“A
hora certa para agir
A deterioração da
situação econômico-financeira das empresas nunca foi tão dispersa entre os
setores da economia brasileira. Em função desse cenário de instabilidade,
muitas delas precisam estar atentas e ligar um sinal de alerta: aquelas que
perderem o timing para agir podem não ter chances de se recuperar.
As
expectativas negativas relacionadas à economia foram confirmadas pelo IBGE com
a divulgação de uma queda de 3,8% do PIB no ano passado, quando comparado com
2014, o pior resultado desde 1990. Esses dados não só provocam a apreensão de
investidores, mas, principalmente, desafiam a continuidade das empresas de
quase todos os setores da economia nacional. Diante do agravamento das
condições marcroeconômicas brasileiras e da queda da demanda de produtos e
serviços, muitas companhias vão precisar adaptar as operações, abrindo mão de
margens que, provavelmente, já se encontram no limite, para tentar superar os
desafios que colocam a própria sobrevivência em risco.
Esse
cenário tem consequência direta entre o empresariado brasileiro. Dados da
Serasa Experian apontam que, no ano passado, os pedidos de recuperação judicial
aumentaram, aproximadamente, 55% em relação ao ano de 2014. Além disso, só no
primeiro bimestre deste ano essas solicitações são 16,4% superiores ao mesmo
período de 2015.
É
verdade que é comum existirem empresas com baixa produtividade, mão de obra
superdimensionada, lead time maior que o necessário e desbalanceamento de
estoque e de linhas de produção. A baixa importância dada ao planejamento de
produção, o descaso com as margens operacionais, a ausência de controle de
custos alinhado com ações de racionalização e preservação de caixa e capital de
giro resultam na necessidade de elevada alavancagem para a continuidade das
atividades empresariais. A chave para a sobrevivência inicia-se pela arrumação
de casa, ou seja, pela reestruturação operacional do negócio.
Vale
lembrar que algumas características são essenciais para que um processo de
reestruturação tenha resultado positivo. Um planejamento bem-sucedido conta com
uma liderança forte e deve ser implementado em diversas áreas, como a
societária, financeira, estratégica e operacional. Para isso, um detalhado
diagnóstico das causas do fracasso e um robusto processo de revitalização da
organização devem ser desenvolvidos e, principalmente, implantados com firmeza.
É fato
que, diante de uma reestruturação, uma empresa pode se restabelecer e até
voltar mais forte do que antes. Mas, para isso, o timing para agir é
fundamental. Por exemplo, não adianta esperar a empresa zerar os estoques,
perder os principais clientes, criar situações de impasse com bancos e
fornecedores.
Em
adição ao imprescindível trabalho de reorganização operacional, as empresas contam
com a possibilidade de ferramentas previstas em lei como os processos de
recuperação judicial e extrajudicial. Nunca haverá garantia do apoio dos
credores, porém, as que de fato investem em melhoria das operações têm muito
mais chances de contar com o apoio dos credores e, com isso, ser resgatadas de
uma situação de crise ou crise iminente. Nesses casos, os principais benefícios
concedidos pelos credores vão desde carências e alongamentos nos contratos até
descontos sobre o valor das dívidas.
No
Brasil, muitos empresários acabam buscando a proteção de uma recuperação, seja
ela judicial ou extrajudicial, como última alternativa para manter os negócios
vivos. Buscam a proteção da lei tardiamente e sem planejamento. A situação
atual demanda que os líderes tenham agilidade e firmeza no enfrentamento da
crise. Saber a hora certa de agir é fundamental, ou então estaremos somente
adiando um melancólico final: a falência.”.
(ALAN RIDDELL,
sócio da KPMG, e LEONARDO CAMARGOS,
diretor da KPMG, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de abril de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de ESDRAS
ELER, coordenador do curso de engenharia elétrica do Centro Universitário
de Belo Horizonte (Uni-BH), e que merece igualmente integral transcrição:
“Ser
ou não ser
empreendedor,
eis
a questão
Algo diferente está
ocorrendo ao nosso redor. Até pouco tempo estávamos acostumados a aceitar
tecnologias e soluções “prontas” que invadiam as nossas vidas, não no momento
que desejávamos ou que precisávamos, mas no momento em que os empreendedores de
outros países entendiam que estava na hora de levar a inovação até as nossas
vidas aqui no Brasil. Mas, nos últimos tempos, estamos observando o surgimento
de uma nova onda empreendedora no
Brasil, baseada no empreendedorismo por oportunidade e não mais no
empreendedorismo por necessidade, típico de países subdesenvolvidos.
Países
desenvolvidos sempre incentivaram e investiram em ações ligadas à inovação e ao
empreendedorismo. Joseph Schumpeter, economista e cientista político, um dos
precursores do estudo da inovação no mundo, descreveu o empreendedorismo como
um agente de promoção do progresso econômico através da destruição criativa,
incubadoras, parques tecnológicos, aceleradoras e políticas públicas de
incentivo à inovação foram desenvolvidos em outros países e alavancaram suas
economias enquanto o Brasil permanecia “parado” no tempo. Temos o registro da
inauguração da primeira incubadora de empresas no Brasil em 1984, dentro da
Universidade Federal de São Carlos (SP), enquanto nos Estados Unidos, por
exemplo, as primeiras iniciativas surgiram em 1959.
A
década de 1990 trouxe a abertura da economia, os anos 2000 nos apresentaram as
leis de incentivo à inovação, como a Lei de Inovação Tecnológica (10.973, de
2004) e a Lei do Bem (11.196, de 2005), mas foi nos últimos cinco anos que
percebemos de fato o surgimento de iniciativas reais de incentivo à inovação,
com o surgimento de iniciativas federais, iniciativas regionais e iniciativas
que nos presentearam com várias startups de boa qualidade e, principalmente,
permitiu o aquecimento do ecossistema empreendedor no Brasil.
Mas
ainda falta algo para garantir que este processo de transformação empreendedora
possa de fato gerar benefícios econômicos de médio e longo prazo. As
instituições de ensino, sejam elas públicas ou privadas, precisam participar
ativamente deste processo. A transformação do país passa necessariamente pela
educação empreendedora de nossos jovens. Precisamos formar bons técnicos, seres humanos
éticos e cidadãos empreendedores. As ideias desenvolvidas por pesquisadores,
professores e alunos dentro das instituições de ensino precisam ser levadas até
as oportunidades que estão no mercado e é o aluno, quando egresso dessas instituições,
que precisa fazer esse papel.
Para que isso ocorra, o
estudante precisa vivenciar projetos interdisciplinares de pesquisa dentro das
instituições, que, além do aspecto técnico, deem a ele a oportunidade de
desenvolver também o seu lado empreendedor, para que consiga identificar
problemas realísticos e desenvolver soluções que sejam de fato inovadoras e
ferem lucro e novos empregos. Além disso, o aluno precisa identificar no
empreendedorismo benefícios que façam sentido para ele, pois o ambiente
empreendedor brasileiro, apesar das melhorias que estamos vivenciando, ainda é
bastante árido e nem todos os que se aventurarem neste jogo terão sucesso.
Somos um povo empreendedor, o que precisamos é nos qualificar melhor e ter mais
pessoas ansiosas por essa vocação. Afinal, “ser ou não ser empreendedor, eis a
questão”.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da
sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março a ainda
estratosférica marca de 432,24% para um período de doze meses; e mais, em
fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção
mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e
danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no
artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança
das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do
Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 1,044 trilhão), a exigir
alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
-
Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...