução espiritual
        Há decisões que, tomadas no silêncio do ser, o impulsionam em seu crescimento, na sua ascese, e o sintonizam com leis espirituais. Tornam-se possíveis quando as metas da vida interior – metas voltadas para a vida da alma – são reconhecidas pela personalidade e inspiram o indivíduo a seguir o destino designado pelo seu núcleo profundo. Não necessitam ser anunciadas ao mundo; fazem parte de um processo dinâmico e confirmam-se à medida que o ser caminha. São verdadeiros votos internos, pois contribuem para clarear a meta espiritual a atingir. Toda abertura ao que há de evolutivo no universo ajuda a fortalecer essas decisões.
         Segundo a lei espiritual, a cada atitude retrógrada, o ser deixa de avançar em seu percurso cósmico. A todo instante há uma escolha a fazer entre o que é evolutivo e o que é involutivo. Enquanto a pessoa dá guarida ao seu livre-arbítrio e se mantém no âmbito das leis do mundo e humanas, terá de contar com o próprio discernimento. Mas, uma vez que transcende o livre-arbítrio, ou seja, quando a vontade do espírito passa a prevalecer sobre ideias e desejos pessoais, ela pode ter uma intuição ou receber um sinal sobre o rumo que deve tomar.
         Além disso, uma sabedoria maior ajusta os fatos de sua vida externa de forma que no seu dia a dia um nível energético mais elevado se faça possível. Tanto nas fases em que o discernimento humano tem de ser usado sozinho como prova para o indivíduo, quanto naquelas em que os níveis internos, intuitivos, sinalizam claramente os passos a serem dados, o cultivo de uma serena vigilância muito auxilia o ser.
         Tenha-se presente, contudo, que as opções variam de indivíduo para indivíduo. Dependem do que há a transcender, desenvolver ou aprofundar. Não podemos, de maneira generalizada, dizer o que é preciso fazer para colaborar nas transformações planetárias, mas podemos estar cientes de que as energias transformadoras que hoje permeiam a Terra podem penetrar o nosso ser e, se o permitirmos, elevar nossas vibrações a qualquer instante.
         Nesta época em que o mundo terrestre passa por convulsões e dificuldades, é preciso estar firmemente unido à vida do espírito, que é onisciência, onipresença e liberdade.
         Nestes tempos de tanta desarmonia e conflito nos planos materiais, faz-se premente assumir a vida própria dos Espíritos libertos. Muitos já a estão descobrindo, após reconhecerem que a vida humana comum é mero jogo de forças dispersivas, por vezes incontroláveis.
         Muitos de nós já buscam sinceramente a essência do seu ser, e, quanto mais se introduzem nessa trilha, mais se identificam com a fortaleza que há no centro de si mesmos. É assim que ampliam sua oportunidade de aperfeiçoamento e de serviço ao mundo e à humanidade.
         Mas o fruto dessa busca não amadurece artificialmente; requer sábia obediência às instruções divinas que vão sendo reveladas no silêncio do ser. É pouco a pouco que os dons sublimes afloram, dando a conhecer ao mundo os padrões de uma existência superior, abrangente e universal.
         Diz um Ensinamento superior: assim como a semente morre para deixar nascer a árvore, devemos abandonar os anseios pessoais para a vida espiritual surgir no horizonte. Uma única ação dedicada ao Criador vale mais que muitas realizadas por impulsos humanos.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 25 de janeiro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado na revista VEJA, edição 2410 – ano 48 – nº 4, de 28 de janeiro de 2015, páginas 84 e 85, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Vá prá China, Cid
        Não conheço Cid Gomes pessoalmente, e já passei da idade de pôr a mão no fogo por políticos, mas tenho boas expectativas em relação ao novo ministro da Educação. Ele é o primeiro ministro da era petista que tem algo para mostrar em termos de resultados educacionais como gestor público: foi o prefeito que iniciou a caminhada de Sobral (CE) para ser talvez o maior caso de avanço educacional do país e também liderou o Ceará em importantes progressos, especialmente na etapa de alfabetização.
         Um dos problemas de virar ministro, segundo me contaram ex-ocupantes do posto, é que o sujeito se vê cercado por toda uma máquina burocrática e intelectual, do ministério e das universidades públicas, que é extremamente resistente a mudanças. São pessoas que, apesar dos abissais resultados da educação brasileira, continuam acreditando que suas ideias estão certas e, como estão cercadas de gente com as mesmas ideias mofadas e distorcidas, são consideradas por seus pares como brilhantes. De forma que, se você sugere que tudo aquilo que estão dizendo é uma bobagem enorme, elas o olham como se você viesse de outro planeta. Só há duas maneiras de sair dessa camisa de força sem sucumbir às suas maluquices. A primeira é lendo a pesquisa empírica, que não trata de formulações teóricas mas avalia a eficácia de diferentes práticas. Esse approach é desprezado por nossos pedagogos que o acham “reducionista” (como se isso, em ciência, fosse algo negativo) e/ou “neoliberal”. (Uma pessoa ideologizada acha que todas as outras pessoas do mundo também são ideologizadas. Já ouvi muita gente me perguntando se minha intenção secreta com os artigos críticos sobre nossa educação é privatizar todo o sistema de ensino [?!].) A segunda maneira é mostrando casos em que caminhos diferentes daquele trilhado pelo Brasil tiveram sucesso. E, aqui, creio que nenhum é mais instrutivo que o chinês, especialmente da província de Xangai, o primeiro lugar do mundo no último Pisa, o teste mais importante na medição de qualidade educacional. Sugiro a Cid e a todos os novos secretários estaduais de Educação que fujam por alguns dias da companhia de seus “especialistas” e confiram o que a China está fazendo.
         A experiência dos chineses é relevante para o Brasil porque eles depararam, há quase quarenta anos, com o mesmo dilema que temos: como criar um país desenvolvido se não há gente capacitada? E como gerar gente capacitada se não há educadores capacitados para gerá-la?
         Uma pergunta análoga seria: como gerar Homo sapiens a partir de seres unicelulares? Seria estúpido se, há aproximadamente 3,5 bilhões de anos, quando as primeiras células surgiram no planeta Terra, esses seres quisessem entender como implantar um cérebro, ou olhos, ou mãos com polegares opositores em si mesmos, para chegar à complexidade do ser humano (noves fora que células não “querem” nada, nem poderiam jamais imaginar um ser humano). Aquilo de que as células precisavam era um processo que as fizesse chegar até nós. Esse processo, descoberto por Charles Darwin, é a evolução pela via da seleção natural.
         A mesma lógica se aplica à educação. Não é possível criar algo do nada. Não adianta incorporar materiais, escolas ou práticas de outros países se no nosso não há gente com qualidade suficiente para implementá-los. A China entendeu isso muito bem, e criou então um processo que tem muito a nos ensinar. Uma vez que esse processo começou a funcionar, ele não apenas cumpriu a tarefa para a qual foi criado, como seu funcionamento  continuado vem gerando melhorias que, em algumas áreas, colocam a China à frente de todos os demais países. Que processo é esse?
         Primeiro passo: quando você não tem qualidade, foque o esforço. Trabalhe mais. Um professor alemão ou francês talvez só precise se preparar por duas ou três horas por semana, porque tem uma base excelente. Um chinês trabalhará o dobro ou o triplo disso, porque sua base é deficiente. A mesma coisa para os alunos: é normal que alunos chineses comecem o dia letivo às 7 horas da manhã, fiquem na escola em dois períodos, voltem para casa e continuem estudando até ir dormir. Também é comum, depois dos 10 ou 11 anos, frequentar escolas de reforço durante os fins de semana.
         Segundo passo: certifique-se de que todos – professores, alunos, diretores, gestores públicos – têm um incentivo para gerar melhorias no sistema e que as ambições são altas. A China dispõe de um sistema hierárquico de escolas e universidades. Para entrar em uma universidade top, o aluno precisará estudar em uma escola de ensino médio de excelência. Para entrar nessa escola, o aluno precisará ter estudado em uma escola ótima do 2º ciclo da educação fundamental, e assim sucessivamente. Há as chamadas “escolas-chave”: as melhores escolas de cada cidade, depois de cada estado, depois do país. Mesmo que o aluno seja o melhor de sua turma, ele continuará tendo incentivo para melhorar: se for realmente bom, conseguirá entrar em uma escola-chave. Se for o melhor aluno da escola-chave de sua cidade, irá para a escola-chave do estado etc. A mesma coisa para os professores: não há progressão natural de carreira. Para receberem melhores salários, os professores precisam ter alunos que aprendem mais e também se comprometer a participar de mais programas de treinamento depois de obter o aumento. Há concursos para professores, e o vencedor do concurso do seu bairro vai para o concurso da sua cidade, então para o do seu estado, e finalmente para os concursos nacionais. O mesmo processo ocorre para diretores e burocratas: os melhores de sua escola assumem responsabilidades em sua cidade, então em seu estado, e apenas os melhores vão para Pequim, trabalhar no ministério. O céu é o limite: sempre há alguma razão para você ser melhor.
         Terceiro passo: só invente quando necessário. De resto, copie e adapte. Os chineses mandaram – e continuam mandando – suas melhores cabeças para todo país em que algo de bom está sendo feito. Copiam sem pruridos nem remorsos. Eles entenderam que talvez a única vantagem de começar atrasado é não precisar repetir os erros que muitos países desenvolvidos cometeram até encontrar o caminho certo. Se esse caminho é aplicável à realidade chinesa, ele é copiado. Se precisa de correções, é adaptado.
         Quarto passo: explique à população o porquê de tudo isso. Ninguém faz tantos sacrifícios se não tiver um objetivo claro e desejável. Na China, grande parte do país está embarcada no sonho de ele voltar a ser uma grande potência mundial. A educação de qualidade não é um fim em si mesmo: é parte (importante) do caminho para chegar ao objetivo maior.
         Quinto passo: compartilhe as boas práticas. Em quase todo sistema educacional de grande escala – e isso se aplica ao Brasil –, é provável que haja um professor dando a aula perfeita. Nos países incompetentes, só ele e seus alunos saberão disso. A China criou uma série de mecanismos – de grupos de estudo conjuntos para professores e premiações – para garantir que isso não aconteça. As melhores práticas são compartilhadas e implementadas ao longo do país.
         Jogue tudo isso no liquidificador e você terá um sistema educacional incrível (e também duro e desafiador para todos os envolvidos), em que uma junção enorme de pequenos avanços cria um portentoso sistema de excelência. Para quem se interessa pelos detalhes, sugiro um relato mais minucioso que incluí no livro O que o Brasil Quer Ser Quando Crescer?.
         E aqueles que estão pensando em todas as desculpas que podem usar para ignorar o modelo chinês – “É fácil de fazer uma ditadura!”, “Lá as famílias valorizam a educação e o professor”, “É coisa da cultura oriental” –, fiquem tranquilos: não será difícil encontrar uma escola ou repartição pública disposta a lhes dar guarida. Enquanto continuarmos com nossa alta tolerância ao fracasso educacional e nosso complexo de vira-lata, é de gente assim que o país precisará para não sair dos trilhos (que levam ao penhasco).”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (a propósito, a taxa de juros do cheque especial encerrou 2014 no escorchante patamar de 200,6%, segundo o Banco Central...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e mais uma vez, a agudíssima crise da dupla falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!
        

    

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A CIDADANIA, A EVOLUÇÃO DO AMOR E AS HABILIDADES EMOCIONAIS

“A evolução principal é a do amor; sem ela, a religião capenga
        A evolução (do latim “evolutione”) é uma das leis mais importantes da natureza. E é uma das grandes constatações como um grande realidade que salta aos nossos olhos. Ela é até uma lei divina, pois, se é uma lei da natureza, é uma lei natural, e se é uma lei natural, ela tem no fundo Deus como seu criador e sustentador. Ela é também de certo modo tal qual a lei de Lavoisier: “Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
         Há muitos estudiosos da evolução que são contrários a ela, dizendo que ela é materialista, pois seria contrária à doutrina bíblica do criacionismo, que sustenta que o mundo foi criado por Deus. Mas isso não é verdade, já que, como dissemos, ela é até divina. Portanto, nós podemos ser criacionistas e, ao mesmo tempo, seguidores do evolucionismo, aceitando normalmente que o mundo foi criado por Deus e que evolui. É que Ele não criou as coisas já totalmente prontas, mas em estado potencial, isto é, como o germe da transformação, transformação para melhor, o que é a própria evolução. Por exemplo, quando Deus criou o homem, foi com o germe de, um dia, o homem ser capaz de fazer as proezas científicas ou tecnológicas avançadas de hoje, no século XXI. Daí a capacidade fantástica que o homem tem atualmente nas áreas da informática, das astronáutica, da medicina etc. O homem chegou a esse nível assombroso de progresso, exatamente, pelo germe da inteligência evolutiva com o qual foi criado e pelo qual vem evoluindo e criando essas proezas científico-tecnológicas ao longo dos séculos.
         Essa evolução material acontece paralelamente ao progresso espiritual e moral do homem, ou mais precisamente, do seu Eu maior ou personalidade geral, chamada também de personalidade congênita, isto é, do que espírito que ele é e habitando, inúmeras vezes, um corpo carnal aqui, no nosso mundo físico, justamente para aperfeiçoar-se, buscando o progresso espiritual e material. Aliás, o ser que mais evolui é justamente o espírito com seu intelecto. É só olharmos para o homem das cavernas e o de hoje, para que constatemos a grande evolução ou o grande progresso intelectual que esse homem de hoje conseguiu em relação ao homem daquele longínquo passado. E, se não houvesse a reencarnação para aqueles espíritos que mais pareciam bichos do que gente, é como se Deus os discriminasse, dando tanto conforto para os homens de hoje e nenhum conforto para aqueles homens primitivos!
         O progresso espiritual (moral) deveria ser equivalente ao material, mas, geralmente, o material vai mais rápido. Isso porque, primeiramente, temos que ter conhecimento da verdade, para depois optarmos entre ela e o erro. Por isso, o excelso Mestre disse: “Conhecereis a verdade, e ela vos libertará”. Porém existem pessoas, moralmente, muito atrasadas, isso porque são espíritos humanos mais novos.
         A principal evolução é a do espírito, seja no campo espiritual e moral, seja na área material ou tecnológico-científica. E quando se fala em progresso moral e espiritual, trata-se da evolução ou crescimento da prática do amor cristão, que é o efeito da verdadeira e da mais importante evolução do espírito.
         E as religiões capengam quando não buscam colocar em primeiro plano o progresso da prática da doutrina cristã, ou seja, do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, doutrina que, embora com outros nomes, está presenta em todas as crenças!”.

(JOSÉ REIS CHAVES. Teósofo e biblista, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 19 de janeiro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de janeiro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CHRISTINA FABEL, Diretora Pedagógica do Colégio ICJ, e que merece igualmente integral transcrição:

“Individualidade emocional
        As palavras de ordem da nova geração parecem ser “inteligência emocional”. Fala-se muito sobre a necessidade de controle e equilíbrio das emoções em situações como vestibulares e no mercado de trabalho. O novo imperativo do século sempre existiu, porém, só começou a ser levado em conta pelos profissionais de psicologia e educação nesta década. Entender como cada estudante reage a situações rotineiras é o primeiro passa para preparar as crianças e adolescentes para atuarem de forma ponderada em qualquer ambiente.
         A inteligência emocional não é um dom para poucos. Ao contrário do que se acredita, é possível desenvolver habilidades e competências emocionais ao longo da vida. Nenhum ser humano é imutável e preserva em si as mesmas características durante toda a existência. O que nos faz grandiosos é a habilidade de nos adaptarmos a novas realidades à medida que elas ocorrem. Por isso, o primeiro passo é o autoconhecimento. A capacidade de identificar os talentos natos, pontos fortes e fracos, é essencial para quem deseja crescer e se desenvolver.
         As habilidades emocionais acompanham o ser humano desde a gestação. Muitos especialistas pesquisam como as situações vividas pela mãe, durante a gravidez, são capazes de moldar a forma como a criança se portará depois do nascimento. Por isso, é importante que esse período gestacional seja rico em experiências e vivências positivas para a mãe e o bebê. A estrutura familiar é um fator preponderante desde a fecundação.
         Depois do nascimento, a criança passará algum no seio familiar e logo será matriculada em uma escola infantil. Nesse momento, a sua rede de relacionamentos se expande e, com isso, aumentam as chances de o indivíduo ser contrariado ou exposto a situações que podem se contrapor às suas vontades. Dividir um brinquedo ou a atenção da professora com os colegas nem sempre é fácil para crianças criadas em ambientes cujo único foco eram elas. Por isso, os desafios emocionais são colocados em xeque.
         Depois de muitos anos, a pedagogia começa a entender que é preciso diferenciar o desempenho de alunos pela forma como reagem a esse tipo de situação rotineira. Antigamente, os estudiosos acreditavam que um bom aluno era aquele que tinha um bom resultado em todas as matérias e excelente desempenho em exames e vestibulares. Hoje, já se sabe que um estudante bom é aquele que utiliza a inteligência emocional para extrair do conhecimento o que ele pode lhe dar de melhor. Esse aluno nem sempre tem a melhor nota em todas as disciplinas, mas é excelente em algumas, e usa sua capacidade emocional para lidar com as que tem dificuldade, garantindo um desempenho satisfatório.
         As novas metodologias de ensino, baseadas na neurociência, aproveitam as situações reais e os jogos para desenvolver esse tipo de habilidade desde a infância. É importante dizer que nenhum tipo de curso, ou atividade de curta duração, é capaz de tornar uma pessoa autossuficiente e equilibrada. A inteligência emocional é desenvolvida por meio de situações e não de práticas. Vivenciar é a melhor forma de desenvolver-se.
         O maior mérito dessa nova geração que chega ao mercado de trabalho é desenvolver a profissão escolhida com excelência, partindo os princípios da autossegurança e do equilíbrio entre razão e emoção. O caminho para alcançar essa estado de espírito é a criatividade e a vivência social baseadas no autoconhecimento. Quem não gostaria de trabalhar com o que gosta com leveza? Finalmente, as escolas parecem ter encontrado o caminho para a formação profissional fundamentada na individualidade e não somente nos cálculos estatísticos.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas  – a propósito, fala do procurador-geral da República, Rodrigo Janot: “De nada adianta os órgãos trabalharem na apuração de casos de corrupção se o sistema político baseia-se em procedimentos corruptores e lesivos ao interesse público...” –, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País  no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!
        
  


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A CIDADANIA E OS IMENSOS DESAFIOS DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA EDUCAÇÃO

“Como reduzir o crime no Brasil?
        A população carcerária no Brasil saiu de 90 mil presos em 1990 para mais de 500 mil em 2010 e 755 mil em 2014. O Brasil tem hoje mais de 520 mil policiais, e o Distrito Federal é o que mais tem policiais em proporção à população, porém com taxas de criminalidade mais altas que estados com menos policiais. Grande parte do crime no Brasil é atribuída à pobreza, porém, nem mesmo os significativos avanços na renda da população nos últimos 10 anos, ou seja, 40 milhões de cidadãos retirados da linha da pobreza, não foram suficientes para reduzir a criminalidade.
         Outros pontos importantes são que, segundo o Conselho Nacional de Justiça, mais de 70% dos mandados de prisão não são cumpridos, havendo deficit estimado de 200 mil vagas em presídios. Mas o que leva o Brasil a ter mais taxas de criminalidade? Como se pode reduzir tais crimes? Este artigo, fruto de pesquisa científica, busca debater esse problema e esclarecê-lo. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a violência já consome 5,4% do PIB, ou seja, um pouco acima da indústria automobilística. A que nível? Seria a solução aumentar esses gastos? A que nível? Em diversos países, ações de combate à violência estão exigindo redução de gastos em saúde e educação.
         A Cemig, com apoio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizou pesquisa sobre furto de energia elétrica (gato). Tal pesquisa, coordenada por professores da Fumec, revela elementos que nos levam a pensar sobre o problema de como lidar com a segurança. A decisão de aderir a um comportamento inadequado ou crime depende de cada um. Porém, de acordo com estudos científicos, alguns padrões parecem se repetir. Após dezenas de entrevistas vieram algumas respostas. O primeiro motivo: um sentimento profundo de injustiça social. Não seria falta de dinheiro, mas o nível do sentimento de injustiça social. O padrão do raciocínio é de que políticos e autoridades não mereceriam respeito, os serviços públicos de forma geral são ruins, as pessoas não receberam tratamento igualitário. O sentimento de injustiça social é aumentado pelo materialismo. Esta primeira constatação assustou os pesquisadores. Eu furto energia por injustiça social. Seria esse o motivo de outros crimes? Seria um sentimento mais geral da população que levou aos protestos nas ruas durante a Copa?
         O segundo achado também nos preocupou. A norma subjetiva como fator importantíssimo no furto de energia. Em marketing, norma subjetiva significa seguir regras de grupos ou agir de forma similar a outros influenciadores. Em outras palavras, se meu vizinho furta, se minha mãe faz gato, se meus amigos fazem, eu posso fazer. Até porque, os fraudadores se consideram honestos, segundo dados da pesquisa. Em outras palavras, se fazer atos criminosos se tornou comum, pode ocorrer uma adesão em massa e perda de controle, algo semelhante ao que ocorre atualmente com a compra de CDs falsificados.
         Baseada em percepções, a população desenvolve conclusões e comportamentos. E para mudar comportamentos temos de mudar as percepções, bem como os raciocínios e cognições decorrentes dessas percepções. Ou seja, buscar-se-á alterar a forma com que as pessoas pensam sobre determinados fatos e realidades.
         Os recentes escândalos da Petrobras e do mensalão, entre outros, seriam, conforme o estudo, péssimos exemplos que poderiam influenciar de forma extremamente negativa a população, incentivando comportamentos desviantes e criminosos. Temos conhecimento de um caso do fechamento da empreiteira que prestava serviço a órgãos públicos cerca de 40 anos atrás. Motivo: a maior parte dos órgãos públicos a partir desta época só contratava mediante propina e ela se recusava a pagar. Fechou. E muitos empreiteiros ficaram ricos, em um sistema nefasto que leva mensagens à população de que esse tipo de ato compensa e é uma “esperteza” agir assim. Desse modo, os pesquisadores estão preparando um projeto a ser submetido ao governo, que consta do diagnóstico do crime no Brasil – causas e padrões cognitivos com a elaboração de um plano de redução e mitigação do crime por meio de ações de persuasão, mudanças de percepção e padrões cognitivos e de raciocínio.
         Sabe-se que o fenômeno é muito complexo, que advém do descobrimento do país. A tão conhecida carta de Pero Vaz de Caminha, em que o autor afirma que aqui nesta terra em se plantando tudo dá, ele finaliza sua histórica carta solicitando um “favor à realeza”, que mandasse o seu genro da ilha de São Tomé para o Brasil.
         Acredita-se que o crime só será reduzido com mudanças de percepção e padrões cognitivos da população. Neste sentido, o processo transpassaria além das ações de policiamento e punição, que se somariam a mudanças de padrões de raciocínio, sistemas de valores e visão do mundo, agindo de forma preventiva ao crime.”

(CID GONÇALVES FILHO, pró-reitor de Pesquisa, pós-graduação e Extensão da Universidade Fumec; EDUARDO ANDERSON RAMOS e JOSÉ ADALBERTO FERREIRA, mestres em administração pela Universidade Fumec, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 19 de janeiro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 17 de janeiro de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de VIVINA DO C. RIOS BALBINO, psicóloga, mestre em educação, professora da Universidade Federal do Ceará, autoria do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“Da precariedade ao caos
        O precário ensino médio mostrou-se ainda pior no Enem 2014. A nota média da redação dos alunos teve queda de 9,7% em relação a 2013. Queda também de 7,3% nas notas de prova escrita e de matemática. Apenas 250 dos 6,19 milhões de candidatos tiveram nota máxima na redação, enquanto 529 mil tiveram zero e foram eliminados. Em 2013, com menos alunos, foram 106.742 redações com nota zero. Naquele ano, o tema foi a “Lei Seca”, assunto bastante divulgado na mídia e nas ruas. Agora, foi “Publicidade Infantil em questão no Brasil”, tema que demanda mais conhecimentos. Nossos jovens estudantes têm acesso à mídia e não sabem sobre temas tão atuais e importantes como publicidade, crianças, ECA e direitos humanos? O que ocorre com o ensino brasileiro e com os nossos jovens?
         Dados sugerem: nossos jovens não leem jornal diariamente, revisas semanais de conteúdo, livros e informações acadêmicas de pesquisas. Assistem a telejornais? Faltam-lhes informações temáticas consistentes, cultura, leituras com conteúdo e aprofundamento de temas atuais. Estarão os nossos jovens excessivamente plugados em redes sociais e multimídias instantâneas apenas com manchetes de notícias ou, pior ainda, usando excessivamente as redes sociais e/ou jogos sem se importar com informações e aprofundamento de temas? Conhecer temas, escrever textos e saber debater é essencial. Como nossas escolas estão preparando os alunos? Parece que muito mal. Em matemática também houve piora. Se o ensino médio já era o gargalo da educação brasileira, infelizmente os dados do Enem 2014 aprofundam esse imenso desafio.
         Pais e professores devem incentivar a leitura e compromisso já no ensino fundamental. O sistema de ensino brasileira precisa ser visto como uma cadeia interligada. Do ensino fundamental, também com muitas precariedades, especialmente nas fases adiantadas, aos grandes desafios no ensino médio, base para a formação de profissionais competentes nas universidades brasileiras. O ensino superior precisa receber alunos cultos e detentores de conhecimentos para avançar com qualidade os seus estudos e pesquisas na graduação e pós. Potencial para ser pesquisador e cientista. Como zerar uma redação? A escrita, redação e matemática são essenciais para o exercício competente de qualquer profissão. A redação avalia cinco competências: domínio da língua escrita; compreensão da proposta de redação; capacidade de organizar e interpretar informações; conhecimentos linguísticos necessários; e propostas de intervenção. Os critérios são exigentes como deve ser e, infelizmente, nossos jovens não atingem a meta. Não houve cortes de financiamento de programas nem de corpo docente no ensino médio para justificar as quedas de desempenho. O que ocorre?
         A nota do Enem é pré-requisito para disputar 205,5 mil vagas do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) de universidades federais, institutos tecnológicos e universidades estaduais. A Região do Nordeste concentra 40,7% das vagas nessa fase. Depois, Sudeste, com 25,8%; Sul, com 13,9%; Centro-Oeste, com 12,7%; e Norte, com 6,9%. Excelentes oportunidades para o ingresso em boas universidades públicas gratuitas no Brasil, um legado extraordinário que deve ser mais valorizado pelos nossos jovens. Necessário traçar urgentemente políticas competentes de ação para melhor qualificar o nosso ensino médio, porta de entrada para as universidades. A partir de 2015, os estudantes que já terminaram o ensino médio ou que evadiram poderão retomar a educação na modalidade técnica profissionalizante do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Sem dúvida, é um excelente programa, que habilita para o mercado valorizados profissionais, mas não podemos perder de vista a necessária e urgente qualificação do ensino médio público e privado. Melhorar e fiscalizar escolas para a excelência do ensino para que tenhamos talentosos alunos e competentes profissionais e cientistas nas universidades. Educação de qualidade em todos os níveis é preciso.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País  no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!
        

   

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A CIDADANIA, OS PROPÓSITOS CRIATIVOS PARA UM NOVO ANO E AS INFÂNCIAS NO PLURAL

“Dez propósitos para o Ano-Novo e para uma vida sempre criativa
Todo começo de ano é ocasião de se fazerem propósitos. São desafios que nos colocamos a nós mesmos para que a vida não seja repetitiva, mas criativa e, quem sabe, surpreendente. Alinho aqui alguns propósitos para alimentar a fantasia criadora de cada um.
1.Desenvolva em você a inteligência cordial, emocional e sensível. Inflacionamos a inteligência intelectual, sempre necessária, mas insuficiente. Deixada por si, produziu a solução final dos judeus (Shoah) e a Casa da Morte em Petrópolis sob o regime militar. A inteligência cordial enriquece a intelectual com o afeto, o amor e o cuidado, sem os quais perdemos nossa humanidade e não salvaremos a vida no planeta Terra.
2.Deus sempre vem misturado em todas as coisas. Onde houver algum gesto de amor, de solidariedade e de reconciliação, saiba que Ele está lá infalivelmente. Sem esses valores, Deus é apenas um nome.
3. De manhã, ao despertar, ou antes de recolher-se, faça uma pequena homenagem a Deus ou àquela energia amorosa e poderosa que nos sustenta. Não precisa dizer nada. Reserve aqueles poucos minutos para Ele e só para Ele. Se precisar, chore pelas demasiadas desgraças que ocorrem ou alegre-se por aquilo de bom que aconteceu.
4.Cada um é um projeto definido. Nada mais nos sacia plenamente. Passe pelas coisas, usufrua-as sem danificá-las, mas não se detenha nelas. Vá em frente e sempre além, pois somos caminhantes da vida, e somente um infinito sacia nossa sede e fome infinitas.
5.Deseje ser águia, que voa alto e livremente, quer dizer, tenha ideais e grandes sonhos. Mas não esqueça que deve ser também galinha, concreta e prudente, especialmente quando se trata de administrar os bens materiais e lidar com dinheiro. Aprenda quando deve ser águia e quando galinha. E saiba combinar sabiamente ambas.
6.Faça uma terapia em sua linguagem. Dizem-se tantos palavrões no falar cotidiano e nas redes sociais. No começo era a palavra. Ela tem força criadora e destruidora. Depende de você. Ela é “a ponte onde o amor vai e vem”, como cantam os cristãos das comunidades de base.
7.Você pode hoje se informar sobre tudo. Praticamente tudo se encontra na internet e no Google. Mas cuide em se formar para ter uma humanidade mais plena. Disse uma sábia filósofa judia: podemos nos informar a vida inteira sem nunca nos educar.
8. Quando entrar em casa, tome seu banho, descanse um pouco, não ligue logo a televisão ou consulte o Facebook ou leia os e-mails. Retire-se num canto, fique em silêncio. Agradeça a Deus pela vida. Pois nos dias atuais, com os riscos que corremos em cada esquina ou em cada canto, somos todos sobreviventes.
9.Resista à propaganda. Ela não pensa em você, apenas no seu bolso para fazê-lo um consumidor, e não um cidadão consciente. Assuma como projeto de vida a sobriedade compartida. Podemos ser mais com menos, por amor àqueles que pouco ou nada têm. Decida você mesmo o que comprar e quando comprar com plena liberdade e consciência.
10.Incorpore a ética do cuidado essencial: cuide de sua saúde, de sua família, de sua casa, de seus amigos, cuide do ambiente inteiro com o mesmo sentimento de são Francisco de Assis, que respeitava e amava a todos os seres como irmãos e irmãs, especialmente a Irmã água e a Mãe Terra. Perceberá aos poucos que todos os seres, também as montanhas, possuem um coração que pulsa como o seu. No fundo, você, sua casa e família, as pessoas, as paisagens, as montanhas, o céu estrelado, a Lua, o Sol e Deus constituem um único grande e generoso coração pulsante.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 9 de janeiro de 2015, caderno OPINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de janeiro de 2015, caderno PENSAR, página 2, de autoria de MARINA MARCONDES MACHADO, professora-adjunta do curso de teatro e da pós-graduação em artes da cena da Escola de Belas-Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, e que merece igualmente integral transcrição:

“INFÂNCIAS no plural
        Para alguns, “infâncias” no plural, em um breve texto escrito para um jornal, poderá causar estranhamento; para outros, já habituados ao que podemos denominar as “culturas da infância”, o plural não só faz muito sentido, como é indispensável. Para iniciar nossa contextualização, visitaremos um campo minoritário, mas potente; minoritário porque, longe das teorias do desenvolvimento infantil, nossa pensamento propõe abertura para a pluralidade dos pontos de vista. Nesse sentido, a “verdade” desenvolvimentista acerca da criança, a saber, o conhecimento das teorias fundadas na psicogênese e na biologia dos corpos categorizados por fases e faixas etárias, é um dos pontos de vista, ou uma noção de infância possível; no entanto, há outras – menos divulgadas, trilhas menos percorridas. Para contemplar o plural, visitaremos o viés filosófico.
         Nesta reflexão, comentaremos especialmente a contribuição do filósofo Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) para pensar a criança e a primeira infância. Poucos sabem que Merleau-Ponty lecionou na Sorbonne a cátedra de psicologia e pedagogia da criança, entre 1949 e 1952. Seu projeto era pensar a infância de modo culturalista, algo que, anos mais tarde, ocorreu de fato, por meio da inauguração de um campo de trabalho: pesquisa e ação da sociologia da infância.
         Já na metade do século 20, Merleau-Ponty apontava a necessidade de compreensão da criança a partir de seus mundos de vida, e não a partir de teorias adultas preconcebidas; fez então, em seus cursos na Sorbonne, uma elegante crítica ao desenvolvimentismo, especialmente às ideias de Jean Piaget, bem como à psicanálise de crianças, que florescia naquele momento histórico. Um dos cernes de sua crítica é negar a existência de um “mundo da criança” ou uma “concepção de mundo” advinda de sua psique; para que haja uma concepção de mundo, a criança precisaria estar distanciada, de modo a enxergar “seu mundo” e dizer algo sobre ele; Mara Merleau-Ponty, o pressuposto desta noção de representacionalidade de si e do mundo constituiu o grande erra psicologia científica. Não existiria algo como a “mentalidade infantil”.

EGOCENTRISMO O filósofo nos recoloca a questão, afirmando ser a criança mundocentrada, o que desmonta o conceito de egocentrismo e nos ensina que os primeiros anos se dão por meio de um mergulho em um estado não reflexivo, portanto vivencial. Sua noção de infância desestabiliza as teorias projetivas, do brincar ao desenho, da interpretação de discurso aos testes projetivos na prática da psicologia da criança; suas palavras-chave são: onirismo, polimorfismo e não representacionalidade, palavras que delineiam o modo de ser e de estar das crianças pequenas.
         Haveria um modo de compreender a infância que se conecta com o que a hermenêutica nomeou “via longa”: em uma chave não pragmática, não procuramos explicações, mas antes, compreensões; descrições dos estados e dos modos de ser das crianças, para perscrutar as relações criança-corpo, criança-outro, criança-mundo, criança-tempo, criança-espaço, criança-língua mãe. Essa atitude, observacional e descritiva, delineia uma fenomenologia da criança, inserida em uma perspectiva culturalista e existencial.
         Nesse modo de pensar e agir não existe “o bebê” ou a “criança de 1 ano”: existem Paulo, Antônia, Pedro Henrique, Natália... Quem são eles? Como vivem? Como brincam, como não brincam? Como se relacionam consigo mesmos, com os outros e com o mundo compartilhado? São essas as perguntas da chamada via longa, caminho de compreensão da criança e da infância.
         O cotidiano revelador desta abordagem é o esvaziamento de expectativas com o desenvolvimento por etapas ou faixas etárias, para, assim, proporcionar, adultos que somos, uma atmosfera relacional na qual a criança possa “ser o que ela é” – mas sem nunca deixá-la à deriva. Isso compactua com o que Winnicott (1896-1971) propôs aos adultos em geral: estar “presente e ausente”, concomitantemente, nas questões da maternagem inicial. A psicanálise inglesa, a partir da contribuição de Winnicott, tem semelhanças e elos com a fenomenologia da criança proposta por Merleau-Ponty; e na atualidade encontramos nos estudiosos da sociologia da infância esse tipo de abordagem compreensiva, para olhar para a criança e a infância a partir da vida mesma.

BRASIL Estudiosos brasileiros pensam e praticam essa aproximação entre a fenomenologia e a psicanálise. José Moura Gonçalves Filho, professor de psicologia da Universidade de São Paulo (USP), é um deles, pesquisador cujo tema de pesquisa é a humilhação social – importante contribuição para pensamento e ação junto aos cidadãos das classes menos favorecidas, conceito que trata da angústia vinculada ao impacto traumático da desigualdade de classes. José Moura é estudioso de Simone Weil (1909-1943) e seu trabalho sempre se orientou pela psicologia social de Ecléa Bosi.
         A filosofia continua nos brindando com novos modos de pensar a criança e a infância, na mesma conexão de prescindir de categorizações por faixas etárias, saltos desenvolvimentistas, adequações e inadequações, bem como metas de maturidade. A partir de Gilles Deleuze (1925-1995), por exemplo, pode-se trabalhar com a noção de “devir criança”, e podemos citar no Brasil os professores Walter Omar Kohan e Sílvio Gallo como pesquisadores que trabalham naquela perspectiva.
         Walter Kohan, em um de seus textos, aponta erros conceituais, ou riscos, da adesão a olhares para a infância localizados no senso comum: o idealismo ou romantismo frente às crianças, opção que naturaliza a criança e suas capacidades pensantes (dizer simplesmente “a criança é filósofa”, por exemplo); a mercantilização dos campos dos saberes e fazeres (na saúde, na educação, na indústria cultural); e a tendência ao dogmatismo e à moralização que um discurso filosófico que aproxima as crianças pode conter – mesmo que repleto de boas intenções.

FILOSOFIA Kohan publicou inúmeros livros (muitos pela Editora Autêntica, de Belo Horizonte) e um de seus campos de pesquisa acadêmica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) é o ensino de filosofia para crianças. Já Sílvio Gallo trabalha na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e sua abordagem das intersecções entre pedagogia e a filosofia converge para uma assim chamada pedagogia libertária, na busca, segundo o professor, de “uma filosofia anarquista da educação”, em diálogo também com outro importante filósofo francês, Michel Foucault (1926-1984). O papel da educação, do ponto de vista de Gallo e seus pares, está justamente na construção coletiva da liberdade pela denúncia das injustiças e dos sistemas de dominação.
         Será portanto longe das teorias majoritárias que o leitor poderá trilhar conosco aquela mesma via longa – reflexiva, minuciosa, focada na criança e na infância (e não no adulto e suas teorias sobre ela) e situada –, pois nunca haveremos de esquecer: da pertença de todos, adultos e crianças, ao mundo vivido; de centrar-nos nas necessidades infantis de fato, aqui e agora; e de revisitar o fluxo cotidiano das relações adulto-criança, especialmente aquelas designadas por “relações de poder”.
         Quem são os adultos que convivem com Paulo, Antôia, Pedro Henrique, Natália...? Quais suas crenças e dizeres, afazeres e atitudes diante da criança que educam? Mas, afinal, educa-se simplesmente uma criança, ou se é, também, educado por ela, em uma via de mão dupla, asfaltada pela contemporaneidade?”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País  no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches – a propósito, e mais uma vez, a revista VEJA desta semana traz fecunda matéria sob o título UMA BELA SINFONIA PUERIL: “ Nos três primeiros anos de vida de uma criança, o cérebro realiza mais conexões neurais do que na idade adulta. Um dos campos da medicina que mais avançam é o da investigação de como os estímulos podem exercitar os mecanismos mentais de um bebê...”; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, a agudíssima crise de dupla falta - água e energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!