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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS DA MEDICINA E A BUSCA DA VERDADE NA SUSTENTABILIDADE

“A medicina na era da precisão
        Já na escola de medicina, o estudante se depara com uma formação norteada pela busca do desenvolvimento de técnicos ultraespecializados.  Durante a universidade, há cerca de 20 anos, vivenciei uma tímida tentativa de maior socialização e humanização da medicina, numa época em que o SUS, o maior sistema de saúde do mundo, ainda era um bebê. Na residência, aprendemos de forma dura como é a vida do médico nas relações humanas, que sofre com a solidão da decisão e com o caos de nossos serviços de saúde.
         É indiscutível a relevância do conhecimento técnico para um serviço de qualidade. Mas, olhando em retrospectiva, constato que não tivemos acesso, na nossa formação, aos princípios de administração e ao exercício de um melhor entendimento sobre o funcionamento do modelo de saúde e o cenário em que estávamos inseridos. Não parece estranho que os profissionais de medicina sejam tão inconscientes da atual dinâmica e desempenho das instituições de saúde? Certamente, além de fragilizar a qualidade da atividade, creio que o maior ônus para o setor está na perda de oportunidades de melhorias contínuas.
         Temos tantos profissionais que se destacam pelas elevadas capacidades cognitivas, excelência técnica e atitude solidária em relação ao sofrimento humano. Porém, o país desperdiça esse potencial ao excluí-lo dos debates e processos de decisões do nosso modelo de saúde. Vivemos um paradoxo entre a medicina da precisão, que se destaca pelos grandes avanços e ganhos de assertividade na condução dos tratamentos dos pacientes, e um sistema de saúde ineficiente. Isso porque toda essa expertise não se estende e nem se reflete na gestão e na performance de toda essa estrutura.
         Acredito que nós, técnicos da saúde, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, entre outras especialidades, precisamos ter uma visão sistêmica da cadeia em que atuamos. Duas mudanças podem ser determinantes na construção desse protagonismo médico na gestão da saúde. A primeira seria incluir nas grades curriculares das universidades as teorias da administração, com o mesmo peso que outras disciplinas técnicas. A segunda seria o desenvolvimento individual de cada técnico nas competências humanas e gestoras.
         É preciso motivar e valorizar o comportamento empreendedor, a visão estratégica, a inovação, a criatividade, o planejamento, entre outras competências humanas na área de saúde, de forma a permitir reflexões mais profundas sobre a realidade do setor. Em todas as profissões, essa é uma tendência latente e a medicina também precisa estar aberta a desenvolver seu potencial para aprimorar sua capacidade de oferecer eficiência e qualidade.
         Não se trata de desviar a competência técnica desses profissionais para a esfera da gestão. Quando defendo uma atitude mais empreendedora, me refiro a uma postura mais participativa e engajada no sentido de vislumbrar e propor novas soluções para o sistema, cujos problemas e questões impactam no nosso trabalho.
         O setor de saúde tem um longo histórico marcado por investimentos reduzidos, baixa qualidade gerencial, insatisfação dos trabalhadores e usuários e muitos desperdícios. Tudo isso limita nossa capacidade de inovar na gestão e no atendimento e compromete a atratividade da área para novos profissionais com competências humanas e gerenciais diferenciadas.
         Assim, defendo um exercício de ampliação do papel da medicina e da visão global desses técnicos sobre esse contexto e seus desafios. Conhecemos de perto essa realidade e temos potencial para ajudar a reverter tais problemas e expandir as oportunidades de aprimoramento. E essa é uma iniciativa que cabe a todos nós, profissionais de saúde, e demais atores envolvidos como instituições públicas e privadas e própria sociedade civil.”.

(RICARDO DUPIN. Médico e diretor do Laboratório São Marcos, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de janeiro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 27 de janeiro de 2017, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Encantar-se com a verdade
        Encantar-se com a verdade pode ser importante indicativo para a recondução da sociedade na direção do bem e da justiça. O conhecimento da verdade e sua prática confeccionam o tecido de uma cultura assentada na solidariedade e na competência de prezar os valores e respeitar, incondicionalmente, a dignidade de cada pessoa. Não basta a referência à verdade objetiva de fatos e acontecimentos tratada nos parâmetros da verdade jurídica. Embora seja esse curso indispensável para equilibrar os compassos intocáveis no funcionamento de uma sociedade, não tem a força preventiva e educativa necessária. É semelhante ao apagar o fogo de incêndios que surgem a todo momento e vão se agravando, em quantidade e intensidade. Assim, torna-se impraticável dominar as labaredas em curto prazo, sem atingir a base do fogo, a exemplo do que ocorre, na atualidade, com o sistema prisional, que exige reformas radicais.
         A sociedade, hoje, cruelmente, paga o preço de uma realidade carcerária organizada ora como cartel, ora com descaso e, sobretudo, sem o entendimento adequado do que é necessário para recuperar o tecido degradado da dignidade humana, em tantas pessoas que cometem crimes, transgredindo as leis. Situações análogas estão presentes em outros setores sociais que contabilizam graves prejuízos produzidos pelo comprometimento da verdade, assumida e empunhada como bandeira de honra do viver cotidiano.
         Esse processo de relativização da verdade na sua formulação filosófica e conceitual compromete a sua vital assimilação na dinâmica ético moral. Abre as portas à permissividade, impedindo as substituições necessárias capazes de deter os descalabros da corrupção, da violência e da indiferença, passivos que atrasam a sociedade nos seus projetos de desenvolvimento e esgarçam as relações sociais e políticas. Relativizar a verdade produz o caos, a exemplo do que vivenciamos neste momento, atravanca o encontro de saídas para crises que, retardadas na sua solução, multiplicam esses passivos, exigindo muito mais tempo e recursos investidos para serem corrigidos.
         O processo de encantar-se com a verdade, sempre libertadora, começa pela prática de atitudes muito simples, embora de grande relevância, a principal delas, banir do dia a dia o terrível costume das chamadas pequenas mentiras – ilusória preservação da própria privacidade, defesa desnecessária da individualidade, ou ainda tolice de se justificar perante fatos e pessoas. Na convivência familiar, por exemplo, essas práticas constituem-se verdadeira armação de bombas futuras, quando adultos, até inconscientemente, exercitam crianças e jovens nesse tipo de conduta. É fundamental rechaçar toda e qualquer forma de distorção da verdade, até mesmo quando a própria cultura adota como “um jeito de ser”, nunca mentir, mas jamais dizer a verdade toda. Esquece-se de que a verdade só pode ser assim considerada quando é inteira, nunca em pedaços. A sabedoria é dizer a verdade na hora certa à pessoa certa.
         Não há outro caminho para a edificação de relacionamentos autênticos e impulsionadores na direção do bem. Desde a intimidade de cada casa, de cada família, ao Parlamento, nas instituições e nos ambientes de trabalho tem que valer a sinceridade no dizer e compartilhar a verdade. Ninguém há de se iludir. O alicerce da arquitetura da corrupção, devastadora da sociedade, reside na mentira e nora pouco apreço pela verdade moral, valor capaz de prevenir pessoas e instituições de armar esquemas de favorecimentos e privilégios que desvirtuem os caminhos de uma sociedade justa e solidária. Assim, ao perder no coração de cada cidadão o encantamento pela verdade, a sociedade precipita-se na direção irreversível de seu fracasso.
         Esse mesmo raciocínio vale no estabelecimento das relações interpessoais. Quando não se consegue ser transparente, por conveniência ou até mesmo por respeito humano, as relações sofrem abalos de grandes proporções, gerando desconfianças que varrem projetos comuns e quebram alianças de todo tipo. Quantas famílias desestruturadas, amizades de uma vida inteira desfeitas, projetos de cooperação mútua arruinados em razão da falta de apreço pela verdade, no dizer e no seu alcance moral, quebrando toda a confiança.
         Essa cultura contamina a política partidária e as instituições governamentais, que perdem a credibilidade pela ausência dessa prática doméstica de não dizer a verdade a quem precisa ouvi-la. A exemplo do que ocorre no âmbito pessoal, prevalecendo o falso apreço pela autoimagem, os interesses na preservação de cargos e lugares, tudo fecundado pelo abominável costume de bajulações e interesses mesquinhos, empurrando gente a mentir e a distanciar-se do encanto pela verdade. Para obter ganhos, avanços, ou apenas para manter situações, pode parecer vantajosa a estratégia de esconder a verdade, mas não se iludam: essas conquistas não se sustentarão quando as incoerências vierem à tona.
         Conhecendo a verdade é que se encontrará a verdadeira e duradoura libertação – ensina o mestre Jesus. Vale também recorrermos a santo Agostinho, que afirma nunca ter encontrado alguém que gostasse de ser enganado com mentiras e inverdades. Esses são ensinamentos que devem nortear a conduta humana em todos os tempos.
         A sociedade contemporânea é a do cansaço. Não menos é a sociedade da mentira ou do escasso encanto pela verdade. Sua reorganização e avanços na superação das muitas crises devem ser precedidos de estratégias e políticas públicas assertivas, com investimentos prioritários nas áreas da educação, saúde, trabalho e inovações. Mas é imprescindível a atitude cidadã individual para configurar um novo rosto e um novo tecido cultural para a sociedade, retomando, assim, o encanto e gosto pela verdade, no ser e no dizer.
         As necessidades de mudanças são grandes e é interminável a lista das exigências para o respeito à dignidade de cada cidadão, numa sociedade desigual como a brasileira. O caminho é longo, mas importa começar com assertividade, com o que há de mais simples. O segredo é, em tudo, no ser e no dizer, encantar-se pela verdade.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, em dezembro e no acumulado dos últimos doze meses, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu a estratosférica marca de 484,6%; a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,6%; e, finalmente, o IPCA chegou a 6,29%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 

        

segunda-feira, 8 de junho de 2015

A CIDADANIA, O DIREITO À SAÚDE, O DIÁLOGO E A PAZ

“O direito fundamental à saúde
        O direito à vida como princípio da dignidade da pessoa é indissociável, pois muito embora se tenha vida, nem sempre ela é digna e garante o mínimo existencial. O direito à saúde tem um caráter de fundamentalidade, sendo imprescindível porque garante a dignidade do homem, que é inegociável no jogo político. A noção de que a saúde constitui um direito humano e fundamental, passível de proteção e tutela pelo Estado, é resultado de uma longa evolução na concepção não apenas do direito, mas da própria ideia do que seja saúde. Nesse sentido, o direito à saúde é uma interseção entre o direito positivo e a saúde, entendida como todos os aspectos concernentes à vida.
         A saúde vem assegurada na Constituição Federal de 1988 como direito de todos e dever do Estado, a ser garantido mediante a adoção de políticas públicas, com a garantia do acesso universal igualitária às ações e serviços. Sendo assim, conforme a Constituição Federal de 1988, o Estado tem o dever de garantir a prestação dos serviços sociais à população e ainda o acesso à saúde e tratamento adequado aos que necessitem e as ações e serviços devem ser universais e igualitários. O direito à saúde compreende as obrigações de respeitar, proteger e implementar.
         A saúde como direito se baseia no artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos do Homem (10/12/1948), lavrada pela Organização das Nações Unidas (ONU), cujo teor expressa o direito de todo ser humano à prestação sanitária. Todavia, o direito fundamental à saúde como direitos a prestações implica postura ativa do Estado, no sentido de que este se encontra a colocar à disposição dos indivíduos prestações de natureza jurídica e material. O texto constitucional abriga não apenas o direito, mas também um dever fundamental, conforme prescreve o caput do artigo 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado”. Assim, o direito à saúde é um direito social, uma prestação positiva reclamável perante o Estado, e como tal, exigível. Mediante o reconhecimento normativo, doutrinário e jurisprudencial de que a saúde é um direito fundamental do homem, tem-se que as normas constitucionais são de aplicabilidade imediata e eficácia plena.
         A norma de aplicabilidade imediata, como o próprio nome diz, deve ser aplicada imediatamente, é uma consequência natural da supremacia dos direitos fundamentais, pois não haveria sentido em condicionar a aplicação de determinado direito fundamental a uma futura e incerta regulamentação legislativa. Já as normas de eficácia plena são aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, produzem ou têm possibilidade de produzir todos os direitos essenciais relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o legislador diretamente e por meio de sua normatividade, quis regular.
         Sendo assim o direito fundamental à saúde, deve ser imediato e eficaz, levando em consideração a máxima eficácia das normas de direito social, no qual está inserido o direito fundamental à saúde. Os direitos sociais estão ligados aos direitos humanos, vem em consideração que estes correspondem aos princípios morais que devem assegurar condições mínimas para a realização de uma vida digna. O direito fundamental à saúde na esfera dos direitos sociais, é o mais importante, levando em consideração que a falta deste impossibilitaria a perpetuação e continuação da vida humana. O processo de discussão contribuiria para a reflexão sobre as alternativas hermenêuticas mais afinadas com o mandamento da maximização da eficácia e efetividade dos direitos fundamentais, em especial ao direito fundamental à saúde.
         Muito embora os direitos fundamentais estão sendo discutidos durante décadas em outros países, na atual estrutura normativa brasileira, é uma singularidade que é garantida a poucos e ainda de forma precária. Tendo em vista as dificuldades de regulamentar esse Sistema Único de Saúde (SUS), que está garantido na Constituição, por muitas vezes não passa de uma mera falácia, para se ter garantido o direito à saúde é necessário recorrer ao Judiciário, para que este possa efetivar esse direito fundamental garantido a todos.”

(BRUNA DALEFFE DE VARGAS. Advogada, pós-graduanda em direito empresarial e civil, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de maio de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 5 de junho de 2015, mesmo caderno, página 5, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Do diálogo à paz
        O diálogo é o único caminho para se conquistar a efetivação da paz, em todos os níveis, instâncias e segmentos da sociedade. No fundamento do diálogo, está o enorme desafio do entendimento. Os desajustes nas dinâmicas que levam ao entendimento prejudicam a busca pela verdade, não possuída, em caráter absoluto, por ninguém – por nenhuma autoridade religiosa ou sistema político-ideológico. Só se aproxima da verdade quem dialoga. Essa constatação se aplica na administração de situações que ocorrem no ambiente doméstico, nas que se relacionam ao ambiente profissional, ao exercício da cidadania e também nas grandes tratativas de relações políticas internacionais. Buscar a paz acima de tudo é abrir-se ao diálogo. Só o entendimento conquistado pelo diálogo possibilita o avanço na direção da paz. O distanciamento desse dom de Deus é resultado da incompetência para o diálogo. Nesse ponto, há um detalhe de grande importância a ser observado para que o dialogar permita o entendimento e, consequentemente, o aproximar-se da verdade. Trata-se da superação das visões de mundo estreitas, que impossibilitam os avanços necessários para se alcançar a paz a partir do diálogo.
         É interessante pensar, como exemplo que clarifica essa análise, em um conflito de ordem familiar, baseado nas diferenças entre gerações. A velocidade das mudanças culturais e tecnológicas que afetam de modo mais intenso os jovens, localizando-os numa distância muito peculiar de vida e de compreensão, não raramente colide com as visões, posturas e escolhas da geração adulta. O convívio de diferentes perspectivas requer boa administração para que o diálogo não fique comprometido e, consequentemente, falte paz às famílias. A competência para o diálogo é necessária na articulação do conhecimento, no uso das tecnologias e na compreensão das mudanças culturais.
         Caminha rumo à paz, a partir do diálogo que leva ao entendimento, exige sensibilidade social e política. O tipo de orientação que se dá à vida no exercício das próprias responsabilidades tem consequências que podem ser graves. Pode-se avaliar, entre as diversas e importantes situações, a reunião de um grupo em determinado parlamento. Se a visão de mundo desses representantes do povo for equivocada, se agirem orientados a partir de interesses cartoriais – o que indica pouco compromisso com o interesse do povo –, somente serão capazes de oferecer respostas medíocres diante das muitas necessidades sociais.
         Concretamente, pode-se pensar no projeto de reforma política desenvolvido no ambiente parlamentar sem a devida escuta da sociedade civil e, também, na proposta de diminuição da maioridade penal. Iniciativas que escancaram as limitações dos que se posicionam e votam de modo favorável a essas mudanças. A consequência é desastrosa, atrasa processos e inviabiliza o desenvolvimento da sociedade. O que se passa na esfera política não é muito diferente do que ocorre no âmbito religioso. O horizonte de compreensão, muitas vezes, torna-se estreito pela rigidez, pela hegemonia do conservadorismo ou por falta de preparo intelectual. É alto o preço pago por se “rifar” projetos e pessoas – o outro que deve estar na ponta do diálogo que salva.
         A referência ao diálogo como caminho para a paz emoldura o conjunto de outros âmbitos e incursões que precisam permanentemente ser bem tratados. Do diálogo entre diferentes culturas, passando pelo respeito aos direitos humanos, a responsabilidade no cuidado ambiental – livre da ganância, em parâmetros de verdadeira sustentabilidade –, até o primordial combate à pobreza, como condição indispensável na construção e conquista da paz.
         Curioso é que o instrumento contemporâneo das redes sociais e toda a tecnologia digital à disposição, eivadas de informações, podem ter sua força de serviço enfraquecida e comprometida por conta da incompetência individual de dialogar em busca da verdade. Mal maior se forma quando desmorona o mais importante santuário de cada pessoa: a sua consciência. Esse importante lugar para o diálogo, em função de interesses, com o objetivo de elaborar justificativas e de esconder razões espúrias, torna-se ambiente em que mentiras ganham aparência de verdades. Corrompida a consciência, não haverá mesmo saída para a paz.
         A incompetência para o diálogo que constrói a paz impossibilita que sejam alcançadas as muitas soluções necessárias, induz a sociedade a pensar, erroneamente, que a solução de suas crises depende apenas dos números e cifras. Perpetua uma dinâmica cultural da dependência e da mediocridade. É hora de investir na educação para o diálogo a partir da convicção incontestável de que ele é o caminho para a paz.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito subiu 1,7 ponto percentual em abril e atingiu 347,5%  ao ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e segundo o estudo “Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte, se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...     
     

    

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A CIDADANIA, A IGUALDADE NA MEDICINA E OS PROMOTORES DA PAZ (5/19)

(Janeiro 2015 = Mês 5; Faltam 19 meses para a Olimpíada de 2016)

“Uma medicina igual para todos
        Há três tipos de doenças. As primeiras são as de causa conhecida, mas que não requerem tratamento, porque quase todos os casos evoluem para a cura naturalmente. Os exemplos típicos são muitas viroses como a dengue e a gripe. A seguir, estão aquelas de patogenia parcialmente entendida, mas que há procedimentos clínicos ou cirúrgicos para curá-las, como a tuberculose e a apendicite. Finalmente, temos o maior grupo, representado pelas chamadas patologias crônicas degenerativas, as quais não sabemos nem a causa e nem a cura. Tão antigas quanto a humanidade e mesmo sabendo como explicá-las integralmente, são realizadas cirurgias ou usados medicamentos para minimizá-las. Podemos citar o diabete, a hipertensão arterial, o câncer, a aterosclerose e suas devastadoras consequências, como o infarto e o derrame.
         O maior desafio da medicina são essas moléstias crônicas incuráveis e sempre houve um grande esforço na busca da cura. Os médicos e hospitais particulares disputam a preferência da população e fazem publicidade prometendo tratamentos avançados. Num passado recente, a moda entre os mais endinheirados era procurar tratamento no exterior, especialmente nos Estados Unidos. Por ocasião da enfermidade de um presidente eleito, que faleceu antes de tomar posse, buscaram um especialista nos EUA e que voltou no mesmo avião, depois que diagnosticou que não havia nada mais a ser feito. Também o cantor sertanejo que morreu de câncer foi aconselhado nos EUA a se tratar aqui, pois o resultado seria idêntico. Alguns tipos de câncer podem ser curados apenas quando são extirpados no início da doença.
         Hoje, presenciamos o desfile de celebridades entrando e saindo dos mais equipados e caros hospitais privados. Enquanto isso, os pobres que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) formam filas reclamando ou, em casa, pela televisão, assistem a este vaivém de famosos se lamentando de não terem a mesma sorte. Mas eles não sabem que o resultado final do tratamento é o mesmo, quando falamos de patologias crônicas degenerativas. Quando temos um doente ilustre são arranjadas entrevistas mostrando que ele se recupera – pura publicidade. Em caso de moléstia crônica degenerativa, nunca existe melhora e relação a ela, embora possa parecer assim quando episódios de agudização são tratados. O paciente sempre recebe alta pior do que entrou.
         Muitos são seduzidos pela propaganda e se dão mal. Recentemente, um político internou-se num desses hospitais para fazer um checape, foi vítima de uma complicação num exame invasivo e faleceu. Pelo menos disso os pobres são poupados. O sentimento de impotência diante das enfermidades crônicas degenerativas, que assombra o sono dos médicos, não é uma exclusividade daqueles que atuam no SUS. As taxas de mortalidade no SUS são maiores porque os critérios de internação são mais rígidos e os doentes sempre chegam num estado mais adiantado da doença.
         Qualquer médico tem acesso rápido às mais modernas técnicas do mundo. Em medicina, ninguém faz milagre, o que pode ser realizado no luxuoso hospital particular também pode ser feito no SUS. O que não se consegue tratar num também não tem cura no outro. Os hospitais particulares não são instituições de caridade, são empresas que vivem do lucro. Os hospitais privados podem incluir exames sofisticados na propedêutica, mas isso não acrescenta nada no tocante à cura. Com a informática, a medicina evoluiu muito no diagnóstico, mas em relação ao tratamento dos velhos e mortais males degenerativos crônicos anda a passos de tartaruga. Os médicos ainda têm muito que aprender.”

(PAULO TIMÓTEO FONSECA. Médico, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de janeiro de 2015, caderno OPINIÃO, página 5).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Promotores da paz
        O ano de 2015 chegou e, como disse Carlos Drummond de Andrade, “quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial”. Todos têm a oportunidade singular de rever o caminho percorrido nos últimos 365 dias e planejar um recomeço urgente e necessário. Não se convencer da necessidade de reiniciar, em parâmetros novos e com dinâmicas não tão equivocadas, é escolha que compromete a paz almejada. É não assumir a maravilhosa responsabilidade, confiada por Deus a cada pessoa, de se promover a paz, celebrada mundialmente no dia 1º de janeiro. Com o início do ano-novo, um pacto precisa ser assumido para além de superstições, remanescendo mais do que o gosto da champanhe, reluzindo mais os fogos de artifício que já se apagaram: pela perpetuação do abraço fraterno, que ajusta as diferenças e as transforma em riquezas, é preciso promover a paz.
         O papa Francisco, na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz desde ano-novo, sublinha que é urgente recuperar a consciência de que “nossa vocação comum é colaborar com Deus e com todas as pessoas de voa vontade para a promoção da concórdia e da paz no mundo”. É hora de reconhecer e assumir o comportamentos que sejam dignos de nossa condição humana e cidadã. O ano de 2014, já passado, registrado nas páginas da história pode ser, embora com as lamentações inevitáveis do que nele ocorreu, uma oportunidade de ouro para que a sociedade brasileira renasça das cinzas, como uma fênix. Muitas cinzas foram produzidas e deixaram desolações abomináveis. Cenários de corrupção se multiplicaram, em razão da perda do sentido autêntico do dom da vida e do segredo da simplicidade como remédio para a ganância.
         Como conseqüência, cresceu a globalização da indiferença e aumentou o medo que empurra, na sua força paralisante, para o cuidado egoísta de si, dos seus e das suas coisas. Permanecem esquecidos os pobres, uma vergonha nacional, que nem um tratamento compensatório pode encobrir e deixar de incomodar governantes, religiosos, cidadãos e construtores da sociedade pluralista. A busca pela paz requer, no Brasil e no mundo, a sensibilidade e o empenho de cada cidadão para que prevaleçam novas posturas. Sem essa novidade, entre outras ameaças, corre-se o risco de uma irreversível deterioração do nosso tecido cultural, que tem tudo para ser construtivo e igualitário. Uma cultura edificada com a colaboração de personagens históricos, tempos e etapas, privilegiada em sua natureza, que sempre oferece indicações sobre o caminho certo a ser seguido e a conduta cidadã a ser adotada.
         É urgente o despertar de uma consciência nacional que faz cada pessoa assumir a tarefa e a missão de ser promotor da paz. Não basta um grupo, um segmento, uma confissão religiosa, alguns projetos – trata-se de um dever de todos. Esse despertar não é um simples hino, nem uma manifestação passageira. Não basta um protesto, nem mesmo as investigações indispensáveis e as inadiáveis punições. É preciso reconhecer com simplicidade de aprendiz os muitos sinais de morte que transformam, aceleradamente, o tecido de nossa cultura em violência, dependência química e em outros males. Gradativamente, são perdidos os sentidos da fraternidade e da concórdia.
         Lançar o olhar sobre a realidade e tratá-la adequadamente deve ser prioridade para evitar o comprometimento dos projetos que impulsionam na direção do bem. O papa Francisco, na sua mensagem pela paz, adverte que “há alguns de nós que, por indiferença, porque distraídos com as preocupações diárias, ou por razões econômicas, fecham os olhos”. Pois é hora de abri-los bem. Caso contrário, a mediocridade vai empurrar a sociedade para um estado gravíssimo de escravidão, amenizado pelos luxos sem sentido, pelas esnobações de todo tipo e pelo atraso que faz crescer o abismo entre ricos e pobres. A alegria, o bem e a beleza podem ajudar na reconstrução da sociedade.
         O ano começou com a posse de governantes e parlamentares. Se esta virada pela promoção da paz começar por eles – devedores da confiança da representatividade que os obriga a servir o povo – e incluir os mais diversos segmentos, todos ancorados na convicção de que bom é ser honesto, será dado o salto esperado na sociedade brasileira. Todos têm o dever de se reconhecer e de agir como promotores da paz.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País  no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, e mais uma vez, o petróleo em si não mancha as mãos dos trabalhadores; mas as mãos dos corruptos mancham até o petróleo...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


O BRASIL TEM JEITO!

quarta-feira, 23 de abril de 2014

A CIDADANIA, A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E A BUSCA DE SAÚDE E CALOR HUMANO

“Aprendizagem significativa
        
         A educação ganhou um novo viés com a transformação do perfil dos estudantes. A nova geração tem amplo acesso à internet e, por isso, não pode ser tratada como se chegasse à escola sem nenhuma vivência. A construção do conhecimento deve seguir sete passos para que a aprendizagem aconteça de forma significativa, fazendo com que a criança de fato compreenda o assunto e não apenas decore. A aprendizagem significativa é aquela que ocorre a partir do surgimento de um sentido pessoal por quem aprende, o que desencadeia uma atitude proativa para desvendar o novo e reconstruir conceitos que ampliam a habilidade de aprender cada vez mais. Todo conteúdo ensinado em sala de aula deve ser associado à história de vida do aluno, para que faça sentido em sua educação.
         Todo sujeito tem um conhecimento prévio, saberes e conexões mentais que não devem ser desprezados. Por isso, é necessário utilizar esse conhecimento, reforçá-lo e auxiliá-lo a buscar um novo aprendizado, utilizando um modelo didático dinâmico, uma vez que o aluno o aplica e o modifica constantemente. A concretização dessa aprendizagem resulta da execução do que se entende como os sete passos da construção do conhecimento: sentir, perceber, compreender, definir, argumentar, discutir e transformar. De acordo com a didática aplicada pelo professor, a sala de aula pode se transformar em um rico espaço laboratorial, cuja criança passa todas as fases do processo de aprendizagem (vivências do concreto e do manipulativo e registro das suas conclusões).
         O primeiro passo é o sentir, momento em que se trabalha com o concreto, manipulativo. A vivência do aluno é levada à sala de aula e se torna parte de um significado contextual e emocional. Após contextualizar o assunto, o educando precisa ser levado a perceber as características específicas do que está sendo estudado. É a etapa em que o aluno associa, relaciona, troca seu conhecimento prévio. A terceira fase é o ato de “compreender”. É quando se dá a construção do conceito para garantir a possibilidade de utilização do conhecimento em diversos contextos. Ocorre quando o professor enriquece o vocabulário do aluno com questões, jogos e situações-problema, relacionando as experiências dos estudantes com o conteúdo pragmático.
         O próximo ponto é “definir”, o que significa esclarecer um conceito. O aluno deve fazer isso com suas palavras para que o conceito seja claro. Ocorre quando o professor faz um trabalho interdisciplinar de produções utilizando vários gêneros textuais, como comparações das definições dos textos dos alunos e criação de um texto coletivo. Depois disso, o aluno precisa relacionar logicamente vários conceitos, o que ocorre por meio de texto falado, escrito, verbal e não verbal. Aqui, o aluno começa a argumentar com todo o vocabulário já pesquisado, desenvolvido por meio de teatro, trabalhos expositivos e ações. Em seguida, deve formular uma cadeia de raciocínio por meio da argumentação, ocorrendo a discussão, quando o professor volta às comparações, afunila a fundamentação e avalia a coerência dos conceitos, buscando a síntese e a solução.
         O último passo da construção do conhecimento é a transformação. É a intervenção na realidade. Ocorre quando o aluno se torna proativo, pronto para responder, resolver questões levantadas sobre a leitura feita. A partir desse momento, a criança compreende o assunto e tem uma vasta experiência. Quando o processo de aprendizagem valoriza as vivências do estudante, o aprendizado é muito mais efetivo do que seria com uma didática tradicional.”

(PAULA MOURA. Coordenadora do ensino fundamental I do Colégio ICJ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de abril de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de ARISTIDES JOSÉ VIEIRA CARVALHO, médico, mestre em medicina, especialista em clínica médica e medicina de família e comunidade, e que merece igualmente integral transcrição:

“Doença e calor humano
        
         Na música Noites com sol, o compositor e cantor Flávio Venturini afirma que as “noites com sol são mais belas”. Tomamos por empréstimo essa frase para comentar sobre o impacto das doenças na vida das pessoas e seus familiares. Uso como analogia o lado sombrio da noite, que tem como companheiros o medo, a insegurança e as fantasias. A doença é como a noite, sobretudo nos casos graves, muitas vezes, incuráveis e/ou terminais. Uma atmosfera de insegurança toma conta dos doentes e de seus familiares. As reações das partes são diferentes; o que parece ser comum é a dificuldade em lidar com o novo ciclo da vida familiar.
         Com o surgimento dos casos graves ou crônicos das doenças, a pessoa pode encontrar dificuldade para aceitar e lidar de forma tranquila com a sua nova situação, ficando ora carente, ora sensível, ora hostil e frustrada com os resultados, muitas vezes, insatisfatórios. Os familiares se sentem perdidos, sem rumo, sozinhos, precisando de atenção e apoio para conduzir e/ou compartilhar a situação. Algumas vezes, a impressão para os doentes e familiares é de que a “noite” será interminável. Assim, os amigos, os profissionais da área da saúde, entre outros, fazem toda a diferença, e são luzes que podem transformar as noites escuras em noites com sol. Ter e poder contar com os amigos nos momentos delicados da vida é muito importante. Quando ocorre a doença, a amizade funciona como um sol. É impressionante o bem que faz a presença e a solidariedade dos amigos. São conhecidas as pesquisas realizadas pela Universidade de Harvard sobre os benefícios da amizade na saúde das pessoas.
         Os profissionais de saúde, quando sensíveis ao sofrimento da pessoa e dos familiares, são raios de luz na escuridão. Com a abordagem regada pela técnica e pelo humanismo, podem contribuir para que a convivência com a doença seja mais tranquila. No serviço privado de profissionais da área médica e de outras categorias profissionais, muitas pessoas construíram fortes e duradouros vínculos com os pacientes e seus familiares. No Sistema Único de Saúde (SUS), a estratégia de saúde da família (ESF) avançou na vinculação da equipe de saúde com os familiares dos doentes, com experiências muito ricas, humanas e vitoriosas.
         Imaginar os amigos e os profissionais como sol na noite nos remete ao lado belo da vida, em que a solidariedade abraça a existência e a valoriza. Entretanto, não é sempre assim. Em relação aos amigos, quando a doença chega, alguns se distanciam e, por diferentes razões – respeito aos familiares, indiferença ou descuido –, não se prontificam a conversar, não ligam, não dão notícia, não se envolvem. A vida corrida, o individualismo e a falta de solidariedade, muitas vezes, motivam o distanciamento das pessoas amigas dos doentes e familiares. Nas instituições para idosos, em suas diferentes modalidades, temos exemplos de abandono e de solidão. Analogamente, isso ocorre nos domicílios com os portadores de doenças crônicas em estágio mais avançado, que precisam se ausentar do trabalho ou do convívio social para obter tratamento e são esquecidos pelos amigos. Sem o calor da amizade, lidar com a doença é bem mais complicado. Quanto aos profissionais de saúde, um dos pontos fundamentais é o fortalecimento do vínculo com os pacientes e familiares. Não se cria vínculo em uma semana ou em um mês. Ele evoca identificação, empatia, partilha e confiança e, por isso, é construído por anos a fio.
         Temos acompanhado a ruptura de vínculos em vários serviços: profissionais que atendiam em um determinado plano de saúde e não o fazem mais (por atraso nos pagamentos, baixa remuneração, entre outros motivos); pessoas que migram de um plano de saúde porque estão descontentes com os serviços oferecidos; planos que são fechados e/ou vendidos; falta de fixação de profissionais em alguns serviços, sobretudo no setor público; valores muito altos de consultas e procedimentos, além de fatores ligados a pessoas (pacientes e familiares) e a profissionais, que, por suas características, não se abrem a novos vínculos, entre outros fatores. Em situações críticas (sintomas ou sinais preocupantes que sugerem doenças muito graves ou terminais), muitos familiares e pacientes sentem a falta de profissionais de referência, com os quais possam partilhar a dor e o sofrimento. Certamente, fatores socioculturais ligados ao individualismo e ao consumismo, além de modelos assistenciais fragmentados, interferem e contribuem nas relações superficiais, na falta e/ou fragilidade dos vínculos.
         No atendimento profissional, percebe-se que os melhores resultados surgem quando há apoio e atenção àquele que está doente e a seus familiares. Se as famílias tivessem profissionais e amigos com quem pudessem compartilhar suas dúvidas, preocupações e expectativas, o fardo seria mais leve. A presença dos amigos e dos profissionais torna as “noites escuras” em “noites com sol”. E “as noites com sol são mais belas”. Penso que precisamos considerar esses aspectos para que a vida seja mais suave e cheia de sentido.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, pedagógicas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios e de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, já se lançando também com raízes no mar, abaixo do mar...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis (por exemplo, mesmo ameaças à reputação de empresas - públicas ou privadas - já significam perdas de energia, de valor, de mercado...) ;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...