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sexta-feira, 7 de junho de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS NOVOS E DESAFIANTES HORIZONTES DA TECNOLOGIA E A LUZ DAS HISTÓRICAS TRANSFORMAÇÕES DA ESCOLA NA SUSTENTABILIDADE


“Até onde irá a tecnologia?
        A velocidade da evolução tecnológica que vivemos hoje é espantosa. A impressão é que esse crescimento exponencial não terá fim, dada a diversidade de aplicações e as crescentes demandas que surgem a cada momento.
         Do uso militar à mobilidade, os softwares, sistemas e aplicativos vêm melhorando a performance do que podemos chamar de hardwares tradicionais, vide o caso de – hoje grandes – empresas como Uber, Airbnb, Trivago e Yellow. Hoje, os carros são compartilhados e utilizados de uma forma totalmente diferente de 10 anos atrás; apartamentos e casa concorrem com hotéis por hóspedes; a antiga loja de bicicletas não vende tantas bicicletas como antigamente porque em praticamente toda esquina você encontra uma compartilhável.
         Não enxergamos claramente o que vem primeiro. É a mudança dos hábitos que direciona as tecnologias ou são as novas tecnologias que mudam os nossos hábitos? Há cinco anos, por exemplo, eu não me imaginava viver sem carro. Há três anos, vivo muito feliz sem esse “estorvo” na minha vida. Essa mudança de hábito e cultura, já que fui doutrinado desde pequeno a ter um belo carro, só foi possível graças às evoluções tecnológicas.
         Estamos vivendo uma transformação da sociedade de consumo, no que tange à obtenção de bens, transformação que permeia todas as camadas da sociedade e todos os segmentos da economia. A relação “ter X usar” nunca foi tão pensada e aplicada. O uso e a qualidade da experiência do usuário hoje têm mais apelo do que o simples fato dele possuir algo.
         Essa transformação não é diferente no mercado imobiliário, um segmento até então ultraconservador e, diga-se de passagem, de baixíssima evolução tecnológica no Brasil. Hoje, um grande incorporador ou construtor é uma espécie de vendedor/fabricante de hardwares antiquados, robustos e quase sempre incapazes de se adequar às velozes evoluções que estamos vivendo.
         As mudanças de hábitos, norteados ou não pelas tecnologias, começam a transformar a forma de conceber os edifícios e a cidade. Como sou arquiteto e respondo pela concepção, viabilidade e projeto de vários empreendimentos pela cidade, vejo constantemente a necessidade de transformação do segmento que impacta totalmente a criação de um produto imobiliário.
         Em relação ao carro, à vaga e aos estacionamentos, por exemplo, além da mudança de comportamento, os custos da área construída e a menor pressão dos compradores e locatários por um número grande de vagas nos edifícios e locais públicos mudaram as relações dos construtores. Há também mais bicicletas e patinetes nas ruas, ciclovias e maior uso de transporte coletivo.
         Sobre a relação Compartilhar X Usar X Ter, destaco aspectos como lavanderia, academia e equipamentos como quadras, sauna e piscinas, já que os empreendimentos começaram a migrar para o modelo de espaços compartilhados ou mesmo para operações comerciais nos embasamentos dos empreendimentos. Ninguém mais quer arcar com a ociosidade e manutenção e as pessoas preferem pagar pelo uso, buscando custos fixos menores.
         Além disso, as pessoas têm preferido viver e trabalhar de forma compacta, com acesso à infraestrutura urbana, áreas menores e otimizadas com o intuito de baratear o custo das unidades. Os produtos comerciais também estão sofrendo profundas transformações com grandes torres corporativas perdendo espaço na preferencia para os escritórios compartilhados.
         Enfim, ainda assim, o modo de vida humano, ao longo de milênios, pouco evoluiu nos aspectos do abrigo, da morada. Há sempre o foco na questão de determinar ambientes, para determinados usos e seus produtos, com seus utensílios específicos e uma gama enorme de “coisas”. O que quis mostrar é que estamos entrando em uma era em que essas “coisas” já não têm tanto valor. O que terá grande significância daqui para frente será o uso e as experiências e os ambientes serão suportes transitórios para isso.”.

(ALEXANDRE NAGAZAWA. Arquiteto urbanista, sócio-diretor da Bloc Arquitetura, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de maio de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 25 de maio de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de EUDÁSIO CAVALCANTE MELO, professor, graduado em filosofia e pós-graduado em história, psicopedagogia, gestão educacional e médias na educação, e que merece igualmente integral transcrição:

“A educação pela história
        Para entendermos um pouco o sentido da educação, gostaria de iniciar este artigo levantando uma questão um tanto instigante: nascemos humanos ou nos tornamos humanos? Somos seres pré-determinados ou nos determinamos ao longo da vida? Existem defensores de ambas as teses. As respostas giram em torno da ideia de que ora fazemos parte de um projeto pensado por um ser superior definido previamente, ora somos resultado de um projeto pensado e construído na individualidade de cada pessoa, como teorizam os existencialistas. Quis aqui apenas fazer uma provocação, mas não é este o propósito inicial para a produção deste artigo, e sim o de entendermos o ser humano como resultado de um processo formativo que chamamos de educação, e esse processo ocorreu antes e ocorre hoje de forma intencional dentro das diferentes comunidades humanas de acordo com sua organização sociopolítica e econômica.
         Entre as civilizações antigas, nessa perspectiva, podemos destacar a civilização grega, que com a sua Paideia revolucionou a educação. Nasce a filosofia, que destaca a importância do conhecimento na condução da vida humana. Aqui encontramos as primeiras academias como forma embrionária do que hoje conhecemos como escola. E também os primeiros grupos humanos que se reuniam em defesa de uma ideia ou de uma causa, que tiveram como referências nada mais, nada menos educadores como Sócrates, Plantão, Aristóteles e tantos outros. A partir desses referenciais a construção de uma única ideia: preparar o ser humano para a vida como condição norteadora na condução do exercício da cidadania.
         Continuando com esta viagem educativa, uma breve parada na medievalidade da história. A educação então apresenta um formato diferente, novo ingrediente: o pensamento cristão. O homem recebe uma formação cujo princípio fundamental era a obediência àquilo que a Igreja, como representante do poder divino, pregava. Uma sociedade cuja preocupação maior era a salvação da alma. A classe intelectual, na sua maioria, bem como toda a produção do conhecimento, estava sob o controle da Igreja Católica. O pensar independente torna-se algo perigoso.
         Mas é dentro desse contexto que surgem as primeiras universidades, sob a coordenação e vigilância da Igreja. A questão continua: mais fé ou mais razão? Uma grande tempestade intelectual está prestes a acontecer. A Terra perde o seu trono e o Sol assume de forma soberana a centralidade universal. Uma nova visão de mundo emergente. A razão volta a ocupar lugar de destaque na produção do conhecimento. Nasce a ciência como resultado do domínio humano sobre a natureza.
         Um novo mundo, nova história. Academia, liceu, escola tradicional, profissionalizante, técnica, tecnológica. Essas são faces diferentes da educação em seu percurso histórico. A escola contemporânea está inserida numa grande explosão tecnológica/revolucionária que mudou o rumo da humanidade. Com os instrumentos da nova cultura tecnológica, o homem é mais máquina, menos homem.
         Na educação, mudanças significativas. A princípio, a impressão de mudança de foco; algumas escolas têm preocupação exacerbada em manter uma estatística elevada com relação ao índice de aprovação, em detrimento da formação humana mais consistente que prepare melhor o aluno para a vida. Uma nova relação entre professor/aluno dá um tom diferente no processo ensino/aprendizagem, instituindo-se uma horizontalidade, sobretudo no desenvolvimento e fortalecimento da ideia do protagonismo do aluno na aprendizagem, o que é muito positivo. Há uma maior aproximação entre gestores com os demais segmentos da comunidade escolar.
         Porém, dentro desse quadro desafiante, a escola não pode perder a sua autonomia, ainda que precise dar autonomia àqueles que colaboram para a sua sobrevivência dentro dessa nova realidade. A escola, porém, não pode permitir que vozes exteriores a ela ditem normas de como deve ser conduzido o processo educativo com verbos conjugados na primeira pessoa, mas, sim, criar possibilidades para que o nós prevaleça sempre.
         A escola moderna deve exercer o papel de condutora e não de controladora no processo ensino/aprendizagem, bem como deve provocar mudanças necessárias em vista da contribuição de novos paradigmas que lhe dê sustentabilidade na missão de educar. Com pessoas livres e conscientes de que a verdadeira educação acontece quando todos os segmentos convergem para um único ponto: o futuro do ser humano. Portanto, educar é gerar provocação que resultará num movimento de expansão intelectual. Se a nossa prática, através da nossa fala, não provocar esse movimento, a nossa fala será vazia e estéril.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de 298,57% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 323,31%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,94%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.



   
   




sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA DA QUALIFICAÇÃO DO ENSINO BÁSICO E A LUZ DA AUTORIDADE MORAL NA SUSTENTABILIDADE

“Educação a passos lentos
        O novo Censo Escolar divulgado recentemente mostra as graves dificuldades na educação básica como um todo – ela abarca a educação infantil, o ensino fundamental e o médio –, um dos maiores gargalos enfrentados pelo Brasil para entrar no seleto clube das nações mais desenvolvidas do mundo. Isto porque é mais do que sabido que nenhum país chegou a estágios avançados de desenvolvimento sem antes resolver os problemas da formação educacional de seus jovens.
         Levantamento feito pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) mostra que a melhoria na qualidade do ensino médio, por exemplo, tem grandes obstáculos pela frente, como a queda no número de matrículas nesta etapa do aprendizado, seguindo tendência dos últimos anos. De acordo com os números apresentados pelo MEC, no ano passado, foram  pouco mais de 7,9 milhões de estudantes matriculados, ao passo que em 2016 foram 8,1 milhões, uma redução de 2,5%, o que vem causando apreensão em especialistas.
         Em que pese explicações de autoridades educacionais de que a queda das matrículas se deu por causa da melhoria do fluxo escolar, com menos repetência dos alunos, educadores destacam outros fatores. Citam o desinteresse dos estudantes com o ensino para justificar o afastamento de rapazes e moças de 15 a 17 anos dos bancos escolares. As estatísticas indicam que existem cerca de 1,5 milhão de jovens nesta faixa etária fora das escolas, sendo que o país tem 48,6 milhões de alunos em 184,1 mil estabelecimentos de ensino (83% públicos), segundo dados do Censo Escolar da Educação Básica.
         Apesar da comemoração do governo com o crescimento das matrículas do ensino em tempo integral, também apontado pelo levantamento relativo ao ano passado, educadores estimam que o avanço é tímido para um problema identificado há muitos anos. Não se pode negar que o aumento do número de alunos em regime integral no ensino médio é positivo, mas apenas 7,9% dos jovens matriculados passam o dia na escola. Já no fundamental em regime integral, houve uma pequena recuperação em 2017 frente a 2016, passando de 9,1% para 13,9%. O fato negativo é que em 2015 o contingente de estudantes com mais horas dentro da escola era de 16,7%, portanto, superior ao do ano passado.
         Já na educação infantil, as cifras são positivas, apesar das constantes reclamações de mães que aparecem na mídia para denunciar a falta de uma creche ou escolinha para deixar os filhos. O número de crianças (de até 3 anos) em creches subiu 5% em 2017, chegando a pouco mais 3,4 milhões. Na pré-escola (4 e 5 anos), o avanço foi de 1,2%, totalizando 5,1 milhões de alunos. A meta do país é matricular pelo menos 50% das crianças menores em creches até 2024, e todas as com idade de pré-escola deveriam ter sido acolhidas desde 2016, como previsto no Plano Nacional de Educação (PNE).
         Diante do lento avanço na inclusão da juventude brasileira no sistema de educação básica, os agentes públicos responsáveis pelos ensinos infantil, fundamental e médio não podem deixar de perseverar na busca incansável de uma melhoria na qualidade de tão importante instrumento de desenvolvimento. Muito mais tem de ser feito para o Brasil alcançar a excelência em seu ensino básico.”.

(EDITORIAL do jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de fevereiro de 2018, caderno OPINIÃO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral e transcrição:

“Resgatar a autoridade
        A sociedade brasileira vive uma situação de caos completo, indicando a necessidade e a urgência de se recuperar a autoridade da moral na consciência de cada indivíduo. A luz da moral é imprescindível para o exercício da cidadania e para o cumprimento de responsabilidades políticas, profissionais e familiares. Quando há deterioração moral, a sociedade degenera e impera o caos.
         A falta de moralidade é, por exemplo, a origem das diferentes formas de corrupção. Uma consciência que não é regida não sabe o valor e a importância da honestidade. Assim, apega-se somente ao que gera lucro, mesmo sob pena de prejudicar o outro. Tudo é considerado permitido na busca dos objetivos e interesses próprios. Sem cultivar a autoridade moral, as pessoas perdem o parâmetro que deve orientar suas vidas: a honestidade, que é o antídoto para a ganância e a mesquinhez.
         Cada pessoa precisa fazer o indispensável exercício cotidiano de examinar a própria consciência e avaliar, com sinceridade, seus atos e procedimentos. Uma avaliação a ser feita à luz de valores interpelantes reunidos no Evangelho de Jesus Cristo. Somente assim será possível corrigir desvios de conduta, eliminar interesses egoístas, inadequados, e recuperar a própria autoridade. Quem desconsidera a dimensão moral perde a autoridade. Essa perda, em qualquer âmbito, é tão perigosa quanto dirigir um caminhão desgovernado, com carga pesada, descendo ladeiro abaixo.
         A ausência de autoridade gera resultados desoladores. Isso pode ser constatado no contexto atual, em que representantes do povo encontram-se fragilizados no exercício de suas responsabilidades. Situação que é consequência da perda de credibilidade desses representantes diante da população. Pessoas que deveriam ser respeitadas pela condição de autoridade tornam-se marcadas justamente pela falta de moralidade, pois agem a partir de interesses nada altruístas. Desconhecem que o desrespeito a princípios básicos da moralidade obscurece terrivelmente as competências.
         A falta de envergadura moral incapacita as pessoas no desempenho das próprias atribuições – tornam-se figuras medíocres nos mais diversos contextos e funções. Não conseguem enfrentar os problemas e os desafios com a coragem e transparência necessárias. É triste ver “autoridades” sem autoridade. Mais lamentável, ainda, é constatar essa carência em quem teve importantes oportunidades na educação e na formação acadêmica. Pessoas que trilharam longos percursos no âmbito profissional, ocuparam cargos importantes em hierarquias e, em vez de cultivar a autoridade da moral, pegaram o atalho dos conchavos, das negociatas e das posturas não cidadãs. Consequentemente, prejudicaram e continuam a atrapalhar as instituições onde estão inseridas, desvirtuam-se do compromisso com a verdade, a justiça e o bem.
         O mal que nasce a partir da falta de autoridade, consequência da ausência da moral, torna permitido tudo o que é ilícito, precipitando na mediocridade uma sociedade sem rumo. É lamentável ver medíocres governando, ocupando determinados cargos apenas para satisfazer as exigências de seus egos patogênicos.
         É preciso substrato moral, o que não pode ser confundido com rigidez ou conservadorismo, intolerância ou fundamentalismo. A consciência moral, que contempla a afetividade e a espiritualidade e garante a competência sapiencial, é indispensável. Configura-se no amálgama entre a preparação intelectual, as experiências e a coragem para abrir novos caminhos. A consciência moral permite aos indivíduos manterem-se, audaciosamente, comprometidos com o dever de ajudar a consertar as coisas, de contribuir para que o mundo supere práticas e dinâmicas obsoletas.
         Sem essa competência sapiencial, permanecerá a desconexão entre as necessidades do povo e as ações de pessoas que usufruem de honras e títulos, que ocupam cargos representativos e, por isso mesmo, têm grandes responsabilidades. A carência da dimensão moral no recôndito das consciências faz crescer o gosto por práticas questionáveis, enjaula pessoas na mediocridade, no medo, na defensiva. No mundo religioso, essa patologia é um desastre. Consolida certas condutas que não têm a força para fazer o evangelho incidir no cotidiano da sociedade e, consequentemente, gerar as inovações necessárias.
         Oportuno é lembrar de Platão, que ao falar das “formas” e “deformas” de governo, argumenta que a política, como ciência, sofre mortalmente da falta de autoridade moral. Consequentemente, a democracia vira anarquia; a aristocracia, oligarquia; e a monarquia torna-se tirania. Urgente, pois, é reconhecer a autoridade da moral, que faz surgirem novos e autênticos líderes, capazes de contribuir para que a sociedade brasileira trilhe novos rumos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro/2017 a ainda estratosférica marca de 334,55% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 323,01%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,95%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.





          

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS DAS EMPRESAS 4.0 E A TRANSCENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NA SUSTENTABILIDADE

“Empresas 4.0
        O que é indústria 4.0? É um novo conceito proposto recentemente que abrange as principais inovações tecnológicas nos campos da automação, controle e tecnologia da informação aplicadas aos processos de manufatura. Significa um novo período no contexto das grandes revoluções industriais. Com as fábricas inteligentes, mudanças ocorrerão na forma como os produtos serão produzidos, causando impactos em diversos setores do mercado.
         A primeira Revolução Industrial mobilizou a mecanização da produção usando água e energia a vapor. A Segunda Revolução introduziu a produção em massa com a ajuda da energia elétrica. Em seguida veio a Revolução Digital e o uso dos eletrônicos e da tecnologia da informação para automatizar ainda mais a produção.
         No Brasil, o conceito de indústria 4.0 ainda não está muito avançado. O atraso brasileiro diante da integração das tecnologias físicas e digitais em todas as etapas de desenvolvimento de um produto é evidente. De acordo com pesquisa realizada pela CNI, 43% das empresas não identificam quais tecnologias têm potencial para alavancar a competitividade do setor industrial. Nas pequenas empresas, esse percentual sobe para 57%. Entre as grandes, a fatia recua para 32%.
         A indústria brasileira ainda está se familiarizando com a digitalização e com os impactos que esta pode ter sobre a competitividade. Para que haja crescimento desse setor no país, é preciso capacitar os gestores, os analistas de sistema, as lideranças e os articuladores na indústria em níveis de investimentos relevantes.
         Alguns princípios norteiam esse novo conceito. O primeiro é a capacidade de operação em tempo real, permitindo a aquisição e o tratamento de dados de forma praticamente instantânea, possibilitando a tomada de decisões em tempo real. Outro conceito é a virtualização, que propõe a existência de uma cópia virtual das fábricas inteligentes, possibilitando a rastreabilidade e o monitoramento remoto de todos os processos por meio de inúmeros sensores espalhados ao longo da planta.
         Outro conceito dessa nova indústria é a descentralização. A tomada de decisões poderá ser feita pelo sistema ciberfísico de acordo com as necessidades da produção, em tempo real. As máquinas não apenas receberão comandos, mas poderão fornecer informações sobre seu ciclo de trabalho. A indústria 4.0 permite também a produção de acordo com a demanda.
         Essa indústria cria oportunidades para empreendedores que atuam na área de tecnologia. Entendendo a indústria 4.0 como uma evolução dos sistemas produtivos, alguns benefícios também são previstos, como, por exemplo, redução de custos, economia de energia, aumento da segurança, conservação ambiental, redução de erros, fim do desperdício, transparência nos negócios e aumento da qualidade de vida. Para que as empresas sobrevivam a tantos desafios, chegou a hora de nos adequarmos e pensarmos na nova era 4.0.”.

(Bruno Diniz. CEO, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 28 de janeiro de 2018, caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“Para crescer com proveito
        A ausência de egoísmo (que coisa fantástica!) deveria ser nota-chave da vida de todos os aspirantes ao desenvolvimento, acelerando a humanidade. Para o mestre, “perder o que se tem representa ganhar o mundo todo”; isso é para meditar. O recado vai para as elites, não só as políticas. A emancipação dos indivíduos eleva a sociedade, abrindo um horizonte de liberdade. Tem que levar a sério a melhoria das condições de vida, a superação da miserabilidade e das privações. Apenas isso deixará decolar a sociedade para níveis mais altos.
         Hoje não se enxerga essa vontade como condutora do poder público; de quem comanda, ao contrário, aparecem a exploração e a corrupção como práticas enraizadas. No Brasil, culpa-se o povo por não saber escolher, especialmente pela assustadora falta de educação escolar. As escolhas dos indivíduos são pressionadas pelos instintos primordiais e pelas privações – por vezes, gerando desastres.
         A justiça social cresce na medida em que os povos recentemente independentes crescem em maturidade, tomando consciência dos deveres mais que dos direitos. Quem quer uma sociedade mais justa precisa dar o primeiro passo com sua perna, começar dele mesmo. A democracia tem seus limites, como afirmava Platão. A capacidade de escolha do indivíduo, esmagada pela ignorância – critica o filósofo –, leva a escolhas insanas. O risco de se privilegiarem demagogos é quase uma certeza, elevando aqueles que exploram as baixezas da ignorância.
         O vocabulário estabelece que o termo “democracia” é o poder que emana do povo, e isso é enaltecido como uma grande virtude. Embora se imponha em qualquer discurso político, prestando-se atenção, nota-se que “democracia” se alinha com infantocracia”, o poder que emana da população infantil. O bom da democracia é que faz crer que o povo está no comando; mas se apenas crianças votassem, eleitos seriam figuras fantásticas e Papai Noel para presidente da República. Isso perturba o desafio, deixando terreno propício aos exploradores da falta de discernimento.
         Se numa empresa regida por regras de sustentabilidade, é escolhido o mais habilitado ao cargo, em eleições vence o mais esperto, aquele que vende melhor seu peixe. Verdade é que vem ocorrendo um amadurecimento na sociedade, mas o risco de tomar gato por lebre existe, e muitos gatos serão eleitos ainda. Aquele que sabe entender que justiça e equilíbrio decorrem da melhoria das condições das classes menos privilegiadas já é um raro vidente de nossos dias. A maioria procura nas urnas o que lhe dará vantagens, outros votam para garantir privilégios – segurar um quinhão em prejuízo de outros.
         O poder que emana das urnas tende a ser uma loteria. Hoje é financiada com dinheiro público, pior que o sistema que pretendia corrigir, e consolida a vantagem de quem está no poder.
         Analisando-se as chagas sociais, temos que dar razão a Platão. A violência, o desemprego e as falhas nos serviços públicos remetem mesmo à ignorância e ao egoísmo que dominam o país. O SUS, apenas para dar um exemplo, seria excelente e suficiente, mas não resiste ao assalto de quem dele abusa para se locupletar.
         A obra platônica apresenta a anarquia como a melhor solução – anarquia não no sentido negativo, associada ao caos, mas a uma sociedade extremamente evoluída em que os indivíduos, amadurecidos, respeitam os demais sem a coerção exercida pelo Estado. Essa é a última utopia. Mas uma alerta sobre a responsabilidade individual: quanto melhores os indivíduos, mais excelsa a sociedade.
         Para um Estado coroado de justiça social, a elite intelectual e econômica do país, do alto de seu pedestal, deveria se devotar ao crescimento das pessoas menos afortunadas. Cada um assumindo responsabilidades. Lá onde se resgata o mais grave, mais ganhos serão contados para todos.
         Hoje, o acesso é limitado a quem tem o privilégio de exemplos familiares, de uma boa educação e de condições econômicas que facilitem a satisfação de necessidades fundamentais. Poucos, portanto. A sociedade só se estrutura, em nossa época, vencendo a miséria, estripando a ignorância.
         Dante Alighieri nos deixa entender, na célebre obra do Inferno, por meio das palavras de Ulisses, a importância do conhecimento. Algo que não possui idade nem limite de adoção. Ulisses se privou da agradável família para atender seus deveres, saiu pelo mundo afora e voltou sábio depois de muito sofrer e conhecer. E Dante interpreta o ímpeto do herói dizendo: “Considerais a vossa semente humana: feitos não fostes para viver como brutos, mas para seguir virtude e conhecimento”. Virtude: grande quimera que só tem valor quando exercida com lealdade aos seres humanos e à causa.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro/2017 a ainda estratosférica marca de 334,55% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 323,01%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,95%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.