“A
arte digital na educação
Começou como um
desafio, aliar tecnologia e arte e ter como resultado a possibilidade de
enxergar e documentar as mais diversas manifestações culturais. Essa é a
proposta do TIM ArtEducAção Digital, projeto idealizado pela ONG Humanizante e
que oferece a jovens oficinas de arte digital que estimulam a criação e
transformação de conhecimentos para dispositivos de tecnologia digital. Hoje
não conseguimos imaginar o mundo sem toda a tecnologia disponível. E na
educação não poderia ser diferente.
Por
isso, apostamos na oficina de arte digital com objetivo de desenvolver uma
metodologia específica de ensino, que amplia o conhecimento digital como meio
de criação cultural e artística. E os resultados são encantadores nas 13
cidades em que o programa TIM ArtEducAção está presente. As oficinas são o
registro audiovisual das manifestações artísticas captadas pelos alunos através
de equipamentos de mídias móveis como câmeras portáteis, amadoras e de
celulares. Algumas atividades desenvolvidas pelos alunos são a criação de
microdocumentários sobre as suas cidades, a documentação de pílulas
videográficas e o registro das demais atividades desenvolvidas pelas oficinas
do programa. Nas aulas, a tecnologia é trazidas para a discussão como
ferramenta para leitura, produção de textos e interpretação de imagens e
produção de conteúdo. A oficina ArtEducAção Digital faz interagir a linguagem
tecnológica que o jovem gosta com todas as demais modalidades artísticas.
Mostramos a eles o que essa nova linguagem digital pode acrescentar em suas
vidas, ampliando o olhar e enriquecendo o aprendizado. A forma de educar estará
sempre em constante transformação, e por isso é tão importante que os
educadores estejam abertos às novas tecnologias disponíveis, que agregam valor
e encantam os alunos. Durante alguns anos, trabalhei como professor de
matemática em Viçosa e foi o momento em que vivenciei de perto o verdadeiro
poder transformador da arte. Comecei a fazer a fazer leitura de poesias e
crônicas no início das minhas aulas, o que relaxava a tensão causada pela
matéria. Com isso, a emoção aflorava, os sentimentos fluíam e a criatividade se
manifestava. O resultado foi estarrecedor: 95% de aprovação. Sem dúvida, temos
muito que caminhar para transformar a educação. Mas pequenos gestos e progressos
são essenciais e devem ser considerados grandes avanços. Acredito que um bom
começo para essa transformação seja por meio da quebra dos paradigmas e
inserção da interatividade nas aulas, que contribuem para o aprendizado dos
alunos. E A arte digital é uma ferramenta multidisciplinar ideal para dar o start necessário para essa mudança.
O que
se vê hoje é um nível elevado de informações que chegam de todos os lugares,
com um ritmo tão acelerado que os jovens não sabem como absorver tudo o que
chega até eles. E a arte tem o poder de mudar esse cenário, pois, quando entra
nas escolas, leva prazer aos alunos, permitindo concentração, desenvolvimento
do conhecimento e reflexão. É gratificante perceber o brilho no olhar dos
alunos, que se encantam com seus trabalhos desenvolvidos nas oficinas de arte
digital, nos motivando ainda mais a trilhar um dos mais belos caminhos, o da
construção do conhecimento."
(MARCELO
SOARES DE ANDRADE. Ator, diretor de teatro, produtor cultural, presidente
da ONG Humanizante, idealizador do programa TIM ArtEducAção, em artigo
publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição
de 13 de novembro de 2015, caderno OPINIÃO,
página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Ondas
de lama
As ondas de lama vindas
do desastre ambiental no arrasado Subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana,
afetam não apenas pontos específicos dos estados diretamente atingidos. Atolam
toda a sociedade. Uma tragédia anunciada que ultrapassa os limites do município
de origem e as divisas do estado. Invade todo o ecossistema, sufoca a vida. A
crueldade com a natureza é atingida e, sobretudo, a dor dos pobres que perdem
familiares e o pouco que têm contracenam com a terrível destruição de casas e
de outros cenários urbanos.
Os
desdobramentos dessa tragédia exigem repensar definitivamente a vocação e o
destino das Minas Gerais, diante do risco de novas irresponsabilidades recaírem
sobre a população em forma de desastres ainda mais graves. Impõe-se a
necessidade de um direcionamento novo, fora dos parâmetros da ganância e até
mesmo da justificativa de que a economia do estado só se sustenta e avança por
meio dessas atividades. Tarefa que deve ser assumida, com urgência, pelo
governo do estado, prefeituras. Poder Legislativo e setores privados – especialmente
o minerário – mas, principalmente, pelos órgãos de controle público. É
indispensável que sejam ouvidas as vozes sensatas de igrejas e outros segmentos
sérios e representativos da sociedade.
Agir a
partir de compreensão simplista sobre a geração de riquezas e empregos, sem
considerar a complexidade da realidade, gera consequências devastadoras. É,
incontestavelmente, “assinar atestado de incompetência”. É comodismo e falta de
inventividade para a necessária produção de bens.
No
horizonte desenhado por essa tragédia, os representantes do povo no poder
público têm o compromisso moral de redirecionar a história minerária do estado
de Minas Gerais. Uma história controversa. Para além da lucratividade e dos
benefícios apresentados como decorrentes da mineração, exige-se um ordenamento
jurídico novo, não apenas fundamentado no rigor das burocracias para licenciamentos,
mas fruto de um entendimento que a lucidez da carta encíclica ‘Laudato Si’ – sobre o cuidado da casa
comum do papa Francisco, trata com inigualável propriedade. O documento traça o
horizonte de transformações radicais e de mudanças urgentes em procedimentos e
atividades, e no compromisso de consertar, no ambiente e na vida das pessoas, o
que absurdamente já se tem produzido.
A
voracidade das atividades minerárias, fermentada pelo entendimento que
configura a economia – com os royalties pífios em comparação com outras
atividades, como a petroleira bilionária que cega a honestidade de políticos,
empresas e outros –, há de ser controlada definitivamente. Há caminhos para
isso. Ações são possíveis. Segmentos da sociedade têm voz e poder para intervir
e dar novos rumos a essa história, agora, ainda mais, reforçados pelo ocorrido
no subdistrito de Bento Rodrigues. Tragédia que também anuncia outras catástrofes,
como bombas-relógio a explodir a qualquer hora.
É
exigência lançar o olhar compassivo e politicamente indignado sobre esses
cenários todos, para garantir atuação corajosa de movimentos e instituições em
defesa e salvaguarda do ambiente. Caso contrário, ao satisfazer os ditames
cegos da economia, a consequência será a destruição e o caos. As possibilidades
de vitória são reais. São exemplares a conquista do Movimento SOS Serra da
Piedade, o comprometimento da Arquidiocese de Belo Horizonte e o ato de lucidez
governamental impedindo o absurdo da continuidade da atividade mineradora na região.
Pode-se ver, hoje, os cenários de desolação, verdadeiras ameaças ao mais
importante monumento histórico, paisagístico, cultural e religioso dos
mineiros, a Serra da Piedade, o Santuário da Mãe da Piedade, Padroeira de
Minas.
Uma
grande frente de solidariedade cuida dos que sofrem as consequências do
desastre, atendendo urgências e necessidades. E os responsáveis pela tragédia? Devem
ressarcir as perdas. Parem tudo, não importam os prejuízos econômicos. Que
encontrem outros meios mais justos para a sustentação da economia. Parem tudo e
busquem a lucidez capaz de compreender a ecologia integral, inteligentemente
indicada no capítulo quarto da encíclica interpelante do papa Francisco. Diante
dos problemas atuais, é necessário “um olhar que leve em conta todos os
aspectos da crise mundial e que nos detenhamos a refletir sobre os diferentes
elementos de uma ecologia integral, que inclua, claramente, a dimensões humanas
e sociais”. Essa deve ser a palavra de ordem para que o povo não sofra com
outras ondas de lama.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país,
para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça,
da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica
marca de 414,30% para um período de doze meses; e mais, também em setembro, o
IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,49%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do
Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 868 bilhões), a exigir alguns
fundamentos da sabedoria grega:
-
pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e
ainda a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”