(Julho
= mês 9; faltam 161 meses para a Primavera Brasileira)
“Educação
e corrupção
Educação está associada
a todos os comportamentos e hábitos, individuais ou coletivos. Mesmo assim, não
há uma correlação simples, direta e óbvia entre educação e corrupção. Países
com indicadores educacionais altos apresentam casos escandalosos e
sistemáticos, enquanto países com índices de escolaridade relativamente
menores, por vezes, têm históricos apenas pontuais e menos endêmicos. Guardadas
as diferenças e circunstâncias, não há, e provavelmente não haverá, nação ou
setor da sociedade totalmente imunes a essas práticas, as quais demandam ser
fortemente reprimidas e condenadas, sempre.
A
permissividade à corrupção ou sua relativização (todos fazem ou sempre foi
assim), como sabemos, cobra um preço muito alto, especialmente na formação
cultural do indivíduo e da sociedade como um todo. O enfrentamento da corrupção
é um processo permanente no qual educa-se mais ou educa-se menos, a depender da
qualidade com que ele é desenvolvido. Se a pergunta acerca do quanto nos
educamos ao longo do processo não estiver presente, mesmo ações, em tese,
bem-intencionadas podem, eventualmente, gerar resultados que se contrapõem às
próprias motivações que as geraram, piorando o quadro social a ser
transformado.
Educa-se
quando na divulgação dos processos em curso se ressalta a transparência, os
avanços obtidos e tem-se, como resultado, a consolidação das instituições e a
construção coletiva de novos patamares de honestidade. Não se educa, ou
educa-se mal, quando se prioriza o tom generalizante ou se estimulam atos
persecutórios para satisfazer a ânsia irracional ou interesses imediatos,
desvalorizando a democracia e as instituições, piorando a percepção do
indivíduo sobre o meio em que vive.
Como
apontado pela pesquisadora Nara Pavão, o pior resultado possível de um processo
político é o aumento do cinismo, fruto da conclusão generalizante de que,
afinal, todos são corruptos, afastando os cidadãos das boas práticas políticas
e ampliando no dia a dia a sua tolerância com toda sorte de comportamentos
inadequados. A pesquisadora demonstra que eleitores submetidos a uma sobrecarga
de noticiários mais espetaculares e menos analíticos tendem a entender a
corrupção como uma constante, e não mais como uma variável a ser considerada na
hora da escolha no voto.
É
compreensível, ainda que nem sempre aceitável, que, do ponto de vista individual,
um cidadão esteja revoltado e, em certas circunstâncias, dê vazão aos seus
instintos mais irracionais, via generalizações e desprezo pela democracia e por
quaisquer práticas coletivas e solidárias. A relativa tolerância com o
indivíduo não deve ser a mesma com os setores institucionalizados. Qualquer um
deles, incluindo o próprio Judiciário ou os meios de comunicação, se examinados
com as mesmas métricas e ênfases que eles aplicam aos demais setores,
provavelmente, evidenciariam níveis de corrupção de mesma monta.
Não se
trata de favorecer a generalizações que, indevidamente, absolve, mas sim da
abrangência plena que esclarece, aprofunda e educa. Da mesma forma, não se
trata jamais de deixar de fazer as coisas que devem ser executadas, como divulgar,
averiguar e condenar, mas fazê-las na abordagem e na amplitude que eduquem,
preparando todos para o exercício permanente e racional do combate sem tréguas
à corrupção.
Para o
país, mais relevante do que satisfazer os eventuais ódios momentâneos do presente
é a consolidação dos mecanismos perenes que motivem acreditar no futuro. Um
sonho educado e realista não é um mundo sem corrupção e sem corruptos; mas,
sim, uma sociedade com instituições e processos que desestimulem, julguem e
punam, dentro dos marcos da lei, os infratores. Precisa, para começar, que
todos queiramos construir algo que assim seja e educação também tem a ver com
aquilo que se consolida, depois que esses momentos passam.”.
(RONALDO MOTA.
Reitor da Universidade Estácio de Sá, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de maio
de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
30 de junho de 2017, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Valor
da solidariedade
Viver a solidariedade é
indispensável para possibilitar que as práticas políticas recuperem a sua
inteireza. É necessária uma limpeza nos mais variados mecanismos de
funcionamento da política. E de forma urgente. A solidariedade, por ser um
valor capaz de requalificar, permite reconstruir o esgarçado tecido da
cidadania. Por isso, em todos os momentos, em diferentes sociedades, é
indispensável fazer referência, propor iniciativas e refletir sobre a
solidariedade. No coração da prática solidária está o princípio fundamental e
inegociável da consideração para com o outro. O apóstolo Paulo faz essa
recomendação, estabelecendo esse valor como fundamento da identidade daquele
que tem fé. Explica o apóstolo: exemplar é o gesto de Deus ao oferecer à
humanidade o que tem de mais precioso, seu filho Jesus, o Salvador. Assim, Deus
antecipa-se no gesto de reconciliação com o ser humano, deixando a lição
fundamental de que é preciso reconhecer a importância do outro. Esse “outro” é
você, eu, cada um de nós. Esse princípio tem força de equilíbrio, pois conduz a
civilização na direção humanística que permite superar crises.
Embora
muitas vezes se reconheça o valor da solidariedade, sabe-se que não é tão
simples plantar e fazer florescer essa convicção nos corações. Na política, por
exemplo, em vez de se investir nos gestos solidários, prevalece a crença que
avanços diversos dependem de conchavos, ideologias partidárias ou simplesmente
das promessas nunca cumpridas. Contenta-se assim com ensaios de lucidez,
insuficientes para atender aos urgentes anseios do povo, principalmente de quem
é mais pobre. Falta, pois, na sociedade brasileira, um tecido solidário de
qualidade.
Quase
sempre, o que se verifica no Brasil é um discurso de autoelogio sobre certas
práticas dedicadas aos outros. Em “alto e bom som”, hás os que proclamam que a
cultura latina e a brasilidade têm na solidariedade um valor inerente. Fazem
referências desdenhosas a outras culturas marcadas pela objetividade,
interpretando essa característica como “frieza”. Mas, na prática, isso serve
apenas para aliviar as consciências de pessoas que não se doam ou se contentam
em fazer tímidas doações a projetos sociais.
Ora,
isso é bem diferente do que ensina o princípio apresentado pelo apóstolo Paulo
– considerar a importância do outro. O apóstolo adverte que a liberdade, quando
se torna pretexto para buscar o que satisfaz, mas não convém, provoca
desastres. Incapacita a competência humana e espiritual de amar ao outro como a
si mesmo. O resultado é nefasto, diz o apóstolo: “Se vos mordeis e vos devorais
uns aos outros, cuidado para não serdes consumidos uns pelos outros!”. Paulo
indica o caminho a seguir: “Fazei-vos servos uns dos outros, pelo amor”.
Ao
trilhar esse percurso e reconhecer o valor da solidariedade, colabora-se com a
construção de uma cultura que contemple fortes sentidos de pertencimento,
patriotismo e apurada sensibilidade humana – que se desdobra em gestos e
ofertas mais generosas. Quem se faz servo apura a própria visão da realidade e
consegue ouvir os clamores de quem necessita de ajuda. Por isso mesmo, urgente
e prioritário neste momento em que a sociedade brasileira precisa sair da crise
é reconhecer que a solidariedade é determinante nas dinâmicas sociais. Isso não
é uma simples reflexão teórica, mas indicação de uma exigência moral com força
transformadora, pois possibilita o surgimento de atitudes que estão na
contramão das violências que dizimam, das corrupções que sucateiam e da perda
da percepção de que todos são destinatários, igualmente, de condições dignas.
A
solidariedade é, pois, princípio social e virtude moral. Vivenciá-la é investir
na edificação de um contexto novo e melhor. Sem esse princípio e virtude, não
se conquistam os ordenamentos sociais almejados. As relações pessoais
continuarão comprometidas e em processo crescente de deterioração. E um
perverso ciclo é alimentado, pois as pessoas tornam-se cada vez mais distantes
das estruturas dedicadas à solidariedade. Com isso, por ignorância, são
perpetuadas regras e leis que são inumanas e pesadas.
Para
além de um sentimento qualquer de compaixão vaga e superficial, a solidariedade
tem o valor de despertar e criar o gosto imperecível pelo bem comum. E todo
cidadão, para ser eterno aprendiz do valor da solidariedade, tem que
praticá-la, diariamente, permanentemente. Esse exercício exige considerar a
importância do outro, abrir os olhos e os ouvidos para nunca ser indiferente
com as dores do mundo, lutar para sair das zonas de conforto e deixar-se
incomodar pelos sofrimentos da humanidade. Uma postura que requer, inclusive, a
disposição para tirar do próprio bolso quantias a serem destinadas a projetos
sociais e ações solidárias. Pois a sociedade está na direção de superar seus
descompassos e a cidadania se qualificará quando prevalecer o inestimável valor
da solidariedade.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em maio/2017 a ainda estratosférica marca
de 345,10% nos últimos doze meses, e a
taxa de juros do cheque especial registrou históricos 301,45%; e já o IPCA
também no acumulado dos últimos doze meses chegou a 3,60%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura,
além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências
do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações,
da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da
paz, da solidariedade, da igualdade
– e com equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...