“Antigos alunos, novos desafios
Estamos
à beira de concluirmos mais um ano letivo marcado pelas sequelas da pandemia,
como as regras de convivência social. Diversos foram os desafios enfrentados ao
longo de 2020 e 2021, sobretudo no campo da saúde pública e dos impactos
financeiros, que foram devastadores para muitas famílias e para a economia do
país, de modo geral.
Diante
dessas adversidades, a escola foi pega de surpresa, fazendo com que em poucos
dias mudasse seu sistema presencial e entrasse em um processo nunca vivenciado
por estudantes, famílias e professores. Assim como o processo de adaptação para
o modelo remoto foi um grande desafio, o retorno ao modelo presencial, que
ocorre definitivamente desde o mês de novembro, abre precedentes para novas
discussões e adversidades.
Os
estudantes são os mesmos, mas os obstáculos são novos.
Por
causa do distanciamento social, os impactos relacionados à ética de
relacionamentos e à convivência em grupo acabaram se abalando, ao ponto de
muitos jovens perderem alguns referenciais.
A
própria noção do público e privado acabou por ser afetada, sobretudo pela
ampliação do uso das redes sociais e dos dispositivos móveis. Se antes a
separação entre escola, trabalho e casa era bastante evidente, agora a escola e
o trabalho “entraram” em nossos lares, fazendo inclusive com que a relação que
possuímos em casa e a forma como nos relacionamos no trabalho acabe por afetar
as relações com o mundo por trás das câmeras. Porém, neste momento de retorno
presencial, é necessário resgatarmos as regras e etiquetas sociais que foram
abaladas pela pandemia para que a convivência em sociedade possa ser harmoniosa
e, sobretudo, respeitosa.
A
constituição do ser humano sempre se deu na parceria entre família, escola e sociedade.
Entretanto, ao longo desses quase dois anos, a escola e a sociedade
participaram do processo de forma paralela, e as consequências estão sendo
sentidas apenas agora, no período em que os estudantes retornaram ao modelo
presencial. O contato com algumas regras e desafios ocorre de maneira
conflituosa, sobretudo porque estavam sendo vivenciadas dentro de suas próprias
casas e ditadas por sua família.
Mas como
resgatamos comportamentos que ficaram “esquecidos” ao longo desse período? Qual
o papel da família diante disso?
É
evidente que todos que foram envolvidos no processo de aulas remotas
conquistaram novos aprendizados. Essa prática gerou uma nova experiência de
relacionamentos interpessoais na aprendizagem dos estudantes, maior autonomia,
organização do tempo, do espaço e, portanto, maior gerenciamento de sua vida
acadêmica. E aos pais, uma reorganização de sua rotina, maior empatia e
cooperação em partilhar seus equipamentos tecnológicos com os filhos e
cônjuges.
A volta
às aulas presenciais está demandando dos profissionais da educação
direcionadores e orientações pontuais junto às famílias sobre os comportamentos
e atitudes esperados dos estudantes. É um caminho a ser construído por todos.
Neste momento é necessária a presença ainda mais efetiva da família, que é quem
está ao lado dos jovens, porém sempre amparada e acompanhada pela escola.
A
prática de esportes, atividades coletivas, práticas de escuta, terapia
comportamental e presença significativa da família são excelentes ferramentas
para amparar e reparar os reflexos trazidos pelo isolamento em um período de
formação intelectual e social dos adolescentes. Afinal de contas, a escola é
imprescindível para a humanização, e os laços familiares colaboram para esse
processo, independentemente do contexto em que vivemos.”.
(Carlos Dorlass* e Thiago Cachatori**
*Diretor geral e
**coordenador do ensino médio do Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo
(SP)
em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo
Horizonte, edição de 3 de dezembro de 2021, caderno OPINIÃO, página 25).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.domtotal.com,
edição de 08 de janeiro de 2022, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente
integral transcrição:
“Caminhos da paz
Paz
remete a bens indispensáveis em respeito e gratuidade à dignidade de toda
pessoa. Compreende-se a dramaticidade dos tempos atuais quando grande parte da
humanidade se encontra privada desses bens. Os cenários de miséria, fome,
migrações de populações inteiras – situações que configuram o clamor dos pobres
desta terra – confirmam essa realidade. O clamor dos pobres incomoda muitas
pessoas, mas precisa ser ouvido. Aqueles que se incomodam reagem com
indiferença, dedicam frio tratamento às urgências contemporâneas. Apesar dessas
reações, a voz dos pobres, insistentemente, indicará: a humanidade precisa
mudar. E sem a escuta desse clamor, sempre se correrá da insensibilidade que
inviabiliza a coragem de questionar e renunciar a privilégios – não há
dedicação aos processos de transformação social. A escuta do clamor dos pobres
não é bálsamo, mas remédio que interpela, podendo curar indiferenças e a
mesquinhez, produz inspirações na correção de rumos e sensibilizações
intuitivas, a partir do sonho de se consolidar a igualdade social.
Quando
escutado, o clamor dos pobres possibilita que sejam encontradas, com mais
celeridade, soluções para os problemas sociais, qualifica a cidadania e promove
a clarividência essencial às adequadas escolhas políticas – capazes de dar
novos rumos à sociedade. Ao se reconhecer que incontáveis pessoas estão
privadas de bens essenciais, busca-se, com mais intensidade, reconfigurações na
organização sociopolítica, para que a civilização contemporânea se fundamente
nos parâmetros do humanismo integral. No horizonte do entendimento bíblico, paz
é justamente o nome do conjunto de bens essenciais indispensáveis à dignidade
humana. Por isso mesmo, garantir o direito de cada pessoa ao que é essencial à
vida digna é caminho para a paz, tornando-se responsabilidade de governantes,
construtores da sociedade e cidadãos. Para bem exercer essa tarefam oportuno é
retomar a lembrança que o Papa Francisco apresenta, na sua Mensagem para o Dia
Mundial da Paz de 2022: conforme São Paulo VI, há um novo nome para a paz –
desenvolvimento integral.
A
família humana padece em razão das parcialidades que contaminam os modos de se
pensar o desenvolvimento. As lógicas que buscam simplesmente o lucro e o
benefício de alguns, enquanto a grande maioria está sofrendo, sem o que é
essencial à dignidade, prejudicam a efetivação do desenvolvimento integral. O
Papa Francisco sublinha, especificamente, a importância do diálogo entre as
gerações para que todos avancem rumo à paz. Dialogar torna-se desafio ainda
maior no contexto estabelecido pela pandemia, quando muitos se refugiam da
realidade, aprisionando-se em mundos paralelos, como se pudessem, assim, estar
protegidos das muitas formas de violência e de ameaças.
Aqueles
que se fecham à realidade do mundo, de modo egoísta, são mais propensos a agir
com indiferença em relação ao semelhante. Alimentam polarizações e protagonizam
descompassos relacionais e existenciais. Distantes do diálogo, ficam com a
mente e o coração obscurecidos, tornando-se obstáculos para o desenvolvimento
integral, que exige a inclusão de todos na vida social e econômica. Causa
perplexidade, para citar uma situação, a postura daqueles que, para alcançar
seus propósitos, julgam-se no direito de promover a destruição dos outros. Agem
como se o fracasso e a fragilidade do semelhante fossem degrau ou trampolim
para conquistar objetivos. Trata-se de um modo de agir que sinaliza a confusão
social, a ser corrigida por meio do diálogo. Ante as limitações de
representantes do povo nas instâncias do poder, daqueles que ocupam cargos e
funções em lugares estratégicos, há quem sinta certo desânimo para dialogar.
Contudo, o diálogo é remédio para corrigir, ainda que a longo prazo,
obtusidades e promover entendimentos lúcidos, iluminando a “mundividência”
daqueles que estão aprisionados nos próprios estreitamentos.
O Papa
Francisco sublinha que dialogar significa “ouvir-se um ao outro, confrontar
posições, pôr-se de acordo e caminhar juntos”. Diálogo, pois, é caminho para a
paz, estabelecendo alianças urgentes, com a correção de descompassos – em falas
e posturas – para que seja priorizado o bem comum. Nessa perspectiva, seja
acolhida a indicação do Papa: os grandes desafios sociais e os processos de
pacificação não podem prescindir do diálogo entre gerações, promovendo uma
política sã – que não se contenta com remendos ou soluções rápidas. Ao invés
disso, como forma eminente de amor pelo semelhante, busca projetos
compartilhados e sustentáveis, construindo, a partir do diálogo, os caminhos da
paz.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno desenvolvimento
da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 132 anos
depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de
uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças
vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da
ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação,
da solidariedade, da sustentabilidade... e da fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,341 trilhões (49,64%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias,
portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.