(Junho
= mês 8; faltam 162 meses para a Primavera Brasileira)
“Em
direção ao futuro
A imprescindível ética
no convívio diário do povo de uma nação, tão necessária de forma a se evitar,
ou pelo menos minimizar, a corrupção sempre recorrente e susceptível da velha
natureza humana, que muitos veem como questão de fundo apenas moral, e, por
isso, relacionado com uma falsa casca de religiosidade ultrapassada e fora de
moda, em verdade é muito mais do que tal reducionismo faz parecer. É uma
questão central de eficiência econômica e de engenharia social totalmente vital
ao perfeito funcionamento de toda a sociedade.
Para o
desenvolvimento de uma nação que tenha por alvo servir a todos os seus
cidadãos, lhes concedendo oportunidade de crescimento, segurança e saúde, torna-se
imprescindível que todos os relacionamentos próprios da vida civilizada sejam
os mais eficientes possíveis. E para que isso ocorra, é necessário que o
sistema das relações sociais seja exercido com o mínimo de desgastes e perdas.
Quando
o sistema legal de uma nação, ao não punir adequadamente, de acordo com as leis
em vigência, fruto de um Judiciário frouxo e leniente, um indivíduo ou uma
empresa corrupta, sinaliza para a população que tais procedimentos errôneos não
só devem aceitos, como devem servir de paradigma positivo de esperteza a ser
copiada. Então, aumenta a ineficiência de todo o sistema relacional existente
no país. E isso é demasiadamente prejudicial, não apenas ao presente, tanto
quanto ao futuro da nação.
Pois
as sociedades humanas vivem baseadas em expectativas. Entretanto, se elas
indicam que a ética é virtude apenas aos abobalhados e ingênuos, afinal, os
espertos não a obedecem e nem pagam por não a obedecerem. Então, a sociedade
que será construída sobre tal argumento será de uma barbárie dinossáurica
total, sendo ineficiente e o oposto de uma sociedade civilizada, de regras
claras e duras para seus infratores.
Não
seria essa a justificativa para o que está ocorrendo hoje nesses dias
pós-modernos? Não seria quase tudo falta de punição exemplar aos infratores?
E tudo
isso se aplica ao Brasil. Onde o delicado momento de desilusão da população, em
relação aos seus políticos e a todo o setor público, seja o ponto de partida
para uma profunda reflexão sobre um modo mais benéfico e transparente do
exercício democrático. Onde ocorra, urgentemente, a redução drástica desse
comprovado ineficiente setor e, consequentemente, a completa supressão dos
incontáveis parasitas que nele se locupletam. Fechar os ralos por onde se escoa
o escasso dinheiro do contribuinte é imprescindível. Nem que para isso seja
necessário rever, também, o funcionamento de todo o sistema político partidário
e até mesmo da própria Constituição.
Tivessem,
hoje em dia, as autoridades e servidores consciência que o trabalho honesto,
além de dignificá-los, capacitaria a nação mais facilmente a prover os meios de
amparo para as classes realmente mais necessitadas, pois certamente os escassos
recursos públicos sobejariam, então o Brasil não se encontraria nesse lamaçal
atual.
Infelizmente,
mudar mentalidades é bem mais difícil do que criar leis. Entretanto, se as leis
realmente alcançassem a todos, de modo indistinto, então já seria um grande
passo para a efetiva reconstrução de futuro digno a toda a nação.”.
(JOÃO DEWET
MOREIRA DE CARVALHO. Engenheiro agrônomo, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 31 de maio
de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de RONALDO
MOTA, reitor da Universidade Estácio de Sá, e que merece igualmente
integral transcrição:
“O
mal da escola sem fim
As raízes mais remotas
da escola, tal como nós a conhecemos hoje, estão depositadas na Grécia Antiga,
especialmente referenciadas, ao redor do século 5 a.C., na academia de Platão e
do liceu de Aristóteles. A escola nasce com o objetivo de formar os futuros
dirigentes de Atenas, indo além dos sofistas, à medida que estabelecia um
espaço comum permanente, frequentado de forma regular por mestres e discípulos,
atores fixados no mesmo objetivo de repassar e receber conhecimentos.
Passados
quase dois milênios e meio, escola viria a atingir seu apogeu na fase mais
madura da Revolução Industrial, no século 20, onde a demanda em grande escala
por mão de obra especializada foi atendida com enorme competência e maestria.
Nesses milênios, a educação foi favorecida pelo surgimento do livro moderno no
século 15, pela consolidação do método científico no século 17, pela máquina a
vapor e outras tecnologias no século seguinte e, especialmente, pela Revolução
Industrial nos tempos que se seguiram.
Os
níveis extremos de compatibilidade e de pertinência das organizações
educacionais, incluindo as metodologias e os modelos de gestão escolares
adotados, fizeram delas das mais bem sucedidas e respeitadas instituições do
mundo moderno. A escola, no sentido amplo, contribuiu significativamente para
grandes avanços em termos de ampliação do acesso a serviços e a produtos de
qualidade. Foi dentro dos seus muros que foram gerados os conhecimentos que
resultaram no aumento da expectativa de vida e, principalmente, produziram as
condições para a grande revolução decorrente das tecnologias digitais, as quais
estão a transformar, num processo ainda em curso, o mundo contemporâneo.
A
escola tem cumprido várias funções, entre elas, a de ser o espaço de
transmissão de conhecimento, formando cidadãos que dominam certos conteúdos e
profissionais específicos. Nesta concepção, os níveis escolares refletem etapas
formativas com diferentes graus de profundidade e os respectivos diplomas e
certificados atestam os conhecimentos adquiridos e as respectivas competências
e habilidades associadas a cada uma das áreas do saber.
Todas
as instituições e setores contemporâneos estão sendo e serão profundamente
afetados pelas tecnologias digitais, em especial a escola, dado que a marca dos
novos tempos é a emergência de uma sociedade na qual a informação está
plenamente disponível, imediatamente acessível e essencialmente gratuita.
Assim, as instituições educacionais, por sua relação orgânica com a informação
e conhecimento, demandam ser especialmente reconceptualizadas. Elas devem ser
repensadas à luz de um cenário onde mais relevante do que o que foi aprendido é
aprimorar a capacidade de aprender a aprender. Informação, em si, passa a ser o
mais disponível e vulgar dos produtos.
Aprendemos,
a partir de agora, dentro e fora da escola, a qualquer tempo e por qualquer
meio, e o fazemos, principalmente, como meio de ampliar nossa consciência
acerca dos mecanismos segundo os quais ampliamos nossa capacidade de aprender a
aprender. A escola que marcava suas etapas pelos diplomas e certificados
atestando os conhecimentos adquiridos, nas formas de conteúdos, técnicas e
procedimentos, dá espaço a um novo conceito, onde as etapas correspondentes, da
creche ao pós-doutorado, se caracterizam, essencialmente, pelos níveis diversos
da capacidade de aprender continuamente em um mundo de educação permanente ao
longo da vida.
Há uma
essência perene nas funções da escola e do professor, mas certamente ela não
está em seus prédios ou nos modelos de gestão, tampouco nas atuais metodologias
e abordagens educacionais. Enfim, é rica e bela a história da escola, uma
instituição que se pensava sem fim e que hoje, promissoramente, se prepara para
se reconfigurar plenamente.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em março/2017 a ainda estratosférica
marca de 490,3% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,0%; e já o IPCA
também no acumulado dos últimos doze meses, em abril, chegou a 4,08%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...