“Nômades
digitais
A revolução decorrente
da onipresença das tecnologias digitais está progressivamente alterando
elementos essenciais do mundo do trabalho e modificando as formas como moramos
e como convivemos. Expressões dessas mudanças são os novos espaços urbanos
delas decorrentes. Entre eles surgem, com grande destaque, as experiências de
coworking e de coliving.
Coworking,
de forma resumida, traduz um novo ambiente de trabalho, a partir do qual
pequenas empresas e profissionais autônomos se relacionam com seus clientes,
seus fornecedores e estabelecem laços entre si. São espaços democráticos
compartilhados que permitem o desenvolvimento dos mais variados projetos sem as
burocracias e as hierarquias dos escritórios convencionais e sem padecer do
isolamento chamado home office.
O
sucesso do coworking não decorre somente de criatividade, mas,
fundamentalmente, do fato de que migramos de um modelo econômico, social e
ambiental que demandava profissionais especialistas para um novo cenário, em
que o principal predicado é a flexibilidade. Ter flexibilidade também é ter
disponibilidade de migrar de uma cidade para outra, bem como a habilidade de
executar as tarefas em ambientes semelhantes aos que os espaços coworking
oferecem.
Por
sua vez, os espaços coliving representam o estado da arte do hábito humano de
viver em comunidade, desde as eras mais longínquas. Atualmente, nesta etapa da
história, há uma tendência em se questionar se ainda vale a pena manter uma
moradia particular, com altos gastos e pouca socialização. Surge a alternativa
de derrubar paredes, enfrentando a crise da falta de espaços físicos, e
questionar os ideais de individualização e a falta de racionalidade dos modelos
vigentes.
O
conceito de coliving que estimula a integração, a sustentabilidade e o espírito
de colaboração, remonta ao início da década de1970, com a experiência
dinamarquesa do cohousing saettedammen. Tratava-se de uma comunidade com 35
famílias, na Dinamarca, onde as moradias permaneciam privadas e os demais
espaços de convivência e atividades, como refeições e limpeza de ambientes,
eram compartilhados, com o objetivo de estimular o relacionamento entre
vizinhos. Ainda que em outro contexto, o coliving apresenta algum nível de
semelhança com as tradicionais repúblicas de estudantes, resguardadas suas
diferenças de tempos e propósitos.
A
combinação do coworking com o coliving estimula que trabalho, relacionamentos e
entretenimento sejam frutos de compartilhamento sem barreiras e fronteiras
estanques. Lar, escritório e clube num pacote único, somado ao fato de que
podemos migrar a cada mês, semestre ou ano de um ambiente para outro, a
milhares de quilômetros, sem burocracia ou perda de tempo com novos ajustes.
Considerando que a tendência nas atividades profissionais inclui não somente a
diversidade de ocupações, mas também a multiplicidade de oportunidades de
moradias em cidades distintas, denominou-se esta geração movida a coworkings e
colivings de “nômades digitais”.
É
ainda um pouco cedo, talvez ingênuo, para termos uma opinião definitiva sobre
os deslocamentos dessas novas maneiras de viver. Por enquanto, sabemos apenas
que esses nômades digitais aparentam estar felizes. Quem viver, verá.”.
(RONALDO
MOTA. Chanceler da Estácio, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de julho
de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
4 de maio de 2018, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Trabalhar
e reconstruir
O cenário desafiador do
desemprego aflige milhões de famílias, atrasa o desenvolvimento nacional e
causa graves prejuízos. Para superar essa situação, passo importante é
compreender que os conceitos de trabalho e trabalhador vão muito além de
indicadores econômicos. É preciso considerar o trabalho de cada cidadão, em
articulação com iniciativas nas famílias, comunidades e na sociedade, para que
o país conquiste novos rumos e seja alcançado um novo patamar sociocultural,
com repercussões positivas na economia. Em meio à crise que atinge frontalmente
os trabalhadores, convém resgatar, para além de teorizações, o sentido
inegociável do trabalho humano – atividade que remete à reconstrução e à
qualificação da sociedade.
Gerar
empregos é urgência reconhecidamente inegável, principalmente quando se tem
visão global sobre a importância do trabalho. A doutrina social da Igreja
Católica, incontestável referência na defesa e promoção da dignidade humana,
oferece muitas contribuições nesse sentido. A doutrina considera que homem e
mulher, feitos à imagem e semelhança de Deus, são inseridos na magnífica
criação com o dever de cultivar e proteger a Terra, compromisso de fé e, ao
mesmo tempo, respeito ao genuíno sentido de humanidade. Somente o ser humano
tem a prerrogativa e a condição para gerenciar a obra de Deus. Esse pressuposto
torna possível reconhecer: o trabalho é elemento constituinte de todas as
pessoas, que se realizam, forjando a própria identidade transcendente e
vocacional, a partir de um ofício.
Por
isso – entende a doutrina social da Igreja –, o trabalho representa dimensão
fundamental da existência. Trata-se de caminho para participar da obra da
criação, é expressão da plena humanidade ao longo da história. Com essa
convicção, tem-se a clareza, também, de que cada ofício não pode ser
contaminado por comodismos, preguiça, ou mesmo pela falta de responsabilidade
na realização das próprias tarefas – posturas que comprometem o desenvolvimento
integral. O trabalho é um direito e necessidade, permite o sustento e a
realização pessoal, social e política, mas também é dever de todos.
Ninguém
pode sentir-se no direito de não trabalhar, ou de executar mal as próprias
atribuições. O trabalho humaniza, desenvolve o sentimento de
corresponsabilidade, de pertencimento à sociedade. Perceba que trabalhar tem
duas dimensões: a objetiva e a subjetiva. A primeira relaciona-se ao processo
produtivo, enquanto o sentido subjetivo diz respeito ao agir de cada indivíduo
– capaz de contribuir com projetos necessários à promoção do bem de todos.
O
trabalho em significação muito maior do que os recursos materiais e técnicos
mobilizados para o exercício de determinada função, indo além do que se produz.
Relaciona-se, também, com as contribuições de cada pessoa em diferentes âmbitos
e integra a interioridade dos indivíduos. Quando se considera o mundo do
trabalho, fundamental é priorizar a condição humana, para evitar enrijecimentos
que façam prevalecer os interesses parciais, contrários ao bem comum. A
dimensão social do trabalho é um chamado para que as pessoas se unam em uma
grande rede comprometida com o próximo e com a sociedade.
Reconhecer
essa dimensão social muito contribui para lidar com questões variadas, a
exemplo da complexa relação entre capital e trabalho. Cada trabalhador passa a
ser compreendido não apenas como instrumento para obtenção do lucro, mas como
importante agente na reconstrução da sociedade. Quando se percebe o valor
subjetivo do trabalho, a ecologia integral – que nunca exclui o ser humano –
torna-se parâmetro dos projetos e ações.
Todos
reconheçam: a intervenção humana diária nas obras da criação, via trabalho, é
sagrada. Precisa ser instrumento de Deus para fazer desabrochar o bem e a
justiça. A todos seja garantido o direito ao exercício sagrado do trabalho
digno. E a cada pessoa que tem o seu ofício, uma convocação: vamos trabalhar, incansavelmente,
para construir um novo mundo a partir do amor.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em junho a ainda estratosférica marca de
291,88% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial em históricos 304,94%; e já o IPCA, também no
acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,39%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e
irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito,
a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção
mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e
danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no
artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança
das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
56 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2017)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.