“Olhar para a frente
Acabou
caindo em minhas mãos um caderno de antigas anotações. Um dos raros que
sobraram. Eu sou um péssimo arquivista, minhas memórias se reduzem a quatro
gavetas. Fico mais voltado para o futuro. Como ensinam no Oriente, tenho a
sensação de que na se perde, tudo se transforma. ‘O Dharma é a natureza
interna, caracterizada em cada homem pelo grau de desenvolvimento adquirido e,
além disso, a lei que determina o desenvolvimento no período evolutivo que vem
a seguir’, explicou Annie Besant. Essa natureza é indelével, indestrutível,
inalienável, segue a personalidade por onde ela for, em todas as vidas que
aguardam o ser humano. Para que me preocupar em arquivar?
Não me
importo de guardar coisas que envelhecem, “alguém” guardará: dos registros
universais, ninguém apagará. Os videntes enxergam o tempo anterior e o
posterior. Segundo a profecia, um dia poderemos reproduzir, assim como o monge
italiano Pellegrino Ernetti descobriu, qualquer evento, imagem ou pensamento.
Teremos o “cronovisor” de Ernetti, sequestrado pelo Vaticano.
Ainda
bem, pois a humanidade não o merece nem poderia usar com proveito no estado de
imaturidade em que se encontra.
Remoer o
passado para dele se regozijar é perda de um tempo precioso. É melhor
empregá-lo para realizar coisas boas, do bem. O passado é cheio de pecados, de
erros, de imperfeições, chega a constranger.
“Água
que se foi”, repetia meu pai, “não move mais as pás do moinho”. Só aquelas que
virão.
Com o
tempo, passei a ser melhor, não ótimo ou perfeito. A esse ponto ninguém chega,
há sempre como avançar.
Segundo
o sábio, “quanto mais você aprende, mais compreende sua limitação”. Os
horizontes se ampliam rumo ao infinito. Depois de abrir-se a primeira porta,
que parecia ser a única, encontram-se duas; ao se abrirem estas, depara-se com
quatro ou mais, e daí em diante. O infinito existe, insondável, misterioso,
divino, e se expande a cada passo. As portas são incontáveis.
Como
escreveu o poeta italiano: “Il naufragar mi é dolce in questo mare”. Lindo!
Poder se perder no infinito sem medo, como em águas mornas, acolhedoras,
protetoras, como aquelas que conhecemos no ventre de nossa mãe.
Nisso o ignorante,
insano e contumaz, aquele que ignora ignorar, como fez notar Sócrates,
desconhece sua pequenez, não se perturba com a imensidão do seu
desconhecimento, perde-se a cada esquina, mergulha na satisfação de desejos
ilusórios, miragem de sua mente desertificada e escaldante.
Com os
meus textos passados, com raras exceções, tenho certo incômodo a ler o que já
escrevi, pois noto que o texto poderia ser melhor. Prêmio Nobel de Literatura,
MargueriteYourcenar (“Obra em Negro”, “Adriano” e muitos outros livros
impecáveis) chegou a reescrever sete vezes algumas de suas obras-primas,
exatamente pela insatisfação que a expansão intelectual e espiritual provoca
nela.
Há
muitos anos as minhas anotações estão nos livros que leio, marcados
impiedosamente por notas, comentários e rabiscos. Alguns de estupefação, outros
de iluminação, outros de admiração. Afinal, os sentimentos do autor lampejam
nos sentimentos que me provocam. Quanto podemos fazer para que outros
aproveitassem?
Na
anotação do caderno amarelado, assim declara-se para a “eternidade”: “Desconfie
daquele que tem apenas adversários, ele é um derrotado”, alguém que não soube
encontrar o caminho para mudar as forças contrárias ou transformar as forças
divergentes em convergentes. “Impossível”, decretou Napoleão, “não existe”.
Na
ilusão de sermos o centro do planeta e de nele termos caído para satisfazer
apenas desejos do corpo – mais do que aspirações de uma alma eterna – perdemos
oportunidades tão belas e milagrosas de sermos realmente felizes e realizados,
presenteando o universo de harmonia, felicidade e amor.”.
(VITTORIO MEDIOLI. Em artigo publicado no
jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 08 de julho de 2024, caderno A.PARTE,
página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.arquidiocesebh.org.br,
edição de 05 de julho de 2024, e que merece igualmente integral transcrição:
“Pilar do relacionamento
A
sociedade contemporânea, brindada por tantos especializados saberes, padece
pela carência de uma sabedoria fundamental: o pilar do relacionamento humano.
Sabe-se da importância de diferentes estratégias, mas, para se alcançar êxito,
não se pode descurar da qualidade do relacionamento humano. Propósitos são
alcançados graças à eficiência técnica, logística, ao monitoramento de
resultados. Ainda mais determinante no cumprimento de objetivos é o campo
relacional, inerente a todas as atividades humanas. Muitas iniciativas
naufragam por causa de inabilidades relacionais. Até mesmo ações que apontam
para um horizonte inovador podem nem “sair do papel”, pela falta de competência
relacional, especialmente na condução de equipes, no cumprimento da tarefa de
estimular o envolvimento de seus integrantes.
Aos
doutos, em qualquer área, não é difícil conceber projetos com engenharias
inteligentes e contemporâneas. O desafio maior é impulsionar a realização
desses projetos com o vetor do relacionamento qualificado, o que exige
habilidade para lidar com dilemas existenciais e humanos. A falta de
qualificação de líderes na administração do relacionamento interpessoal gera
acentuadas perdas nos mais diversos campos – da política à religião, da
econômica à cultura, da educação às artes. Exercer liderança significa também
tornar-se ponto de apoio para liderados e parceiros na realização compartilhada
de projetos. Para isso, é preciso superar circunstâncias que enjaulam o ser
humano, a exemplo da mesquinhez e a tendência muito comum de se buscar
aproximar apenas daqueles com quem se partilha das mesmas opiniões e
convicções. Deve-se alargar a própria interioridade, capacitando-a para gerar
agregação entre pessoas com diferentes modos de pensar, mas que estão envolvidas
na busca de uma mesma meta.
A
habilidade para se constituir uma referência que alimenta agregação entre as
pessoas não pode ser confundida com a capacidade de dar ordens. As equipes
demandam de seus líderes uma desenvoltura relacional capaz de torná-los
presença cativante, com palavras que iluminam, inflamam e impulsionam. Não
basta, pois, “ocupar uma cadeira” no exercício do poder, da autoridade ou das
mais diferentes responsabilidades. Sem competência relacional, permanece a
mediocridade. As instituições padecem com a falta de clareza e de investimentos
na competência relacional. Não conseguem transformar seu potencial em
realizações, desperdiçando-o. “Times” que confiam no seu líder, reconhecendo-o
como importante retaguarda, “jogam” melhor, com mais chance de alcançar seus
propósitos. Por isso mesmo, em sintonia com as demais aptidões que são vetores
de conquistas, deve-se investir na essencial competência relacional.
O
cultivo da competência relacional, desenvolvendo habilidades essenciais ao
exercício da liderança, contempla reconhecer o valor da reciprocidade,
estimular diálogos, motivações e mobilizações que levem às metas almejadas.
Trata-se de caminho eficaz para governanças corporativas e para a vivência da
dimensão missionária, constituindo uma força para tecer vínculos de
pertencimento essenciais ao viver com alegria, com disponibilidade para se
dedicar ao semelhante, promovendo o bem. Especializar-se na habilidade para bem
gerir relacionamentos é, pois, primordial. Uma habilidade que se conquista a
partir de um itinerário bem diferente de outras especializações que, não
raramente, fazem perder a “visão de conjunto”, do todo. E sem essa compreensão
mais global das situações, abandona-se o princípio de que tudo está
interligado. No campo relacional, deve-se alimentar a “visão de conjunto”, sem
privilegiar uma parte, dedicando atenção a diferentes temas, abordagens e modos
de compreender a realidade. Seguir na direção oposta pode levar a uma
parcialidade que se desdobra no empobrecimento das possibilidades.
Investir
na dimensão relacional não significa buscar simplesmente a execução de
técnicas. Contempla abraçar uma dimensão espiritual determinante e
insubstituível, com propriedades para reconhecer que a vida é dom e um
instrumento de transformação do mundo. Qualificar-se na competência para bem se
relacionar – e tecer bons relacionamentos – pede, especialmente, profundo
cultivo da espiritualidade, revestindo-se da capacidade para viver a
reciprocidade, que é uma alavanca de inclusão relacional. A reciprocidade
também semeia engajamento essencial à realização de diferentes projetos,
fecundando a fonte de convicções que refinam os discursos e garantem
desempenhos relevantes. Descompassos institucionais, nas instâncias do poder e
em outros segmentos da sociedade, apontam também para a falta de competência
relacional. Perde-se muito tempo e energia quando há pouca efetividade em razão
da falta de especialidade para tecer relacionamentos. Convive-se com
superficialidades e diferentes descompassos, perpetuando exclusões e disputas.
O viver preenche-se de sentido e de alegria espiritual quando se prioriza o
pilar do relacionamento.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa
história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil, com o auxílio da
música, yoga e shantala (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de
idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos
nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação
profissional (enfim, 134 anos depois, a República proclama o que esperamos
seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de
maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova
pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da
civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da
sustentabilidade... e da fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2024, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,5 trilhões (45,98%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,7 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
pois, quando os títulos da dívida financiam os investimentos nos tornamos TODOS
protagonistas do desenvolvimento SUSTENTÁVEL da nação;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
63
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2024)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar - jamais, jamais e jamais para subir,
dominar, oprimir, destruir ou matar!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana e espiritual, e, ambiental, com
pesquisa, proteção e preservação dos nossos inestimáveis recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes ...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”.
- (Re)visitando o Santo Graal, para uma vida
virtuosa: “... porque és pó, e pó te hás de tornar. (Gen 3,19)”.
- “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós
que recorremos a vós! (1830) ...
- “... A paz esteja convosco”. (Jo 20,19) ...
- Um hino de amor: “Nossa Oração” – Luiz Ayrão
...
- A arma espiritual mais poderosa do mundo: a
reza diária do Santo Terço!
- Helena Antipoff: a verdadeira fonte de alta
performance!
- Milton Santos: Por uma outra globalização do
pensamento único à consciência universal.
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrimas,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!
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