(Julho = 68; faltam 102 meses para a Primavera Brasileira)
“Fome dos que comem
Há
duas fomes no Brasil de hoje: a de comida, que maltrata e mata, e a da moral,
dos que assistem à tragédia sem indignação com o sofrimento alheio, nem
inteligência para perceberem o custo social e econômico para o país.
Assistimos
constrangidos a 33 milhões de brasileiros dormindo e acordando com fome,
sobrevivendo com fome. E ela não decorre da escassez de alimentos no país:
nosso território não é desértico, não enfrentamos guerra, não fomos invadidos.
É vergonhoso que essa fome no país, que é um dos maiores exportadores, onde o
agronegócio produz safras recorde sucessivas e a televisão apresenta horas
diárias de realities com concursos, lições e turismo de gastronomia.
Há
países que também têm contingentes de famintos, mas nenhum deles tem tanto
alimento disponível, tanta propaganda de comida, nem tanta apologia da
gastronomia. A fome africana ocorre por falta de comida no país, a fome
brasileira é por falta de acesso dos famintos à comida disponível ao redor.
Nossa vergonha é esta: vem da falta de solidariedade com os que passam fome e
de competência para levar a comida de onde sobra para onde falta.
A fome
no Brasil vem da insensibilidade social e de prioridades de políticas
equivocadas. A fome de educação também não decorre da necessidade de negar a
educação a alguns para oferecer a outros. Ambas as fomes, de comida e de
educação, são resultados da maldade, da insensibilidade e da estupidez.
Se o
faminto contaminasse pessoas alimentadas, como o vírus faz ao passar do
indivíduo doente para o saudável, certamente já teríamos aplicado a vacina
disponível: acesso de todos à comida que sobra, construindo economia dinâmica e
assegurando emprego e renda. O mesmo acontece com o analfabetismo: se os cerca
de 13 milhões de adultos analfabetos contaminassem aqueles que já aprenderam a
ler, rapidamente surgiria a vacina: escola para todos desde a primeira
infância.
Alimentar
os 33 milhões que passam fome não apenas reduziria o sofrimento dessas pessoas
e suas famílias, mas melhoraria imediatamente a vida de todos nós, sem a
vergonha que sentimos, e beneficiaria a todos com o trabalho produtivo dessas
pessoas. Da mesma forma, a educação para todos não apenas daria nova vida aos
analfabetos, como elevaria a produtividade do trabalhador brasileiro, a renda
social, a riqueza de todos.
A fome
está no estomago de quem não tem comida, mas também no coração e na mente dos
que comem, especialmente daqueles que têm poder para mudar a realidade, criar
mecanismos para que o excesso chegue aos que têm escassez de comida. Mas, para
que isso ocorra, é preciso matar a fome dos que comem: fome de indignação e de
inteligência.”.
(Cristovam Buarque. Professor emérito da UnB e
membro da Comissão Internacional da Unesco para o Futuro da Educação, em artigo
publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 1 de julho de
2022, caderno OPINIÃO, página 19).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.domtotal.com,
edição de 03 de julho de 2022, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:
“Pauta do novo humanismo
Investir
na consolidação do novo humanismo, proposto pelo Papa Francisco, é uma urgência
capaz de corrigir os rumos da civilização. Especialmente, trata-se de movimento
que contribui para formar líderes promotores do diálogo, comprometidos com a construção
de um tempo melhor. A busca por um novo humanismo, que tem envolvido estudiosos
e pesquisadores, frequentemente inspirando rodas de conversas, é ainda um
projeto, mas constitui um broto de esperança, “luz no fim do túnel”. Permanecer
distante, sem se envolver na efetivação desse projeto, por pouco compreender o
que significa um novo humanismo, significa contribuir para o acúmulo de
prejuízos na contemporaneidade. É preciso buscar uma reação para trilhar
caminhos diferentes.
Individualmente
ou em grupo torna-se importante compreender o significado de um novo humanismo,
com suas potencialidades para reverter perdas na cultura, na história e nos
patrimônios relevantes. O esvaziamento humanístico da existência revela-se na
animalização das relações, com o assombroso recrudescimento de diferentes tipos
de violência, naturalizando preconceitos e discriminações. Dentre essas muitas
violências, inscreve-se aquela que se manifesta na indiferença em relação aos
que sofrem. Ela se torna especialmente grave quando a fome de muitos passa a
ser normalizada, não gerando o necessário incômodo para atitudes cidadãs mais
assertivas. Consequentemente, prevalece certa inércia ou, no máximo, gestos
pontuais.
Outra
consequência do esvaziamento humanístico é o instinto de autofagia que se
verifica quando segmentos da sociedade destroem o próprio patrimônio, com uma
enfurecida cegueira que não os permite enxergar as consequências de suas
atitudes. São, assim, capazes de destruir em pouco tempo o que se edificou ao
longo de décadas e até de séculos, movidos por uma incompetência humana
perigosa e desleal – rifam por pouco o que vale muito, negociam o inegociável.
Também não são raras as manifestações de autoritarismo que sinalizam
esvaziamentos humanísticos. Essas manifestações nada mais são do que tentativas
para encobrir a realidade, explicitando a carência de um senso humanístico, com
impactos nas relações.
A
superficialidade humana nas impaciências de todo tipo, pelas redes digitais e
nos encontros presenciais, inviabiliza a sincera constituição dos laços de
fraternidade. Por isso mesmo, ainda que por abordagens simples, e sem a
profundidade de reflexões filosófico-antropológicas, é preciso, cotidianamente,
se dedicar à pauta do novo humanismo. É incontestavelmente urgente produzir
adequada reação a discursos destrutivos, superando negacionismos, ódios e
autoritarismos. Ao invés da destruição e do caos, a humanidade precisa
construir o caminho que leve ao desenvolvimento integral. E a pauta do novo humanismo
pode proporcionar à sociedade um discurso de união, com capacidade para ajudar
na constituição e no fortalecimento de laços fraternos. O mundo político
precisa ser fecundado por esse tom unificador, para dar conta de sua importante
e insubstituível tarefa, intuindo legislações e práticas capazes de promover o
bem comum. Nessa direção, é importante e determinante priorizar o ser humano,
reconhecendo e dedicando-se especialmente aos clamores dos pobres e sofredores.
Uma prioridade na contramão de lógicas com a aridez e a frieza da ilimitada
ganância pelo lucro.
A
consideração da pauta de um novo humanismo aponta, especificamente, para a
necessidade de se dedicar atenção à cultura que fortemente incide sobre a vida.
A dimensão cultural é fonte de sensibilização humanística. Contempla também o
adequado tratamento da política, pela qualidade das relações no respeito
incondicional a direitos. No campo econômico, efetiva-se novo humanismo quando
se vence perversidades e se busca a inclusão, em um incondicional respeito ao
meio ambiente. Este tempo grave exige, pois, criatividade para que sejam
estabelecidas novas dinâmicas capazes de levar a grandes mudanças
civilizatórias. Aqueles que se fundamentam em princípios e valores
imprescindíveis – coerentes com o Evangelho de Jesus Cristo, sem manipulações e
interpretações fundamentalistas – são promotores das mudanças almejadas. Cresça
o interesse pela pauta do novo humanismo, única saída para a crise enfrentada
pela humanidade, investimento para a edificação de um tempo novo.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento
da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade,
em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da
modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da
fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído
com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.