sexta-feira, 1 de setembro de 2023

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O PODER E DESAFIOS DA QUALIFICAÇÃO DAS ESCOLAS NA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO E INTEGRAL E A TRANSCENDÊNCIA DA LUZ DA ESPERANÇA, ESPIRITUALIDADE, SABEDORIA, JUSTIÇA, INOVAÇÃO E SOLIDARIEDADE NA NOVA ORDEM SOCIAL, ECONÔMICA E POLÍTICA NA SUSTENTABILIDADE (81/89)

(Setembro = mês 81; faltam 89 meses para a Primavera Brasileira)

“Obrigado, Dad

       Perdemos Dad Squarisi, editora de opinião do ‘Correio Braziliense’, no qual também publico artigos meus há mais de três décadas. Por isso decidi compartir uma resposta à pergunta que ela me fez há muitos anos: por que nossa educação é tão ruim e tão desigual?

         O primeiro erro está em nossa certidão de nascimento. Pero Vaz de Caminha escreveu que, em se plantando, tudo dá, sem completar com: desde que as pessoas sejam ensinadas. Criou-se a ilusão de que, em terra tão rica, não seria necessário estudar. Erramos ainda mais quando dividimos o país entre brancos, para usufruir, e negros, para trabalhar, oferecendo escolas com pouca qualidade para os primeiros e negando-as totalmente aos outros.

         Jamais tivemos educação como propósito de orgulho nacional. Tratamos educação como assunto privado da família que pode pagar ou sob responsabilidade pública dos municípios pobres e desiguais. Nossas crianças são municipais, não nacionais.

         Só no século XXI tentamos universalizar a matrícula de quase todos, ignorando que apenas alguns frequentam, poucos assistem, apenas metade permanece até o final da educação de base e, destes, raros aprendem o que é necessário para se considerar alfabetizado aos desafios da contemporaneidade. Erramos, na direita e na esquerda, ao nos contentar com alforria para alguns, por cotas ou bolsas, em vez de garantir a abolição para todos, graças à educação de base com a mesma qualidade.

         Nacionalmente, priorizamos o ensino superior, sem ver que a educação de base é o alicerce. Por isso, erramos ao não tratar o magistério do primário e do secundário – na remuneração, nas condições de trabalho e no reconhecimento – como a carreira que forma todas as carreiras, prepara pessoas para a vida e para construir o país. Não percebemos que o futuro do Brasil tem a cara da escola, onde hoje estudam os filhos de seu povo.

         Erramos ao comemorar escolas que parecem boas quando comparadas com as péssimas às quais nos acostumamos, mas distantes do que necessitamos para construir uma sociedade eficiente e justa. Também ao comparar ligeiros avanços em algumas cidades com a tragédia das outras que não avançaram, em vez de comparar cada cidade nossa com as melhores do mundo.

         Erramos ao não perceber que continuamos errando ao não adotar estratégia para a construção de Sistema Único Nacional Público de Educação de Base Federal com a máxima qualidade para todos.

         Triste saber que a Dad não lerá esta resposta, mas continuamos esperançosos de que um dia o Brasil construirá seu sistema escolar com a qualidade e a equidade que ela desejava; e gratos porque, ao inspirar e ao editar, ela nos ajudou.”.

(Cristovam Buarque. Professor emérito da UnB e membro da Comissão Internacional da Unesco para o Futuro da Educação, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 25 de agosto de 2023, caderno OPINIÃO, página 15).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.arquidiocesebh.org.br, mesma edição, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Saber esperançar

       Saber esperançar é alcançar fortaleza e lucidez para enfrentar as dinâmicas do mundo contemporâneo – inadiável tarefa. Sugestiva é a expressão da cultura popular que ensina: ‘a esperança é a última que morre’, infundindo ânimo e coragem para superar as labutas cotidianas. O apóstolo Paulo orienta ‘esperar contra toda esperança’. Isto significa buscar uma dimensão espiritual com propriedades para ultrapassar estreitezas de uma simples esperança, alimentada por expectativas, promessas ou jogos. A luz da esperança alicerçada na fé é o candeeiro que ilumina rumos, escolhas e conquistas, em um mundo de muitas sombras, fechado sobre si mesmo. Uma realidade marcada pelo acirramento de tudo o que está na contramão do viver humano em plenitude. A luz da esperança conduz a um saber essencial para dar rumos novos à humanidade, à vida de cada pessoa, sustentando um dia após o outro.

         Os retrocessos civilizatórios que ferem a sociedade contemporânea indicam a necessidade da luz da esperança. Não se trata de uma aposta cega e inconsistente, mas compromisso com uma nova ordem social, política e cultural. Uma nova ordem que permita a superação das guerras e dos fracassos que disseminam, ainda mais, o medo paralisante. Esse medo conduz o ser humano à indiferença, aos distanciamentos, particularmente dos pobres e dos vulneráveis. Ao contrário do medo que paralisa, a necessidade urgente deste tempo diz respeito à prática do bem, com amor, justiça e solidariedade. E nesse caminho, conquistas podem ser alcançadas quando se cultiva o saber esperançar – habilidade para edificar o que é necessário à realidade atual, superando a indiferença que configura muitas situações emolduradas pela mesquinhez.

         Saber esperançar é abrir-se ao mundo. Isto pode levar à abertura do próprio mundo que está fechado. A lógica do saber esperançar tem força para impulsionar inovadoras atitudes, bem diferentes daquelas que se alicerçam na tentativa crescente de dominar o semelhante. Modos de agir que também se distinguem de projetos mesquinhos e excludentes, promotores de uma verdadeira semeadura do desânimo. Assim, saber esperançar é itinerário para novos rumos que levam à vitória sobre o medo paralisante, à superação de escolhas e ações injustificáveis. E a fé cristã é importante fundamento para a experiência e a aprendizagem do saber esperançar. A esperança cristã é fidedigna e oferece propriedades que renovam a coragem de perseverar – jamais desistir do bem.

         Na contramão do saber esperançar está a desesperança, plataforma do fracasso. Os desesperançados também correm mais risco de praticar absurdos na defesa de si e em prejuízo do bem de todos. Cabe, pois, a pergunta: em que consiste esta esperança cristã, fonte do saber esperançar? Sua configuração, acima de tudo, indica que saber esperançar, com consistência, é habilidade cultivada no encontro com Cristo. Sem Deus, toda esperança perde fundamento e sustento. O viver humano precisa ancorar-se em uma esperança que lhe faça avançar, contemplando horizontes que se configuram para além das evidências ou de lógicas técnicas. Saber esperançar é desvencilhar-se de um mundo tenebroso e não fadar-se a um futuro obscuro. Os cristãos são chamados à adoção de dinâmicas e de valores alicerçados na sua fé, capazes de proteger a vida de fracassos e vazios existenciais.

         O Evangelho de Jesus Cristo, mais do que narrativas de fatos, oferece mensagem capaz de gerar mudanças e configurar entendimentos novos, que revestem a vida de sentido, mesmo quando são enfrentados obstáculos e vicissitudes. O ser humano não dá conta de um viver assentado em aparências ou alimentado por esperanças fugazes. Não basta, pois, alcançar reconhecimento nas ordens institucional e social, nem acumular riquezas e bens. Ora, o cristão sabe o que esperar do futuro, embora não o conheça em detalhes: a vida não acaba no vazio. Quem tem essa esperança conquista novo mundo de viver, dando qualificado rumo à própria existência a partir de uma adequada competência humana e espiritual.

         Ressalte-se que a fonte da esperança cristã é o encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo. Ora, conhecer o Deus verdadeiro é abrir-se à esperança que se acende, feito luz, conferindo luminosidade à vida. Uma luminosidade que capacita o ser humano a enfrentar com destemor até o mistério da morte, inspirando modos de agir no mundo emoldurados por qualidade humanística e espiritual. Saber esperançar tem incidências relevantes na mundividência e nas interpretações que orientam a conduta de cada pessoa. No horizonte da esperança cristã podem ser reconhecidos adequados critérios para um qualificado exercício da cidadania e do poder político, contribuindo para avanços na promoção da justiça e na efetivação da amizade social.

         A vida não é um simples produto das leis e da matéria. Quem aprende esperançar ampliando o horizonte de compreensão sobre a existência humana encontra o caminho da verdade, pauta-se por ela. Consegue, assim, lidar de modo diferente com as circunstâncias todas do seu viver, até o seu sentido último, ultrapassando o tempo e o espaço. A esperança cristã é luz que se projeta sobre as obscuridades contemporâneas, e o seu cultivo reveste o ser humano de uma grandeza capaz de sustentá-lo em seus desafios, sofrimentos, a partir da consciência de que o viver não termina com a morte. Neste tempo de tantos desapontamentos e contradições, saber esperançar é remédio e sabedoria.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil, com o auxílio da música, yoga e shantala (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 133 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da fraternidade universal);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito continua atingindo níveis estratosféricos nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial ainda em píncaros históricos. Já a taxa Selic permanece em insustentável índice de 13,25% ao ano; a um outro lado, o IPCA, em julho, no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,99%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 523 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2023, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,556 trilhões (49,40%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 2,010 trilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

 

E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”.

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da visão olímpica, do direito, da justiça, da verdade, da espiritualidade conciliadora, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal!

 

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

62 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2023)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o poder é para amar, servir e edificar - jamais, jamais e jamais para subir, dominar e destruir!

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos inestimáveis recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes ... porque os diamantes são eternos!

- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”.

- (Re)visitando o Santo Graal, para uma vida virtuosa: “... porque és pó, e pó te hás de tornar. (Gen 3,19)” ...

 

 Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrimas,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!