quinta-feira, 18 de novembro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E DESAFIOS DA ALFABETIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA NO DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DA VONTADE E ESPIRITUALIDADE NA QUALIFICAÇÃO DA CIDADANIA NA SUSTENTABILIDADE

“Paulo Freire, hoje

        São raros os pensadores cujas obras atravessam o tempo: Paulo Freire é um desses. Por isso, comemoramos seu centenário. Eles têm em comum o fato de mostrarem o mundo de uma maneira diferente de como ele aparecia antes.

         Como Copérnico mostrou que a Terra girava ao redor do Sul, o que parecia impossível à época. Paulo Freire mostrou que educação é resultado da convivência entre aluno e professor, sem submissão de um ao outro, em interação com as coisas que os rodeiam.

         No lugar dos velhos métodos de ensiná-los como se faz com as crianças, ele substituiu a cartilha pronta por uma construída com palavras que o aluno usa no seu dia a dia. No lugar de “u-v-a” igual a “uva”, “m-a-n-g-a” igual a “manga”, usar “f-o-m-e” como “fome”. Essa mudança representou uma mutação epistemológica, característica de um gênio.

         Paulo Freire deu o toque de mudança para explicar o mundo e dizer como transformá-lo.

         Ele promoveu outro ponto de mudança ao sugerir que educar é mais do que instruir, é promover a liberdade das pessoas que se educam. Antes de Paulo Freire, a educação era um instrumento para ensinar crianças a sobreviverem e contribuírem para a construção de um mundo melhor. Porém, ele ensinou que educação é o vetor da libertação de cada pessoa ao conhecer, deslumbrar-se e agir.

         A partir de Paulo Freire, educar passou a ser o mesmo que caminhar para a liberdade: dos que se educam e do mundo que eles construíram.

         Paulo Freire é o Copérnico da educação. Ter visto o que não era visto antes fez dele um gênio. Cabe a nós avançar na definição do conceito de analfabetismo e ampliar o uso das novas ferramentas para promover a “alfabetização contemporânea”.

         No mundo global e tecnificado, o alfabetizado precisa ler, falar, entender, escrever bem e falar pelo menos outro idioma, conhecer bases da matemática, de ciências, artes e ser capaz de entender problemas, desafios e rumos da civilização e a sua interação com a natureza.

         Essa “alfabetização contemporânea” exige educação com a máxima qualidade para todos: quebrar a injustiça de negar educação a uma parte da população e parar a estupidez social de desperdiçar o potencial de conhecimento dos que são deixados para trás.

         A “alfabetização contemporânea” assegura a chance de escola com a máxima qualidade e igual para todos, até o fim do ensino médio, independentemente da renda, do endereço, da raça e do gênero. Para tanto, será necessário que o Brasil disponha de um Sistema Público Nacional Único de Educação, sem o qual não será possível ter a máxima qualidade nem assegurar equidade plena.

         Paulo Freire foi o gênio educador. Sua obra e o mundo precisam agora de educacionistas ativos para abrir os caminhos da liberdade para todos.”.

(Cristovam Buarque. Professor emérito da UnB e membro da Comissão Internacional da Unesco para o Futuro da Educação, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 8 de novembro de 2021, caderno OPINIÃO, página 25).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de novembro de 2021, caderno A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“Homem de vontade

        A nota predominante do homem de vontade é o domínio de si mesmo. Quem pertencente a essa categoria humana tem um sentimento muito vigoroso de sua responsabilidade, age com firmeza ante as circunstâncias e não se deixa comover nem se levar pela ânsia de sucessos mundanos. Valoriza mais o ideal que a conta bancária. Sabe que deste mundo nada levará a não ser os méritos de seu esforço.

         Respeita a vida no animal, na água e em todo o sistema. É tolerante, respeitoso, nunca passivo ou indiferente. É inclinado naturalmente para ações positivas. Corre na crista da onda, enfrenta a vida como uma

aventura que lhe foi dada para viver, sem entregar-se à ociosidade nem à indiferença. Para esse tipo de homem, no xadrez da vida existe um contínuo plano de ataque, realizado em todo momento possível, sem se preocupar com a força do adversário: mais que na fraqueza alheia, confia na própria capacidade de vencer. Sabe jejuar, apanhar em silêncio, guardar energias, manter a concentração.

         É quase invencível, pois a vitória que persegue não é para ele nem para satisfazer vaidades, mas para uma causa que reputa justa.

         Ele, independentemente do berço e da família que lhe deu origem, chega ao comando e arrasta multidões. É um homem universal, transnacional, místico, é o melhor dos governantes, é um Júlio César, dotado de pureza, utopia, audácia e destemor. Por causa de sua fortaleza interna, não se abala na adversidade e contempla amistvosamente a destruição que jamais cessa o reino da natureza. Não se deprime frente à morte ou ao fracasso. Sabe que o ideal, quando justo, persiste e, por isso, poderá ser represado, mas nunca vencido, como as águas de um rio correndo ao mar. Sabe se livrar das coisas inúteis e velhas, desfazendo-se do supérfluo como o cão que sacode a água ao sair do banho. Dispõe-se a começar nova aventura apenas com sua fortaleza de caráter, de mãos livres e de olha na meta.

         Considera a austeridade não um fim, mas um método apropriado, uma virtude, um atributo essencial de seu caráter. Sabe decidir com rapidez, é prático, abomina o oportunismo mesmo quando a tentação se apresenta como um cofre cheio de ouro e de pedras preciosas.

         Seu caráter se estriba nos antigos estoicos, na dignidade das ações que enaltecem a vida. Enxerga com clareza a relação entre os métodos e os resultados. Não se deixa enganar nem cair em tentações. Ele é completamente senhor de si mesmo, superior à dor e à tristeza. Avança até o último momento, desfruta de cada instante da existência. É homem raro e imprescindível, um construtor, uma coluna, um farol, um regente. Todavia, muito raro entre nós. É um ser eminente que se libertou de princípios inferiores. Quando aparece um, os milagres acontecem, como aconteceram na Índia com Gandhi, homem que mereceu o título de Mahatma, ou Grande Alma.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da fraternidade universal);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 339,5% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 128,6%; e já o IPCA, em outubro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 10,67%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

 

E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”.

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da visão olímpica, do direito, da justiça, da verdade, da espiritualidade conciliadora, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal!

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.