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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A ESPERANÇA NA LUZ DE BELÉM E A SOCIEDADE DE PRINCÍPIOS NA SUSTENTABILIDADE

“Neste momento da história, o
 centro de tudo está numa mulher
        A festa do Natal está toda concentrada na figura da criança Jesus, o Filho de Deus, que decidiu morar entre nós. A celebração do Natal vai além desse fato. Restringindo-se somente a ele, caímos no erro teológico do cristomonismo (só Cristo conta), olvidando que existem ainda o Espírito e o Pai, que sempre atuam conjuntamente.
         Cabe realçar a figura de Sua Mãe, Maria de Nazaré. Se ela não tivesse dito o “sim”, Jesus não teria nascido. E não haveria o Natal.
         Como ainda somos reféns da era do patriarcado, este nos impede de compreender e valorizar o que diz o Evangelho de Lucas a respeito de Maria: “O Espírito Santo virá sobre ti e a energia do Altíssimo armará sua tenda sobre ti e é por isso que o Santo gerado será chamado Filho de Deus” (Lc 1,35).
         As traduções comuns, dependentes de uma leitura “masculinista”, dizem: “a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra”. O original grego afirma: “a energia do Altíssimo armará sua tenda sobre ti”. Trata-se de um modismo linguístico hebraico para significar “morar não passageira, mas definitivamente”, sobre Maria. Como afirma o texto, a partir de agora, Maria de Nazaré será a portadora permanente do Espírito. Ela foi “espiritualizada”, quer dizer, o Espírito faz parte dela.
         Curiosamente, a mesma palavra “tenda” são João aplica à encarnação do Verbo: “E o Verbo se fez carne e armou sua tenda entre nós”, quer dizer, morou definitivamente entre nós.
         Qual a conclusão que tiramos? Que a primeira pessoa divina enviada ao mundo não foi o Filho, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Foi o Espírito Santo. Quem é o terceiro na Trindade é o primeiro na ordem da criação, isto é, o Espírito Santo. O receptáculo dessa vinda foi uma mulher do povo, simples como todas as mulheres camponesas da Galileia, de nome Miriam, ou Maria.
         Ao acolher a vinda do Espírito, ela foi elevada à altura da divindade. Por isso, diz: “o Santo gerado será chamado Filho de Deus” (Lc 1,35). Somente alguém que está na altura de Deus pode gerar um Filho de Deus. Maria, por essa razão, será divinizada, semelhantemente ao homem Jesus de Nazaré. É o Filho eterno encarnado em nossa realidade humana que celebramos no Natal.
         Eis que, num momento da história, o centro é ocupado por uma mulher, Maria de Nazaré. Nela estão presentes duas pessoas divinas: o Espírito Santo e o Filho do Pai.
         Nossa Senhora de Guadalupe, com traços mestiços, tão venerada pelo povo mexicano, aparece como uma mulher grávida, com todos os símbolos da cultura dos astecas. Sempre que vou ao México, visito a bela imagem de pano de Guadalupe. Vestido de frade, várias vezes perguntei a um peregrino anônimo: “Hermanito, tu adoras a la Virgen de Guadalupe?” E recebia sempre a mesma resposta: “Si, frailecido, como no voy adorar a la Virgen de Guadalupe? Si que la adoro”.
         Pois nessa mulher se escondem as duas pessoas divinas, o Filho que crescia em suas entranhas pela energia do Espírito que morava nela. E ambas, sendo Deus, podem e devem ser adoradas. Daí nasceu a inspiração para o meu livro “O Rosto Materno de Deus”.
         Sempre lamentei que a maioria das mulheres, mesmo teólogas, não tenha assumido ainda sua porção divina, presente em Maria, por obra do Espírito Santo. Ficam só com o Cristo, o homem divinizado.
         O Natal será mais completo se, junto ao Menino que tirita de frio na manjedoura, incluirmos sua Mãe, que o acalenta amparada por seu esposo, José. Ele também mereceria uma reflexão especial: sua relação com o Pai Celeste.
         No meio da crise de nosso país, há ainda uma estrela como a de Belém a nos dar esperança.”.

(LEONARDO BOFF. Teólogo e filósofo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 15 de dezembro de 2017, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de dezembro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de ELDO PENA COUTO, diretor do Colégio Magnum, e que merece igualmente integral transcrição:

“Sociedade de princípios
        As recentes revelações de fatos lastimáveis ocorridos no cenário político e empresarial do país, que se somam a uma série de outros que a mídia vem divulgando nos últimos anos, evidenciam que vivemos em uma sociedade na qual prevalecem valores duvidosos.
         Pessoas que exercem ou exerceram funções de liderança política, de gestão empresarial ou à frente de instituições públicas revelam-se, na verdade, regidas pelo egoísmo e por um pragmatismo estarrecedor.
         Surge, então, uma pergunta inevitável: como uma sociedade pode ter chegado a esse nível deplorável? Antes de responder apressadamente, é preciso ressaltar que esse comportamento não é homogêneo. Há um segmento da sociedade brasileira que, como ocorre em qualquer lugar do mundo, é responsável, honesto, trabalhador, honrado. Contudo, é desolador constatar que, infelizmente, esse segmento não é o que administra o país, sustenta as instituições, faz as leis, desenvolve os projetos de interesse público.
         Exatamente onde as pessoas de bem deveriam atuar, percebe-se que estão ausentes. Esse espaço está ocupado por outro segmento, que vem se mostrando cada vez mais desenvolto, audacioso e voraz, ignorando qualquer noção de idoneidade, que é totalmente ofuscada pelo interesse pessoal, familiar e partidário. Como algo tão pernicioso encontrou terreno favorável para germinar, vicejar e frutificar? Fica evidente que, em determinadas circunstâncias, as pessoas ficam diante do momento de fazer escolhas. Suas atitudes são decorrentes das opções feitas nesse instante. Se são regidas pelo egoísmo e pelo interesse, suas escolhas serão, naturalmente, distorcidas. Escolhemos aquilo a que damos valor. E essa noção de valor se origina nos princípios que regem pessoas, grupos, instituições, sociedades.
         Em suma, esses princípios são os pilares pelos quais nos regemos. Por isso, quando nos referimos a alguém que emprega meios duvidosos a fim de obter vantagens em níveis diversos, dizemos que se trata de uma pessoa sem princípios.
         Por serem tão decisivos durante o processo formativo, crianças e adolescentes precisam ser alertados para que aprendam a fazer suas escolhas a partir de princípios. Mas, onde e quando eles lhes são ensinados? Nas instituições familiares, escolares e religiosas.
         É inquestionável que o mais importante aprendizado ocorre na família, principalmente por meio do exemplo dos pais. Assim, quando os pais se regem por princípios equivocados, situação ainda mais agravada quando se distanciam das instituições religiosas, as escolas se veem na contingência de preencher esse vácuo e assumir a responsabilidade de conscientizar as crianças e adolescentes a respeito da importância de se regerem por princípios e, a partir deles, construírem seu sistema pessoal de valores.
         Por isso, uma escola não pode ser um simples espaço de formação acadêmica e deve ambicionar mais do que colocar alunos nas universidades. Precisa ser um local onde o respeito a regras e normas seja considerado relevante, onde se demonstre que cada indivíduo tem um papel importante na formação de uma sociedade constituída de pessoas que precisam atuar de forma consciente, a partir dos princípios e valores que sustentem suas decisões.
         Para que isso seja possível, é necessário que a escola privilegie também o trabalho com princípios como verdade, equidade, justiça, amor a Deus, amor ao próximo, humildade, empatia, autoconhecimento e inquietude. Esses princípios devem ser contemplados no planejamento escolar e, além de ensinados, precisam ser vivenciados cotidianamente na instituição, tanto nas atividades propostas, como no exemplo dado pelos educadores.
         Portanto, se pretendemos viver em uma sociedade sustentada por instituições fortes e constituída por pessoas que demonstrem atitudes superiores, altruístas e confiáveis, respeitadoras do próximo e do meio ambiente, precisamos, antes de mais nada, de escolas verdadeiras, cuja missão e objetivos sejam definidos a partir da valorização de princípios.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro/2017 a ainda estratosférica marca de 333,8% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 323,73%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em novembro, chegou a 2,80%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!”.





sexta-feira, 26 de maio de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O TESOURO DA PAZ E DO SILÊNCIO E A LUZ DA FORMAÇÃO INTEGRAL NAS ESCOLAS

“As enfermidades humanas, as 
epidemias planetárias e a cura
O corpo mental, o emocional e o físico do ser humano alimentam-se das energias do nível da consciência do qual são parte, processam-nas, incorporam o que lhes serve e eliminam o que não lhes convém. Portanto, essa metabolismo, bem conhecido no nível físico concreto, existe também no âmbito dos sentimentos e emoções e no dos pensamentos. A enfermidade é um processo que induz o corpo a um descompasso em relação ao padrão arquetípico sadio, que lhe corresponde pela Lei Evolutiva Universal. A doença poderá vir à tona numa fase posterior. Por isso, a cura, para ser efetiva, considera a globalidade do ser, até mesmo suas intenções e seus ideais mais sinceros. Muitas vezes, ao dissiparem-se núcleos sutis de conflito, a harmonia reflete-se no corpo físico.
Desde que as forças involutivas se introduziram na matéria do planeta, do ponto de vista psíquico este corpo celeste passou a ser doente. A enfermidade tornou-se parte intrínseca da sua substância, pois essas forças afastaram-no do arquétipo que estava destinado a expressar. Entre os reinos da Natureza, o reino humano foi o que mais se entregou a essas forças negativas, devido ao uso inadequado do seu livre-arbítrio e do desejo.
Há casos em que o próprio expurgo de vibrações, que devem abandonar as células a fim de um novo equilíbrio instalar-se, apresenta sintomas de enfermidade, mas, na realidade, é um processo purificador. A causa primeira das enfermidades em nível humano é o autocentramento, cultivado pelo ego. Quando a cura interior se efetua, o desaparecimento das enfermidades físicas ou psíquicas é facilitado.
Quanto às enfermidades, elas atuam como elementos purificadores ou equilibradores de forças e energias. À medida que uma enfermidade planetária vai sendo controlada pela ciência e vai deixando de ser fatal, aparecem novas, conforme o que ainda deve ser restaurado ou purificado na raça humana e no planeta.
As enfermidades epidêmicas, que sempre emergiram, funcionam como instrumentos do Juízo pelo qual a Terra já está passando; só atingem os que necessitam de certo tipo de purificação. O atual Juízo permitirá à Terra assumir novo papel no sistema solar, bem como acolher a humanidade futura, mais sutil e harmoniosa.
O homem ainda pode ajudar na cura do planeta, pois sabe-se que o som tem grandes repercussões sobre a matéria. O ruído, não apenas de palavras faladas, mas de formas-pensamento, constitui nódulos densos a serem movidos do gangrenado tecido psíquico que hoje envolve o planeta. Esse zumbido destruidor será capaz de rasgar as camadas de proteção do planeta e de provocar abalos sísmicos. Um considerável auxílio já é dado quando o silêncio externo se instala, mas imensamente maior é a ajuda quando o homem silencia também os movimentos de seus núcleos psíquicos negativos.
Quando o ser humano amadurece, ele pode ajudar o planeta, deixado de praticar ações dispensáveis e abstendo-se de atuar se não tiver claro o que é para ser feito. Ao manifestar tal padrão, denota ter passado por uma grande cura. Todavia, se ele abdicar de querer e de buscar os resultados de suas ações, pode tornar-se receptáculo da Lei Evolutiva Universal. Não age mais à revelia da ordem cósmica e, assim, permite que se instale nos planos terrestres uma serenidade profunda.
O silêncio e a paz são uma verdadeira necessidade. Que cada um os cultive como um tesouro inestimável.”.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 21 de maio de 2017, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de março de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de ELDO PENA COUTO, diretor do Colégio Magnum, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educandário, um lugar fora de moda?
        Anos atrás, algumas escolas brasileiras se autodenominavam educandários. A palavra ficou obsoleta, mas não a educação, que continua sendo um problema a ser resolvido no país. As famílias que podem pagar fogem das escolas públicas, pois a maioria delas passou a ser sinônimo de mau ensino. Indecisos os pais, cuja maioria não tem condição de entender da realidade escolar. Contudo, a qualidade das escolas particulares não é homogênea. Pelo contrário, o ensino privado no Brasil é bem diversificado e poucos estabelecimentos se preocupam em oferecer uma formação completa aos alunos. Três principais modelos se destacam nesse mercado.
         O primeiro reúne escolas para as quais a educação é um negócio como outro qualquer. Essa concepção nasceu de um equívoco, originado pela necessidade de os estabelecimentos escolares assumirem um caráter empresarial. Orientados por um pragmatismo frio e calculista, alguns estabelecimentos de ensino passaram a considerar qualquer preocupação que fuja do currículo escolar como algo anacrônico. Todo meio de convencer a “clientela” a procurar seus serviços passou a ser válido, inclusive a propaganda agressiva e, frequentemente, enganosa. Essa questão mereceu destaque na mídia no último ano, quando ficou claro que algumas escolas estavam usando o Enem de maneira duvidosa, a fim de se promover. Criando turmas especiais, conseguiam figurar-se entre os primeiros colocados no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio, dando a impressão, às pessoas em geral, de que a qualidade do ensino de suas instituições mantinha esse padrão.
         O segundo modelo reúne escolas que se propõem seriamente a oferecer um ensino de alto nível. Com testes de seleção exigentes, conseguem reunir alunos empenhados em estudar com afinco e desenvolvem uma cultura de conseguir ingressar nos cursos mais concorridos das universidades de maior prestígio. Têm a preocupação de atrair profissionais competentes para formar suas equipes de professores e especialistas. Por conseguir, de seus alunos bons e reais resultados na hora de disputar um lugar em um curso superior, adquirem prestígio junto à sociedade e concentram seus esforços em manter esse sucesso, sua melhor propaganda.
         O terceiro grupo é formado por escolas para as quais a educação de verdade exige mais do que um bom ensino acadêmico: para esses colégios, educar implica também responsabilidade com formação. Assim, ao mesmo tempo em que adotam um modelo moderno de gestão e oferecem um ensino de qualidade indiscutível, mantendo-se sempre em ótimas colocações no ranking do Enem, oferecem aos seus alunos um grande número de atividades formativas, fora do currículo, e procuram desenvolver neles uma cultura centrada em princípios e valores, importantes por toda a vida.
         Lamentavelmente, muitos pais, por não ter tido esse tipo de educação, encontram dificuldade em compreender que seus filhos necessitam mais do que um ensino pragmático para gerir sua vida futura. Não percebem que a própria sociedade só pode caminhar para um desenvolvimento verdadeiro se tiver como integrantes e lideres pessoas que se regem por princípios e valores e que aprenderem a dar a devida importância à ética e à honestidade nas relações que envolvem a família, o convívio social em profissional.
É inegável que o ensino tem-se desenvolvido significativamente nos últimos anos. Pouco a pouco, as escolas vão substituindo o velho modelo, que privilegiava o puro conhecimento, pelo atual, que procura dar condições aos alunos de desenvolver o raciocínio lógico, a capacidade de analisar, interpretar e resolver problemas. Mas, é necessário mais. É preciso que as escolas que assumem a função de agentes transformadores da sociedade sejam a regra, não apenas algumas poucas exceções. Ao mudarem o foco do ensino para o raciocínio, nossos estabelecimentos de ensino devem também preocupar-se em motivar os alunos a usar a inteligência para melhorar suas relações com o outro, desenvolver a compaixão, a amizade desinteressada pelos semelhantes e procurar serem corretos no dia a dia até nos atos mais prosaicos, como o uso da internet e das redes sociais.
Um povo que anseia por uma sociedade mais justa e um mundo melhor deve primeiro insistir em melhorar a qualidade não só do ensino, mas também da formação oferecida pelas escolas. Mais do que simples estabelecimentos de ensino, seria melhor se os colégios se preocupassem em ser também educandários. Mesmo que a palavra esteja fora de moda...”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março/2017 a ainda estratosférica marca de 490,3% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,0%; e já o IPCA também no acumulado dos últimos doze meses, em abril, chegou a 4,08%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 
 


  


segunda-feira, 20 de abril de 2015

A CIDADANIA, AS NOVAS FACES DA EDUCAÇÃO E O DESAFIO DO DIÁLOGO

“Educação para o nosso século
        Como preparar estudantes para uma sociedade marcada pela velocidade das mudanças e pelos desafios socioeconômicos do nosso século? Esse, talvez, seja um dos principais desafios da escola contemporânea. Fazendo uma breve contextualização desse assunto, as instituições de ensino, em um passado próximo, eram responsáveis pela transmissão de conteúdos, o que se dava com enfoque, quase exclusivo, nas habilidades cognitivas. Isto é, nas habilidades relacionadas aos conhecimentos programáticos descritos nas matrizes das diferentes disciplinas curriculares. Porém, cada tempo tem seu imperativo e, nesse sentido, nossa demanda acadêmica, em alguma medida, mais complexa.
         Como ilustração, fiquemos com a questão da globalização das economias, das novas organizações sociais do trabalho e das exigências postas pela sociedade atual. Esses substanciais recortes ilustram a necessidade de se conjugar, com maior profundidade, as inter-relações entre emoção, cognição e socialização na aprendizagem humana. Valendo ressaltar que esse novo lugar não desprestigia a importância, já sedimentada, dos conteúdos, mas aponta para a necessidade do desenvolvimento de um outro conjunto de habilidades, quais sejam: as não cognitivas ou socioemocionais. Essa nova configuração do ensino tem gerado movimentação intelectual, como o Fórum Internacional de Políticas Públicas, realizado conjuntamente pelo Ministério da Educação (MEC), pelo Instituto Ayrton Senna e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Evento esse que teve, como linha condutora, reflexões sobre a importância do desenvolvimento das habilidades socioemocionais para o sucesso individual e coletivo de uma sociedade. Durante esse encontro, os participantes destacaram que o desenvolvimento dessas habilidades depende de um programa intencional e estruturado a ser efetivado por toda a comunidade escolar, ou seja, pelos gestores, professores e família, uma vez que elas não são talentos inatos, o que implica dizer que demandam um projeto altamente qualificado para serem adequadamente trabalhadas. Exemplificando as potencialidades dessa nova diretriz no que toca à vida escolar, perseverança, equilíbrio emocional, compaixão e proatividade são habilidades socioemocionais que, quando desenvolvidas com excelência, permitem aos alunos, entre tantos outros avanços, prevenir problemas de aprendizagem sua significação mais abrangente.
Nessa linha, muitos estudos revelam o impacto positivo de um trabalho intencional de desenvolvimento dessas habilidades sobre a vida das pessoas, permitindo uma constatação: promover uma formação integral dos estudantes vai além da disponibilização de informações e conhecimentos. Formação integral é mais do que isso, pois depende da sedimentação de diversas competências, tanto cognitivas como socioemocionais, aptas a prover os alunos de experiências pessoais e coletivas atreladas aos valores humanos mais nobres, como boa convivência, cooperação, responsabilidade socioambiental e engajamento na construção de uma sociedade melhor.”

(MARCO ANTÔNIO BARBOSA. Coordenador pedagógico do Colégio Magnum Cidade Nova, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de16 de abril de 2015, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 17 de abril de 2015, mesmo caderno, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Aventuras do diálogo
        A referência ao diálogo como aventura, embora cause certo estranhamento, é algo a se considerar no estágio atual da situação sociopolítica, cultural e mesmo religiosa da sociedade brasileira. Cenários diversos revelam a dificuldade generalizada para se estabelecerem diálogos. E o diálogo é condição sem a qual não se edifica a sociedade, particularmente a contemporânea, na sua constituição plural. Prejudica esse necessário processo de interação o enquadramento de pessoas e de situações que pode levar a arbitrariedades e a desrespeitos, criando, consequentemente, verdadeira anarquia.
         As concepções monolíticas a respeito de situações plurais na política, na cultura e mesmo na vida religiosa provocam grande confusão. Evidentemente, é preciso observar certos parâmetros. Princípios éticos e valores inegociáveis devem sempre pautar as condutas. Porém, o diálogo só é exitoso quando se reconhece a pluralidade, compreendendo que ninguém é dono da verdade. O respeito ao outro e às diferenças é condição para se avançar em discernimentos e, assim, fazer escolhas acertadas, corrigir rumos e alcançar novas respostas. Só o diálogo e a capacidade de dialogar revelam e comprovam a envergadura moral e cidadã.
         Uma das mais terríveis crises da sociedade brasileira é a generalizada incompetência para o diálogo entre instituições, grupos e pessoas. Para complicar esse quadro desafiador, aparecem os oportunistas e também aqueles que buscam travar as possibilidades do intercâmbio de ideias e opiniões. Prenúncio para radicalismos e outras perdas no necessário processo de se reconstruir a nação. Para superar a falta generalizada de diálogo, são necessários exercícios que alarguem corações e mentes, que iluminem visões capazes de contribuir para o enfrentamento dos muitos problemas que se abatem sobre a sociedade.
         O papa Francisco, na sua exortação apostólica Alegria do Evangelho, fala sobre a crise do compromisso comunitário. O enfrentamento desse problema, com respostas assertivas, é que pode permitir o revigoramento da cidadania, em vista de uma nação civilizada, estabelecida nos trilhos da igualdade social, da justiça e da participação de todos. A solução não é simples e demanda mais que análises de caráter sociológico ou político. É necessário ultrapassar a defesa egoísta dos próprios interesses, de pequenos grupos ou classes, para empreender esforços e garantir soluções que gerem benefícios para a coletividade.
         Essa nova postura é que possibilita um processo de interpretação de fatos e de acontecimentos capaz de suscitar nos corações o desejo e a prática do diálogo. Urgente é considerar os rápidos processos de desumanização em curso, muitos deles até com consequências irreversíveis. Uma conta a ser paga no restante da história dessa sociedade que acata e acelera esses processos. Em vez de se defenderem interesses partidários ou de poucos, é preciso considerar os descompassos do mundo contemporâneo. Enormes avanços e conquista, progressos científicos e inovações tecnológicas contracenam com a violência, a miséria e o medo.
         É irracional aguçar a simples defesa de interesses particulares e não percorrer a circularidade existencial, exercício indispensável para conseguir ver a partir do lugar do outro, especialmente de quem é mais pobre. A sensibilidade necessária para enxergar além do que é particular constitui condição para abrir-se ao diálogo. Exercitar esse discernimento possibilita reconhecer que todos partilham a mesma estatura e merecem respeito. Assim, é possível o diálogo, caminho para superar a mesquinhez e a indiferença que alimentam, entre outros males, o desarvorado desejo de acumular dinheiro e poder, verdadeira porta para a corrupção.
         Para promover a abertura ao diálogo, em todos os níveis, na sociedade brasileira, vale a pena começar por dizer “não”, como ressalta o papa Francisco, conselheiro admirável, na exortação apostólica Alegria do Evangelho: não a uma economia da exclusão, pela superação da globalização da indiferença; não à nova idolatria do dinheiro, pelo reconhecimento de que a crise econômica é, acima de tudo, antropológica, pois é desconsiderado o primado da pessoa humana; não à desigualdade vergonhosa, fonte de violência, pois é necessária uma profunda reforma que inclua mais simplicidade nos gestos de ricos, que precisam ajudar os pobres. É preciso reduzir distâncias, aproximar do outro, para que se possa construir um futuro melhor. Essa tarefa tem dinâmica própria, que desafia a sociedade brasileira a entrar nas aventuras do diálogo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (assim sendo, já é crítica a superação da marca de 8% no acumulado de doze meses...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, mensurável, econômico,  e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de 
     R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...
            





quarta-feira, 25 de março de 2015

A CIDADANIA, A DISCIPLINA NA EDUCAÇÃO, A PSICANÁLISE, A ÉTICA E O PODER

“A disciplina na educação
Para tratar de disciplina no âmbito da educação, é fundamental entender o contexto em que a escola desenvolve suas atividades. As instituições de ensino têm o grande desafio de lidar com aqueles que serão os adultos de amanhã. E, em se tratando da sociedade atual, não é difícil imaginar as imensas transformações pelas quais esses jovens passam ao longo de sua trajetória acadêmica. Normalmente, o aluno inicia sua vida escolar aos dois anos de idade, egressando por volta dos 18 anos. Sendo assim, a maneira como ele encara o mundo e desenvolve suas relações sociais é pautada por 16 anos de convívio no sistema educacional.
Vivemos na sociedade da informação, marcada por rápidas transformações e pelo avanço tecnológico. Ou seja, nós, enquanto educadores, carregamos a responsabilidade de participar, de maneira relevante, da formação de crianças e jovens para, após 16 anos, entregá-los a um mundo marcado pela transição. E o próprio fato de vivermos em um ambiente mutável traz para os principais responsáveis pela formação da criança (família, Igreja e escola) uma série de inseguranças e incertezas. Isso porque a realidade muda, os conceitos se modificam e até os valores sofrem alterações com o passar do tempo. Assim, é inevitável que o conceito de disciplina seja pressionado pela transitoriedade que caracteriza o mundo atual. Afinal, quando se muda o cenário, o comportamento também se altera. E, nesse universo tão variável, com frequência, muitos perdem os referenciais de disciplina. Contudo, faz-se necessário ressaltar que o fato de a sociedade sofrer constantes alterações não implica que a disciplina seja deixada de lado. Um exemplo claro diz respeito ao compromisso dos jovens com horários. O fato de ter-se tornado normal chegar a casa mais tarde não significa que não tenham um horário a cumprir no dia seguinte. As regras, em muitas famílias, tornaram-se, por força das já citadas mudanças, mais flexíveis. Mas não podem deixar de existir. A informação mudou, está mais ágil, disponível a qualquer momento na internet, mas isso não significa que os jovens não precisam ler clássicos ou buscar informações sobre cultura e civilização, por exemplo. Diferentemente do que ocorria há muitos anos, hoje, os alunos não são obrigados a se levantar e entoar um cumprimento em coro a um professor que entra em sala de aula. Mas isso não exclui o dever, enquanto cidadãos, de demonstrarem respeito pela autoridade representada ali. Em contrapartida, os profissionais de educação e a administração escolar também precisam estar alinhados com o processo disciplinar, pois constituem os exemplos mais evidentes para os alunos. Desse modo, os educadores e instituições de ensino precisam mostrar-se responsáveis com horários, prazos, calendários e valorizar a disciplina de seus alunos. Entretanto, não é raro depararmos com escolas que mudam sua rotina, burlam a sistemática disciplinar, para atender pais e alunos, fazer sua vontade e, com isso, não correr o risco de perder um cliente. Essa resiliência pode gerar um descrédito em relação à identidade do valor da disciplina.
A disciplina é a guardiã dos limites e qualquer ser em formação precisa conhecer seus limites, do ponto de vista humano ou das relações sociais. Fato é que esse processo disciplinar é o responsável, por meio dos limites estabelecidos, pelo caráter de qualquer indivíduo e, em um mundo competitivo como o atual, é bom lembrar a advertência de Ésquilo, que vem valendo apesar dos séculos: “A disciplina é a mãe do êxito”.”

(ELDO PENA COUTO. Diretor do Colégio Magnum Cidade Nova, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de março de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 21 de março de 2015, caderno PENSAR, página 3, de autoria de INEZ LEMOS, psicanalista, e que merece igualmente integral transcrição:

Psicanálise,

ÉTICA E PODER
        
         Entre as ações impossíveis de serem realizadas plenamente, Freud destacou a de governar. Embora a psicanálise não tenha formulado uma teoria da política e do poder, ela reforça que o governo não pode desconsiderar o sujeito desejante – sujeito fundado nas pulsões. Como inserir o sujeito no campo da ética, da política e do poder? Como conciliar as pulsões e a civilização? A problemática da política está em mediar o campo social, a ordem simbólica e mítica das relações, uma vez que cada cidadão chega atravessado por traços culturais, convicções e atavismos. Cada sujeito porta registros simbólicos que o singularizam. O pacto social exige a equivalência simbólica das forças – Estado e sociedade.
         Quando os governos lançam projetos políticos que rompem com o imaginário social propondo mudanças historicamente petrificadas, sofrem forte resistência. Toda ruptura no campo psíquico provoca uma contratransferência, uma rejeição aos modelos que contrariam os códigos internalizados, seja de governos ou pessoas. Diante da proposta socialista, por exemplo, Freud, embora compartilhasse do sonho por sociedades mais justas, não acreditava na sua viabilidade, uma vez que a relação dos sujeitos com a riqueza se inscreve no circuito pulsional que regula o gozo. Perder dinheiro significa perda de gozo, e, para tanto, poucos estão preparados. A transformação do estatuto simbólico dos bens materiais implicaria mudanças culturais e de valores, como também na circulação do gozo.
         A instituição de uma sociedade menos desigual pressuporia a imposição de um limite ao gozo absoluto, operando como um interdito simbólico. Quando o sujeito é interditado em suas pulsões narcísicas, diante do imperativo do gozo se instala o mal-estar. Os conflitos entre interesses, muitas vezes explicados por motivos econômicos, geraram guerras e revoltas, descontruindo o conceito de civilização universal e progresso. Contudo, a política deve transitar entre o universal (público) e o relativo (subjetivo). Daí a governabilidade ser um desafio que nunca se realiza completamente por se contrapor às demandas de gozo do sujeito. O conflito entre interesses, classes e ideias dificulta a democracia, uma vez que o narcisismo, a pulsão e o mal-estar na civilização fundam a desarmonia entre os cidadãos.

ÓDIO Como entender o ódio que se disseminou na sociedade brasileira a partir da última eleição para presidente da República? A questão é aprofundar o olhar sobre o sintoma “ódio ao PT” para além da realidade, extrapolando os conflitos partidários. Corrupção deve ser sempre combatida. Embora ela sempre tenha integrado o cenário político brasileiro, como explicar a onda de moralização, o furor por denúncias justo agora? O que subjaz à crise política que vivemos extrapola análises objetivas. A felicidade de uma nação não pode ser absolutizada, não é um valor universal, mas um valor relativo que remete às exigências pulsionais. Até que ponto as diferenças individuais e pulsionais inviabilizam a construção de um pacto social? Hegemonia prevê que a maioria dos participantes se uma em torno de um valor universal.
         Ao criticar políticas públicas de transferência de renda, como o Bolsa-Família, devemos estender o olhar às questões subjetivas – as diferenças se singularizam entre gozo e desejo. E o desejo se fixa na fantasia, que por si só tem algo de utópico. Não há nada de absoluto no campo das subjetividades, e a política administra fantasias humanas, cuja função é atuar na produção do desejo. Quando o desejo do sujeito é reconhecido, o cidadão abandona a fantasia de excluído e adquire um lugar na pólis – conquista pertencimento. Conquistar identidade é conquistar poder.
         Os obsessivos por poder geralmente mantém uma relação insana e perversa com a política. Manipulam e cometem crimes ao promover lobbies e garantir o “queijo intacto”. Brigam movidos por fantasias de riqueza, vaidades, poder. Há algo no psiquismo que dificulta avançar nas propostas de redução da pobreza. No Brasil, a retórica da democracia sempre se opôs às políticas públicas de amplo alcance social. Os projetos desenvolvimentistas ocorreram com dinheiro público em empreendimentos privados. Sempre convivemos com o Bolsa Boi, Bolsa Empresário, com o crédito ao agronegócio e às empresas. Contudo, o descontentamento com os investimentos do governo atual na área social deflagra a relação fálica de posse que o sujeito estabelece com os bens materiais. A lógica do lucro dificulta a aceitação, sem oposição, à expansão dos direitos sociais. Quando esses se estendem à maioria dos cidadãos, há perda de privilégios – a igualdade fere a fantasia fálica de acumulação.

OSTENTAÇÃO O gozo do sujeito contemporâneo está na ostentação da riqueza e na espetacularização da posse – a imagem de rico e poderoso. O projeto de felicidade fundado na pós-modernidade e centrado na tecnologia reforça a cultura narcísica, individualista. O ideal de acumulação em que a riqueza material ganha primazia, muitas vezes, não consegue produzir satisfação, uma vez que o viver em sociedade provoca interdições e renúncias pulsionais. É quando o sujeito se vê diante de propostas que contrariam a ordem simbólica – orientação internalizada de ostentação.
         Em “Psicologia das massas e análise do eu”, Freud enuncia que o homem é um animal de horda e não um animal de massa. Há algo no sujeito que o leva a rejeitar o social, a resistir aos processos de coletivização. No meio da massa, ele se entrega aos impulsos primários, abandona as interdições e, como animal feroz, defende seu naco de carne.
         Ao defender com violência o seu espaço, seu patrimônio e seu partido, o sujeito demarca território. É o narcisismo, que, ao impor singularidade, rejeita a igualdade. Freud, ao refletir sobre as guerras, cunhou a expressão “narcisismo das pequenas diferenças”. Ele explica os conflitos entre os cidadãos – fonte do ódio entre partidos, torcidas, nações. A “guerras entre partidos”, a conduta beligerante do atual Congresso Nacional expõe a obsessão pelo poder: digladiar por um lugar de destaque na arena política. A corrupção, o desejo de se locupletar de forma ilícita, inscreve-se no circuito pulsional – é sintoma que escapa. Os perversos sempre rodearam o poder, lugar onde os atos espúrios são protegidos.
         Quando governos tentam inovar com políticas sociais que rompem com o ideário da elite conservadora, que sempre determinou os investimentos públicos, há que se tentar uma intervenção e transformação no sistema de valores e na produção do desejo coletivo. Não é possível entender a resistência ao Bolsa-Família – programa que não se resume a transferir renda, mas garantir educação, saúde, saneamento, eletricidade e moradia aos mais pobres – pelo viés da razão moderna. Há algo no psiquismo que inviabiliza a construção de um modelo iluminista de cidadania baseado no bem comum, uma vez que ele se oporia ao projeto universal de felicidade, quando as riquezas seriam mais bem distribuídas.

CORROSÃO Quando a política não consegue dialogar com as diferentes subjetividades, não oferece outras formas de laço social senão as clássicas inseridas pelo mercado e poder econômico, o efeito é a evidente corrosão entre Estado e tecido social. Tudo isso aponta para uma crise estrutural de valores, provocando uma dicotomia, a ruptura no ideal de nação. De um lado, os defensores do status quo – riquezas e privilégios –, de outro a população, que anseia por projetos que lhes garantam qualidade de vida. Uma população mais educada, saudável e com acesso a bens e serviços é pré-requisito ao desenvolvimento mais sustentável e menos desigual. A inclusão social e produtiva dos mais pobres é benéfica para o conjunto da sociedade.
         Conclui-se que a relutância às políticas sociais, cujos impactos positivos na economia foram reconhecidos, aponta a dificuldade de se romper com a tradição simbólica que permeia as relações humanas, cristalizadas no preconceito e na resistência em conviver com a mobilidade social. Como socializar os espaços de convivência e democratizar o acesso ao patrimônio público. Quando uma classe é ameaçada de perda de privilégios, ela sofre intervenção na relação fálica de posse, é privação do gozo.
         O mal-estar que se instalou no país não pode ser explicado apenas pela corrupção na Petrobras (uma vez que ela remonta a várias décadas), tampouco pela alta do dólar e da gasolina. É efeito de algo maior e que escapa às análises econômicas – diz da demanda de gozo do sujeito. Governar, educar e analisar são profissões infindáveis e incompletas.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
  
     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, econômico,  que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);
c
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...