Mostrando postagens com marcador Ricardo Dupin. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ricardo Dupin. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS DA MEDICINA E A BUSCA DA VERDADE NA SUSTENTABILIDADE

“A medicina na era da precisão
        Já na escola de medicina, o estudante se depara com uma formação norteada pela busca do desenvolvimento de técnicos ultraespecializados.  Durante a universidade, há cerca de 20 anos, vivenciei uma tímida tentativa de maior socialização e humanização da medicina, numa época em que o SUS, o maior sistema de saúde do mundo, ainda era um bebê. Na residência, aprendemos de forma dura como é a vida do médico nas relações humanas, que sofre com a solidão da decisão e com o caos de nossos serviços de saúde.
         É indiscutível a relevância do conhecimento técnico para um serviço de qualidade. Mas, olhando em retrospectiva, constato que não tivemos acesso, na nossa formação, aos princípios de administração e ao exercício de um melhor entendimento sobre o funcionamento do modelo de saúde e o cenário em que estávamos inseridos. Não parece estranho que os profissionais de medicina sejam tão inconscientes da atual dinâmica e desempenho das instituições de saúde? Certamente, além de fragilizar a qualidade da atividade, creio que o maior ônus para o setor está na perda de oportunidades de melhorias contínuas.
         Temos tantos profissionais que se destacam pelas elevadas capacidades cognitivas, excelência técnica e atitude solidária em relação ao sofrimento humano. Porém, o país desperdiça esse potencial ao excluí-lo dos debates e processos de decisões do nosso modelo de saúde. Vivemos um paradoxo entre a medicina da precisão, que se destaca pelos grandes avanços e ganhos de assertividade na condução dos tratamentos dos pacientes, e um sistema de saúde ineficiente. Isso porque toda essa expertise não se estende e nem se reflete na gestão e na performance de toda essa estrutura.
         Acredito que nós, técnicos da saúde, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, entre outras especialidades, precisamos ter uma visão sistêmica da cadeia em que atuamos. Duas mudanças podem ser determinantes na construção desse protagonismo médico na gestão da saúde. A primeira seria incluir nas grades curriculares das universidades as teorias da administração, com o mesmo peso que outras disciplinas técnicas. A segunda seria o desenvolvimento individual de cada técnico nas competências humanas e gestoras.
         É preciso motivar e valorizar o comportamento empreendedor, a visão estratégica, a inovação, a criatividade, o planejamento, entre outras competências humanas na área de saúde, de forma a permitir reflexões mais profundas sobre a realidade do setor. Em todas as profissões, essa é uma tendência latente e a medicina também precisa estar aberta a desenvolver seu potencial para aprimorar sua capacidade de oferecer eficiência e qualidade.
         Não se trata de desviar a competência técnica desses profissionais para a esfera da gestão. Quando defendo uma atitude mais empreendedora, me refiro a uma postura mais participativa e engajada no sentido de vislumbrar e propor novas soluções para o sistema, cujos problemas e questões impactam no nosso trabalho.
         O setor de saúde tem um longo histórico marcado por investimentos reduzidos, baixa qualidade gerencial, insatisfação dos trabalhadores e usuários e muitos desperdícios. Tudo isso limita nossa capacidade de inovar na gestão e no atendimento e compromete a atratividade da área para novos profissionais com competências humanas e gerenciais diferenciadas.
         Assim, defendo um exercício de ampliação do papel da medicina e da visão global desses técnicos sobre esse contexto e seus desafios. Conhecemos de perto essa realidade e temos potencial para ajudar a reverter tais problemas e expandir as oportunidades de aprimoramento. E essa é uma iniciativa que cabe a todos nós, profissionais de saúde, e demais atores envolvidos como instituições públicas e privadas e própria sociedade civil.”.

(RICARDO DUPIN. Médico e diretor do Laboratório São Marcos, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de janeiro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 27 de janeiro de 2017, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Encantar-se com a verdade
        Encantar-se com a verdade pode ser importante indicativo para a recondução da sociedade na direção do bem e da justiça. O conhecimento da verdade e sua prática confeccionam o tecido de uma cultura assentada na solidariedade e na competência de prezar os valores e respeitar, incondicionalmente, a dignidade de cada pessoa. Não basta a referência à verdade objetiva de fatos e acontecimentos tratada nos parâmetros da verdade jurídica. Embora seja esse curso indispensável para equilibrar os compassos intocáveis no funcionamento de uma sociedade, não tem a força preventiva e educativa necessária. É semelhante ao apagar o fogo de incêndios que surgem a todo momento e vão se agravando, em quantidade e intensidade. Assim, torna-se impraticável dominar as labaredas em curto prazo, sem atingir a base do fogo, a exemplo do que ocorre, na atualidade, com o sistema prisional, que exige reformas radicais.
         A sociedade, hoje, cruelmente, paga o preço de uma realidade carcerária organizada ora como cartel, ora com descaso e, sobretudo, sem o entendimento adequado do que é necessário para recuperar o tecido degradado da dignidade humana, em tantas pessoas que cometem crimes, transgredindo as leis. Situações análogas estão presentes em outros setores sociais que contabilizam graves prejuízos produzidos pelo comprometimento da verdade, assumida e empunhada como bandeira de honra do viver cotidiano.
         Esse processo de relativização da verdade na sua formulação filosófica e conceitual compromete a sua vital assimilação na dinâmica ético moral. Abre as portas à permissividade, impedindo as substituições necessárias capazes de deter os descalabros da corrupção, da violência e da indiferença, passivos que atrasam a sociedade nos seus projetos de desenvolvimento e esgarçam as relações sociais e políticas. Relativizar a verdade produz o caos, a exemplo do que vivenciamos neste momento, atravanca o encontro de saídas para crises que, retardadas na sua solução, multiplicam esses passivos, exigindo muito mais tempo e recursos investidos para serem corrigidos.
         O processo de encantar-se com a verdade, sempre libertadora, começa pela prática de atitudes muito simples, embora de grande relevância, a principal delas, banir do dia a dia o terrível costume das chamadas pequenas mentiras – ilusória preservação da própria privacidade, defesa desnecessária da individualidade, ou ainda tolice de se justificar perante fatos e pessoas. Na convivência familiar, por exemplo, essas práticas constituem-se verdadeira armação de bombas futuras, quando adultos, até inconscientemente, exercitam crianças e jovens nesse tipo de conduta. É fundamental rechaçar toda e qualquer forma de distorção da verdade, até mesmo quando a própria cultura adota como “um jeito de ser”, nunca mentir, mas jamais dizer a verdade toda. Esquece-se de que a verdade só pode ser assim considerada quando é inteira, nunca em pedaços. A sabedoria é dizer a verdade na hora certa à pessoa certa.
         Não há outro caminho para a edificação de relacionamentos autênticos e impulsionadores na direção do bem. Desde a intimidade de cada casa, de cada família, ao Parlamento, nas instituições e nos ambientes de trabalho tem que valer a sinceridade no dizer e compartilhar a verdade. Ninguém há de se iludir. O alicerce da arquitetura da corrupção, devastadora da sociedade, reside na mentira e nora pouco apreço pela verdade moral, valor capaz de prevenir pessoas e instituições de armar esquemas de favorecimentos e privilégios que desvirtuem os caminhos de uma sociedade justa e solidária. Assim, ao perder no coração de cada cidadão o encantamento pela verdade, a sociedade precipita-se na direção irreversível de seu fracasso.
         Esse mesmo raciocínio vale no estabelecimento das relações interpessoais. Quando não se consegue ser transparente, por conveniência ou até mesmo por respeito humano, as relações sofrem abalos de grandes proporções, gerando desconfianças que varrem projetos comuns e quebram alianças de todo tipo. Quantas famílias desestruturadas, amizades de uma vida inteira desfeitas, projetos de cooperação mútua arruinados em razão da falta de apreço pela verdade, no dizer e no seu alcance moral, quebrando toda a confiança.
         Essa cultura contamina a política partidária e as instituições governamentais, que perdem a credibilidade pela ausência dessa prática doméstica de não dizer a verdade a quem precisa ouvi-la. A exemplo do que ocorre no âmbito pessoal, prevalecendo o falso apreço pela autoimagem, os interesses na preservação de cargos e lugares, tudo fecundado pelo abominável costume de bajulações e interesses mesquinhos, empurrando gente a mentir e a distanciar-se do encanto pela verdade. Para obter ganhos, avanços, ou apenas para manter situações, pode parecer vantajosa a estratégia de esconder a verdade, mas não se iludam: essas conquistas não se sustentarão quando as incoerências vierem à tona.
         Conhecendo a verdade é que se encontrará a verdadeira e duradoura libertação – ensina o mestre Jesus. Vale também recorrermos a santo Agostinho, que afirma nunca ter encontrado alguém que gostasse de ser enganado com mentiras e inverdades. Esses são ensinamentos que devem nortear a conduta humana em todos os tempos.
         A sociedade contemporânea é a do cansaço. Não menos é a sociedade da mentira ou do escasso encanto pela verdade. Sua reorganização e avanços na superação das muitas crises devem ser precedidos de estratégias e políticas públicas assertivas, com investimentos prioritários nas áreas da educação, saúde, trabalho e inovações. Mas é imprescindível a atitude cidadã individual para configurar um novo rosto e um novo tecido cultural para a sociedade, retomando, assim, o encanto e gosto pela verdade, no ser e no dizer.
         As necessidades de mudanças são grandes e é interminável a lista das exigências para o respeito à dignidade de cada cidadão, numa sociedade desigual como a brasileira. O caminho é longo, mas importa começar com assertividade, com o que há de mais simples. O segredo é, em tudo, no ser e no dizer, encantar-se pela verdade.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, em dezembro e no acumulado dos últimos doze meses, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu a estratosférica marca de 484,6%; a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,6%; e, finalmente, o IPCA chegou a 6,29%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...