terça-feira, 31 de março de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA E EXIGÊNCIAS DA QUALIFICAÇÃO DA HUMANIDADE E A FORÇA DA CRIATIVIDADE E SOLIDARIEDADE NA SUSTENTABILIDADE


“Uma reflexão oportuna
        Nas ciências sociais, a academia brasileira tende a concentrar reflexões e teses sobre pequenos problemas do Brasil. Deixa aos acadêmicos estrangeiros o papel de estudar temas da humanidade e tendências da civilização. O professor da Universidade de Brasília Elimar Nascimento faz parte de um grupo que pensa o mundo. Há 30 anos, ele criou o Centro para o Desenvolvimento Sustentável (CDS) com o propósito de focar, de maneira multidisciplinar, grandes problemas da humanidade.
         Em seu novo livro: “Um Mundo de Riscos e Desafios – Conquistar a Sustentabilidade, Reinventar a Democracia e Eliminar a Nova Exclusão Social”, publicado pela editora da Fundação Astrojildo Pereira, Elimar apresenta o resultado de reflexões pessoais com a amplitude que se vê em grandes pensadores do mundo. A publicação se afirma na bibliografia internacional como grande contribuição na discussão dos temas do decrescimento, da democracia e da modernidade relacionada à globalização e à exclusão.
         O autor fala do tema “tabu”, na mente e na academia brasileira, do decrescimento.
         É preciso reconhecer a ousadia intelectual de Elimar ao propor o debate sobre a substituição do crescimento pela busca do decrescimento feliz, fortemente sustentado em bibliografia, com autores do exterior que há décadas demonstram não apenas limites físicos ao crescimento, mas também limites existenciais do progresso desenvolvimentista, incapaz de gerar felicidade pelo consumo.
         O capítulo em que o professor Elimar apresenta ideias para uma reinvenção da democracia nos permite conhecer os riscos que ela sofre no mundo atual. É um capítulo que alerta para as ameaças externas e que a democracia tem limites e insuficiências próprias do sistema e não parece ser capaz de dar respostas a problemas planetários atuais: meio ambiente, migração em massa, comunicação simultânea e universal, fake News, internacionalização financeira e comercial, corrupção e esgotamento do Estado.
         Ela não será capaz também de barrar o uso das novas tecnologias para ampliar o fosso entre pobres e ricos, levando à exclusão e até a um apartheid biológico, não apenas racial. O professor Elimar avança com uma análise cujo único defeito seria a visão otimista de que ainda há esperança para o Homo sapiens não se transformar no Homo scorpius, que se suicida porque a voracidade do consumo está na sua natureza.
         Ainda é cedo para saber se prevalecerá o Homo scorpius suicida ou se um Homo novus surgirá superando os riscos e desafios que o autor apresenta.
         De qualquer forma, pode-se dizer que esse novo livro precisa ser lido e que ele terá um papel importante na formulação de uma alternativa sustentável para o futuro da humanidade.”.

(Cristovam Buarque. Professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 27 de março de 2020, caderno OPINIÃO, página 17).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site https://www.otempo.com.br/opiniao/vittoriomedioli/uma-licao-1.2317890, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“Uma lição
         Depois do pavor pela ameaça de morte, aparece o pavor do desemprego e da fome.
         Como combater a epidemia de coronavírus e, ao mesmo tempo, manter a economia em funcionamento e preservar empregos, oportunidades e renda?
         Como manter em atividade o complexo da produção em sua capilaridade?
         Como evitar outra brutal recessão depois de seis anos de quedas profundas e de estagnação?
         Como enfrentar desafios terríveis num país marcado por 50 milhões de pessoas, 25% da população, com renda insuficiente para garantir uma vida digna?
         Como se preparar para administrar milhões de demitidos em massa e outros com suas atividades autônomas inviabilizadas?
         A sociedade moderna parada se desestrutura. Apresenta-se o desafio de escolher a perda de parentes e amigos pela doença do coronavírus (Covid-19) ou pela miserabilidade. Como manter a produção de alimentos, e tudo que é necessário para essa atividade, para abastecer a população do Brasil e de cinco continentes que daqui dependem?
         A equipe de cientistas do Imperial College London, da Inglaterra, liderada pelo professor Neli Ferguson, apresentou três cenários diferentes para o Brasil: um, com isolamento severo e “apenas” 44 mil mortos, ou 0,02% da população; outro, com isolamento brando e 529 mil mortos, ou 0,24%; e, na terceira hipótese, de não haver cuidados, 1,15 milhão de mortes, sendo 0,5% decorrente da pandemia.
         Para o planeta, o cenário sem cuidados dá 40 milhões de perdas humanas entre os 7 bilhões de habitantes de hoje – quer dizer, a metade do total de mortos durante os cinco anos da Segunda Guerra Mundial.
         Ferguson alerta: “Estratégias de mitigação focadas na blindagem de idosos (redução de 60% nos contados sociais) e desaceleração, mas não interrupção da transmissão (redução de 40% nos contados sociais, poderiam reduzir as perdas pela metade, salvando 20 milhões de vidas. Porém, prevemos que, mesmo nesse cenário, os sistemas de saúde em todos os países serão rapidamente sobrecarregados”. A advertência, portanto, exclui, dessa forma, a possibilidade de salvar muitos contaminados pela Covid-19.
         O professor subscreve um alerta: “É provável que esse efeito seja mais grave em contextos de baixa renda, onde a capacidade (de alcançar o atendimento) é menor. Como resultado, prevemos que o verdadeiro impacto em ambientes mais pobres, que buscam estratégias de mitigação, pode ser substancialmente mais alto do que o calculado nas estimativas iniciais”.
         Para evitar a sobrecarga do sistema de saúde, os cientistas ingleses consderam que a rápida adoção de medidas de saúde pública para suprimir a transmissão pode garantir que a estrutura fique em níveis manejáveis, como na China e na Coreia do Sul. Fundamental seria adotar os testes em massa, o isolamento de pessoas contagiadas e o distanciamento social.
         Disso conclui a equipe inglesa: “Se for implementada uma estratégia de supressão precoce e sustentada do vírus, teremos 0,2 morte por 100 mil habitantes por semana, então 38,7 milhões de vidas podem ser poupadas no mundo. Se for iniciada quando o número de óbitos for maior – 1,6 óbito por 100 mil habitantes por semana –, então só 30,7 milhões de vidas poderiam ser salvas”. Resta claro que atrasos na adoção de estratégias para suprimir a transmissão levará a maiores perdas de vidas.
         O estudo admite que não consegue calcular “os impactos sociais e econômicos mais amplos da supressão (das atividades econômicas) e reconhece que eles serão altos e podem ser desproporcionais em ambientes de baixa renda”. Reforça, também, que “as estratégias de supressão teriam de ser mantidas, com breves interrupções, até que vacinas ou tratamentos eficazes se tornassem disponíveis”. A análise destaca que “decisões desafiadoras serão enfrentadas por todos os governos nas próximas semanas, mas (esse confronto) demonstra como uma ação rápida, decisiva e coletiva pode salvar milhões de vidas”.
         Bolsonaro, por sua vez, tomou a frente para defender um modelo de isolamento chamado “vertical”, que permite a reabertura de escolas, universidades e negócios ao prever que apenas idosos e pessoas com doenças crônicas se isolem. Enquanto isso, entidades empresariais já lançaram manifestos pedindo a volta à normalidade. Nesse cenário crítico com atividades econômicas agonizando, os empresários clamam para que governadores e prefeitos levantem a quarentena. No meio saturado de incerteza, o debate, infelizmente, se politizou e perdeu a clareza que ajudaria a encontrar soluções para a saúde pública sem quebrar o equilíbrio social.
         As atividades essenciais, obviamente, precisam ser mantidas. Porém, verdadeiros abutres em momento de calamidade abusam com aumentos extorsivos de preços, sem qualquer cuidado para atenuar os estragos que geram. Alguns insurgem-se contra medidas de prevenção como máscaras, álcool, luvas, medição de temperatura e testes que possam isolar os portadores do vírus. Estarrecedor ainda como pessoas abastadas, mas pobres de sensibilidade, ficam na contramão da solidariedade humana e se aproveitam do momento para explorar a população. Serão, provavelmente, os primeiros a terem suas lojas arrombadas.
         Não serão eles os heróis e nem os vencedores num mundo que começa a experimentar ar mais puro, águas mais limpas e menos rumores e a se purgar. As forças da natureza deixaram os animais de fora da pandemia, que ataca apenas a raça humana, impondo o sofrimento como lição. A “praga bíblica” chegou para convencer os homens a mudar.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro a ainda estratosférica marca de 316,79% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 165,60%; e já o IPCA, em fevereiro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,01%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.





domingo, 29 de março de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA GESTÃO PÚBLICA E CIDADES INTELIGENTES E A TRANSCENDÊNCIA DO EXÍLIO E AUSTERIDADE NA SUSTENTABILIDADE


“Gestores públicos e as cidades inteligentes
        Há poucos anos, o conceito de cidades inteligentes (smart cities) parecia uma realidade distante. Hoje, apresenta-se como o melhor caminho a ser seguido no desenvolvimento de centros urbanos em todo o mundo, por fazer uso da tecnologia para integrar governos, empresas e a sociedade na busca por soluções criativas e inovadoras para diversos problemas, como os ligados ao meio ambiente, mobilidade urbana, habitação, saúde, segurança e muitos outros.
         Planejamento urbano e smart cities andam de mãos dadas. Somente com um real olhar voltado para o futuro é que os gestores públicos são capazes de projetar um desenvolvimento urbano eficiente, e este não pode estar atrelado a ciclos políticos, mas sim econômicos. Dessa forma, investimentos constantes em tecnologia por parte dos governos, em todas as esferas, são essenciais, pois formam a base de uma cidade inteligente.
         Com o avanço dos dispositivos que usam a internet das coisas, por exemplo, hoje é possível aplicar soluções voltadas aos centros urbanos para quase tudo, permitindo aos governantes tomadas de decisões mais rápidas e assertivas. Além disso, ao conectar infraestrutura local, serviços e a população, é possível, também, uma melhor compreensão das necessidades, vocações e características de cada município. Como?
         Em um mundo cada vez mais conectado, basta imaginar a imensidão de dados que são gerados a todo instante pelos cidadãos, via plataformas digitais. Já está mais do que na hora de o setor público entender e saber utilizar essas informações em benefício da população. Olhemos para o estado de São Paulo. Com a intensificação do processo de urbanização, os desafios para assegurar o desenvolvimento de cidades mais resilientes e sustentáveis economicamente estão cada vez mais complexos.
          Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Seade, estima-se que até 2050, dos mais de 47 milhões de cidadãos que habitarão este estado, 85% viverão em regiões urbanizadas. Além disso, o crescimento populacional anual se tornará negativo, e 22% dos paulistas terão mais de 65 anos, o que denota um rápido envelhecimento de nossa população. Para efeito de comparação, em 2010, a população era de 41 milhões e apenas 7% estavam acima de 64 anos.
         Neste cenário, o uso da tecnologia para tornar tudo mais eficiente torna-se crucial. Muitas prefeituras já deram o primeiro passo para se  tornarem uma smart citie, seja por meio de projetos via parcerias público-privadas (PPPs), seja por meio dos chamados living labs, espaços onde soluções desenvolvidas pela iniciativa privada podem ser experimentadas em situações reais e, se validadas, podem ser adotadas pelos municípios.
         Entre a infinidade de soluções, muitas têm sido criadas para realizar melhorias na oferta de transporte público, de acordo com a demanda da população; para diminuir o trânsito, com o uso de semáforos inteligentes; na conscientização e ampliação da coleta seletiva; na gestão mais eficiente da iluminação pública e de áreas arborizadas; na evacuação de áreas de risco com alertas sobre possibilidades de enchentes e deslizamentos; na otimização do agendamento remoto de consultas e exames médicos e de tantos outros serviços públicos existentes.
         Este novo modelo de gestão, preocupado com o futuro das próximas gerações, já dá passos decisivos para transformar nossas cidades em lugares cada vez mais inteligentes e conectados. Mas não podemos descansar. A necessidade de adaptação é constante. Novos problemas relacionados aos centros urbanos surgem a todo o momento e antecipar soluções para resolvê-los, através da inovação, deve ser um compromisso diário na agenda dos gestores públicos.”.

(ALVARO SEDLACEK. Advogado, executivo do setor financeiro e diretor-presidente do Desenvolve SP – Agência de Desenvolvimento Paulista, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de setembro de 2018, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com.br, edição de 20 de março de 2020, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Exílio e austeridades
        O dom de viver é compromisso diário que inclui muitos desafios e, certamente por isso, diz-se que viver é uma arte. Mas não se trata de arte confeccionada isoladamente. Depende da participação de todos, a partir da inigualável contribuição da solidariedade, único remédio que tem força para mudar tristes cenários, a exemplo dos que são desenhados pelas pandemias que assolam o mundo ao longo de toda a história. Há muitas pandemias: da violência crescente, da fome e da miséria, da indiferença que compromete a justiça e a paz. Há também a pandemia da ganância que cega o coração e leva à predatória busca pelo lucro, com a exploração desmedida do meio ambiente, em diferentes lugares do Brasil, a exemplo de uma mineração irresponsável. A partir de triste realidade, muitas pandemias se perpetuam: os ouvidos de muitos são surdos para os clamores dos pobres e o grito dos profetas.
         Atualmente, desafiando a sociedade mundial, a pandemia do Coronavírus, o COVID-19 caminha para o seu auge. Impacto que abala a frágil estrutura da economia global, comprovando que tiros e moedas não vencem a guerra viral. A pandemia do Coronavírus bate à porta de todos e configura um tempo de exílio, lembrado o desafio existencial vivido pelo Povo de Deus, em etapas diferentes de sua história. Todos agora confinados têm oportunidade austera de repensar caminhos, alimentar-se pela espiritualidade, enquanto colaboram para superar a pandemia. O exílio é oportunidade para renovar a esperança e nos fortalecer. Tempo de aprendizagens e novas conquistas, jamais de medo e pânico.
         Deus tudo conduz. É o Senhor da história. É o Vencedor. A fé inabalável alimenta a esperança e consolida a caridade. A convocação é para se viver fecunda espiritualidade, balizando ações de prevenção, gestos de solidariedade, obediência às indicações e determinações das autoridades em saúde pública para, em breve, abrir novo ciclo, no Brasil e no mundo. Além do Coronavírus, a humanidade inteira está contaminada e adoecida por modelos econômicos, políticos e até religiosos que a enfraquecem. A constatação não é um apanágio de pessimismo, mas uma convocação a levantar a bandeira da esperança, investindo na competência humanística para encontrar novos modelos de sociedade que possam emoldurar a vida com grande alegria.
         Com a força da fé, inabalável porque assentada em Deus, o único que tudo pode, por uma cidadania corresponsável e solidária, impulsionados pelas ciências, responsavelmente conduzidos por sérios líderes mundiais, referentes a cada pessoa, todos contribuam para que novo ciclo seja aberto, coerente com as expectativas da humanidade. Iluminada pela Luz da esperança, a sociedade brasileira passe por este exílio, deixando-se conduzir pela força transformadora do amor, convencida de que é imprescindível exercer a solidariedade.
         Prevaleçam os compromissos com a austeridade e com a cooperação e ninguém fuja do exílio – é preciso permanecer mais no próprio lar. Na luta contra essa e tantas outras pandemias, seja inspiração o horizonte da fraternidade e da vida, dom e compromisso. Unido, orante, austero e solidário, o povo brasileiro vencerá e encontrará a paz. Triunfará, pela bênção de Deus, o dom da vida. Cresça, agora, na interioridade de cada brasileiro, um coração samaritano, aquele que, diante da dor e do sofrimento do outro, é capaz de ver, sentir compaixão e cuidar.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro a ainda estratosférica marca de 316,79% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 165,60%; e já o IPCA, em fevereiro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,01%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.





terça-feira, 24 de março de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A LUZ DA BOA GOVERNANÇA NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL E AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA IMEDIATICIDADE E CONCRETICIDADE NA SUSTENTABILIDADE


“Burocracia emperra o crescimento do Brasil
        A economia brasileira vive um paradoxo: quase todos os setores conseguiram alcançar, nas últimas duas décadas, níveis elevados de produtividade nas suas atividades-fim (as diretamente ligadas à produção de bens e serviços). Contudo, apesar do esforço de modernização tecnológica e administrativa, esses mesmos setores vêm perdendo competitividade, seja no mercado internacional, seja no atendimento às próprias demandas internas, que vêm sendo supridas, cada vez mais, por produtos importados.
         Em outras palavras, os ganhos de produtividade estão perdendo a corrida para a elevação do custo Brasil, conjunto de fatores que devora as vantagens competitivas obtidas nos processos de fabricação, distribuição e vendas. E para explicar este fenômeno, é preciso analisar de perto os dois componentes mais perniciosos entre todos os fatores englobados no custo Brasil: a carga tributária e a burocracia.
         Os brasileiros e as empresas que operam no país tiram de seus resultados quase 40% de tudo o que ganham ou produzem para pagar, na forma de tributos, os elevadíssimos custos da ineficiente máquina pública brasileira. E não estão incluídos nesta conta mecanismos de arrecadação tributária disfarçada. Com uma carga desse padrão, não há competitividade que resista.
         Já a burocracia parece ter saído definitivamente de controle e pressiona, mais do que qualquer outro fator, a elevação final e persistente do custo Brasil.
         O preço de tanta burocracia é altíssimo e não afeta apenas os cidadãos pagadores de impostos. De modo igualmente grave, influencia os resultados das empresas e, por consequência, a sua competitividade.
         Um bom exemplo é o setor de construção: com o impacto da burocracia associada ao licenciamento de obras e à aprovação de projetos, os custos já alcançam, em média, 10% do preço final de venda dos imóveis. Este absurdo decorre do fato de que, em quase todas as regiões do Brasil, essas atividades burocráticas estão demandando tempo da ordem de três anos, uma aberração quando comparado aos 90 dias normalmente gastos nos EUA para a obtenção de todas as licenças e alvarás.
         Para não fugir ao setor da construção civil, que conhecemos melhor, vale acrescentar outro dado importante nessa exemplificação. Cerca de um terço do pessoal ocupado em uma construtora de grande porte dedica-se, exclusivamente, à luta diária para atender às exigências burocráticas ou as tarefas delas decorrentes, não estando incluídos neste número os colaboradores dedicados a outras funções administrativas ou de gestão dos procedimentos normalmente exigidos para o funcionamento regular de uma empresa.
         Não há competitividade que resista a um desperdício desse tamanho. O Brasil precisa destravar, com urgência, estes dois gargalos. A reforma tributária está em pauta há muitos anos, mas há enorme dificuldade para a obtenção de consenso para que ela avance. No caso da burocracia, porém, a tarefa não é tão complicada: basta vontade política e um bom planejamento para reduzir de forma rápida e vigorosa esse tipo de entrave ao desenvolvimento mais robusto do nosso país.”.

(RUBENS MENIN. Fundador e presidente do conselho de administração da MRV Engenharia, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 3 de maio de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site https://www.otempo.com.br/opiniao/vittorio-medioli/a-urgencia-das-acoes-1.2314392, edição de 22 de março de 2020, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“A urgência das ações
        Ao tomar conhecimento pela web do que está ocorrendo neste momento na Itália, país mais atingido no planeta pela pandemia de Covid-19, pode-se tirar ensinamentos preciosos que levarão a poupar muitas vidas aqui, no Brasil.
         A maior lamentação transmitida agora por unanimidade: “Deveríamos ter tomado medidas mais drásticas já no primeiro aparecimento do contágio”.
         Entre os dias 20 de fevereiro e 11 de março, em 20 dias úteis, registraram-se 827 mortes. Nos últimos dez dias, até 21.3, morreram 3.998 pessoas. Apenas no dia de ontem foram 792 óbitos, quase a mesma soma de todos os primeiros 20 dias.
         O crescimento avança acentuadamente, e ainda não há sinais de diminuição da progressão.
Precisamos prestar muita atenção aos acontecimentos para poder enfrentar o mal pela raiz.
A Itália tem uma população de 60,4 milhões de habitantes, possui um sistema de saúde pública e privada entre os melhores do mundo. O fenômeno eclodiu nas cidades mais ricas do país, como Bréscia, Bérgamo e Milão, com renda por habitante entre as maiores da Europa.
         São as cidades com maior relação de comércio e movimentação de pessoas e mercadorias com a China. Muitas empresas com estabelecimentos nessas cidades possuem filiais e relações estreitas com a China, país que deu partida à pandemia. Ontem liguei para Bréscia, onde tenho conhecidos, as notícias são estarrecedoras, a cidade vive um pesadelo. Pouco adiantaram a riqueza, o luxo, a situação abastada, os serviços públicos entre os melhores do mundo. Imagine que a Prefeitura de Bréscia fornece água quente em quase todas as habitações do seu território.
         No Brasil os primeiros casos surgiram em São Paulo e Rio, cidades que registram movimentações com a China e também com a Itália, Alemanha e Espanha, países que lideram o ranking dos casos de Covid-19.
         Um fator que tirou seriedade e gravidade nos países distantes da China do fenômeno do coronavírus é o exemplo do surto da gripe H1N1, considerada mais letal que a Covid-19, mas de propagação muito mais lenta.
         A consideração inicial era que, se passamos sem graves problemas pelo H1N1, também passaríamos pela Covid-19, que deverá encontrar em breve uma vacina eficiente.
         Entretanto, a Covid-19 tem um poder de desencadear pneumonias graves, que levam ao falecimento idosos, hipertensos, diabéticos, obesos, transplantados e imunossuprimidos. Agora mais ninguém se salva, e todas as faixas etárias e tipologias correm riscos. Ademais, quando o surto é explosivo, não há como internar todos ao mesmo tempo para oxigenar os pulmões e prestar socorro na fase pré-aguda.
         A resistência do coronavírus e a facilidade com que se difunde e se mantém ativo por longo tempo nas superfícies que atinge complicam o seu combate. O melhor ataque é usar água e sabão nas mãos, no rosto e, ainda, o álcool medicinal e dosagem 70%. Quanto mais álcool e detergentes forem disponibilizados à população, menos condições encontrará o vírus de sobreviver. Obviamente manter uma distância prudencial de outras pessoas e abster-se do contato de superfícies reduz drasticamente a possibilidade de se contrair a doença.
         Não há dúvida de que, eliminando de circulação os microrganismos, a batalha será vencida mais facilmente. Quanto menos, melhor, e isso deve partir da informação correta, da conscientização de toda a população.
         Estão surgindo medicamentos como a cloroquina, que se mostram eficazes quando associados a outros medicamentos.
         Na China, de onde veio o contágio, já não se registram novos casos. As informações que chegam desse país não são das mais confiáveis, mas pelos resultados há como crer que descobriram a fórmula de curar e que cabe a esse país divulgar e disponibilizar os medicamentos, antes mesmo que multidões cheguem a ser dizimadas.
         Aqui, a nossa capacidade de combate até o momento é assustadoramente inferior, precisamos manter as pessoas isoladas, suspender a circulação não justificada pela essencialidade que pode justificar. Distribuir em massa detergentes, sabão e especialmente álcool, que em razão de segundos desintegra o microrganismo.
         É preciso entender que as perdas econômicas e sociais serão menores se o combate for rápido e severo, só dessa forma sairemos dessa pandemia mais rapidamente.
         É de estarrecer que o STE até agora não estabeleceu uma nova agenda eleitoral, sendo que a atual prevê o término das filiações e dos cadastramentos no dia 4 de abril. Aliás uma boa medida seria suspender as eleições e levar o Fundo Eleitoral de alguns bilhões para a conta de combate à pandemia. Se depois nossos representantes no Congresso decidissem unificar as eleições, nacionais e municipais, seria uma economia incrível, e, nesse ato de coragem decidissem cortar as vagas do Poder Legislativo de 20% a 30%, o Brasil ganharia recursos para enfrentar seus mais graves problemas.
         Se o mal e o sofrimento carregam importantes recados e oportunidade, provavelmente a pandemia levará o Brasil a considerações até então inusitadas e inspiradoras.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro a ainda estratosférica marca de 316,79% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 165,60%; e já o IPCA, em fevereiro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,01%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.