“A
cura que advém do silêncio e
do contato com a Fonte interior
do contato com a Fonte interior
O real trabalho que
pode ser feito em benefício da evolução e da cura de indivíduos, que estejam
mental ou emocionalmente envolvidos com alguma situação, é aquele que ocorre
por meio da irradiação de energia.
Depois
de esgotarmos a nossa aprendizagem nos vários campos de serviço externo,
chegamos, pela vivência do silêncio, a esse caminho, o da irradiação da energia.
A
fonte de todo impulso criativo apenas pode ser conhecida quando o silêncio é o
estado da matéria. A irradiação da energia, como cura, como elevação e como
preenchimento de todos os espaços do universo – irradiação que se traduz em
vida, amor, luz e poder –, só se faz no silêncio dos sentidos, das necessidades
e dos movimentos, enfim, no silêncio do eu humano.
Quando se atinge esse
estágio, é pela irradiação que as tarefas se cumprem. Nesse sentido, um segundo
de puro contato com a Fonte interior tem mais valor que qualquer obra humana.
Ao contatar com a energia da Essência fundamental, divina, origem de todas as
essências, ao mergulhar na vibração da própria realidade interior e ao conhecer
sua qualidade imanente, o indivíduo se une com o que não tem nome, não tem cor,
não é definível e não é compreensível; une-se com aquilo que por nada pode ser
contido, une-se com o Absoluto e o Vazio. Nos planos que estão acima da razão e
do sentimento, sem nada ser, sua consciência penetra na plenitude da existência.
É nesse estado de Graça que ele recebe a tarefa de irradiar a energia.
A
irradiação não é, pois, dirigida por forças humanas, não se destina a
determinado ponto ou pessoa e em todos alimenta a sementa da Luz. Não é
conduzida conscientemente pelo homem (e, se o fosse, não diferiria da magia),
mas se esparge por todo o Cosmos, acolhe e permeia toda a Vida. Filha da
sabedoria, não se restringe a tendências. Fruto do amor, não conhece separação.
Sopro do Criador, eleva todas as criaturas.
A
energia de cura não tem dono; nada e ninguém a possui. Ela se doa por meio
daqueles que podem prestar o serviço de irradiá-la. Esse serviço vem da
comunhão com reinos espirituais, e quanto mais a energia de cura for absorvida
pelos homens maior será, entre eles, a abertura para o contato com a energia
divina. A irradiação é uma das principais chaves que guardam os portais de
realidades sutis elevadas, mas a humanidade, em grande voltada para o nível
material da vida, ainda desconhece a cura que ela promove e a finalidade desse
serviço.
O
impulso que conduz uma pessoa à verdadeira cura é aquele que leva a sua
consciência a desbravar universos interiores, a libertar-se da vida comum e ir
ao encontro do Espírito. Enquanto os homens buscarem a cura visando a um ajuste
ou reequilíbrio físico, mental ou emocional, não poderão sequer conhecer os
objetivos que o Criador tem para eles. Não poderão compartilhar a Graça, uma
das mais puras expressões da energia de cura.
Como
conhecer um sabor sem tê-lo provado? Como trazer a cura ao mundo sem se haver
curado?
A Água
da Vida não é encontrada quando se tenta chegar à fonte, mas si quando brota do
íntimo do indivíduo, saciando-lhe a sede, mergulhando-o em profundeza e
abundância. Receber a Graça dessa torrente de amor infinito é saber sem ter
aprendido, é ver sem ter olhado, é escutar sem ter buscado ouvir, é ser sem se
lembrar do que se é.”.
(TRIGUEIRINHO.
Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 30 de agosto de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de
dezembro de 2007, caderno PENSAR, página
principal, de autoria de MAURICIO ANDRÉS
RIBEIRO, autor dos livros Ecologizar e
Tesouros da Índia para a civilização
sustentável, e que merece igualmente integral transcrição:
“DHARMA
E
Sustentabilidade
A cada dia, torna-se
mais evidente que as atividades humanas causam a crise ecológica e climática
atual, que ameaça a proteção e as garantias para a vida. Nesse contexto,
torna-se pertinente conhecer como as diversas matrizes da civilização concebem
as responsabilidades, interesses e direitos que visam, justamente, a dar
proteção e garantias à vida.
Herdeiro
da civilização greco-romana, o mundo ocidental inventou o Estado democrático de
direito: democracia orientada para a justiça, para a transformação, evolução,
projetos de liberdade, para o novo e a modernização, o trabalho produtivo e com
resultados, a esperança e o futuro. Tudo isso valoriza a razão e o analítico.
Dos
direitos individuais – à liberdade, à vida. à expressão – evoluiu-se para os
direitos sociais, econômicos e culturais voltados para a saúde, o trabalho e a
greve. Daí se passa para a terceira dimensão, ou geração, a dos direitos e
interesses difusos que ultrapassam a perspectiva individual e incluem a
proteção da coletividade, da paz e da segurança públicas, do patrimônio
histórico e cultural e do meio ambiente.
Estudiosos
da democracia dos direitos, ao mesmo tempo em que apregoam suas virtudes como o
regime político mais avançado já alcançado pelas sociedades humanas, apontam
suas fragilidades. O filósofo Jürgen Habermas ressalta as tensões que
permanentemente desafiam o Estado democrático de direito, especialmente com o
terrorismo do início do século 21. O sociólogo Manuel Castells fala da necessidade
de a democracia se reinventar.
Grandes
impérios enfatizaram o direito: o império romano, o direito romano; o império
americano, a democracia dos direitos. Usados com estratégia de dominação
efetiva, não se impõe pela força, mas pela adesão voluntária dos indivíduos e
pela persuasão de argumentos jurídicos e legais. Entretanto, ao primeiro sinal
de ameaça, as conquistas da democracia (direitos civis, direito individual,
direito à privacidade e mesmo direitos difusos, como o ambiental) são relegadas
a segundo plano, como ocorreu com os Estados Unidos depois do ataque terrorista
de 11 de setembro de 2001. Além disso, quando se atingem os limites da
capacidade de o planeta suportar agressões e se anunciam catástrofes
climáticas, a proteção e as garantias para a vida passam a ser ameaçadas por
novos fatores de risco.
CIVILIZAÇÃO INDIANA
Nesse
contexto, buscamos o conceito de e a prática do dharma, centrais para a
compreensão da civilização da Índia. Eles nos permitem refletir sobre o
desenvolvimento e a sustentabilidade. O lema é unidade na diversidade. Trata-se
de uma nação multinacional, culturalmente variada. A civilização indiana
absorveu de forma seletiva as pressões culturais trazidas por diversos povos
que invadiram o subcontinente durante sua longa história. O dharma pode ser
visto como fator de agregação, que evita a fragmentação de uma pessoa ou
sociedade.
Heinrich
Zimmer nota que dharma é substantivo proveniente da raiz do sânscrito dhr, que significa sustentar, carregar.
“É a lei, aquilo quem sustenta, mantém unido ou erguido”. A aceitação do
próprio dharma se manifesta em algumas características associadas ao povo e à
sensibilidade indianos: resignação, fatalismo, docilidade, passividade,
reduzida inveja, convicção de que as adversidades expressam a vontade de Deus.
Isso não impediu que, sob a liderança de Mahatma Gandhi, o país alcançasse a
independência política em 1947 por meio de métodos não-violentos e da
resistência passiva. Isso fez da Índia uma das sociedades com menor pegada
ecológica per capita, que menos obrigam o ambiente a suportar agressões.
O
pensador Sri Aurobindo produziu extensa obra sobre temas políticos e sociais.
Ele estudou na Inglaterra e é profundo conhecedor da cultura indiana. “Já se
disse que a democracia é baseada nos direitos do homem; respondeu-se que ela
deveria se basear nos deveres do homem; mas tanto direitos como deveres são
idéias européias. Dharma é a concepção indiana na qual direitos e deveres
perdem o antagonismo artificial criado pela visão de mundo que faz do egoísmo a
raiz da ação e restabelece profunda e eterna unidade. Dharma é a base da
democracia que a Ásia deve reconhecer, porque nisso está a distinção entre a
alma da Ásia e a alma da Europa”, explica Sri.
A
imagem usada pelo pensador para definir o dharma busca a unidade diante do
antagonismo artificial entre direitos e deveres. Como na fita de Moebius,
aquilo que aparentemente se opõe se torna o mesmo. No dharma, exercer uma ação
é, ao mesmo tempo, direito e responsabilidade.
DIREITOS HUMANOS
A dharmacracia,
uma forma de reinventar a democracia que vai além da defesa de direitos,
integra a ética à política e articula as relações a padrões de conduta e
comportamento individuais, fazendo a ponte entre o psicológico o social. A
democracia será “dharmacrática” quando complementar a visão dos direitos
humanos com padrões aceitáveis de cuidado na relação com a natureza e na vida
individual e social.
A
dharmacracia realça a importância da compaixão, da liberdade de projeto, de
valorização do natural e do indígena, da celebração comunitária e da presença
convivial. Valoriza o contemplativo, a intuição e a síntese. A dharmacracia é
projeto virtual que pode evoluir a partir do patamar alcançado pela democracia
dos direitos. “Dharmacratizar” a política pode ser uma forma de reduzir a
descrença nos políticos e nas enfraquecidas democracias dos direitos.
Ao
exercer o dharma, a espécie humana – que enfrenta impasses quanto à viabilidade
de sua sobrevivência – pode buscar meios para se superar, sustentando-se por
milênios na era ecozóica, que ora se inicia.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até
a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da
sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a
estratosférica marca de 395,3% ao ano... e mais, em julho, o IPCA acumulado nos
últimos doze meses chegou a 9,56%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos
e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do
procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A
Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o
problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu
caráter transnacional; eis, portanto,
que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas
simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de
suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do
nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas
modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente
irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na
Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das
empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal)
–, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da
União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 868 bilhões), a exigir alguns
fundamentos da sabedoria grega:
-
pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e
ainda a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”