“Confiança
na gestão de crises
A história recente do
Brasil tem mostrado às organizações que a gestão de crises de imagem não pode
ser tratada apenas como um problema de comunicação. Acima de tudo, trata-se de
uma questão de atitude. De problemas como o rompimento da barragem da Samarco,
em Mariana (MG), à megaexposição de empresas, governos e políticos na Operação
Lava-Jato, envolvendo “lamas” de significados distintos, os fatos, suas versões
e impactos são insumo para bons aprendizados.
Mentira
tem pernas curtas, comprovam políticos pegos pela Lava-Jato, recebendo milhões
em propina, em total incoerência com o discurso de retidão repetido ao longo de
suas carreiras. No mundo da comunicação digital acelerada, isso é ainda mais
crítico. Em pouquíssimo tempo, e possível pela mídia – a tradicional e as
sociais – buscar e editar declarações antigas do hoje corrupto desmascarado,
numa fala em que pregava a honestidade e o respeito. A exposição é enorme e
seus efeitos implacáveis.
Crises
como essas provocam verdadeiros terremotos, mexem com os corações e mentes das
pessoas, abalam toda a sociedade. O efeito é tão impactante que cola em quem
estiver em volta. Sem, de forma alguma, entrar aqui no mérito do fato ocorrido,
pode-se dizer que o caso da Samarco respingou em toda a mineração nacional,
levantando questionamentos sobre a segurança das operações e, particularmente,
das barragens. É natural que a sociedade reaja assim diante das crises, pois
dali vem o medo. E o medo, nesse caso, e o oposto da confiança.
A
situação de Mariana expõe também o poder público responsável pela fiscalização
das atividades das mineradoras e mudou conceitos até então existentes. Dizer
que as operações de uma empresa são auditadas por especialistas externos e
fiscalizadas pelos órgãos ambientais não resolve. A chancela do poder público
também perdeu em credibilidade. Até mesmo aquele argumento de que “nossos
índices estão dentro dos limites legais” não convence. Simplesmente, porque a
confiança naqueles que fazem as leis ou cuidam do cumprimento delas também e
muito baixa.
As
empresas, como segmento institucional, também sofrem com a repercussão de
crises envolvendo organizações de porte e importância, como Samarco, Odebrecht
ou JBS. Mesmo assim, elas são, dentre as instituições, as que ainda mantêm um
melhor nível de confiabilidade no julgamento da opinião pública. Isso faz com
que, mesmo em um contexto de crise de confiança generalizada, as empresas
tenham também oportunidades de construção e fortalecimento de sua atuação e
reputação na sociedade.
Segundo
o último Trust Barometer, importante pesquisa sobre confiança nas instituições
realizada globalmente pela Edelman Significa w divulgada em março deste ano, as
empresas no Brasil ainda mantêm 61% de confiança junto à opinião pública, acima
dos 50% registrados como média geral das instituições (engloba também poder
público, INGs e mídia). Nos governos, o grau de confiança mal passa dos 20%.
Ao
divulgar o estudo, Yacolf Sarkovas, CEO da Edelman Significa, disse que este é
“um momento especial para as empresas, que poderão liderar uma agenda de
transformação no Brasil”. Isso porque – explicou – elas simbolizam a contraposição
à baixa avaliação dos governos e a possibilidade de ascensão pelo emprego e
consumo.
Em
especial no caso na mineração, que historicamente lida com o estigma de “tira
do solo, leva embora e nada deixa em troca”, os projetos de fomento ao
desenvolvimento socioeconômico local crescem em importância, pois contribuem
para aprimorar a educação, impulsionar as vocações regionais e melhorar a
autoestima das comunidades.
A base
para que essa linha de atuação prospere está no respeito no relacionamento com
as pessoas, em todos os sentidos. É alicerce para a construção de confiança,
importante para prevenir crises, pilar sólido durante a gestão de problemas e
fundamental nos processos de recuperação da reputação corporativa.”.
(JOSÉ
GUILHERME ARAÚJO. Sócio-diretor da Ideia Comunicação Empresarial e
especialista em Gestão de Crises, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de junho
de 2017, caderno OPINIÃO, página 11).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de RUBENS
MENIN, presidente do Conselho de Administração da MRV Engenharia, Banco
Intermedium, Log Commercial Properties, Urbamais Desenvolvimento Urbano e
Abrainc, e que merece igualmente integral transcrição:
“O
indispensável Estado de Direito
Os
constituintes de 1988 tiveram o cuidado de destacar na nossa Carta Magna as
assim chamadas “cláusulas pétreas”, ou seja, os dispositivos permanentes que
não podem ser eliminados ou substancialmente alterados, nem mesmo por emenda
constitucional, ainda que esta venha a tramitar regularmente no Congresso
Nacional. Não inovamos neste aspecto. Pelo contrário, esse cuidado tem sido
observado em muitas outras circunstâncias e países. No nosso caso, cuidamos de
proteger disposições importantes, como a forma de organização federativa do
Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico, a separação harmônica
dos três poderes e os direitos e garantias individuais. Os nossos constituintes
entenderam, sabiamente, que essas disposições especiais não poderiam ficar
sujeitas a modificações ou descartes resultantes de modismos ocasionais, de
motivações políticas extraordinárias ou de maiorias circunstanciais, pois
implicariam mutilações deletérias na própria essência do Estado e de sua
organização, admitidos como desejáveis e insubstituíveis no padrão original. E
estamos tendo o juízo de manter as cláusulas pétreas intocadas, desde então,
por maiores que sejam as tentações momentâneas de uma ou de outra corrente do
pensamento político.
A
história registra outras opções sábias de proteção das sociedades e dos
respectivos Estados, cujos inegáveis benefícios só podem ser avaliados depois
de longo tempo de prática, com o distanciamento correto do instante ou das
circunstâncias em que esses foram propostos, reconhecidos e adotados. Um
exemplo dessas proposições cuidadosas foi a famosa observação feita por
Benjamin Franklin, a 17 de fevereiro de 1775, na Assembleia da Pensilvânia,
cuja expressão definitiva, após diversas modificações, passou a ser esta:
“Aqueles que trocam um pouco de liberdade por um pouco de segurança não merecem
uma nem a outra, e acabam ficando sem as duas”. Disposições ou proposições desse
tipo, quase sempre aparecem na forma de um alerta ou de um apelo à reflexão,
para impedir que os povos ou suas respectivas sociedades venham a cair em
tentação motivada por situações e circunstâncias transitórias sem que sejam
avaliados, judiciosamente, os enormes prejuízos futuros.
Fiz
essas observações introdutórias para focar um conceito igualmente importante: o
Estado de Direito. Esse é um conceito reconhecido universalmente como a
estrutura de organização dos Estados que submete a todos (mandatários,
autoridades, cidadãos) ao Império da Lei (The Rule of Law) garantindo que a
interação entre os agentes ocorrerá sempre com observância de leis aplicáveis
igualmente a todos e que preservem também o assim chamado Direito Natural. Ou
seja, o Estado de Direito, exercido plenamente e sem limitações ou restrições
extraordinárias, é a ferramenta de garantia dos direitos fundamentais do homem,
incluindo os direitos políticos, sociais, organizacionais e econômicos. É a
garantia plena da liberdade, atual e futura, para todos e para cada um. Não
podemos nos afastar dele, sob pena de ficarmos desguarnecidos ou desprotegidos
e de alimentarmos alguma forma de tirania. Esse é um ponto a ser refletido
profundamente nos dias que correm.
Embora
organizado como uma democracia constitucional, o Brasil tem sido acometido por
soluços perigosos e que precisam ser evitados, mesmo quando esses soluços
decorrem de providências ou atitudes que podem agradar a maioria dos
brasileiros ou contar com a simpatia de outros tantos. Tivemos, recentemente,
alguns exemplos muito preocupantes, como a quebra desnecessária do sigilo
telefônico de políticos de destaque, seja em ligações familiares (entre mãe,
filho e nora, por exemplo) sem qualquer menção a ilícitos, seja até mesmo em
ligações confidenciais entre jornalista e suas fontes, também sem qualquer
utilidade a prevenção ou punição de ilícitos. Existem numerosos outros exemplos
além desses e, quase sempre, esses soluços autoritários nos afastam da proteção
indispensável do Estado de Direito. Por mais que esses soluços agradem a alguns
ou a muitos, temos que ser prudentes, antes que a quebra da proteção se volte
contra cada um de nós ou possibilite a formação de uma tirania embrionária. Sem
o Império da Lei, o embrião fatalmente crescerá e ameaçará a todos, inclusive
aos que veem com simpatia ou desatenção os soluços atuais. Temos, sim, que
combater a criminalidade e a ilicitude, notadamente aquela materializada na
corrupção endêmica que assola o país. Mas temos que fazer isso com a estrita
observância da lei, no âmbito preservadíssimo e intocável do Estado de
Direito.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento
da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade,
em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da
modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em abril/2017 a ainda estratosférica
marca de 422,46% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,3%; e já o IPCA
também no acumulado dos últimos doze meses, em maio, chegou a 3,60%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade);
entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...