“Ensino do mapa
A
modesta reforma para tirar nosso ‘ensino médio’ do século XIX e conduzi-lo para
o século XXI sofre ataque de forças conservadoras que tentam impedi-la. O
conservadorismo ignora qual deve ser o propósito dessa etapa da educação de
base.
Ao
manter o nome ‘ensino médio’, a reforma erra porque assume o papel de servir
como degrau para o ensino superior, e não como a etapa que prepara o jovem para
a vida, ao dar-lhe o mapa necessário para construir um mundo melhor e mais
belo.
Esse
sequestro da educação de base pelo ensino superior é recente, para indicar a
promessa de que todos devem ingressar na universidade.
Promessa
hipócrita em um país com 10% de seus adultos analfabetos, onde apenas metade
dos alunos conclui a educação de base; destes, no máximo, metade com razoável
qualidade; e, destes, apenas sua metade, da metade, da metade (12,5%), com
formação para seguir um curso universitário com qualidade razoável.
A elite
conservadora aceitou, a contragosto, a proposta para criar um sistema
compensatório com cotas, bolsas e financiamento para auxiliar na disputa por
vaga em uma universidade. Manteve-se o sistema educacional de base dividido
entre “escolas casa-grande” e “escolas senzala”.
Perdeu-se
o propósito da educação de base para preparar os alunos para a vida no mundo
contemporâneo:
- Falar
e escrever bem o idioma português;
- Ser
fluente em pelo menos mais um dos idiomas usados internacionalmente;
-
Conhecer os fundamentos de matemática, ciências, geografia, história, artes;
-
Debater com competência os assuntos de filosofia, política, antropologia e
sociologia relacionados aos principais temas do mundo moderno;
- Saber
usar as ferramentas digitais;
- Dispor
de pelo menos um ofício que permita emprego e renda:
- Se
quiser, disputar vaga em curso superior de qualidade em condições iguais com
todo brasileiro, independentemente da renda e do endereço.
Essa
ideia de um “ensino do mapa” para todos exige abolir as “escolas senzala”, o
que requer construir um Sistema Nacional Público de Educação de Base com
qualidade máxima pelos padrões internacionais.
Para
tanto, é preciso haver uma consciência nacional pró-educação, pró-conhecimento,
não apenas pró-diploma universitário. Essa é a dificuldade.
A elite
conservadora não quer oferecer a mesma escola para todos; a elite progressista
não coloca esse propósito em seus projetos eleitorais.
Nenhum
partido e raros líderes políticos defendem uma educação conclusiva, que ofereça
a todo jovem brasileiro um mapa dos conhecimentos necessários para facilitar a
busca individual e familiar de sua própria felicidade e orientar sua
participação social e política na construção de um país melhor e mais belo.”.
(Cristovam Buarque. Professor emérito da UnB e
membro da Comissão Internacional da Unesco para o Futuro da Educação, em artigo
publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 21 de abril de
2023, caderno OPINIÃO, página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no mesmo veículo, edição de 12 de junho de 2023, caderno A.PARTE,
página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente
integral transcrição:
“A dor do mundo
Cumpre-se
a ordem de publicar o texto de sabedoria, de autoria de um mestre, não importa
a ele a divulgação do nome, alguém que já foi homem comum, atolado, como nós,
num cotidiano de desafios e ilusões, de mágoas e traições, de amores e ódios,
de lutas para colecionar números, atender vaidades, criar, assim, inimigos e no
fim não saber explicar para que valeu tanto esforço de uma vida inteira. Passou
por tudo e alcançou pelo conhecimento, pelas obras e pela devoção o melhor que
está à disposição de um dos “filhos de Deus”.
Eu
sou a Luz Divina, e, se você deseja se casar comigo, deve estar disposto a
sofrer a morte iniciática (morrer como individualidade e se sentir parte do
todo), terá que passar pelas provas a que a terrível Esfinge (os
quatro elementos) o submeterá, impiedosamente, para medir o seu valor
espiritual e a qualidade de sua coragem.
Eu
me unirei a ti com quem chegar à crucificação, resistindo aos ataques e
tentações dos quatro elementos.
Amo
apenas aqueles que souberam tragar com humildade a taça inteira da amargura, da
traição, do desprezo e da zombaria, da perseguição, da calúnia; aqueles que,
carregando a cruz pesada, receberam coroas de ofensas; aos iniciados que
persistiram devotamente em sua essência divina, sofrendo, conscientes, a
incompreensão, a solidão do espírito em meio a um mundo de ignorantes e
animais.
Tu,
ó peregrino (das estrelas), chegarás a mim depois de ter passado por todas as
experiências e tentações: as infâmias, que são os testes de Ar; os golpes das
perseguições e traições, que são as provações da Terra; os vícios e as
tentações sensuais, que são os testes da Água; e, depois de ter dominado as
ambições e a sede de poder, que são os testes do Fogo.
“Esse
quaternário corresponde a cada uma das pontas da cruz onde pregaram um dos que
se refugiaram no meu abraço: Jesus, o Cristo. No entanto, os seres humanos mais
evoluídos viveram desconhecidos, apartados, e vivem em segredo. Ninguém sabe a
sua existência porque, domados e aniquilados os desejos e a vaidade, assim
compreenderam o que convém a eles”. Descobriram que a
felicidade é um estado interno e sublime, uma contemplação e vivência da
perfeição divina.
Enxergaram
que importante não é ter, mas é SER, e tu poderás ser comigo, depois de
todas as provações, uma Luz Divina. Porque fiz a ti, pequena centelha, à Minha
Semelhança para sustentar o Universo.
Entendeste?
Um dia precisarás sentir no teu âmago que “criados nós não fomos para viver
como brutos, mas para seguir a virtude e o conhecimento”. Por essa via e com
devoção, chegarás à meta.
Aqui
consideramos uma realidade: “Podem existir indivíduos, pertencentes à mesma
raça humana e até à mesma família, que alcançam as alturas, enquanto outros
irmãos se afundam nas profundezas. Paraíso e inferno, opostos de amor e ódio,
de bondade e maldade, para testar, para dar oportunidade da ascensão que se
adquire pelas chagas e pelos méritos, e pelo despertar da verdadeira
consciência.”
Pico
della Mirandola, florentino excelso, iluminado, faleceu com apenas 31 anos, em
1494, e deixou o texto “Discurso sobre a dignidade do homem”, que assim soa,
bondosamente, aos ouvidos atentos:
Não
te concedi uma única face, nem um só lugar, ou algum dom que te faça
particular, ó Adão, a fim de que tua face, teu lugar e teus dons, tu os
desveles, conquistes e domines por ti mesmo. Sem importante natureza definida
por lei, como obriguei outras espécies de seres vivos. E tu, ao qual nenhum
confim delimita, tu, pelo teu próprio arbítrio, entre as mãos daquele que aqui
te colocou, tu definas a ti mesmo. Te pus no mundo para que tu possas
contemplar o que contém esta obra. Não te fiz celeste nem terrestre, mortal ou
imortal, a fim de que tu mesmo, livremente, à maneira de um bom pintor ou de um
hábil escultor, descubras tua própria forma.
O
céu estrelado vale a dor do mundo.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 133 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da
fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2023, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,556 trilhões (49,40%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 2,010 trilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
61
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2022)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar - jamais, jamais e jamais para subir,
dominar e destruir!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos inestimáveis recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes ...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”.
- (Re)visitando o Santo Graal, para uma vida
virtuosa: “... porque és pó, e pó te hás de tornar. (Gen 3,19)” ...
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrimas,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.