segunda-feira, 4 de outubro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E DESAFIOS DA ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DO PODER TRANSFORMADOR DAS LIDERANÇAS PROFÉTICAS NA SUSTENTABILIDADE (59/111)

 

(Outubro = mês 59; faltam 111 meses para a Primavera Brasileira)

“Educação integral

        Com a volta às aulas presenciais na rede pública já iniciada em alguns estados e anunciadas para agosto em boa parte dos demais, surge uma questão importante: voltaremos para a mesma escola, com seus velhos desafios de aprendizagem insuficiente e de geração de desigualdades educacionais?

         Crises, como já escrevi em outros textos da coluna, são boas oportunidades para nos obrigar a sair da zona de conforto, repensar o que fazemos e inovar. Nesse sentido, vale a pena observar para algumas boas práticas que já construímos no Brasil e nos inspirar pelo que fazem países com bons sistemas educacionais.

         Uma delas é certamente a ampliação da jornada escolar, com mais tempo para um ensino significativo, em que os professores possam de fato ouvir seus alunos e ensiná-los a pensar e a resolver problemas da realidade, não apenas a memorizar conteúdos passados às pressas por seus mestres, que acabam gastando um tempo precioso se deslocando entre escolas, dada sua reduzida carga horária em cada uma.

         Contar com uma escola em tempo integral e uma equipe de professores com dedicação exclusiva são características de muitos sistemas educacionais de qualidade no mundo.  Ora, isso não passou despercebido em alguns estados do Brasil. Boa parte do sucesso educacional de Pernambuco está associado a uma grande rede de escolas de ensino médio em tempo integral. De Pernambuco, a tendência foi se ampliando para Ceará, Paraíba, São Paulo, Espírito Santos, Maranhão e Goiás, entre outros estados, com um impacto importante no Ideb, índice que mede o desempenho escolar. Não é à toa que o Ideb de ensino médio integral em 2019 foi de 4,7, enquanto a média do país para essa etapa se manteve em 3,9.

         A Paraíba se destaca, nesse contexto, como o estado que tem mais escolas integrais em sua rede. São Paulo também, ao anunciar na semana passada que 773 novas escolas estaduais entram, em 2022, no programa de ensino em tempo integral e ao ampliar a jornada escolar em uma hora-aula nas demais, com apoio de tecnologia.

         Mas foi o Espírito Santo que levou a ideia a outro patamar: olhando para a trajetória do estado em educação como política pública de Estado, ampliou o número de escolas integrais que encontrou, focando em áreas de vulnerabilidade, e anunciou, nesta quarta-feira (21), que vai apoiar seus municípios, com recursos e assistência técnica, na implantação de escolas em tempo integral no ensino fundamental.

         O importante, agora, é usar bem esse tempo adicional, com professores motivados e preparados para o desafio de garantir aprendizado de qualidade para todos, sem perder nenhum aluno.”.

(Claudia Costin. Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 23 de agosto de 2021, caderno opinião, página A2)).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.cnbb.org.br, edição de 01 de outubro de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispos metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Voz de profecia

        Revisitar episódios da história é oportunidade para o aprendizado de lições valiosas que reavivam o sentido adequado de entendimentos e mostram a importância insubstituível da memória de um povo, do grupo familiar e de toda instituição. Como o assevera o entendimento popular, “a história não começa agora”. Muitos precederam esta estação do presente, apontando que os recomeços e as novidades precisam se assentar em alicerces de experiências vividas, conquistas alcançadas e ofertas. O propósito é retomar a força ilustrativa e indicativa de um episódio narrado no Antigo Testamento, capítulo onze do Livro dos Números. Trata-se de importante pronunciamento do líder Moisés na desafiadora missão de conduzir o seu povo a um ciclo novo de vida. Tarefa complexa e exigente particularmente no conjunto de uma sociedade. Requer mobilização e comprometimento mais amplos com garantia de desempenho qualificado. Não são suficientes o desempenho e o envolvimento de apenas alguns líderes, perante a extensão e exigências da realidade vivida pela sociedade, ou mesmo no interno de uma instituição. Retornando ao Livro dos Números, narra-se a murmuração do povo aos ouvidos de seu Senhor. Havia uma grande insatisfação relacionada às circunstâncias desafiadoras enfrentadas pelo povo no decurso da travessia rumo ao novo ciclo de vida. Muitos outros agravantes incitavam o povo, a exemplo da gula incontrolada a instigar corações e entendimentos, de modo a fragilizá-los e convencê-los que a situação melhor seria aquela que os enquadravam em uma “zona de conforto” mesmo nos limites da escravidão.

         As lamúrias se multiplicavam e tudo pesava sobre os ombros de Moisés no exercício de sua liderança, instituída por escolha divina. Moisés chega a dizer que não daria conta de “carregar” todo aquele povo. Algo tão pesado que o leva ao destempero de pedir ao seu Senhor que lhe tirasse a vida. O desespero causado por tamanha responsabilidade motiva Moisés a dizer: “Que eu não veja mais minha desgraça”. O Senhor ampara o líder que Ele escolheu e ordena-o a selecionar 70 homens, líderes do povo, reunindo-os na tenda do encontro. Retira algo do espírito que repousava em Moisés e oferta aos 70 líderes para que o ajudem a carregar o peso daquela responsabilidade. E os escolhidos profetizam – profecia como serviço de liderança e condução do povo na direção da terra da liberdade e da paz, de compreensão da razão pela qual saíram do Egito, entendendo a oferta de uma vida nova dada amorosamente por seu Deus e Senhor. Os diálogos de Moisés revelam a dureza da realidade e explicitam as urgências de respostas que efetivem avanços e garantam inegociáveis e urgentes condições de vida melhor.

         Os escolhidos começaram a profetizar e pararam. Somente alguns poucos continuaram, e sem profecia, o povo não avança na direção da promessa. Moisés então foi advertido, em razão dos poucos que persistiram, como se um erro estivesse sendo cometido. Até seu ajudante desde os tempos da juventude o aconselhou: “Meu Senhor, manda-os parar”. Com a reação de Moisés, a compreensão da importância insubstituível da profecia da vida do povo atinge o seu ápice: “Quem dera que todo o povo do Senhor profetizasse, e que o Senhor pusesse sobre ele o seu espírito”. Aqui, Moisés mostra, com clareza, que a condução do povo e a conquista de circunstâncias que garantam a justiça e a paz dependem intrinsecamente da voz profética, ou seja, o povo, na condição de profeta, indicando a força educativa imprescindível da profecia, capaz de edificar e induzir à profunda sensibilidade social -  alimento no sentido de solidariedade, fundamental para a reorganização dos funcionamentos da sociedade, numa condição justa e fraterna. Profecia compreendida muito além daquilo que possa caber numa crítica qualquer, por vezes significando apenas a satisfação de sentimentos individuais que não se operam nem se concretizam em posturas e ações com poder transformador. Para o líder Moisés, profetizar é indicação da força educativa e essencial que ajuda o conjunto de uma sociedade a se organizar num tecido social e político de qualidade.

         Construir nova compreensão e consequentemente novas operações é valor intrínseco da profecia. Significa também cuidar do que se fala, não se deixar levar pelas facilidades contemporâneas na maneira de se comunicar. A profecia não é, pois, discurso agoureiro, mas próprio da gestão da esperança, com força crítica de correções e propriedades para apontar soluções além de simples constatação de contextos e circunstâncias, para leitura analítica da realidade, engenhando o “edifício” da justiça e da paz social. A profecia denuncia e atua na remodelagem de esquemas e processos. Do seu cerne brota a força moral e educativa, que aponta erros e indica direções novas, impulsionando respostas para a superação de vergonhosos descompassos, a exemplo da cruel desigualdade social.

         A grave crise socioeconômica e política na vida da sociedade brasileira urge pelo exercício da profecia como instrumento eficaz de correção de rumos, de entendimentos, de coragem para adequada solução. Por isso mesmo, pela sua importância, a profecia, deve também anteceder escolhas partidárias e se balizar no horizonte no bem comum. É de todo o povo a tarefa profética, com ajuda especial das lideranças, mas recai, particularmente, como responsabilidade, sobre os cristãos. Instigados na consciência de seu dever, os cristãos são possuidores de uma herança que exige comprometimento pela palavra, com força de correção e de edificação do urgente novo momento, que se espera e deve surgir pela voz de sua profecia.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 336,11% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 124,89%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 9,68%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.