“O Brasil ainda não está preparado para o metaverso
O
metaverso é a palavra do momento. A sua concepção original vem do mundo
imaginado pela ficção científica – mais precisamente por Neal Stephenson em
“Snow Crash” e seu herói hacker Hiro Protagonist –, no qual a convergência de
inúmeras tecnologias, como realidade virtual e realidade aumentada, torna cada
vez mais tênue a linha entre a vida digital e a real. Por exemplo, interagir
com outras “pessoas” (no caso, um avatar representando alguém), participar de
eventos como shows e até comprar uma propriedade no ambiente virtual.
Ou seja,
é evidente que esse cenário, que até alguns anos atrás poderia ser considerado
distante e pertencente a ficções e filmes, está se aproximando. Contudo, ainda
há muitos pontos a amadurecê-lo antes de investimentos mais concretos,
principalmente no Brasil, que tradicionalmente é um país onde a segurança da
informação ainda é imatura se comparado a outros países mais desenvolvidos.
Em 2021,
um dos grandes exemplos desse novo contexto foi a mudança do nome do Facebook
para Meta. É uma prova que, de fato, o mundo planeja levar mais a sério os
novos ambientes de interação virtual. Outros nomes de grande reconhecimento no
mercado também revelaram que vão se entremear nessa área, como Microsoft, Nike
e Minecraft, tentando, possivelmente, criar novos interesses comerciais na
digitalização de processos de interação com os clientes.
Porém,
como a própria data da alteração de identidade da marca de Mark Zuckerberg
indica, estamos diante de novos rumos do mercado, que ainda precisam de estudo
e análise antes de se firmarem.
Tudo
isso tende a mostrar que 2022 será um ano em que as empresas possivelmente
investirão mais na realidade virtual, seja para mostrar que estão à frente ou
meramente para surfar na onda do momento. Logo, se o período é de entendimento,
não há como afirmar que o mundo mudará complementar a sua estrutura de
e-commerce e interação no trabalho em uma questão de meses.
Pouco se
discute sobre as implicações desse novo universo virtual na cibersegurança,
principalmente por serem aplicações novas. Inclusive, o conhecimento sobre
casos de uso úteis até então é limitado e com pouco estudo, mas que mostram
sinais de despreparo.
Assim
como aconteceu com o ambiente de Second Life, que foi vítima de ataques em
2006. Se o buzz do metaverso continuar a ser superior a discussões sérias sobre
a melhora maneira de implementar a nova tecnologia de forma segura, incidentes
continuarão a ser escalados. É preciso falar de segurança da informação antes
de falar de metaverso.
Portanto,
é fundamental discutir implementações seguras desde o início do processo. Esse
conceito de mercado amplamente conhecido por empresas do mundo todo,
principalmente pelas líderes, é chamado de “security by design” e considera que
a segurança precisa ser um pilar na construção de algo novo, e não meramente
uma preocupação depois de tudo feito e implementado. O ideal seria começar de
imediato a investir e desenvolver a área de forma segura e acessível a todos,
com pesquisas dedicadas a grupos de trabalho coordenados com o mercado,
academia e órgãos governamentais.
Não se
deve abraçar algo sem saber o que é. Essa nova realidade virtual pode parecer
atrativa e iminente, mas grande parte dos problemas que o cercam são básicos e
custariam menos tempo e esforço se fossem pensados e resolvidos no seu período
de incubação.
Uma
recomendação estratégica para quem está mirando em novas tecnologias é a defesa
contra ciberataques por meio do chamado “teste de intrusão” (pentest), que
varrerá o ambiente da empresa em busca de falhas que podem ser exploradas por
criminosos, ou que já funcionam como portas de entrada para explorações não
autorizadas. Esse tipo de teste é realizado por um time de primor técnico que
antecipa a criatividade de criminosos antes que possam tirar proveito das
vulnerabilidades. Consequentemente, a prevenção desses ataques se torna muito
mais eficaz e precisa.”.
(Júlio Cesar Fort. Sócio e diretor de serviços
profissionais da Blaze Information Security, em artigo publicado no jornal O
TEMPO Belo Horizonte, edição de 2 de março de 2022, caderno OPINIÃO,
página 18).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo
publicado no site www.domtotal.com,
edição de 17 de junho de 2022, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:
“Semeadura do bem
A
semeadura do bem é tarefa e missão dos bons. Uma verdade que nos interpela a
evitar a omissão e, especialmente, a expressar opiniões e juízos na direção do
bem. Tristemente, na contramão desse caminho, espanta o crescente silêncio dos
bons, mesmo diante do agigantar-se dos maus. Semear o bem é uma exigente labuta
desigual, por se saber que o mal se espalha e contamina com uma impressionante
velocidade. Mas, os semeadores do bem, fecundados pela serenidade e paciência
para colher os frutos a seu tempo, não devem se desaminar. São exigidos a
pautar-se pela sabedoria da perseverança, pela intrépida convicção de que o bem
sempre vence o mal.
Compreende-se
o sentido do magistral ensinamento de Jesus quando instruía seus discípulos
contando-lhes a parábola do semeador que saiu a semear. As circunstâncias
diziam respeito à qualidade da semente. Focalizava ainda a condição de terrenos
diferentes – pedregosos, cheios de espinhos, sem fundura suficiente –
inviabilizando a semeadura que somente torna-se exitosa quando a terra é boa.
Jesus uniu a essa explicitação uma advertência com a narração de outra
parábola: a do joio e do trigo. Ao falar do Reino de Deus, sublinhou a boa
semeadura feita no campo. Mas, conforme a parábola, enquanto todos dormiam,
veio o inimigo, semeou joio no meio do trigo. A parábola conta que os operários
foram procurar o dono, surpresos, para informar o que havia ocorrido.
Perguntaram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? De onde veio o
joio? O Senhor respondeu serenamente: algum inimigo fez isso. Os operários
quiseram arrancar o joio imediatamente, mas foram novamente instruídos com
sabedoria e serenidade: arrancando o joio, poder-se-ia, indevidamente, perder o
trigo. Em seguida, aconselhou deixar crescer um e outro, para tudo arrancar no
momento certa da colheita.
O “joio”
no seu tempo devido será arrancado, amarrado para ser queimado. O “trigo”,
fruto esperado, o bem, abarrotará os celeiros dos bons. O ensinamento da
parábola mostra que se caminha por uma linha muito tênue entre o bem e o mal.
Uma linha tão tênue que os néscios e os incautos escorregam para o mal,
convencidos de estar ao lado do bem. Sobre essa falta de lucidez, o Mestre
Jesus já advertia tratar-se de roubo e engano perpetrado pelo maligno, que
deixa o coração humano vazio das razões do bem. E o coração vazio torna-se
hospedagem de maquinações, tramas e artimanhas que buscam metas, aparentemente
plausíveis, mas que na realidade são forças para efetivar a destruição. Não
apenas a destruição dos outros, mas, cedo ou tarde, a própria destruição, de
seus próximos, de sua história e de seu patrimônio.
O ensino
magistral de Jesus clareia os indispensáveis entendimentos a respeito do que
sublinha o Papa Francisco no capítulo primeiro da sua Carta Encíclica sobre a
Amizade Social, ao tratar das “sombras de um mundo fechado”. As desastrosas
consequências provocadas pelo distanciamento da semeadura do bem são evidentes.
Dentre os prejuízos está o aprisionamento de populações em um provincianismo
imobilizador, não permitindo enxergar horizontes mais largos, comprometendo a
capacidade de olhar para o alto de uma montanha e ali divisar um horizonte
iluminado para os sonhados dias melhores. Esses dias não virão dos
paternalismos de pequenas e lisonjeadoras benesses, perpetuando atrasos e
perpetrando irracionalidades “vendidas” como se fossem o caminho de um futuro
melhor. Na verdade, essas irracionalidades são o “joio” que tenta se camuflar
no meio do “trigo”. A colheita desse “joio” é um espantoso espectro de
autofagia demolindo patrimônios, heranças, respeitabilidade de predecessores na
história, tudo disfarçado por um falso sentido de desenvolvimento.
Esse
provincianismo tem sido fecundado e emoldurado pela tática autodestrutiva de
tudo lançar no caos, achando, equivocadamente, que assim é possível alcançar
vitória, conquistar posses e riquezas. Mais perigoso ainda é o fato de o ódio
ser a lubrificação dessa perversa engrenagem, ensandecendo aqueles que deveriam
defender o direito e promover a justiça. Compreende-se a urgência de se
investir em um novo humanismo integral, mobilização da Igreja Católica para
recompor o sentido da vida e efetivar uma ordem social, política, econômica e
cultural capaz de configurar uma sociedade mais justa, solidária e fraterna.
Indispensável
é labutar, operariamente, sempre e em todo lugar, na semeadura do bem para
dissipar as “sombras de um mundo fechado”. Essas sombras, o “joio” lançado no
campo do “trigo”, são muitas e precisam ser afrontadas com a iluminação da
semeadura do bem. No espectro dessas sombras, atenção especial seja dedicada ao
enfrentamento da agressividade. Há uma profusão de formas insólitas de
hostilidades, com insultos, impropérios, difamação, afrontas verbais, buscando
destruir a imagem do semelhante. Essa agressividade apenas faz crescer a
violência que destrói vidas, o meio ambiente, patrimônios e histórias,
atrasando a colheita de bons frutos pela semeadura do bem.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da
fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.