segunda-feira, 18 de novembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA E EXIGÊNCIAS DA BOA GOVERNANÇA E AS ÂNCORAS DOS PRINCÍPIOS E VALORES ÉTICO-MORAIS NA SUSTENTABILIDADE


“Agências reguladoras necessitam de governança
        Atuei cerca de 22 anos na iniciativa privada, ingressando em seguida no serviço público em 2013, como analista administrativo. E me surpreendi ao perceber a imensa diferença entre a forma de trabalho da iniciativa privada e a utilizada no âmbito do funcionalismo. Por se tratar de um negócio público, há muitas regras, leis e normas a serem seguidas, a fim de garantir princípios gerais como os de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, o que, sob vários aspectos, é correto. Contudo, a sistemática básica desse arcabouço normativo – a burocracia – remanesce de uma forma de trabalho originada há mais de 200 anos e que vem prejudicando a administração pública moderna. Não é à toa que a sociedade tem criticado o servidor, pois, em muitos casos, ela não consegue obter serviços públicos de qualidade, com custos competitivos e em tempo razoável. Boa parte dos cidadãos desconhece que o servidor público só pode realizar estritamente aquilo que está nas normas e nas leis, ao contrário deles próprios, que podem fazer tudo o que a lei não proíbe. Ficou claro para mim que, se a administração pública quiser ser tão eficiente quanto a iniciativa privada, as leis e normas que regem o funcionamento da primeira devem se aproximar daquelas que são utilizadas pela segunda, permitindo ao gestor e ao servidor público ser mais flexíveis para alcançar melhores resultados. Em outras palavras, a administração pública deve se modernizar e adotar leis, normas, sistemas, mecanismos e técnicas que permitam ao servidor ser tão eficiente quanto os profissionais da iniciativa privada. Princípios como meritocracia, “empowerment”, transparência e “accountability”, entre outros, devem ser seriamente adotados para o aprimoramento do serviço público, sob o manto da governança corporativa.
         O conceito de governança corporativa surgiu em empresas e corporações e se municiou de diversos mecanismos de controle a fim de garantir que os interesses de seus “stakeholders” fossem mediados. Apenas recentemente, ele passou a ser aplicado também à esfera pública, para as organizações públicas e seus agentes serem monitorados e avaliados por seus dirigentes e pelo seu maior “stakeholder” – a sociedade – quanto à entrega do valor público esperado.
         As agências reguladoras são órgãos relativamente jovens no Brasil e desempenham importante papel nos cenários tecnológico, econômico e social. O desempenho delas depende de quão eficientes e efetivas elas de fato são, sobretudo, na busca pelo equilíbrio de interesses entre a sociedade e o mercado, os quais exigem qualidade e velocidade na apresentação de resultados.
         A implementação ampla e séria do conceito de governança, associada a uma profunda reformulação da maneira de se conduzir a administração pública, pode proporcionar melhores condições para o alcance de resultados, ao favorecer princípios como transparência, responsabilidade corporativa, equidade e “accountability” no serviço público.”.

(Carlos Jorge Arruda Lima. Analista administrativo da Anatel, filiado à União Nacional dos Servidores de Carreira das Agências Reguladoras, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 15 de novembro de 2019, caderno OPINIÃO, página 17).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, mesma edição, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Trinfo de nulidades
A dolorosa visão de cenários desfigurados e perversos na sociedade contemporânea faz brotar forte indagação: há triunfo das nulidades? Pode parecer uma perspectiva dramática ou pessimista, mas é real. Não é exagero constatar que esse triunfo, lamentavelmente, está em curso. Considerar, cotidianamente, os desatinos que ameaçam a humanidade e a conduzem, com velocidade, rumo a precipícios, é uma urgência. Afinal, muitas vezes não é possível retornar do fundo do abismo, ou é necessário longo prazo para a recuperação. Ao mesmo tempo, as urgências humanitárias e civilizatórias exigem respostas imediatas. Não se pode mais suportar pesos, sofrimentos e descompassos que atingem frontalmente o bem comum e ferem a humanidade. Por isso mesmo, é preciso mais cuidado e responsabilidade para mudar essa realidade, o que exige dos cidadãos e cidadãs a remodelação de atitudes - de hábitos domésticos até decisões em instâncias que impactam os muitos processos da vida.
Vê-se o crescimento da indiferença, acompanhado de descuido proposital e perverso na vivência de valores, no respeito a princípios, o que torna as pessoas potenciais avalanches demolidoras, umas passando por cima das outras. O resultado: a devastação moral, física e humanitária com altos preços a pagar. Diante disso, é cada vez mais atual a expressão iluminada de Rui Barbosa, ainda no início do século passado, com força de repreensão, ao dizer que se tinha vergonha de ser honesto, de tanto ver triunfar as nulidades, prosperar a desonra, o crescimento da injustiça, com o agigantar-se dos poderes nas mãos dos maus. Assombra, hoje, a naturalidade com que o mal é aceito, destruindo, sorrateiramente, o indispensável humanismo e a envergadura moral necessária ao exercício de responsabilidades.
Todos os processos da vida pessoal, familiar, profissional, religiosa e cidadã estão contaminados pela banalização do mal. Para além da abordagem filosófica - se o mal é dotado de um ser - considera-se que o pensamento moderno questiona a sua existência. Também por isso, a humanidade paga na própria pele os seus efeitos desastrosos. O mal faz troças da racionalidade humana que, sozinha, não consegue enfrentá-lo e reverter quadros, mudar situações e requalificar indivíduos.  Mais que um problema, o mal é um mistério a ser afrontado, com humildade e atenção, para, especialmente, o ser humano não se tornar agente da maldade e seguir na direção oposta à condição de cada pessoa: a dignidade maior de ser filho e filha de Deus - que é bom, porque é amor.
As diferentes corrupções que enlameiam a sociedade têm suas raízes no mal. Sua perigosa banalização vai ganhando, avassaladoramente, a regência da vida. Com isso, o mal passa a definir as dinâmicas da sociedade, com força de convencimento, para fazer, por exemplo, que se considere verdade o que é mentira. Narrativas do Evangelho a respeito da tentação sofrida por Jesus no deserto sublinham a fragilidade da condição humana e apontam o caminho experiencial de sua superação. Essa perspectiva merece atenção de toda sociedade para, seguindo o exemplo de Jesus, se debelar o crescimento assustador do poderio do mal. Ao ser desconsiderado, o mal se apresenta como única alternativa, desvirtuando a verdade e o amor, comprometendo a paz social e a justiça. A força do mal é tão incidente que perverte até mesmo religiosos, distanciando-os da conduta esperada dos que professam a fé. Quem crê, autenticamente, pauta a própria vida, seus atos e momentos na verdade e no amor, desdobrados em solidariedade fraterna e em testemunho de uma realidade que ultrapassa o tempo, o espaço e as ideias - o Reino de Deus. Vive, neste tempo, o sonho e a luta para efetivar as lógicas do bem.
Por onde caminhará, com a banalização do mal, a defesa da justiça? Os argumentos advocatícios passam a ser tarefa irracional, com agressividade e até sem o mínimo senso de civilidade. Permite-se defender o indefensável, fazer valer a mentira como verdade. A força do mal seduz os operadores da sociedade, nos seus diversos campos de ação e produção. Faz valer a lógica da ganância e do lucro, com justificativas que comprovam o poder do mal. As instituições ficam à mercê de interesses espúrios, seus atores e responsáveis, incapacitados.
O tecido humanístico, carcomido pelo mal, fortalece lógicas que negam a preciosidade do dom da vida. E a cidadania sofre, pois se vê privada da qualidade indispensável de urbanidade. Cada um se reveste de uma condição voraz e, permitindo-se passar por cima de tudo e de todos, provoca o caos social e político. A sociedade está desafiada a combater a forma como tem assimilado o mal, a lutar por investimentos ético-morais em princípios e valores, por práticas que amansem o coração humano. Assim, será alcançada a competência exigida neste momento da história, único caminho para se conter, com urgência, o triunfo de nulidades.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 307,82% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 307,58%; e já o IPCA, em outubro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,54%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.