(Outubro = mês 47; faltam 123 meses para a Primavera Brasileira)
“Escrever
na escola
Existe, infelizmente, no
Brasil, uma tendência de retardar o ensino de produção de textual, já que a
redação é requerida apenas no Enem, não em avaliações de larga escala
anteriores. Assim, em muitas escolas públicas, escreve-se pouco no ensino
fundamental, restringindo-se a prática, em casos extremos, ao processo de
alfabetização.
Mas há
pelo menos duas razões importantes para mudar essa precariedade no processo de
ensino. Uma delas é o fato de que três anos de escrita, no ensino médio, são
insuficientes para formar escritores proficientes. Além disso, ao escrevermos,
processamos aprendizados e refletimos sobre eles.
Se
quisermos ter uma escola que, de fato, ensine a pensar e não apenas a deglutir
conhecimentos ou decorar a visão de mundo do professor ou de um colega mais
articulado que se destaca em trabalhos de grupo, é fundamental que se reserve
tempo em aula para a elaboração de textos a partir do que foi lido ou explanado
em classe.
Algumas
escolas tentam suprir essa necessidade com os fichamentos de leitura, mas isso
apenas favorece a memorização, não a incorporação do conhecimento – a partir da
conexão do que foi lido com outros saberes já adquiridos – ao repertório
cultural do aluno.
E o
trabalho pedagógico, para ser efetivo, não se encerra com a escrita do texto e
a atribuição de uma nota. Envolve idas e voltas entre mestre e aluno, para
refinamento da composição resultante. Afinal, aprender a pensar e colocar
reflexões no papel não é algo trivial. Tampouco o é a profissão de professor,
daí a importância de valorizarmos o seu fazer, que é bastante complexo e
demandante.
Mas há
outro elemento importante no processo de aprendizagem da escrita: a ideia de
que o aluno pode ter um conjunto de trabalhos de sua autoria. A alegria de produzir
uma leitura documentada da realidade, que possa ser comunicada a outros, ajuda
a desenvolver autonomia, persistência e protagonismo, algumas das chamadas
competências para o século 21. Não por acaso, são algumas das habilidades
destacadas na Base Nacional Comum Curricular.
Nesse
sentido, é importante lembrar que não se desenvolvem essas competências, também
denominadas de socioemocionais, no abstrato, e sim na prática cotidiana de
utilizá-las ao aprender conteúdos de diferentes disciplinas.
Para desenvolvê-las,
em tempo de isolamento social, faz sentido o que algumas escolas estão
demandando dos alunos, como a produção de um “diário da pandemia”, em que eles,
a cada dia, registram suas vivências e aprendizagens. Algo que, no futuro,
poderão mostrar a seus filhos ao contar-lhes sobre o que foi viver a
Covid-19.”.
(Claudia Costin.
Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV,
escreve às sextas, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 14 de agosto de 2020, caderno opinião, página A2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com,
edição de 02 de outubro de 2020, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e
que merece igualmente integral transcrição:
“Arte
dos discursos
A imagem de um grande
parlamento é oportuna para ajudar a entender a sociedade brasileira com suas
muitas vozes que se levantam, afinadas e semitonadas, por variadas e até
contraditórias razões. Importante lembrar que a palavra “parlamentar” não se refere
apenas aos representantes do povo que ocupam instâncias oficiais constituídas.
Denota uma atividade que é inerente ao exercício da cidadania, relacionada à
liberdade de expressão e ao compromisso com a construção da sociedade
democrática. Sem adequados fóruns de parlamentação, instituições não avançam e
nem cumpre a sua missão. Pensar, manifestar e participar, livremente,
constituem condições intrínsecas à tarefa de parlamentar com o objetivo de
emoldurar novo tecido institucional e social. Há aqui um especial desafio:
cuidar do amálgama das diferenças, para que sejam alcançadas respostas novas e
urgentes.
Nesse
desafio, inserem-se as cristalizações de mentalidades. Muitos se fecham nas
próprias perspectivas e agem com intolerância ante o diferente, manifestando
inabilidade para lidar com divergências. É inegociável fazer investimentos e
envidar esforços para que a arte dos discursos seja promoção de diálogos e
entendimentos – e não autoritarismos e imposições interesseiras. Esses
autoritarismos e imposições banalizam o incondicional respeito a todos,
desconsiderando principalmente os mais pobres e vulneráveis. Está se tornando
perigosa e desastrosa a imposição de discursos que manipulam ou cerceiam o
fluxo de opiniões. Essas manipulações ainda distorcem dados para esconder a
realidade, desvirtuando a indispensável arte dos discursos. Para melhor
compreender o que representa um líder autoritário e indiferente ao sofrimento
dos pobres, é oportuno recordar o caso de um califa que, acreditando ser dono da
verdade, considerou aceitável queimar a biblioteca de Alexandria, no Egito. O
acervo fantástico de obras, com muitos discursos lúcidos capazes de garantir
entendimentos indispensáveis, foi desprezado e destruído por quem se
considerava autossuficiente – detentor da verdade.
Põe-se,
portanto, nas esferas de parlamentação da sociedade brasileira o desafio de
prestar atenção na arte dos discursos, avaliando a qualidade e os propósitos
das muitas palavras. Caso contrário, instalar-se-á, cada vez mais, uma “Babel
brasileira”. Além de desserviço, muitos discursos estão se tornando um risco
terrível para a justiça e para a liberdade. Percebe-se que apenas a
multiplicação de vozes não basta. Urgente é arquitetar discursos que alavanquem
mudanças importantes, principalmente aquelas que incidem sobre mentalidades.
Filosoficamente,
discurso é uma obra com o propósito de gerar nova compreensão sobre a
realidade. No horizonte da sociedade brasileira, espera-se a constituição de um
discurso que, ao permitir maior lucidez, seja capaz de configurar novo tecido
social e de articular novo projeto político para o Estado. Anseia-se que a
partir da compreensão gerada por esse novo discurso se consolide uma
civilização fundamentada na igualdade e na solidariedade. Ao invés disso, o que
se verifica hoje são entendimentos equivocados e desacertos que levam ao
agravamento da desigualdade social, a um modelo econômico excludente que fere a
dignidade humana e adoece o meio ambiente.
Problemas
complexos exigem perspectivas que não podem ser medíocres. Para respostas
qualificadas e urgentes, são necessários entendimentos também complexos,
construídos em um verdadeiro mutirão. Estão convocados a participar todos os
cidadãos, as instituições sérias e credíveis da sociedade brasileira, os segmentos
educacionais e culturais, servidores do povo nas instâncias governamentais.
Todos, com seriedade e compromisso, participem de modo significativo e
transformador para construir entendimentos capazes de fazer surgir novo
contexto civilizatório. Prevaleça, em cada lugar, o discurso edificado na
tolerância, na sabedoria para administrar as diferenças, sem risco de se apegar
a um pensamento uniforme, desagregador ou que impeça avanços. Cada pessoa tenha
coragem e abertura para lidar com o confronto de perspectivas. Ao mesmo tempo,
seja humilde para escutar. Assim é possível superar preconceitos e
exercitar-se, com competência, na arte dos discursos, por um novo tempo na
política, na economia e nos diferentes contextos sociais.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 310,20%
nos últimos doze meses, e a taxa de
juros do cheque especial chegou ainda em históricos 112,59%; e já o IPCA,
também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,44%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção
mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e
danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no
artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das
empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius
Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação
econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do
governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.