“Vamos
falar sobre o empresarismo?
O mundo decidiu apostar
no chamado empreendedorismo, que tem como objetivo desbravar o mercado em busca
de novos modelos de negócios. A economia, certamente, impulsionou essa
iniciativa quando o mercado de trabalho passou a ter um novo perfil, e a
geração Y, aqueles que estão na faixa de 21 a 34 anos, buscou novas formas de
atuação profissional.
E aí vieram
as avalanches de startups. Muitos enxergaram esse movimento como a saída para
revolucionar o mercado, sendo um mecanismo para encontrar a solução de
problemas em diferentes setores. E a quantidade de iniciativas nesse sentido só
tem aumentado. Segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de
Startups (ABStartups), o número de empresas cadastradas na instituição dobrou
entre 2012 e 2017, indo de 2.519 negócios para 5.147. Hoje, já são 12 mil
empresas seguindo esse modelo.
Com os
sonhos, vieram os investimentos, e o Brasil passou a sediar os novos
unicórnios, termo que classifica empresas que deslancham em seus segmentos e
passam a valer mais de US$ 1 bilhão, como a Nubank, a PagSeguro e a 99 Táxi.
Hoje, no país, há cerca de 7.000 investidores dispostos a aplicar pelo menos R$
50 mil, segundo dados da Anjos do Brasil, entidade de fomento ao
investimento-anjo no apoio ao empreendedorismo de inovação.
É um
mundo a se explorar, mas também a se questionar! Por um lado, temos uma onda de
pessoas com conhecimento e boa vontade querendo transformar o mercado. Do outro
lado, instituições sedentas por injetar dinheiro em um produto novo. A soma
disso é uma quantidade expressiva de novos empreendedores que dão o sangue em
busca da carta de alforria: receber um aporte de dinheiro pela sua brilhante
ideia, e fim.
Está
errado! Não precisamos de empreendedores querendo apenas levantar fundos.
Precisamos criar o empresarismo, ou seja, criar empresários, que passam parte
da vida se dedicando aos negócios e fazendo com que eles se desenvolvam e deem
frutos no mercado. É disso que precisamos.
Para
aproveitarmos esses investidores que podem fazer emergirem os novos negócios,
temos que conectar aqueles que trazem a inspiração aos que têm condições de
subsidiar essas novas ideias que surgem. Assim, teremos condições de colocar
uma nova turbina no Brasil, já que a estrutura político-econômica não dá
condições para quem quer apostar no mercado.
É hora de
arregalar as mangas, mostrar que cada iniciativa não deve ser pensada apenas
para ser vendida, mas, sim, ser regada para semear o mercado. O pensamento da
venda de uma grande ideia turva a proliferação de um mercado fértil para esta e
para as próximas gerações. Vamos apostar no empresarismo para transformar nosso
país!”.
(Daniel
Domeneghetti. Especialista em relações de consumo, em práticas digitais no
relacionamento com o cliente e CEO da Dom Strategy Partners, em artigo
publicado no jornal O TEMPO Belo
Horizonte, edição de 6 de dezembro de 2019, caderno OPINIÃO, página 19).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com,
mesma edição, de autoria de DOM WALMOR
OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente
integral transcrição:
“Saber
esperar
Saber esperar é um princípio da sabedoria capaz de evitar a
precipitação de processos, a desorganização das dinâmicas e prejuízos
irreversíveis. Esse princípio da sabedoria equilibra a condição emocional, cura
a ansiedade que, além de adoecer, induz a escolhas equivocadas. O exercício
existencial de saber esperar inscreve-se na dinâmica psíquico-emocional, requer
balizamentos para a garantia de sua conquista. Conduz ao equilíbrio
indispensável para as relações interpessoais, no horizonte complexo de decisões
que impactam a vida. Assim, saber esperar é um dom necessário para se organizar
a sociedade sob os parâmetros do viver fraterno e solidário. Saber esperar
conta, de modo determinante, na composição de dinâmicas e marcos
civilizatórios, direcionando a sociedade contemporânea na superação de sua
incompetência humanística, que configura descompassos irracionais e injustiças.
Por não saber esperar, as pessoas e a sociedade sofrem com
fracassos e encontram dificuldades para experimentar a vida como dom
inquestionável. Cultivar essa capacidade não é simples. Requer engajamento em
processos educativos capazes de consolidar, nas dimensões psíquica e moral,
valores e princípios indispensáveis para uma conduta humana nobre, instrumento
para a edificação em contraponto a todo tipo de irracionalidades. Mas, em vez
dessa necessária qualificação para o exercício da paciência, alarma constatar
que as dinâmicas contemporâneas desenvolvem nos cidadãos a incapacidade para
saber esperar. A velocidade dos avanços tecnológicos, com o crescente uso de
dispositivos eletrônicos para se comunicar, tem contribuído para acentuar essa
incapacidade.
A impaciência crescente inviabiliza diálogos e compromete a
necessária escuta construtiva, atitude que tece relações humanas e recompõe
entendimentos. Por não saber esperar, torna-se cada vez mais comum o comprometimento
da civilidade básica, com atitudes balizadas por indiferenças, falta de
acolhimento e insensibilidade. A impaciência compromete até mesmo o respeito à
boa educação. Esses sérios comprometimentos no conjunto da vida atual, pela
falta de paciência, têm, no tempo litúrgico do Advento, vivido pela Igreja
Católica em preparação para acolher o Salvador Jesus Cristo, em seu Natal, as
dinâmicas que ensinam o coração humano a esperar.
A grande tônica do tempo do Advento é a espera confiante, não
emoldurada pela ansiedade, a partir da experiência de se fixar o olhar na
pessoa de Jesus Cristo. Trata-se de um exercício de fé que qualifica
expectativas e leva a escolhas acertadas, diante dos muitos anseios que
efervescem no íntimo de cada ser humano. Saber esperar requer o assentar-se em
uma esperança que seja fidedigna. Não se trata de uma aposta “no escuro” ou
simplesmente reduzir aquilo que se busca a parâmetros medíocres. Em vez disso,
é cultivar a força para enfrentar o tempo presente e avançar até que sejam
alcançadas as metas almejadas, sem se deixar abater pelo cansaço do percurso,
livrando-se do perigo dos imediatismos e criando as resiliências necessárias
para lidar com dissabores, imprevistos.
O segredo para cultivar a paciência é ter sabedoria para bem
definir sobre qual esperança se assenta o viver. É arriscado e perigoso
cultivar uma esperança construída sob a hegemonia perversa da idolatria do
dinheiro, que alimenta o desejo de apenas acumular posses, riquezas, e resulta
em uma felicidade efêmera, que se dilui com o tempo, nas circunstâncias finitas
da existência humana. O tempo do Advento permite, a partir de suas celebrações
e pedagogia próprias, o enraizamento de uma esperança fidedigna: a oportunidade
do encontro com a pessoa de Jesus Cristo. O Mestre vem ao encontro de todos.
Acolhê-lo na centralidade do viver é a providência para perenizar a fonte de
uma autêntica capacidade de saber esperar. Permite a cada pessoa conduzir a
vida reconhecendo-a como dom.
O tempo do Advento - com a interpelação da Palavra de Deus, na sua
beleza, a sensibilizadora liturgia celebrada - pode corrigir a habitual
teimosia de se depositar esperança equivocadamente naquilo e naqueles que não
podem garantir fontes de fidedigna esperança. A indicação é simples, o desafio
existencial é enorme e o resultado é transformador ao se vivenciar a proposta
do Advento, pela experiência do encontro e do conhecimento de uma pessoa que
muda vidas, dando a elas seu sentido verdadeiro e fortalecendo a capacidade de
saber esperar para bem viver. Conhecida esta Pessoa, Jesus Cristo,
compreende-se que não são os elementos do cosmo ou as leis da matéria que regem
o mundo e o homem, mas Deus, que governa o universo. É reconhecido um largo
horizonte, com a estrela de uma esperança fidedigna que aponta o rumo a ser
seguido. Aprende-se a esperar, vencendo ansiedades. E, mesmo diante de tropeços
ou acontecimentos adversos, a alegria de viver permanece sempre.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a ainda estratosférica marca
de 317,24% nos últimos doze meses, e a
taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 305,89%; e já o IPCA, em
novembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,27%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão sendo
apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já
se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria
grega, do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.