quarta-feira, 8 de julho de 2009

QUEM SÃO AS PESSOAS COMUNS?

“Escrevo com o dicionário.
Sem dicionário não posso escrever – como escritor”.
GILBERTO AMADO, ap. ANTÔNIO CARLOS VILAÇA, O Anel.

Mais uma grande oportunidade de aprofundarmos uma FECUNDA LIÇÃO de CIDADANIA que vem de BRASÍLIA, através de matéria publicada na Revista VEJA – edição 2118 – ano 42 – n° 25, páginas 58 a 68, invocando a CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição:

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Nunca será demais DISCERNIR e NÃO TOLERAR que práticas do BRASIL COLONIAL, INSISTAM em adentrar AINDA na segunda DÉCADA do século XXI; “Ao afirmar que Sarney merece um tratamento diferenciado, o presidente atropelou o preceito constitucional expresso no artigo 5°, que estabelece a igualdade de todos perante a lei. “Lula foi absolutamente infeliz. Reforçou a idéia de que um é melhor do que o outro. Restabeleceu a lógica do “você sabe com quem está falando?”. Bateu de frente na Constituição e no princípio basilar da democracia”, resume o historiador Marco Antônio Villa”. É a NEFASTA CULTURA atravessando séculos como abordado na reportagem que oferece VASTO CAMPO para a PEDAGOGIA da CIDADANIA.

Segue a reportagem:

“Dono de uma biografia comovente e de uma popularidade acachapante, Lula não parece preocupado com arranhões em sua imagem pessoal. Parece fiar-se nas cicatrizações promovidas pelo tempo. Espontâneo como nos tempos de sindicalista barbudão, ele não é, ainda, afeito a liturgias do cargo que ocupa. Nada disso representa um grande problema. A questão é que, no exercício da Presidência da República, Lula personifica muito mais do que o operário que chegou ao poder. Ele é ao mesmo tempo o mestre e o servo dos brasileiros ao se investir dos poderes de uma instituição, a Presidência da República. Entre seus inúmeros e vitais papéis está o de zelar pela Constituição. Ao declarar que Sarney é um personagem que paira sobre tudo e todos, o presidente da República foi além de cometer uma gafe pessoal. Ele feriu a Carta que jurou defender. E isso nem um presidente popular, simpático e bem-sucedido como Lula pode fazer impunemente.

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O QUE DIZEM AS PESSOAS COMUNS

A esmagadora maioria dos 100 cidadãos de dez estados ouvidos pela reportagem de VEJA mostrou-se indignada com as frases condescendentes do presidente Lula em relação à corrupção e à impunidade. Eles responderam a duas indagações: por que no Brasil as denúncias não dão em nada e se concordam com Lula em que políticos como Sarney devem ter tratamento diferente do que têm as pessoas comuns. Entre os entrevistados, há estudante, cientistas, artistas, comerciantes e profissionais liberais. Há brasileiros anônimos e famosos, ricos e pobres. Não importa. São todos iguais perante a lei e – o mais importante – querem que seja assim. A comparação entre o que eles e o presidente pensam sobre o assunto revela um fenômeno preocupante: o distanciamento entre a política e o mundo real. Passou da hora de os senhores de Brasília ouvirem a voz dos cidadãos conscientes.

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Na véspera da declaração de apoio de Lula, o senador “incomum” subiu à tribuna. Em um de pouco mais de meia hora, disse que a crise não é dele, mas de todo o Senado, e que não aceita ser julgado por questões menores, o que é uma “falta de respeito para quem tem mais de cinqüenta anos de vida pública”. VEJA ouviu uma centena de pessoas “comuns” em várias partes do país, para saber como receberam a defesa do tratamento diferenciado aos políticos proposto pelo presidente. As opiniões estão produzidas ao longo das páginas desta reportagem. Em 1890, Benjamim Constant, ardoroso republicano brasileiro, saiu de uma audiência com o marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente do Brasil, indignado com o tratamento que lhe fora dispensado. “Não era esta a República com que eu sonhava”, disse Constant. Mais de um século depois, é como se sua frase continuasse a ressoar entre os milhões de cidadãos que vivem sob o império da lei, sem privilégios e pagando a conta dos “incomuns” de Brasília.”

Consideramos também RELEVANTE para o nosso propósito de MOTIVAR toda a SOCIEDADE para a MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE, a contribuição qualificada de SACHA CALMON, advogado tributarista, coordenador do curso de especialização em direito tributário das Faculdades Milton Campos, presidente honorário da Associação Brasileiro de Direito Tributário, no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de junho de 2009, Caderno OPINIÃO, página 9:

“Ao presidente da República cabe um certo recato, mormente no Brasil, onde o povo o vê não apenas como o supremo magistrado do país, a exemplo dos Estados Unidos (EUA), incumbido de tomar as decisões atinentes à nação, mas o enxerga também como o pai, protetor e guia moral. Se o presidente acha “isso” ou “aquilo”, quem sou eu para discordar, pensa o humílimo homem do povo; porque ainda temos baixos níveis de educação cívica e política, resultado de sermos um país de recente urbanização e industrialização. Aliás, fomos, numa série de 100 anos (1908 a 2008), o país no mundo que mais se industrializou, courbanizou-se e cresceu nesse período

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O presidente – voltando ao senado – desta vez errou feio. Sua declaração de que o senador Sarney não podia ser criticado ou julgado como qualquer um é inaceitável. A uma, porque reza a Constituição que todos são iguais perante a lei, independentemente de raça, cor, religião, filiação partidária, sexo, condição social etc. Sarney não está acima da lei, em que pese ser o mais antigo político em atividade no Senado. E daí? Tem até maiores responsabilidades. A duas, porque passou recados ao povo, nos seguintes termos: “Aos amigos tudo, aos inimigos a lei, venha a nós o Queiróz”, ou então “Amigos, se tiverem defeitos, eu tiro. Os inimigos se não tiverem defeitos, eu ponho”, ou “Vale mais a companheirada emporcalhada do que a ética na política”, ou: “Os fins justificam os meios”, ou: “Não adianta espernear, porque vai ficar tudo na mesma”. Com um presidente assim não há ética que agüente. A ética na política foi apenas um bordão do PT para nos enganar? Presidente, o senhor tem responsabilidades perante o povo. Um dia suas falas serão analisadas pelos historiadores. E os efeitos também. Preze, ao menos, o seu retrato na parede.”
Tudo isso, enfim, nos MOTIVA e nos FORTALECE em nossa PROFISSÃO DE FÉ: as grandes transformações virão com a implantação definitiva em nosso País da CULTURA da DISCIPLINA, da PARCIMÔNIA, do RESPEITO MÚTUO, e, sobretudo, da ÉTICA em TODAS as nossas AÇÕES, perseguindo com o mesmo ENTUSIASMO, a mesma ENERGIA, o mesmo ESPÍRITO CÍVICO, a mesma CORAGEM, a construção de uma sociedade verdadeiramente JUSTA, LIVRE e DEMOCRÁTICA, porque TODOS nós SOMOS IGUAIS. TODOS. TODOS. TODOS!...

Um comentário:

Tereza disse...

Imagine um país onde o presidente passa a mão na cabeça e pede tratamento diferenciado para quem está atolando em um mar de denúncias. Como gostaríamos que este fosse um país distante. Mas não é o nosso Brasil a nossa Pátria amada... cantada em um hino que nos emociona.... é Brasil.... 2010 está perto, hora de mudar de fazer a diferença..... ou vamos ter que deixar de crer que o Brasil tem jeito?????.....