(Julho
= mês 49; faltam 11 meses para a Copa do Mundo)
“Consciência
e sustentabilidade
Cada vez mais, as
questões socioambientais têm conquistado espaço nos mais diferentes fóruns de
discussão, sendo hoje uma premissa básica para a certificação de produtos e
processos. A facilidade de acesso à informação contribuiu, em grande medida,
para um maior esclarecimento e mobilização das pessoas em torno do tema. Nesse
cenário, as redes sociais virtuais podem ser um forte aliado ou um grande
opositor a um determinado processo, produto ou atitude, no que se refere às
questões socioambientais, e o nível de consciência das pessoas em relação a
essas questões tem aumentado nos últimos anos. Entretanto, ainda há um longo
caminho a ser percorrido, para que as transformações necessárias ocorram no
cotidiano do cidadão.
Pensando
nesse novo cidadão que surge, muitas empresas têm inserido entre seus
princípios e valores a sustentabilidade e a preocupação socioambiental como
diferencial. Porém, há uma distância considerável entre elencar como um dos princípios institucionais a
sustentabilidade socioambiental e efetivamente ter ações que contemplem esse
princípio. A incorporação dessas ações requer uma mudança de atitude diante de
situações comuns do cotidiano, como a redução do consumo, a reutilização de
objetos e materiais, a reflexão sobre a cadeia produtiva dos mais variados
produtos e seu impacto nas comunidades, a coleta seletiva, a reciclagem, o
reconhecimento e o respeito em relação à diversidade, entre outras atitudes.
Para isso é preciso levar as pessoas a se conscientizarem, e a escola é um
local importante para a efetivação desse processo. Nela, há um ambiente
favorável para a discussão sobre essa temática tão importante para a manutenção
das condições adequadas para a vida no planeta. A geração que hoje ocupa os
bancos escolares tem muita iniciativa, criatividade e disposição para fazer
diferente. São crianças e jovens movidos por um propósito de mudança que os
transforma em multiplicadores de ideias. É uma geração que, por ser
protagonista, deixa uma marca da sua atitude na comunidade na qual está
inserida. Nesse contexto, a criação de espaços de discussão é uma estratégia de
grande relevância, pois os alunos têm a oportunidade de ouvir diferentes
opiniões sobre um mesmo tema e, ao mesmo
tempo, expressar sua opinião.
Além
das reflexões cotidianas, as mesas-redondas, os debates e os seminários
oferecem a oportunidade aos alunos e à comunidade de forma geral de discutir
temas fora da sala de aula. São momentos em que há a possibilidade de contato
com profissionais das mais diferentes áreas, com vivências diversificadas,
levando a um enriquecimento conceitual e atitudinal. Os alunos vislumbram a
possibilidade de encontrar eco de seus anseios e apoio às suas atitudes. Para
entender melhor todas essas questões socioambientais, é preciso um abordagem
multidisciplinar, na qual cada área de conhecimento tem a oportunidade de
contribuir com a sua percepção e sua experiência. A participação do aluno
nesses espaços de discussão amplia seu repertório conceitual, desenvolve sua
argumentação, promove sua sensibilização, estimulando sua criatividade para a
resolução de problemas do cotidiano e da sua comunidade.”
(WYLLER MELLO,
que é coordenador pedagógico do Colégio Magnum Cidade Nova, em artigo
publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição
de 28 de junho de 2013, caderno OPINIÃO,
página 9).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, que é arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Voz
da cidadania
As manifestações
populares pelas ruas do Brasil resgataram definitivamente , e de modo
espetacular, a voz da cidadania. Numa sociedade democrática, a expressão cidadã
é aquela que nunca pode perder o comando. Momento histórico, esse resgate está
se desdobrando num processo de reavaliação da dinâmica representativa da
vontade do povo para a dinâmica participativa. São exemplos incontestáveis: a
queda da PEC 37 e aprovação do projeto que transforma a corrupção em crime
hediondo. A voz da cidadania apontou o rumo e a representação do povo operou na
direção indicada.
Lamenta-se
pesarosamente que esse processo de recuperação da cidadania tenha que incluir,
embora sem obscurecer o sentido pacífico das manifestações, os atos reprováveis
e merecedores de adequada correção disciplinar, pois ferem pessoas, causam
mortes e danificam o patrimônio público, comprometendo o bem comum. Trata-se,
certamente, da expressão de um ódio provocado por tantas razões – uma delas
pode ser exatamente a ausência de justiça. Mas o caminho mais indicado ainda é
o amor que unicamente tem a prerrogativa de plenificar o coração humano. A
justiça e o amor podem transformar a sociedade num lugar habitável, com dignidade
e igualdade de condições para todos os cidadãos. Assim, também, os vandalismos
provocados pela corrupção e pelas morosidades das estruturas e funcionamentos
na sociedade, que impõem aos cidadãos insuportáveis sacrifícios, devem sofrer
as devidas correções.
Nesse
resgate da voz da cidadania no Brasil, numa pauta que aponta a urgência de
mudanças profundas, há de se considerar o lugar histórico e determinante dos
jovens. Ao deixar no passado a tímida participação política, a juventude abre
novo ciclo, tornando-se protagonista desta nova etapa da história. Não se pode
mais governar em qualquer instituição ou instância, menos ainda representar o
povo, sem permanente diálogo. Esse processo deve privilegiar os jovens que
arrastaram seus pais, familiares e até as crianças para exigir nas mudanças.
Essa
transformação social e política inclui cada cidadão e todas as instituições da
sociedade, inclusive aquelas de caráter religioso, cultural e artístico.
Contudo, particularmente, as manifestações estão exigindo radical mudança no
modo como se faz política na sociedade brasileira, especialmente a partidária.
Tudo o que envolve o Estado está interpelando mudanças e novas respostas –
urgentes e pela inteligência do diálogo. Ora, o dever central da política é promover
e garantir a justa ordem da sociedade e do Estado. Caso contrário, como
comentou Santo Agostinho, na sua obra Cidade
de Deus, o Estado se reduziria a uma grande banda de ladrões. De fato, a
corrupção é o mal maior que precisa ser banido, permitindo, assim, que se criem
condições de funcionamento para uma sociedade justa. A voz da cidadania está,
entre outros assuntos urgentes, exigindo recomposições significativas no
exercício da autoridade política.
Por
isso a urgência da reforma política, como cirurgia no sistema vigente viciado e
prejudicial ao bom andamento da sociedade. A voz da cidadania está acelerando a
resposta a essa exigência. Trata-se de uma reforma que já poderia estar em
curso, ou mesmo concluída. Justiça seja feita à Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), com outras instituições sérias do país, pelas muitas vezes em
que se tentou emplacar a reforma. Os bloqueios e resistências foram sempre
volumosos da parte de quem deveria facilitar. É hora de fazer valer que o
sujeito da autoridade política é o povo, considerado na sua totalidade como
detentor da soberania.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas,
democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável e sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem; III – o desperdício, em todas
as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
inexoravelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma
imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização setores como:
a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; saneamento ambiental (água
tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana,
logística reversa); meio ambiente;
habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social;
segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia
federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; comunicações; sistema financeiro nacional; esporte,
cultura e lazer; turismo; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade,
produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada,
qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que
permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades
e potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos
e que contemplam eventos como a 27ª
Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro; a Copa do Mundo de 2014; a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...