“As
duas pandemias
Em 2020, a pandemia de
Covid-19 colocou o mundo em alerta máximo. A comunidade científica global corre
contra o tempo para identificar vacina e tratamento eficaz.
Já o
tabagismo é considerado pandemia desde 1986 e atualmente mata mais 7 milhões de
pessoas, o que pode piorar ante a Covid-19. Os fumantes apresentam risco duas
vezes maior de internações em UTIs, de necessitar de ventilação mecânica e de
evoluir para óbito, se comparados a não fumantes infectados.
Doenças
associadas ao tabagismo como câncer, doenças cardiovasculares, enfisema e
diabetes também oferecem maior risco para as complicações da Covid-19.
Substâncias tóxicas do cigarro enfraquecem o sistema imunológico tornando os
fumantes mais vulneráveis às infecções.
A
Covid-19 pode evoluir com quadro intenso de hipóxia (má oxigenação do sangue),
lesões nas paredes internas dos vasos sanguíneos, inflamação e formação
generalizada de trombos. O fumante apresenta essas alterações de forma crônica,
o que também o coloca em desvantagem.
Os
fumantes são mais vulneráveis à invasão do vírus nas células. A toxidade do
cigarro aumenta a expressão da enzima de conversão da angiotensina 2 (ACE-2) na
membrana celular, especialmente dos pulmões. É exatamente na ACE2 onde o vírus
se encaixa para invadir as células e se multiplicar. Ao deixar de fumar, a
expressão da ACE2 tende a normalizar. Após oito horas desaparece a hipóxia, em
cerca de 24 horas ocorre a recuperação das lesões dos vasos sanguíneos, e, após
duas semanas, a coagulação sanguínea retorna ao normal.
Atualmente
o Brasil enfrenta 157 mil mortes precoces e um custo de R$ 57 bilhões com
doenças tabaco relacionadas. Ao aumentar a pressão por leitos de UTI e ampliar
gastos com equipamentos e insumos necessários para o enfrentamento da Covid-19,
o tabagismo ampliará mais ainda essa grave crise sanitária e econômica.
Na
Câmara dos Deputados tramita o Projeto de Lei 3.199/2019, que majora a
contribuição para PIS/Pasep e Cofins sobre cigarros, que se aprovado, poderá
destinar parte da arrecadação para prevenção e mitigação dos danos do tabagismo
inclusive na Covid-19.
Oxalá
nossos parlamentares se conscientizem da importância dessa estratégia que muito
contribuirá para a qualidade de vida da população brasileira.”.
(Tânia
Cavalcante* e Ana Cristina Pinho**. Médicas e ** diretora geral do Inca, em
artigo publicado no jornal O TEMPO Belo
Horizonte, edição de 8 de julho de 2020, caderno OPINIÃO, página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com,
edição de 10 de julho de 2020, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e
que merece igualmente integral transcrição:
“Alinhar-se
à democracia
Os estudos analíticos
indicam: todo método é indispensável, pois nenhum é completo. Isso porque a
verdade não tem dono. Todo indivíduo há de fazer-se “caçador” da verdade,
crescendo sempre na consciência de que cada pessoa é um peregrino aprendiz:
isso exige permanente abertura para o diálogo. Assim, evita-se o risco de
perder o rumo da verdade e tomar caminhos que levem a escravizações. A
convicção de que a verdade não tem dono precisa orientar a organização de um
povo, em sua complexidade. Essa organização requer um sistema capaz de
cultivar, permanentemente, o diálogo construtivo, respeitando princípios e
valores que não podem ser relativizados. Um sistema que garanta o respeito à
dignidade de cada pessoa, fortalecendo e ampliando o exercício da cidadania.
Eis, pois, algo que define o sistema democrático: permanentemente promover a
participação cidadã, possibilitando aos governados a capacidade de escolher e
controlar os próprios governantes.
É um
atentado à democracia restringir a participação cidadã, com a consequente
usurpação do Estado na defesa de interesses particulares ou ideológicos. A
Doutrina Social da Igreja Católica, por isso, defende que uma democracia só é
autêntica quando edificada em um Estado de direito, alicerçada sobre as bases
de uma adequada concepção sobre a pessoa humana. Há de se considerar e
respeitar as subjetividades que integram a sociedade. Isto significa investir
em estruturas de participação social e corresponsabilidade. Nenhuma pessoa, em
nome de uma convicção, pode se achar no direito de afrontar a democracia,
agredi-la com a promoção de autoritarismos. Também não é aceitável combater o
sistema democrático para definir, por imposição, quem irá exercer o poder,
rifando a participação cidadã que demanda uma construção educativa permanente.
A
participação cidadã requere que sejam aceitos, com convicção, os valores e
princípios que sustentam a própria democracia. Nesse horizonte, não se pode
apagar a referência fundamental ao bem comum, que deve orientar as ações na
vida política. Nos parâmetros da democracia é, pois, inadmissível desconsiderar
a sacralidade e a dignidade das pessoas – os direitos de cada ser humano
precisam ser respeitados. Não são aceitáveis, consequentemente, obscurantismos
nascidos de fixações que venham a relativizar valores e princípios
indispensáveis na proteção e promoção da vida. A Doutrina Social da Igreja
Católica adverte que o relativismo ético é grande risco para as democracias.
Esse relativismo cria a ilusão de que inexiste um critério objetivo e universal
para se estabelecer uma correta hierarquia dos valores.
Há,
pois, dois extremos que igualmente ameaçam a democracia: por um lado, existe a
ilusão de que podem ser alcançadas conquistas sociais de modo mais acelerado
abrindo mão das etapas inerentes ao sistema democrático. Isso leva a
autoritarismos e a escolhas cegas, equivocadas. Por outro lado, é tremendamente
arriscado pensar que o agnosticismo e o relativismo ético possam alicerçar
comportamentos idôneos, que garantam políticas mais democráticas. Ambas as
tendências podem levar a instrumentalizações para se conquistar o poder e
contemplar interesses particulares, desrespeitando o bem comum e a dignidade de
cada pessoa. A qualidade do sistema democrático depende, assim, de sua
conformidade com a lei moral, que deve reger o comportamento humano. E o
indispensável equilíbrio que a moral confere à democracia incide também no
equilíbrio entre os poderes no Estado. Dessa forma, a vontade arbitrária dos
homens perde espaço – prevalece a soberania da lei.
A
democracia necessita de uma representação política assentada sobre componentes
morais inegociáveis. Entre esses componentes, governantes dispostos a
compartilhar dos mesmos problemas enfrentados pelo povo para, juntos, buscarem
a solução dos desafios sociais. Para equilíbrio e qualidade do sistema
democrático é imprescindível à autoridade política cultivar ainda uma adequada
compreensão sobre poder: forma de servir o povo, o que exige as virtudes da
paciência, caridade, modéstia, moderação, esforço de partilha, a serviço do bem
comum, acima da busca por prestígio ou pelas vantagens pessoais. A democracia
também pede que a população não se deixe manipular – busque, cotidianamente,
qualificar-se para o exercício da cidadania. Nesse processo de qualificação,
importante não permitir desmandos e nem eleger quem afronta o próprio sistema
democrático. Os horizontes da democracia são largos, trabalhosos, incluindo
processos educativos permanentes, correções oportunas. Esses horizontes
desafiam a sociedade, os representantes do povo. Todos, no caminho de um
desenvolvimento integral e da promoção da dignidade humana, busquem alinhar-se
à democracia.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em maio a estratosférica marca de 303,43%
nos últimos doze meses, e a taxa de
juros do cheque especial chegou ainda em históricos 117,06%; e já o IPCA, em
junho, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,13%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão sendo
apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já
se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.