segunda-feira, 27 de julho de 2009

A CIDADANIA E A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

“Espero que seja prestada atenção à educação pública do povo.Estou convencido de que do seu bom senso dependemos para a preservação de um grau necessário de liberdade”.
(THOMAS JEFFERSON, que dedicou todo o seu tempo à causa da LIBERDADE e da EDUCAÇÃO)

Hoje, mais do que ontem, amanhã mais do que hoje, os homens sempre estarão dependendo da ATIVA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA para realizar-se em termos de LIDERANÇA, cujo legítimo exercício se fundamenta na vocação e no carisma.

Assim, a NAÇÃO estará também sempre a exigir homens preparados para conduzir os seus grandes destinos. É preciso que haja PUDOR, CORAGEM, DETERMINAÇÃO, DEVOÇÃO pelo interesse público, ou seja, CIVISMO e PATRIOTISMO.

Entretanto, hoje, com RARÍSSIMAS EXCEÇÕES, as AUTORIDADES estão FALIDAS, mergulhadas no pantanal da CORRUPÇÃO, e essa falência é um TRISTE fato consumado.

Por isso, consideramos bastante OPORTUNA a lição que vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, Caderno OPINIÃO, em edição de 10 de julho de 2009, página 9, de autoria de GERALDO MAGELA TEIXEIRA, Reitor do Centro Universitário UNA

“Ainda Educação de Jovens e Adultos

Hoje vou tentar localizar causas da evasão dos alunos da educação de jovens e adultos (EJA), além da incompatibilidade de horários detectada pelo IBGE. Como já disse, o horário noturno não impede que a grande maioria dos trabalhadores brasileiros faça cursos universitários noturnos. Alguns admitem que uma das causas seja a ausência de educação profissional na EJA. Sem uma terminaridade, os alunos abandonam o curso por não oferecer uma ocupação imediata. Quem perdeu o tempo adequado para iniciar seus estudos tem uma enorme ansiedade para entrar logo no mercado de trabalho e em geral, como ocorre em tantos países, costuma ficar apenas com o aprendizado profissional de nível médio, hoje cada vez mais rendoso. Um pintor de parede, um pedreiro, um mecânico, um bombeiro costumam ter rendimentos bem compensadores, acima de tantos pisos para graduados.

Mas entendo que haja outros motivos que levam os jovens e adultos a abandonar a EJA. Trata-se da estrutura da própria escola, infelizmente ela não é prioridade nem para o governo, nem para instituições filantrópicas que a oferecem. Lamentavelmente estados e municípios, salvo raras exceções, não provisionam a EJA com profissionais competentes para implantar uma escola de jovens e adultos que é tão diferenciada. Não há professores especializados, nem locais adequados para o seu funcionamento, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, salvo em um ou outro caso, confinou as escolas EJA nos conglomerados como se apenas lá estivessem os jovens e adultos sem escola. Não se sabe como foram escolhidos os professores, mas tem-se a impressão que são mandados para tais escolas os professores que não se adequaram às escolas de nível fundamental e médio. Também algumas instituições filantrópicas costumam aproveitar a ociosidade das suas salas à noite e lá colocam turmas de EJA principalmente para atender seu compromisso e destinar 20% da receita bruta a gratuidades e projetos sociais. Não quero generalizar. Deve haver por aí muito projeto bom, seja público ou privado, tentando acertar o passo de brasileiros e brasileiras ainda jovens que sem emprego formal se entregam às drogas e à prostituição. Seria importante que a EJA seja objeto de um projeto flexível, mas bem estruturado pelos especialistas na matéria.

É preciso ainda resgatar a dimensão política da EJA. Ela não pode desvincular-se de suas raízes históricas e dos movimentos sociais, como do velho Movimento de Educação e Base e das Escolas (MEB), de Paulo Freire.

Os professores, seja da escola pública seja da particular, devem ser escolhidos a dedo e treinados para a EJA. Nem sempre a formação acadêmica é tão importante. Os primeiros mestres do MEB foram em grande número trabalhadores que haviam passado pela alfabetização nos próprios movimentos sociais. A educação de jovens e adultos, mais que qualquer outra instância educacional, não tem futuro sem um toque de utopia. Temos um exército de reserva, de milhões de brasileiros e de brasileiras com direito a educação e não atendidos. É, portanto, um problema de justiça e não de assistência social.

A EJA tem uma dimensão de inclusão de brasileiros que vivem à margem da comunhão nacional, sem o reconhecimento de saberes adquiridos ao longo de anos na escola da vida e sem a eles integrar de forma ordenada os saberes formais. Não é uma segunda oportunidade. É sobretudo um atendimento na linha dos direitos humanos. Sem integrar esses brasileiros num projeto nacional, não vamos construir com dignidade esta nação”.

Então, na nobre tarefa de construir uma Nação verdadeiramente JUSTA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, merece todo o nosso EMPENHO e PATRIOTISMO o capítulo chamado EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, como tão bem delineado por nosso articulista.

Um comentário:

Anônimo disse...

infelizmente, o artigo do reitor da UNA traduz o triste descaso com a Educação de Jovens e Adultos. Relegada ao horário noturno e sem uma proposta mais ampla de atenção a quem deixou a escola ou mesmo nunca frequentou uma sala de aula. Ao ler o artigo tentei me deter em projtos de sucesso na EJA. A evasão é uma realidade dura. lembro-me dos idos tempos do MOBRAL, e de lá para cá a sensação é de que ainda estamos engatinhando ao se falar em EJA. O EJA se transformou de uma forma silenciosa e sem alarde, no depositário de alunos com problemas de aprendizagem e de disciplina, que a educação regular não conseguiu lidar. É preciso um olhar atento a EJA para que o nosso país tenha JEITO.