(Setembro = mês 92; faltam 78 meses para a Primavera Brasileira)
“Karman
Uma
leitora desta coluna me solicitou um artigo sobre o carma, palavra sânscrita
(“karman”) que se usa comumente para identificar uma ‘força geradora do
destino’.
A ela se
ligam também crenças de transmigração ou reencarnação, defendidas por todas as
religiões orientais. Vale a pena lembrar que o cristianismo, na fase gnóstica,
aceitava as teorias da reencarnação, definitivamente banidas no século VI
depois de Cristo, quando a Igreja Católica passou a conceder ao homem uma única
vida terrena e corpórea, seguida de eternidade espiritual no inferno, no
purgatório ou no paraíso, até que, no Juízo Final, os eleitos sejam convocados
a se sentar junto de Deus Pai.
Não me
reputo suficientemente preparado para desvendar as dúvidas da minha amável
leitora nem me incluo entre os teólogos ou teósofos capacitados a dar luz
meridiana a uma questão cheia de incertezas e caixas de surpresas. Apenas me
manifesto para desnudar a minha ignorância e, talvez, com isso, não a deixar
sentir-se sozinha. Estaremos, assim, sentados no mesmo degrau, aguardando a
misericórdia de iluminados.
Iluminados
como Annie Besant, que escreveu “Carma É Literalmente Ação”, pois ação é a
realização de uma vontade – um verbo bíblico que desencadeou o Universo.
Nessa
perspectiva, carma é a essência da ação, que gera reação e alonga a cadeia
infinita das causas e dos efeitos que se sucedem numa eterna perseguição.
Portanto, se tivermos ações e pensamentos de bem, tiraremos bons frutos e
satisfações no futuro.
Ganham-se
méritos também suportando com serenidade o pagamento das dívidas do passado.
Passado que pode tardar, mas que sempre chega, apresentando sua conta. Será
libertado do carma e entrará na “comunhão dos santos” ou no nirvana quem
apreender a exercitar exclusivamente o bem incondicional e sem fronteiras. Não
o bem egoísta dos desejos pessoais, mas o bem da humanidade inteira, pois somos
facetas de uma única e inseparável realidade, na qual se gera e se esgota o
carma.
Cristo
disse ao paralítico: “Levanta, teus pecados te foram perdoados”, e acelerou,
assim, com seu infinito amor, um destino. Mas quem imagina do carma é um insensato,
porque logo, ou mais tarde, a conta chegará.
Carma
tem memória de ferro, tanto para o bem quanto para o mal. É um reservatório que
armazena, conserva e devolve em perfeito estado de conservação tudo o que
presenciou.
Dele
nada foge. Carma é a própria justiça divina.”
(VITTORIO MEDIOLI, em artigo publicado no
jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 2 de setembro de 2024, caderno A.PARTE,
página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.arquidiocesebh.org.br,
edição de 30 de agosto de 2024, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral
transcrição:
“Com o olhar contemplativo
A
humanidade precisa sempre manter o olhar contemplativo, é o que pede o Papa
Francisco, inspirando necessária reflexão: a expressão “contemplativo” indica
um modo específico de olhar. Há muitos olhares, que se desdobram em
interpretações sobre o mundo, definindo os rumos da vida. Cada olhar define
universos de compreensão sobre pessoas, grupos e segmentos, opções políticas e
posturas cidadãs. Determina prioridades e influencia a configuração de cenários
na sociedade. Por isso mesmo, é tão importante o olhar contemplativo que,
conforme ensina o Papa Francisco, é alcançado pela sabedoria da fé. A fé
configura e nutre o olhar contemplativo, emoldurando o horizonte de compreensão
que permite reconhecer: todos os seres humanos fazem parte da mesma família,
fundamento para se adotar o princípio da fraternidade solidária. Este olhar
qualificado tem força para definir a inclusão social como prioridade, iluminado
pela certeza de quer os bens da terra são de destinação universal.
E a
solidariedade é a direção alcançada por meio do olhar contemplativo, que leva a
compreender a cidade, habitada por todos, como ambiente que deve estar sempre
com as portas abertas. Uma compreensão capaz de inspirar ações que objetivem
consolidar a paz e a justiça, essenciais para que o ser humano conviva
harmonicamente. Quando se enxerga a cidade com um olhar contemplativo, marcado
pela luz da fé, identifica-se a presença de Deus nas casas, ruas e praças. A
descoberta de Deus em tudo que integra a cidade, especialmente nos seus
habitantes, é fonte de incondicional respeito à dignidade de cada pessoa,
corrigindo descompassos assustadores: a injustiça promovida, inclusive a partir
do silêncio conivente, é um dos impulsos da violência e, consequentemente, da
insegurança. Um antídoto para esse cenário é o olhar contemplativo, que permite
alcançar a competência humano-espiritual para adequadamente tratar o
semelhante, sem preconceitos ou discriminações, um caminho para a fraternidade
e o bem-viver. O olhar qualificado pela fé permite enxergar as riquezas que
habitam o semelhante, possibilitando a valorização de sua cultura, motivando
gestos de acolhida, dinâmicas que levam a um mútuo enriquecimento.
Com o
olhar contemplativo, a mente humana encontra caminhos para construir
entendimentos a partir do diálogo, superando recursos mordazes presentes em
determinados tipos de críticas que acirram disputas, levando apenas à perda de
energias, ao obscurecimento de soluções. Essas críticas buscam simplesmente
impor opiniões, em uma dinâmica estabelecida por pessoas que apenas enxergam os
lados dos vencidos e dos vencedores. Essa visão parcial compromete, inclusive,
a paz, em diferentes instâncias e situações, com prejuízos maiores para os mais
frágeis e desprotegidos da sociedade. Ao invés de almejar vitórias em disputas,
o olhar contemplativo inspira a sensibilidade para a inegociável consideração
de todos como membros da família humana. Pode garantir a governantes a virtude
de alicerçar suas decisões na busca pelo bem comum e pela justiça, alcançando
competências e agilidade para efetivar políticas públicas capazes de inspirar
mais acolhimento, cuidado com os pobres, migrantes e vulneráveis. Assim, o
olhar contemplativo evita corrupções ou manipulações de recursos para
finalidades egoístas.
Do olhar
contemplativo brota uma fonte sapiencial que permite reconhecer caminhos para a
paz social e que levam também à justiça solidária, traduzida e espelhada em
legislações capazes de gerar mais igualdade. Conforme afirma o Papa Francisco,
essa sabedoria alcançada por um olhar qualificado pode transformar as cidades
em canteiros de paz, superando cenários similares a arenas onde prevalece a
violência, ou a ilhas onde ficam isolados aqueles que têm muitas riquezas,
distantes de quem é privado dos bens essenciais. O olhar contemplativo amplia a
inteligência humana a partir de princípios humanitários para dissipar a
vergonha dos cenários de exclusão do mundo da educação, dos que passam fome,
dos migrantes e refugiados. É um olhar essencial para constituir nova
sociedade, marcada pela justiça. Nesse sentido, inspira o desejo de progredir e
avançar nos próprios negócios sempre no horizonte do desenvolvimento integral,
sensível aos anseios dos pobres, das crianças, dos jovens e dos idosos
desamparados.
A fonte
que alimenta o olhar contemplativo é a fé, que permite reconhecer: Deus protege
e cuida dos pobres, na contramão de corações que apenas multiplicam focos de
guerra, com destruições irracionais de bens e de vidas. Importante dizer que o
olhar contemplativo vai além de simplesmente cultivar um coração misericordioso
diante dos sofrimentos dos semelhantes. É um olhar que se desdobra em atitudes
concretas voltadas à promoção de uma vivência digna para todos, contribuindo
para que a casa comum seja regida por princípios civilizatórios capazes de
inspirar o respeito ao meio ambiente. Busque-se este gesto simples, mas com
grande poder de transformação – capaz de promover a paz interior e, ao mesmo
tempo, qualificar ações de impacto social: a partir da iluminação que vem da
fé, cultivar o olhar contemplativo.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa
história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil, com o auxílio da
música, yoga e shantala (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de
idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos
nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação
profissional (enfim, 134 anos depois, a República proclama o que esperamos
seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de
maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova
pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da
civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da
sustentabilidade... e da fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2024, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,5 trilhões (45,98%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,7 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
pois, quando os títulos da dívida financiam os investimentos nos tornamos TODOS
protagonistas do desenvolvimento SUSTENTÁVEL da nação;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
63
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2024)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar - jamais, jamais e jamais para subir,
dominar, oprimir, destruir ou matar!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana e espiritual, e, ambiental, com
pesquisa, proteção e preservação dos nossos inestimáveis recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes ...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”.
- (Re)visitando o Santo Graal, para uma vida
virtuosa: “... porque és pó, e pó te hás de tornar. (Gen 3,19)”.
- “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós
que recorremos a vós! (1830) ...
- “... A paz esteja convosco”. (Jo 20,19) ...
- Um hino de amor: “Nossa Oração” – Luiz Ayrão
...
- A arma espiritual mais poderosa do mundo: a
reza diária do Santo Terço!
- Helena Antipoff: a verdadeira fonte de alta
performance!
- Milton Santos: Por uma outra globalização do
pensamento único à consciência universal.
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrimas,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!