“Legado
pós-crises globais
A pandemia que
enfrentamos uniu o mundo contra um inimigo comum. Ao longo dos tempos, a
história está repleta de exemplos de que, nos momentos de graves crises, por
meio da inteligência humana, surgem tecnologias e hábitos capazes de
transformar nossas vidas de forma positiva.
Se
voltarmos um século no tempo, perceberemos que campanhas por hábitos de
higiene, que hoje são imprescindíveis, se popularizaram no Brasil em outra
grave epidemia. A gripe espanhola dizimou cerca de 50 milhões de pessoas no
mundo e desembarcou no Brasil em 1918, matando mais de 30 mil pessoas em poucos
meses.
Sem
saber como combater a enfermidade, autoridades difundiram hábitos que deveriam
ser seguidos pela população. Entre esses estavam os cuidados ao lavar as mãos,
ao tossir e evitar circular pelas ruas. Segundo historiadores, também é dessa
época o embrião do Ministério da Saúde, criado oficialmente em 1930, e o
Sistema Único de Saúde (SUS), previsto na Constituição de 1988.
A
importância da ciência pode ser percebida nas grandes guerras, responsáveis
pela criação de equipamentos que ajudaram a impactar a sociedade. Quem assistiu
ao filme “O Jogo da Imitação” conheceu a história do matemático Alan Turing e
como a sua invenção, a Bomb, foi capaz de decifrar e quebrar os códigos da
Enigma, a máquina eletromecânica de criptografia nazista. Os geniais estudos de
Turing o tornaram o “pai da computação”. Como imaginar a humanidade sem os
computadores?
A ideia
central deste texto é mostrar a importância da ciência e como ela sempre está
presente de forma extremamente positiva nas grandes crises. A popularização do
rádio como meio de comunicação, os alimentos enlatados e os artefatos que ainda
hoje fazem parte do nosso cotidiano, como lenços de papel, talheres de aço
inoxidável e relógios de pulso, são exemplos de desenvolvimentos ocorridos em
períodos de guerra, possíveis graças à genialidade de cientistas. Até mesmo o
zíper foi aperfeiçoado para os uniformes militares. A engenharia militar foi
responsável também por invenções que utilizamos todos os dias, como o
micro-ondas, o GPS, as câmeras digitais e até mesmo a internet.
Vivemos,
talvez, a maior crise humanitária global pós-Segunda Guerra. Porém, temos
exemplos e a certeza de que a inteligência do ser humano já se mostrou capaz de
mudar o mundo e tornar a vida da população melhor. Se ainda é difícil prever
quando retomaremos a nossa rotina como sociedade, a esperança que nos move é
que a ciência, mais uma vez, vencerá.”.
(Samuel Lloyd.
Diretor do estádio Mineirão e da Urbia Gestão de Parques Urbanos (SP), em
artigo publicado no jornal O TEMPO Belo
Horizonte, edição de 7 de abril de 2020, caderno OPINIÃO, página 19).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.arquidiocesebh.org.br/para-sua-fe/espiritualidade/artigo-de-dom-walmor/vivenciar-silencio-profundo/,
edição de 10 de abril de 2020, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e
que merece igualmente integral transcrição:
“Vivenciar
silêncio profundo
O mais profundo,
misterioso e inquietante silêncio é o da morte. Amedronta e atormenta a
existência humana, escancarando a sua finitude, experimentada também nos
limites das enfermidades que batem, igualmente, à porta de ricos e pobres. A
finitude remete à preciosidade da vida, que é dom. Ao mesmo tempo, ensina que a
igualdade pela solidariedade é caminho único para a preservação e o desabrochar
do dom da vida. Práticas distantes da solidariedade submetem a humanidade a
pandemias muito ameaçadoras, escancarando aos olhos de todos que as riquezas,
quando tratadas mesquinhamente, de nada valem, que o poder, se for exercido
como serviço, conduz ao autoextermínio.
O
silêncio das ruas – embora ainda contracenando com a indisciplina, fruto de
ignorantismos – o silêncio sacro das igrejas, transferido para a assembleia orante
de cada lar, o silêncio na interioridade das pessoas, todos os silêncios, nesta
Sexta-feira da Paixão, são tocados pelo silêncio profundo da morte de Jesus
Cristo, Salvador do mundo, Mestre e Senhor. A oferta máxima de Jesus tem força
para libertar o ser humano da escravidão, da dinâmica frenética de um a dia
enlouquecido pelo ilimitado desejo de acumular dinheiro e posses a qualquer
custo, passando por cima do próprio bem.
O
profundo silêncio da morte redentora de Cristo, em obediência amorosa ao desejo
de Deus, Pai de Jesus e de cada pessoa – por isso todos são irmãos uns dos
outros – tem propriedade únicas. Fecunda nova compreensão e permite à
humanidade trilhar caminho diferente, em um tempo privilegiado pelas
descobertas da razão, mas, também, repleto de incertezas e inseguranças –
consequências da falta de espiritualidade. A dimensão espiritual é a fonte
verdadeira de humanismo e do autêntico sentido de pertencimento a Deus, que
salva e concebe a vida em plenitude, orientada por parâmetros capazes de
fazê-la ressurgir no contexto de uma humanidade solidária. A vida torna-se
sábia na relação com o meio ambiente, a Casa Comum, livrando-a de depredações
criminosas e extrativismos inescrupulosos.
O
silêncio profundo e ensurdecedor desta Sexta-feira da Paixão, ao mergulhar a
humanidade no inexplicável e interpelante mistério da morte, revela a
insignificância dos bens ante o valor maior da bondade. Apura o discernimento,
permitindo reconhecer dois preocupantes grupos no contexto da civilização contemporânea:
no primeiro grupo, os indiferentes e perversos, que assim o são pelo
desrespeito aos valores inegociáveis da solidariedade, por desconsiderar a
dignidade humana. Apropriam-se do poder balizados pela mesquinhez, alimentando
práticas e hábitos que provocam adoecimento e esgotam a humanidade. São
coniventes com a destruição do meio ambiente – argumento que isso é “progresso”
ou “desenvolvimento”. No outro grupo, estão os que tentam se aproximar da
espiritualidade redentora nascida da Cruz de Cristo, mas encontram-se
inabilitados pela ausência de valores e princípios. Consequentemente, alimentam
compreensões estreitas, responsáveis por traduções inadequadas do mistério do
amor de Deus. Apegam-se a práticas religiosas superficiais e contaminadas por
invencionices. Pode-se dizer que são pessoas à beira do poço de água límpida,
mas sem balde para retirá-la e matar a própria sede. Adotam práticas e
escolhas, embora camufladas por uma “roupagem” cristã, desprovidas da força da
fé e, consequentemente, incapazes de inspirar as mudanças necessárias a este
tempo.
Esses
dois grupos arrastam a humanidade para o fracasso, favorecem o surgimento de
loucuras, desvarios de todo tipo, conduzindo o mundo ao precipício das
pandemias. O distanciamento social, o medo de adoecer e de perder a vida
envolvem a sociedade com o silêncio, até aqui pouco praticado. E abraçar esse
silêncio incomoda uma sociedade desorientada, exatamente por não ter o hábito
de escutar. Quem não silencia fala o que não deve, compromete rumos e corre riscos.
O silêncio profundo possibilita superar a escuridão existencial; conquistar a
sabedoria necessária para que não haja um colapso total. A humanidade precisa
deixar-se inundar pelo completo silêncio desta Sexta-feira Santa, celebração da
paixão e morte Jesus Cristo e homem, salvador e rendentor.
O rumo
novo para se repensar a existência requer a sabedoria de contemplar e almejar a
vida eterna, fundamento de uma dinâmica espiritual capaz de garantir
consistência e sentido ao viver. Sem qualificada espiritualidade os
adoecimentos continuarão, os esgotamentos serão insuportáveis e as lógicas que
alimentam as pandemias, insuperáveis. O equilíbrio mundial precisará de nova
lógica econômica, de uma política mais cidadã, de organizações mais solidárias,
sem poder prescindir da espiritualidade. A dimensão espiritual é fonte de
sentido, do viver alicerçado na simplicidade, focado no amor ao próximo. A
fonte inesgotável desse amor, revelado na paixão, morte e ressurreição de
Jesus, é Deus, em diferente do que ensinam religiosidades mercantilistas e
manipuladoras. Não vale qualquer espiritualidade. Só é curativa e sustentável
aquela que se assenta sobre a esperança fidedigna, não ilusória, garantida por
uma pessoa: Ele, Cristo, o incontestável em lógicas, gestos e na oferta de si.
Aquele que mergulha no silêncio da morte para dela sair vitorioso e garantir
vida plena a todos. A humanidade se deixe fecundar por este profundo silêncio,
para devolver simplicidade à vida, ternura e alegria aos corações.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas,
soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a estratosférica marca de
322,6% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 135,6%; e já o IPCA,
também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,01%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação
Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um
caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...”
– e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura,
além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências
do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações,
da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade
e de um possível e novo mundo do direito,
da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da
igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa
esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental,
com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.