terça-feira, 30 de agosto de 2022

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DAS HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS, TECNOLOGIAS, INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE NA QUALIFICAÇÃO DAS LIDERANÇAS E A TRANSCENDÊNCIA DA HUMILDADE, ALTRUÍSMO, PLENA CIDADANIA E HUMANISMO INTEGRAL NA NOVA ORDEM SOCIAL, POLÍTICA E ECONÔMICA NA SUSTENTABILIDADE

“Talentos dos líderes mais bem capacitados

       Com o boom de novos talentos da era da transformação digital, um termo tem sido bastante mencionado nos últimos tempos: o ‘talenteísmo’. Cunhado pelo fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, o conceito diz respeito ao indivíduo mais bem qualificado pelas suas habilidades técnicas, por sua criatividade e capacidade de inovação em oposição ao modelo atual, que visa ‘automatizar’ grande parte dos empregos.

         Defendido pelo presidente Marcos Troyjo do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), instituição ligada ao acrônimo Brics (grupo de países de economias emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o “talenteísmo”, na visão dele, é uma forma de inovação sensível para profissionais estarem em pontos de destaque voltados para estratégias dentro de qualquer empresa, sendo ela de pequeno, médio ou grande porte.

         Unir a criação de ideais que vão impactar sociedades juntos a tecnologia é continuar a fazer a velha pergunta: “Aonde o ser humano deseja chegar?”. A tecnologia, atrelada às redes sociais e às buscas por novos conceitos de trabalho e investimento, somados aos talentos que muitos jovens e adultos possuem, é dado como um diferencial para as empresas.

         Aqueles indivíduos que não se qualificarem dentro de um patamar menos operacional serão substituídos por programas ou robôs que poderão fazer a mesma tarefa, só com um custo bem menor do que um ser humano. A busca pela evolução por meio da educação precisa ser constante na sociedade contemporânea.

         Pesquisa feita no início deste ano pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) apontou que,e em 2021, os empregos no setor de Tecnologia da Informação (TI) cresceram cerca de 14,4%. A empresa Catho, site brasileiro de classificados de empregos, revelou no primeiro semestre do ano passado que 18% das vagas abertas para profissionais de TI não encontrava candidatos qualificados. A pesquisa feita pela Brasscom revelou, ainda, que o déficit de profissionais nessa área deve chegar a 797 mil até 2025. O motivo é a formação de pessoas que não acompanham a demanda de um mercado que exige melhor qualificação na hora de contratar, conhecimento dos serviços, graduações e cursos com novas visões e tendências para os profissionais de TI.

         Dessa maneira, criar ambientes atrativos pode ser uma forma de trazer melhor engajamento ao principal ativo de uma empresa que são os seus funcionários. Cabe também ao empregado se atualizar e estudar tendências, fazer leituras diárias sobre o que o mercado que o cerca tem feito de inovador e o que o profissional precisa para se enquadrar. Exemplo disso foi a mudança radical pela qual passou o setor de comunicação nos últimos anos. Os jornalistas, publicitários e relações públicas (RPs) tiveram que se atualizar em função das rápidas mudanças trazidas principalmente pela internet e as redes sociais e buscar novas formas de atrair as novas gerações.”.

(Rafael Dantas. Superintendente da Câmara Americana de Comércio de Belo Horizonte, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 27 de agosto de 2022, caderno OPINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 26 de agosto de 2022, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Rivalizai-vos em atenções

       Este é um conselho antigo e sempre oportuno: ‘Rivalizai-vos em atenções’. Conselho vindo da escrita do sábio apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos, a partir da preocupação pastoral e espiritual com o relacionamento humano. A dimensão relacional tem importância determinante e incidente no conjunto da vida social e política, bem como no ambiente familiar e profissional. Já aos Gálatas, Paulo escrevia lembrando o mandamento maior – amar ao próximo com a si mesmo. O mandamento maior, sublinha o apóstolo, é a única inspiração correta para não incorrer, conforme diz Paulo, na abominação de morder e devorar uns aos outros. Os seres humanos precisam agir com fidelidade ao mandamento do amor para não se consumirem mutuamente, acentuando o caos que leva a fracassos e prejudica a vida, dom precioso e sagrado que habita cada pessoa. Importa deixar-se guiar pelo Espírito de Deus, o mestre espiritual que ensina o ser humano a ‘rivalizar-se em atenções recíprocas’.

         O apóstolo Paulo focaliza a importância de se investir, com humildade, na mudança da própria mentalidade. Assim, sempre e incondicionalmente, abrir-se ao bem. O apóstolo constrói um itinerário precioso para convencer que esse investimento é dimensão fundamental do verdadeiro culto dedicado a Deus, com consequentes desdobramentos que qualificam a vida, superando circunstâncias que promovem a morte, o terror, a violência e as disputas fratricidas, em razão de rancores e ódios. Circunstâncias criadas também por convencimentos mesquinhos, quando se busca vencer “a todo custo”, mesmo que a consequência possa significar  prejuízos ao bem comum e à sacralidade da vida. Ao invés dessa perspectiva egoísta, Paulo orienta cada pessoa a não ter sobre si uma ideia muito elevada, mas uma justa estima, para evitar que o orgulho contamine escolhas, posturas e modos de se expressar. Cultivar excessiva estima sobre mesmo compromete a indispensável humildade, pode levar à mesquinhez, gerar a insolência, motivas vinganças, na contramão do amor fraterno.

         Quem guarda excessiva estima por si mesmo acha-se no direito de formular argumentos para defender o próprio lado ou partido, mesmo que isto signifique distanciar-se da verdade. Corre, ainda, o risco de gerar comprometimentos que atingem a dignidade do próximo, prejudicando o bem maior, mais importante que o brio individual ou os interesses particulares. Importa decisivamente ter bom senso, não comprometendo, instrui o apóstolo Paulo, a medida da fé que Deus deu a cada um. A compreensão a respeito dessa medida pode ser aprofundada a partir da metáfora do corpo, detalhada pelo apóstolo em alguns de seus escritos. Ele sublinha que todas as pessoas são membros de um só corpo. Cada um exercendo função diferente. Assim, embora muitos, todos, em Cristo, são “um só corpo”. Reconhecendo-se parte dele, precisa alegrar-se por promover a vida, sem apegos ou disputas, sem se morder e devorar-se uns aos outros.

         Ganha sentido e grande alcance, considerados os muitos conflitos que geram prejuízos na contemporaneidade, o conselho precioso “rivalizai-vos em atenções”. Isto não significa, obviamente, dedicar-se a cortesias que são demagogias interesseiras, ou motivadas pelo simples cultivo da boa imagem sobre si. Acolher o conselho do apóstolo Paulo é exercício capaz de qualificar o tecido da cultura contemporânea. Uma urgência ante os muitos cenários – das relações globais às regionais, dos contextos políticos e cidadãos à vida em família – onde a fraternidade está sendo substituída por belicosidades. Gestos violentos e irresponsáveis, falas agressivas, entrincheiramentos e disputas fecham corações e poluem mentes. Consideradas as necessidades de mudança, não basta simplesmente exigir adequadas estratégias governamentais ou eficazes funcionamentos da organização social e política. Há uma responsabilidade determinante e insubstituível de cada cidadão, que precisa rivalizar-se em atenções recíprocas.

         Nesse sentido, a Doutrina Social da Igreja Católica, fundamentada no Evangelho de Jesus Cristo, é referência para fecundar práticas transformadoras, com incidência na organização de instituições sociais e, também, na qualificação da subjetividade humana. Dentre os princípios reunidos na Doutrina Social da Igreja está o da igualdade de natureza entre todas as pessoas. Reconhecer essa igualdade debela preconceitos e discriminações, criando condições para a superação das vergonhosas desigualdades sociais. Trata-se de importante passo na direção do humanismo integral, investimento da Igreja Católica, em parceria e interface com outras instituições da sociedade civil.

         O investimento no humanismo integral não se efetiva a partir de subjetivismos ou da desconsideração da complexa realidade social, política, cultural e econômica. Ao invés disso, exige esta atitude humanística de cada pessoa: rivalizar-se em atenções recíprocas, dedicando-se ao próximo, contribuindo para o bem de todos, com a política melhor e com o qualificado exercício da cidadania. Vale a humildade de ser aprendiz da prática de “rivalizar-se em atenções”, para que floresçam solidariedades, diálogos e intuições dos passos novos, impulsionando a recomposição de tecidos sociopolíticos, por uma nova configuração civilizatória.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da fraternidade universal);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a estratosférica marca de 364,0% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 132,7%; e já o IPCA, em julho, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 10,07%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 522 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

 

E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”.

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da visão olímpica, do direito, da justiça, da verdade, da espiritualidade conciliadora, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal!

 

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o poder é para amar, servir e edificar!

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos!

- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”

 

 Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

      

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E DESAFIOS DAS TECNOLOGIAS, ECONOMIA ALEATÓRIA E PLANEJAMENTO NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL PARA A TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DAS CADEIAS DE SUPRIMENTOS, VISÃO OLÍMPICA E RESILIÊNCIA NA NOVA ORDEM CIVILIZATÓRIA NA SUSTENTABILIDADE

“Economia aleatória

       A partir da década de 2000, a China surpreendeu o Ocidente com seu crescente poderio econômico. Curioso, entretanto, foi que os chineses não trouxeram qualquer tecnologia, novidade ou fórmula especial de se fazer as coisas – pelo contrário, tudo o que se relaciona com o sucesso chinês é simples e tradicional.

         Lar da maior população do mundo, com 1,4 bilhão de habitantes, a China tem na sua gigantesca escala o maior fator favorável. Em uma lógica simples, considera-se que a população chinesa tem demandas básicas também enormes, sendo que os itens necessários para abastecer esse público precisam ser adquiridos – mediante o pagamento de somas enormes – junto aos mercados capazes de produzir em escala tão grande. O tamanho da população, portanto, sempre foi um problema para a China.

         Porém, com o planejamento adequado, a enorme escala populacional chinesa se tornou um fator favorável. Ao invés de buscar produzir autonomamente para atender às próprias demandas, a China abriu as portas para os empresários estrangeiros que quisessem colaborar com tal esforço de abastecimento – evidentemente, um convite condicionado pelo cumprimento das regras e do planejamento chinês. Medida simples, que poupou recursos e esforço ao Estado, atraindo interessados de todo o mundo – afinal, um mercado de mais de 1 bilhão de habitantes promete lucros quase infinitos.

         Com a instalação de milhares de indústrias em seu território, aumenta a taxa de ocupação e o nível salarial dos trabalhadores chineses, assim como a demanda por conforto e o padrão de consumo desses. O surgimento de uma colossal classe média chinesa foi decorrência desse processo, servindo também para intensificá-lo ainda mais.

         A arrecadação de impostos pelo Estado, evidentemente, atingiu cifras astronômicas, permitindo investimentos públicos em setores pelos quais o capitalismo ocidental não havia demonstrado tanto interesse.

         O Brasil também conta com grande mercado interno, historicamente subatendido e subdesenvolvido. À exceção de alguns espasmos de lucidez, especialmente no período de Juscelino Kubitschek, o grande potencial de desenvolvimento do Brasil vem sendo desperdiçado, pois não se articula o acesso ao mercado interno com objetivos econômicos maiores.

         Sem qualquer planejamento para o desenvolvimento econômico desde 1990, o Brasil deixa que as forças de mercado vaguem sem sentido país afora. Nosso mercado interno é encarado como problema – bocas a serem alimentadas – e não como fator que impulsiona soluções – um estímulo para que atores de mercado desempenhem papéis específicos que beneficiem o país. Curiosamente, ao mesmo tempo que rejeitamos qualquer tipo de ação organizada para recuperar nossa economia, ficamos admirados com o sucesso chinês – como se fosse consequência da magia aleatória dos mercados.

         Candidatos que se afirmam liberais no Brasil do século XXI, recitando ideias desconexas recortadas de manuais de economia do século XVIII, deveriam causar escândalo ao eleitor.”.

(Paulo Diniz Filho, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 23 de agosto de 2022, caderno A.PARTE, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 25 de agosto de 2022, caderno OPINIÃO, página 24, de autoria de Mourad Tamoud, chief supply chain officer global da SchneiderEletric, e que merece igualmente integral transcrição:

“O fim da globalização?

       A pandemia, as mudanças climáticas aceleradas e as tensões geopolíticas levaram muitas pessoas a questionar o futuro da globalização e, também, fizeram que empresas de todo o mundo repensassem suas estratégias da cadeia de suprimentos.

         O segmento, aliás, passa por desafios com frequência. Tempestades, greves e sanções interrompem os fluxos comerciais há séculos. No entanto, desta vez é diferente: a globalização e a tecnologia tornaram o mundo mais interconectado do que nunca. Eventos em uma parte do mundo podem se espalhar e repercutir em semanas, dias ou até horas. Dessa forma, quando as crises ocorrem, os gerentes da cadeia de suprimentos ficam lutando contra vários obstáculos em várias frentes.

         Deixando de lado o “malabarismo” imediato com a crise, os gerentes da cadeia de suprimentos também precisam considerar a resposta de longo prazo a esse cenário imprevisível.

         Remodelagem das cadeias de suprimentos

         Acompanhando esse movimento, uma pesquisa da McKinsey com executivos seniores da cadeia de suprimentos mostrou que melhorar a flexibilidade, agilidade e resiliência do setor estava no topo da lista de prioridades. A maneira que encontraram de fazer isso foi a regionalização.

         Há lógica nesse pensamento. “Nearshoring” ou “reshoring” – ou seja, fabricação, montagem e distribuição mais perto de onde os produtos serão vendidos. Isso aproxima as operações de seus clientes e, assim, ajuda as empresas a melhorar a forma como fazem o atendimento.

         Talvez ainda mais importante, nearshoring também significa que as companhias precisam desenvolver novos ecossistemas, trabalhar em sincronia com fornecedores e parceiros – de matérias-primas a peças, transporte e montagem final. Esse processo facilita a troca de conhecimento, experiência e colaboração, o que, por sua vez, permite que as empresas inovem e se adaptem mais rapidamente às necessidades dos clientes e às tendências do setor.

         Equilíbrio entre o global e o local

         No entanto, as cadeias de suprimentos locais têm vulnerabilidades significativas. Como elas estão mais expostas a interrupções que podem surgir localmente, os gerentes precisam ter planos de backup, que permitem que a fabricação seja selecionada ou mantida em outro lugar se necessário.

         A padronização global de processos e produção, em contrapartida, fornece a espinha dorsal necessária, melhorando a resiliência geral do segmento. E sempre haverá uma porcentagem de oferta global – certas matérias-primas, como plásticos e componentes eletrônicos, incluindo semicondutores, por exemplo.

         Em outras palavras, a resiliência da cadeia de suprimentos não é algo global ou local, mas busca um equilíbrio que colha os benefícios e reduza os riscos de ambos. Além disso, com esse princípio, a tecnologia está ajudando que os desafios – mesmo que corriqueiros – se tornem cada vez mais amenos e gerem menos impactos nas operações como um todo.

         Sustentabilidade

         Há também um imperativo de sustentabilidade: as cadeias de suprimentos mais curtas têm menos impacto no meio ambiente do planeta.

         As cadeias de suprimentos das empresas de consumo normalmente respondem por mais de 80% de suas emissões totais de gases de efeito estufa e mais de 90% de seu impacto na terra, água, biodiversidade e nos recursos geológicos, de acordo com a McKinsey.

         Por isso os líderes de negócios e da cadeia de suprimentos têm a responsabilidade de reduzir esse impacto. Nearshoring e cadeias de suprimentos mais curtas são uma maneira de fazer isso, assim como as tecnologias digitais para gestão e eficiência de energia e recursos.

         Seja fornecendo energia verde, reduzindo embalagens ou dando aos produtos uma segunda vida, há muitas maneiras concretas pelas quais as empresas podem e devem agir.

         Há muita retórica sobre o fim da globalização. A realidade, no entanto, é muito mais sutil. Maior agilidade e resiliência nas cadeias produtivas não é um caso de preto e branco ou algo como local versus global. Em vez disso, trata-se de encontrar um equilíbrio entre os dois – agora e no futuro.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da fraternidade universal);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a estratosférica marca de 364,0% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 132,7%; e já o IPCA, em julho, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 10,07%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 522 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

 

E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”.

 

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da visão olímpica, do direito, da justiça, da verdade, da espiritualidade conciliadora, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal!

 

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o poder é para amar, servir e edificar!

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos!

- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”

 

 Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

terça-feira, 23 de agosto de 2022

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DO APRENDIZADO INTEGRAL NA QUALIFICAÇÃO DO ENSINO BÁSICO PRESENCIAL PARA A TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE CONCILIADORA, IGUALDADE E FRATERNIDADE NA NOVA ORDEM CIVILIZATÓRIA NA SUSTENTABILIDADE

“A importância do ensino básico presencial

       A importância da educação básica para o desenvolvimento socioeconômico de um país é matéria de amplo conhecimento da sociedade. O recém-publicado estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) deixa isso ainda mais claro ao concluir que, ao longo das próximas décadas, os brasileiros terão uma das maiores perdas de renda entre as grandes economias globais em razão do fechamento das escolas na pandemia. Se nada for feito para recuperar a falta de aprendizado completo, principalmente da população mais vulnerável, a renda média dessa população afetada pode sofrer uma redução de 9,1% ao longo da vida.

         O fechamento das escolas, com a transferência do ensino para o sistema remoto, foi uma medida que o país precisou enfrentar para não sofrer danos sanitários maiores em decorrência da pandemia. Porém, principalmente para o ensino fundamental das populações mais pobres, houve deficiência na oferta da modalidade remota, ocasionada por diversos fatores, agravada pelo longo tempo em que as crianças se viram privadas de frequentar suas escolas, com profundos reflexos na aprendizagem desse estrato da população.

         O espaço escolar é um ambiente privilegiado para o desenvolvimento dos estudantes, pois permite a interação aluno-professor, a convivência entre os colegas, a oportunidade de debate de ideias e tudo o que propicia a construção do sujeito, em sua perspectiva intelectual, e suas relações afetivas, sociais, emocionais e éticas. Parte dessa riqueza se perde no ambiente virtual, sem falar na grande parcela das famílias que não possui a necessária estrutura tecnológica – equipamentos e rede digital – para que seus filhos possam acompanhar as aulas e as atividades.

         Não é novidade que a inovação tecnologia deu um salto durante o período de aulas remotas, com instrumentos que auxiliam no processo educativo, mas as novas plataformas, apesar de continuarem relevantes em um cenário pós-pandêmico, devem ser consideradas complementares. Nada substitui a riqueza da convivência, principalmente no ensino fundamental, quando a escola é o elo da criança com a formação comunitária e suas relações interpessoais.

         Precisamos ter consciência de que a educação básica vai muito além da função técnica, de repasse de conteúdo. Ela é rica pelo processo de aprendizagem não apenas das disciplinas curriculares, mas pela construção da cidadania, pelo compartilhamento de valores. A escola é um ambiente vivo e pulsa com as interações que o ensino presencial proporciona.

         No caso das famílias mais vulneráveis, a escola tem mais um papel, que é o protetivo. Diante de uma realidade na qual persiste o abandono escolar, a violência doméstica e tantas outras situações de risco, a escola é um dos atores de uma rede de apoio que precisa existir e produzir relações de confiança que permitam o monitoramento desses casos. O contato e a atenção de cada um que vivencia o ambiente escolar podem quebrar correntes de violações aos direitos das crianças e adolescentes.

         Assim, a retomada do ensino presencial deve ser encarada com um desafio maior, fortalecendo a qualidade da educação infantil e fundamental, recuperando o gap de aprendizagem resultante de um processo educativo deficiente nesse período, principalmente para as comunidades mais empobrecidas pela situação de pandemia. O quadro mostrado pelo FMI é de longo prazo e, por isso, pode ser revertido. Está claro que a educação permite perspectiva de aumento de renda, de futuro para essas famílias que sofrem, não somente pelo risco à saúde, mas pela segurança alimentar e outras condições mínimas de proteção social. E, para essa base, não apenas o poder público como as instituições filantrópicas terão papel relevante, dando oportunidade para que essas crianças se desenvolvam com qualidade.”.

(Antonio Rios. Superintendente do Grupo Maristas, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 23 de julho de 2022, caderno OPINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 19 de agosto de 2022, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Diálogos pelo bem maior

       Tecer redes de diálogos pelo bem maior é uma responsabilidade que precisa envolver cidadãos e cidadãs, considerando a urgente necessidade de superar problemas sociais. A sociedade é complexa e requer dinâmicas essenciais para o resgate de valores capazes de substituir cenários abomináveis – dentre eles a desigualdade social e violência crescente. Especificamente, é preciso superar a “babel” contemporânea. Essa “babel” é resultado de uma inabilidade generalizada para se lidar com o conjunto de subjetividades, de perspectivas de grupos e instituições, que constituem a sociedade. Na ausência de parâmetros inegociáveis, muitos deles detalhados na Doutrina Social da Igreja, não se avançará no estabelecimento de diálogos pelo bem maior. Ao invés disso, prevalecerá a mágoa que estimula reações de vingança ou desencadeia a indiferença. Serão naturalizadas atitudes egoístas que levam a perdas de tudo que já foi conquistado para o bem de todos. Na pluralidade de perspectivas, urgente é investir em referências capazes de alinhar entendimentos, em vista de diálogos pelo bem maior.

         A busca pela consolidação dessas referências é caminho longo, mas também um amplo horizonte, que precisa enfatizar a importância de cada pessoa cultivar em si um coração de paz. Viver em “pé de guerra”, conforme se diz popularmente, impede o diálogo essencial ao alcance do bem maior. Esse bem, construído a partir de corações da paz, remedia desencontros, ajusta entendimentos e produz uma compreensão capaz de reconhecer que a vida se arquiteta a partir de ciclos que se abrem e se fecham. Nesse sentido, aqueles que cultivam coração de paz capacitam-se para bem escutar o conselho de Jesus aos seus discípulos, ante as muitas labutas e conquistas da vida. Todos, orienta o mestre, devem se considerar servidores, e, como simples servos, dizer com alegria: “Fez-se o que se devia fazer”. Assim, um sentimento saudável fecunda o ciclo novo que se abre, inspira diálogos para o bem maior.

         A contribuição cidadã para que sejam constituídos diálogos essenciais ao bem maior exige profundo respeito a cada pessoa. Trata-se de condição inegociável para se promover a paz, levando à urgente edificação de alicerces para sustentar um autêntico humanismo integral. A construção de um futuro mais sereno depende essencialmente desta atitude de cada pessoa: cultivar um coração de paz. Essa atitude não constitui simplesmente uma ação política, também não se trata apenas de civilidade emoldurada pela nobreza de atos, posturas e ditos. A paz no coração humano é efeito da ação divina, um dom de Deus. Há uma lógica moral inscrita na interioridade  de cada pessoa que ilumina a existência, inspira a convivência entre os povos, determinantemente contribuindo para que sejam efetivados diálogos promotores do bem maior.

         Só dialoga para o bem quem considera “cláusula pétrea” o princípio da igualdade essencial entre os seres humanos – todos filhos e filhas de Deus. Essa dignidade comum é, pois, alicerçada em uma pedra transcendente que não permite atitudes e sentimentos discriminatórios, excludentes, em nenhuma circunstância. Assim, se percebe que não basta simplesmente buscar ganhos individuais, desconsiderando o próximo. No conjunto de ensinamentos da Igreja Católica inscreve-se a convicção de que, na raiz das inúmeras tensões que ameaçam a paz, estão justamente as incontáveis situações de injustiça. Os diálogos pelo bem maior, capazes de tecer a paz, precisam ultrapassar interesses de grupos, o atendimento de “caprichos” pessoais ou partidários, para verdadeiramente priorizar o que gera igualdade e fraternidade. Para isso, cada pessoa deve incomodar-se com as perversas desigualdades no acesso a bens essenciais – comida, água, casa, saúde, dentre outros. Superar essas desigualdades que ferem os direitos humanos é a prioridade quando se pensa em diálogos pelo bem maior, que são essenciais à “ecologia da paz”.

         A Doutrina Social da Igreja focaliza, ao lado do conceito de ecologia relacionado à natureza, a ecologia humana, vinculada ao contexto social, que para ser bem cuidado exige adequadas políticas públicas. E o coração da paz de cada pessoa é insubstituível para enfrentar, colaborativamente, os desafios deste tempo, na contramão de polarizações, do fechamento ao diálogo e da mesquinha defesa dos próprios interesses. Cada pessoa, esperançosamente, cultive um coração de paz, inspirando diálogos pelo bem maior.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da fraternidade universal);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a estratosférica marca de 364,0% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 132,7%; e já o IPCA, em julho, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 10,07%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 522 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

 

E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”.

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da visão olímpica, do direito, da justiça, da verdade, da espiritualidade conciliadora, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal!

 

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o poder é para amar, servir e edificar!

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos!

- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”

 

 Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.