sábado, 3 de outubro de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA ARTE DE ESCREVER NA QUALIFICAÇÃO DAS ESCOLAS E O PODER DOS DISCURSOS NA CONSOLIDAÇÃO DE NOVOS MARCOS CIVILIZATÓRIOS NA SUSTENTABILIDADE (47/123)

(Outubro = mês 47; faltam 123 meses para a Primavera Brasileira)

“Escrever na escola

       Existe, infelizmente, no Brasil, uma tendência de retardar o ensino de produção de textual, já que a redação é requerida apenas no Enem, não em avaliações de larga escala anteriores. Assim, em muitas escolas públicas, escreve-se pouco no ensino fundamental, restringindo-se a prática, em casos extremos, ao processo de alfabetização.

          Mas há pelo menos duas razões importantes para mudar essa precariedade no processo de ensino. Uma delas é o fato de que três anos de escrita, no ensino médio, são insuficientes para formar escritores proficientes. Além disso, ao escrevermos, processamos aprendizados e refletimos sobre eles.

          Se quisermos ter uma escola que, de fato, ensine a pensar e não apenas a deglutir conhecimentos ou decorar a visão de mundo do professor ou de um colega mais articulado que se destaca em trabalhos de grupo, é fundamental que se reserve tempo em aula para a elaboração de textos a partir do que foi lido ou explanado em classe.

          Algumas escolas tentam suprir essa necessidade com os fichamentos de leitura, mas isso apenas favorece a memorização, não a incorporação do conhecimento – a partir da conexão do que foi lido com outros saberes já adquiridos – ao repertório cultural do aluno.

          E o trabalho pedagógico, para ser efetivo, não se encerra com a escrita do texto e a atribuição de uma nota. Envolve idas e voltas entre mestre e aluno, para refinamento da composição resultante. Afinal, aprender a pensar e colocar reflexões no papel não é algo trivial. Tampouco o é a profissão de professor, daí a importância de valorizarmos o seu fazer, que é bastante complexo e demandante.

          Mas há outro elemento importante no processo de aprendizagem da escrita: a ideia de que o aluno pode ter um conjunto de trabalhos de sua autoria. A alegria de produzir uma leitura documentada da realidade, que possa ser comunicada a outros, ajuda a desenvolver autonomia, persistência e protagonismo, algumas das chamadas competências para o século 21. Não por acaso, são algumas das habilidades destacadas na Base Nacional Comum Curricular.

          Nesse sentido, é importante lembrar que não se desenvolvem essas competências, também denominadas de socioemocionais, no abstrato, e sim na prática cotidiana de utilizá-las ao aprender conteúdos de diferentes disciplinas.

          Para desenvolvê-las, em tempo de isolamento social, faz sentido o que algumas escolas estão demandando dos alunos, como a produção de um “diário da pandemia”, em que eles, a cada dia, registram suas vivências e aprendizagens. Algo que, no futuro, poderão mostrar a seus filhos ao contar-lhes sobre o que foi viver a Covid-19.”.

(Claudia Costin. Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, escreve às sextas, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 14 de agosto de 2020, caderno opinião, página A2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 02 de outubro de 2020, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Arte dos discursos

       A imagem de um grande parlamento é oportuna para ajudar a entender a sociedade brasileira com suas muitas vozes que se levantam, afinadas e semitonadas, por variadas e até contraditórias razões. Importante lembrar que a palavra “parlamentar” não se refere apenas aos representantes do povo que ocupam instâncias oficiais constituídas. Denota uma atividade que é inerente ao exercício da cidadania, relacionada à liberdade de expressão e ao compromisso com a construção da sociedade democrática. Sem adequados fóruns de parlamentação, instituições não avançam e nem cumpre a sua missão. Pensar, manifestar e participar, livremente, constituem condições intrínsecas à tarefa de parlamentar com o objetivo de emoldurar novo tecido institucional e social. Há aqui um especial desafio: cuidar do amálgama das diferenças, para que sejam alcançadas respostas novas e urgentes.

          Nesse desafio, inserem-se as cristalizações de mentalidades. Muitos se fecham nas próprias perspectivas e agem com intolerância ante o diferente, manifestando inabilidade para lidar com divergências. É inegociável fazer investimentos e envidar esforços para que a arte dos discursos seja promoção de diálogos e entendimentos – e não autoritarismos e imposições interesseiras. Esses autoritarismos e imposições banalizam o incondicional respeito a todos, desconsiderando principalmente os mais pobres e vulneráveis. Está se tornando perigosa e desastrosa a imposição de discursos que manipulam ou cerceiam o fluxo de opiniões. Essas manipulações ainda distorcem dados para esconder a realidade, desvirtuando a indispensável arte dos discursos. Para melhor compreender o que representa um líder autoritário e indiferente ao sofrimento dos pobres, é oportuno recordar o caso de um califa que, acreditando ser dono da verdade, considerou aceitável queimar a biblioteca de Alexandria, no Egito. O acervo fantástico de obras, com muitos discursos lúcidos capazes de garantir entendimentos indispensáveis, foi desprezado e destruído por quem se considerava autossuficiente – detentor da verdade.

          Põe-se, portanto, nas esferas de parlamentação da sociedade brasileira o desafio de prestar atenção na arte dos discursos, avaliando a qualidade e os propósitos das muitas palavras. Caso contrário, instalar-se-á, cada vez mais, uma “Babel brasileira”. Além de desserviço, muitos discursos estão se tornando um risco terrível para a justiça e para a liberdade. Percebe-se que apenas a multiplicação de vozes não basta. Urgente é arquitetar discursos que alavanquem mudanças importantes, principalmente aquelas que incidem sobre mentalidades.

          Filosoficamente, discurso é uma obra com o propósito de gerar nova compreensão sobre a realidade. No horizonte da sociedade brasileira, espera-se a constituição de um discurso que, ao permitir maior lucidez, seja capaz de configurar novo tecido social e de articular novo projeto político para o Estado. Anseia-se que a partir da compreensão gerada por esse novo discurso se consolide uma civilização fundamentada na igualdade e na solidariedade. Ao invés disso, o que se verifica hoje são entendimentos equivocados e desacertos que levam ao agravamento da desigualdade social, a um modelo econômico excludente que fere a dignidade humana e adoece o meio ambiente.

          Problemas complexos exigem perspectivas que não podem ser medíocres. Para respostas qualificadas e urgentes, são necessários entendimentos também complexos, construídos em um verdadeiro mutirão. Estão convocados a participar todos os cidadãos, as instituições sérias e credíveis da sociedade brasileira, os segmentos educacionais e culturais, servidores do povo nas instâncias governamentais. Todos, com seriedade e compromisso, participem de modo significativo e transformador para construir entendimentos capazes de fazer surgir novo contexto civilizatório. Prevaleça, em cada lugar, o discurso edificado na tolerância, na sabedoria para administrar as diferenças, sem risco de se apegar a um pensamento uniforme, desagregador ou que impeça avanços. Cada pessoa tenha coragem e abertura para lidar com o confronto de perspectivas. Ao mesmo tempo, seja humilde para escutar. Assim é possível superar preconceitos e exercitar-se, com competência, na arte dos discursos, por um novo tempo na política, na economia e nos diferentes contextos sociais.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)    a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 310,20% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 112,59%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,44%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)    a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

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