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quarta-feira, 22 de julho de 2009

A CIDADANIA NA CARIDADE E NA VERDADE

“A caridade na verdade, que Jesus Cristo testemunha com a sua vida terrena e sobretudo com a sua morte e ressurreição, é a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira. O amor – caritas – é uma força extraordinária, que impele as pessoas a comprometerem-se, com coragem e generosidade, no campo da justiça e da paz. É uma força que tem sua origem em Deus, Amor eterno e Verdade absoluta”.
(A Caridade na Verdade, Benedictus PP. XVI)

Extremamente OPORTUNO e ESCLARECEDOR o artigo publicado por FREI BETTO no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 16 de julho de 2009, Caderno CULTURA, página 10, que também MERECE a sua TRANSCRIÇÃO na ÍNTEGRA, constituindo BELA lição de CIDADANIA:

“O papa e a crise mundial

A caridade na verdade é o título da mais recente encíclica de Bento XVI, lançada em 29 de junho. Nela, o papa enfatiza a dimensão social e política do amor: “Querer o bem comum (todos os grifos são do texto original) e trabalhar por ele é exigência de justiça e caridade. Comprometer-se pelo bem comum é, por um lado, cuidar, e, pelo outro, valer-se daquele conjunto de instituições que estruturam jurídica, civil, política e culturalmente a vida social, que deste modo toma a forma de polis, cidade. Ama-se tanto mais eficazmente o próximo quanto mais se trabalha em prol de um bem comum que dê resposta também às suas necessidades reais (n. 7).

O documento homenageia Paulo VI ao fazer eco à Populorum progessio (1967), uma das mais progressistas encíclicas dos últimos dois séculos. Bento XVI frisa que “as situações de subdesenvolvimento não são fruto do acaso nem de uma necessidade histórica, mas dependem da responsabilidade humana. É por isso que ‘os povos da fome se dirigem hoje, de modo dramático, aos povos da opulência’ (...) Viva era, em Paulo VI, a percepção da importância das estruturas econômicas e das instituições, mas era igualmente clara nele a noção da sua natureza de instrumentos da liberdade humana” (n. 17).

Enquanto no Brasil se fala em “crescimento”, o papa lembra que “Paulo VI tinha uma visão articulada do desenvolvimento. Com o termo ‘desenvolvimento’ queria indicar, antes de mais nada, o objetivo de fazer sair os povos da fome, da miséria, das doenças endêmicas e do analfabetismo. Isso significava, do ponto de vista econômico, a sua participação ativa e em condições de igualdade no processo econômico internacional; do ponto de vista social, a sua evolução para sociedades instruídas e solidárias; do ponto de vista político, a consolidação de regimes democráticos capazes de assegurar a liberdade e a paz” (n. 21).

Em seguida, Bento XVI critica o neoliberalismo: “O objetivo exclusivo de lucro, quando mal produzido e sem ter como fim último o bem comum, arrisca-se a destruir riqueza e criar pobreza (...) Todavia, há que reconhecer que o próprio desenvolvimento econômico foi e continua a ser molestado por anomalias e problemas dramáticos, evidenciados ainda mais pela atual situação de crise. Essa nos coloca improrrogavelmente diante de opções que dizem respeito sempre mais ao próprio destino do homem, o qual aliás pode prescindir de sua natureza. As forças técnicas em campo, as inter-relações em nível mundial, os efeitos deletérios sobre a economia real duma atividade financeira mal utilizada e majoritariamente especulativa, os imponentes fluxos migratórios, com freqüência provocados e depois geridos adequadamente, a exploração desregradas dos recursos da Terra induzem-nos hoje a refletir sobre as medidas necessárias para dar solução a problemas que são não apenas novos em relação aos enfrentados pelo papa Paulo VI, mas também e sobretudo com impacto decisivo no bem presente e futuro da humanidade. (...) A crise nos obriga a projetar de novo o nosso caminho, a impor-nos regras novas e encontrar novas formas de empenho, a apostar em experiências positivas e rejeitar as negativas. Assim, a crise torna-se ocasião de discernimento e elaboração de nova planificação. Com esta chave, feita mais de confiança que resignação, convém enfrentar as dificuldades da hora atual” (n. 21).

A encíclica denuncia que “cresce a riqueza mundial em termos absolutos, mas aumentam as desigualdades”. Nos países ricos, novas categorias sociais empobrecem e nascem novas pobrezas. Em áreas mais pobres, alguns grupos gozam duma espécie de superdesenvolvimento dissipador e consumista que contrasta, de modo inadmissível, com perduráveis situações de miséria desumanizadora. Continua ‘o escândalo de desproporções revoltantes’. Infelizmente, a corrupção e a ilegalidade estão presentes no comportamento de sujeitos econômicos e políticos dos países ricos, antigos e novos, como nos próprios países pobres. No número de quantos não respeitam os direitos humanos dos trabalhadores contam-se às vezes grandes empresas transnacionais e também grupos de produção local. As ajudas internacionais foram muitas vezes desviadas das suas finalidades, por irresponsabilidades que se escondem tanto na cadeia dos sujeitos doadores como na dos beneficiários” (n. 22).

E há quem suponha que a Teologia da Libertação morreu...
Não apenas continua viva, como hoje encontra abrigo até em documentos papais”.

E termina o Papa BENEDICTUS XVI:

“Que a Virgem Maria, proclamada por Paulo VI Mater Ecclesiae e honrada pelo povo cristão como Speculum Iustitiae e Regina Pacis, nos proteja e obtenha, com a sua intercessão celeste, a força, a esperança e a alegria necessárias para continuarmos com generosidade ao compromisso de realizar o ‘desenvolvimento integral do homem todo e de todos os homens’.”

Com isso, reafirmamos nossa FÉ e nossa ESPERANÇA na MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE, onde FONTES INESGOTÁVEIS como a Encíclica A CARIDADE NA VERDADE nos FORTALEÇAM no sagrado sonho da construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA.
O BRASIL TEM JEITO!...