“Economia aleatória
A
partir da década de 2000, a China surpreendeu o Ocidente com seu crescente
poderio econômico. Curioso, entretanto, foi que os chineses não trouxeram
qualquer tecnologia, novidade ou fórmula especial de se fazer as coisas – pelo
contrário, tudo o que se relaciona com o sucesso chinês é simples e
tradicional.
Lar da
maior população do mundo, com 1,4 bilhão de habitantes, a China tem na sua
gigantesca escala o maior fator favorável. Em uma lógica simples, considera-se
que a população chinesa tem demandas básicas também enormes, sendo que os itens
necessários para abastecer esse público precisam ser adquiridos – mediante o
pagamento de somas enormes – junto aos mercados capazes de produzir em escala
tão grande. O tamanho da população, portanto, sempre foi um problema para a
China.
Porém,
com o planejamento adequado, a enorme escala populacional chinesa se tornou um
fator favorável. Ao invés de buscar produzir autonomamente para atender às
próprias demandas, a China abriu as portas para os empresários estrangeiros que
quisessem colaborar com tal esforço de abastecimento – evidentemente, um
convite condicionado pelo cumprimento das regras e do planejamento chinês.
Medida simples, que poupou recursos e esforço ao Estado, atraindo interessados
de todo o mundo – afinal, um mercado de mais de 1 bilhão de habitantes promete
lucros quase infinitos.
Com a
instalação de milhares de indústrias em seu território, aumenta a taxa de
ocupação e o nível salarial dos trabalhadores chineses, assim como a demanda
por conforto e o padrão de consumo desses. O surgimento de uma colossal classe
média chinesa foi decorrência desse processo, servindo também para
intensificá-lo ainda mais.
A
arrecadação de impostos pelo Estado, evidentemente, atingiu cifras
astronômicas, permitindo investimentos públicos em setores pelos quais o
capitalismo ocidental não havia demonstrado tanto interesse.
O Brasil
também conta com grande mercado interno, historicamente subatendido e
subdesenvolvido. À exceção de alguns espasmos de lucidez, especialmente no
período de Juscelino Kubitschek, o grande potencial de desenvolvimento do
Brasil vem sendo desperdiçado, pois não se articula o acesso ao mercado interno
com objetivos econômicos maiores.
Sem
qualquer planejamento para o desenvolvimento econômico desde 1990, o Brasil
deixa que as forças de mercado vaguem sem sentido país afora. Nosso mercado
interno é encarado como problema – bocas a serem alimentadas – e não como fator
que impulsiona soluções – um estímulo para que atores de mercado desempenhem
papéis específicos que beneficiem o país. Curiosamente, ao mesmo tempo que
rejeitamos qualquer tipo de ação organizada para recuperar nossa economia,
ficamos admirados com o sucesso chinês – como se fosse consequência da magia
aleatória dos mercados.
Candidatos
que se afirmam liberais no Brasil do século XXI, recitando ideias desconexas
recortadas de manuais de economia do século XVIII, deveriam causar escândalo ao
eleitor.”.
(Paulo Diniz Filho, em artigo publicado no
jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 23 de agosto de 2022, caderno A.PARTE,
página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no mesmo veículo, edição de 25 de agosto de 2022, caderno OPINIÃO,
página 24, de autoria de Mourad Tamoud, chief supply chain officer
global da SchneiderEletric, e que merece igualmente integral transcrição:
“O fim da globalização?
A
pandemia, as mudanças climáticas aceleradas e as tensões geopolíticas levaram
muitas pessoas a questionar o futuro da globalização e, também, fizeram que
empresas de todo o mundo repensassem suas estratégias da cadeia de suprimentos.
O
segmento, aliás, passa por desafios com frequência. Tempestades, greves e
sanções interrompem os fluxos comerciais há séculos. No entanto, desta vez é
diferente: a globalização e a tecnologia tornaram o mundo mais interconectado
do que nunca. Eventos em uma parte do mundo podem se espalhar e repercutir em
semanas, dias ou até horas. Dessa forma, quando as crises ocorrem, os gerentes
da cadeia de suprimentos ficam lutando contra vários obstáculos em várias
frentes.
Deixando
de lado o “malabarismo” imediato com a crise, os gerentes da cadeia de
suprimentos também precisam considerar a resposta de longo prazo a esse cenário
imprevisível.
Remodelagem
das cadeias de suprimentos
Acompanhando
esse movimento, uma pesquisa da McKinsey com executivos seniores da cadeia de
suprimentos mostrou que melhorar a flexibilidade, agilidade e resiliência do
setor estava no topo da lista de prioridades. A maneira que encontraram de
fazer isso foi a regionalização.
Há
lógica nesse pensamento. “Nearshoring” ou “reshoring” – ou seja, fabricação,
montagem e distribuição mais perto de onde os produtos serão vendidos. Isso
aproxima as operações de seus clientes e, assim, ajuda as empresas a melhorar a
forma como fazem o atendimento.
Talvez
ainda mais importante, nearshoring também significa que as companhias precisam
desenvolver novos ecossistemas, trabalhar em sincronia com fornecedores e
parceiros – de matérias-primas a peças, transporte e montagem final. Esse
processo facilita a troca de conhecimento, experiência e colaboração, o que,
por sua vez, permite que as empresas inovem e se adaptem mais rapidamente às
necessidades dos clientes e às tendências do setor.
Equilíbrio
entre o global e o local
No
entanto, as cadeias de suprimentos locais têm vulnerabilidades significativas.
Como elas estão mais expostas a interrupções que podem surgir localmente, os
gerentes precisam ter planos de backup, que permitem que a fabricação seja
selecionada ou mantida em outro lugar se necessário.
A
padronização global de processos e produção, em contrapartida, fornece a
espinha dorsal necessária, melhorando a resiliência geral do segmento. E sempre
haverá uma porcentagem de oferta global – certas matérias-primas, como
plásticos e componentes eletrônicos, incluindo semicondutores, por exemplo.
Em
outras palavras, a resiliência da cadeia de suprimentos não é algo global ou
local, mas busca um equilíbrio que colha os benefícios e reduza os riscos de
ambos. Além disso, com esse princípio, a tecnologia está ajudando que os
desafios – mesmo que corriqueiros – se tornem cada vez mais amenos e gerem
menos impactos nas operações como um todo.
Sustentabilidade
Há
também um imperativo de sustentabilidade: as cadeias de suprimentos mais curtas
têm menos impacto no meio ambiente do planeta.
As
cadeias de suprimentos das empresas de consumo normalmente respondem por mais
de 80% de suas emissões totais de gases de efeito estufa e mais de 90% de seu
impacto na terra, água, biodiversidade e nos recursos geológicos, de acordo com
a McKinsey.
Por isso
os líderes de negócios e da cadeia de suprimentos têm a responsabilidade de
reduzir esse impacto. Nearshoring e cadeias de suprimentos mais curtas são uma
maneira de fazer isso, assim como as tecnologias digitais para gestão e
eficiência de energia e recursos.
Seja
fornecendo energia verde, reduzindo embalagens ou dando aos produtos uma
segunda vida, há muitas maneiras concretas pelas quais as empresas podem e
devem agir.
Há muita
retórica sobre o fim da globalização. A realidade, no entanto, é muito mais
sutil. Maior agilidade e resiliência nas cadeias produtivas não é um caso de
preto e branco ou algo como local versus global. Em vez disso, trata-se de
encontrar um equilíbrio entre os dois – agora e no futuro.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia,
da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da fraternidade
universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.