segunda-feira, 3 de junho de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS EXIGÊNCIAS DA INTEGRIDADE CORPORATIVA E A TRANSCENDÊNCIA DO EXERCÍCIO DO PODER NA SUSTENTABILIDADE (32/138)


(Junho = mês 32; faltam 138 meses para a Primavera Brasileira)

“Compliance contra a corrupção
        Jamais seremos um país menos desigual, com um sistema democrático pujante, com um Estado eficiente e adequada qualidade na prestação das políticas públicas sem a devida transparência e políticas de compliance anticorrupção (integridade corporativa) na administração pública e uma nova formatação objetiva nas relações do poder público com o setor privado.
         Apresento de forma breve neste artigo algumas reflexões acerca de normatizações que dispõem da temática, atendendo ao almejado pela população e em detrimento aos inúmeros casos de corrupção em um passado recente. Um relevante marco é a Lei 12.846 de 2013, conhecida como Lei Anticorrupção ou Lei da Empresa Limpa. Além de prever responsabilização objetiva, no âmbito civil e administrativo, com multa de até 20% do faturamento bruto das empresas que praticam atos lesivos contra a administração pública nacional ou estrangeira, prevê a lei o importante instrumento do acordo de leniência, possibilitando assim o ressarcimento de danos de forma mais eficiente e o aprofundamento das investigações.
         De grande relevância também a Lei 13.303, também de 2013, conhecida como Lei das Estatais. Destaca-se a determinação para as empresas estatais implantarem políticas internas de compliance, como código de conduta, gestão de risco, treinamento e due diligence, devendo a área responsável pela condução do processo, nos termos do § 2º do Art. 9º, ser vinculada ao diretor-presidente e liderada por diretor estatutário. Relevante ressaltar a importância do governo de Minas se adequar ao disposto acima.
         E, por fim, atento ao momento atual, a exemplo do RJ e do DF, tramita na ALMG interessante projeto de lei do deputado Antônio Carlos Arantes, vice-presidente da Casa, que dispõe sobre a exigência de compliance às empresas que contratarem com a Administração Pública de Minas Gerais, em valores, na modalidade de licitação por concorrência, acima de R$ 1,5 milhão para obras e R$ 650 mil para compras e serviços. Não obstante sua relevância e nobreza nos propósitos, fundamental  amplo debate e aperfeiçoamento dos seus termos em sua tramitação, a fim de não se transformar em letra morta ou instrumento do chamado “não compliance”, em que empresas introduzem políticas de integridade apenas no papel, sem a menor perspectiva e vontade para sua real efetividade.
         O Brasil avança, não na velocidade que gostaríamos, mas cabe aos eleitos em 2018 e aos demais gestores públicos atuar de forma obstinada seguindo aos anseios da população. E a essa, entender que democracia real não se resume ao ato de votar, mas acompanhando, participando ativamente e cobrando dos mandatários do poder.”.

(FÁBIO CALDEIRA. Doutor em direito, exóuvidor-geral do Estado de Minas Gerais, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de maio de 2019, caderno OPINIÃO, página7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Descompassos de poder
        É evidência dos descompassos do poder o anseio social por diferentes reformas. De um modo geral, a busca é por uma reconstrução democrática, participativa, igualitária, que reconheça a importância de todos na edificação de uma sociedade renovada. Exercer o poder, de modo qualificado, não é simplesmente cumprir protocolos ou atuar no domínio das aparências. Exige capacidade para escutar, dialogar, cultivando proximidade e integração. Para além de ideologias político-partidárias, fundamental é um arcabouço humanístico sustentado em princípios morais e éticos inegociáveis. Sem essa base, perpetua-se um cenário de “bate-cabeça”, revelador de um oceano de decisões equivocadas.
         Os descompassos de poder trazem consequências graves para a sociedade que, se fossem debelados agora, ainda trariam prejuízos para gerações futuras. Essa constatação pode parecer fruto de pessimismo, mas deveria ser compreendida como um alerta: é preciso eliminar dinâmicas que geram injustiças, exclusões, polarizações e disputas violentas. O exercício do poder na vida cotidiana, na ocupação de cargos em órgãos governamentais, legislativos, judiciários, no contexto religioso, familiar ou no trabalho, exige irrestrito respeito à dignidade humana. Assim são construídas relações solidárias e verdadeiramente civilizadas.
         Merece especial atenção o que ocorrendo nas redes sociais, que têm potencial para promover aproximações, ser força construtiva, mas também são utilizadas, insanamente, como ferramentas para destruição. Muitos de apropriam do poder das redes e se dedicam a espalhar mentiras, revestindo-se de uma autoridade e de uma convicção que os fazem parecer comprometidos com a verdade. Assim conseguem enganar as pessoas, revelando, ao mesmo tempo, a estreiteza de suas mentalidades e ideologias. Cometem crimes, contribuindo para estabelecer o caos. E, cedo ou tarde, essas pessoas que se apropriam de modo inadequado do poder das redes sociais serão vítimas da situação que ajudaram a criar.
         Não se pode cultivar tranquilidade diante das mais diferentes manifestações dos descompassos do poder, bomba-relógio que a sociedade contemporânea tem no próprio coração. Alguns acumulam poder demais, alimentando e sustentando ditaduras de variados tipos. Emperram processos, validam decisões tomadas às escuras ou motivadas por interesses pouco nobres. Agem na contramão da necessária participação cidadã. Também é muito lamentável e perigoso o exercício descompassado do poder emoldurado por validações religiosas. A religiosidade não pode ser submetida a interesses desalinhados com o bem de todos, em contextos de espetacularizações abomináveis e confusas, na direção oposta à do diálogo respeitoso e cooperativo, balizado pelos valores do Evangelho de Jesus.
         O atual momento histórico requer investimentos em uma renovada conceição a respeito do que é poder, circunscrevendo seu exercício à promoção da dignidade de cada pessoa. Nesse caminho, nenhuma indicação supera o ensinamento de Jesus: o entendimento de que o exercício do poder é serviço, e grande é aquele que serve. Cristo é Filho de Deus, mas seu poder não se relaciona à capacidade de destruir ou de vencer, estabelecendo a submissão dos outros. Ao contrário, é poder que salva e resgata. Jesus é o Rei que serve e ensina a servir.
         Oportuno é, pois, compreender que o verdadeiro exercício do poder não é simplesmente se revestir de autoridade para tomar decisões parciais que impactam a vida dos outros, nem se relaciona à capacidade de promover verdadeiros massacres a partir das redes sociais. O adequado exercício do poder remete à capacidade de promover relações autenticamente novas com outras pessoas, marcadas pela presença de Deus. Seja esse entendimento o ponto de partida para evitar que a humanidade naufrague, submersa nos desvarios e irracionalidades de exercícios descompassados, delinquentes e patológicos do poder.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de 298,57% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 323,31%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,94%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.